No artigo do Commom Edge desta semana, Duo Dickinson faz uma análise de seu percurso como arquiteto, das salas de aula à prática profissional e finalmente, a volta à escola de arquitetura como professor. Explorando a fundo as transformações na prática da arquitetura ao longo destes anos, Dickinson afirma que “ninguém mais acredita que as nossas escolas de arquitetura estejam hoje preparadas para educar os profissionais que a arquitetura precisará daqui a dez anos”. Nesta jornada, o autor explica como o ensino da arquitetura evoluiu ao longo do tempo, apontando possíveis direções para garantir que o ensino da arquitetura permanece relevante no futuro.
O Havaí se tornou um lugar que define o paraíso. De praias imaculadas e um clima quente a paisagens naturais e vulcões ativos, as ilhas são o lar de paisagens e cultura incríveis. Com estilos de construção indígenas e modernos, a arquitetura do estado está intimamente ligada ao meio ambiente. Reinterpretando técnicas e tradições de construção histórica, a arquitetura havaiana contemporânea equilibra o desejo de honrar o passado enquanto celebra novas experiências e a cultura moderna. Isso levou à formação de espaços incríveis para habitar.
Talvez um dos mais emblemáticos espaços relacionados à profissão do arquiteto, o canteiro de obras é onde se materializa o projeto, onde a técnica é posta em prática, pondo à prova o projeto e o projetista. Amplamente praticado como espaço de trabalho alienante, o canteiro de obras já foi espaço de aprendizado de ofícios, de repassar conhecimento. Hoje, com a evolução das técnicas construtivas, processos milenares correm o risco de cair no esquecimento. É dentro deste contexto que o Castelo de Guédelon, localizado próximo ao vilarejo de Treigny, na França, está inserido.
Há anos, o setor da construção civil vem enfrentando uma escassez de mão de obra especializada, algo que tem impulsionado o desenvolvimento de novas tecnologias e sistemas automatizados de construção. A recente crise sanitária apenas exacerbou essa tendência, fazendo com que muitas empresas de automação—que antes se dedicavam principalmente à fabricação de automóveis—voltassem sua atenção à indústria da construção civil. Neste contexto, espera-se que a automatização dos meios de produção na engenharia e na arquitetura cresça até um 30% ao longo dos próximos anos. No artigo a seguir procuramos explorar as atuais capacidades desta tecnologia e as futuras possibilidades que ela ainda poderá trazer para os processos de construção, além de como tem sido integrada na atual prática e as possíveis mudanças que ela poderá nos trazer no futuro.
Em meio à paisagem montanhosa de Blumenau, cidade localizada no estado de Santa Catarina, na região Sul do Brasil, encontra-se uma pérola da arquitetura moderna religiosa assinada por Gottfried Böhm, que faleceu recentemente com 101 anos: a Igreja São Paulo Apóstolo, construída entre os anos de 1953 e 1963.
Treze anos atrás, o então prefeito de Maceió, Cicero Almeida, inaugurou duas grandes obras na cidade, os viadutos Washington Luiz e João Lyra. A expectativa, na época, era de que ambos trouxessem uma possível solução para os problemas de mobilidade urbana na capital a partir de uma maior fluidez do tráfego na região. Porém, com o passar do tempo, o que se pôde observar foi um aumento da frota de veículos na cidade que trouxe de volta o fantasma dos congestionamentos nos horários de pico, e as obras que prometiam solucionar a mobilidade da cidade já não eram mais suficientes.
https://www.archdaily.com.br/br/963959/parem-de-construir-viadutos-para-resolver-problemas-de-mobilidadeRuan Victor Amaral
É inquestionável que os ambientes influenciam diretamente no comportamento e nas emoções de seus usuários. Estima-se que os seres humanos passem cerca de 90% de seu tempo de vida em espaços internos, por isso é tão importante que eles favoreçam positivamente nossa capacidade cerebral. Um termo específico para relacionar os estímulos que o cérebro recebe dependendo do ambiente em que está é neuroarquitetura. Diversos estudos têm sido publicados sobre esse tema, a maioria sobre o impacto em ambientes de trabalho. Este artigo pretende abordar sobre esse conceito, enfatizando sua importância no projeto de espaços destinados a crianças na primeira infância.
Alguns pesquisadores definem que o início do Antropoceno se deu com a Revolução Industrial, outros com a explosão da bomba nuclear ou até no advento da agricultura. Isso ainda não é um consenso científico. Mas a noção de que as atividades humanas vêm gerando alterações com repercussão planetária, seja na temperatura da Terra, nos biomas e ecossistemas, é algo cada vez mais disseminado. O antropoceno seria uma nova era geológica marcada pelo impacto da ação humana no planeta Terra. Isso é particularmente perturbador se considerarmos que se toda a história da Terra fosse condensada em 24 horas, os humanos só apareceriam nos últimos 20 segundos. Seja na extração massiva de recursos naturais, liberação de carbono dos veículos e indústrias, é sabido que boa parte da culpa é da construção civil, sobretudo na produção de resíduos sólidos, por conta de desperdícios e demolições. No Brasil, por exemplo, os Resíduos da Construção Civil podem representar entre 50% e 70% da massa dos resíduos sólidos urbanos [1]. Muitos acabarão descartados irregularmente ou utilizados como aterros soterrados por tempo indeterminado.
Nos últimos anos, assistimos a um maior reconhecimento do esforço coletivo que é a arquitetura e a crescente valorização das diferentes profissões que participam no processo de projeto. Dentro de cada edifício extraordinário, a engenharia estrutural desempenha um papel essencial na materialização da ideia arquitetônica. O artigo destaca as contribuições passadas e presentes da engenharia para o ambiente construído, personalidades que ficaram à sombra dos arquitetos apresentando suas intenções de projeto e a colaboração entre engenheiros e arquitetos hoje.
À primeira vista, construir uma piscina na orla costeira pode parecer uma decisão pouco coerente. Afinal, por que alguém escolheria se banhar ali com a imensidão do mar ou do rio a poucos passos de distância? No entanto, apesar da nossa primeira impressão, em muitos casos essas obras acabam se tornando infraestruturas realmente significativas para pessoas com mobilidade reduzida, crianças ou outras pessoas para as quais o mar ou o rio pode trazer algum tipo de insegurança. Nesta perspetiva, as piscinas costeiras apresentam-se como dispositivos de conexão entre as pessoas e a paisagem, possibilitando a utilização dos territórios marítimos e fluviais para que mais pessoas possam desfrutar da água com segurança.
Países com clima predominantemente tropical ou equatorial, como o Brasil, permitem que as casas possuam uma relação mais fluida entre interior e exterior, não havendo necessidade, em grande parte do território nacional, de soluções arquitetônicas que limitem a conexão entre estes espaços para manter o ambiente aquecido. Em locais marcados por temperaturas mais quentes, soluções que buscam a integração entre espaços internos e externos podem ser bem-vindas, pois promovem maior ventilação e iluminação naturais para o ambiente residencial, além do seu característico apelo estético.
Um projeto de escala relevante, raramente é obra de um único homem. Desde os primórdios levantamentos de celeiros em aldeias, realizados nos séculos 18 e 19 até a força-tarefa padrão hoje em dia, uma edificação requer muitas mãos a bordo, trazendo diferentes contribuições e conhecimentos para moldá-la e executá-la.
Dentre os escritórios mais amplamente difundidos e consolidados no mundo, o OMA - Office for Metropolitan Architecture, fundado na década de 1970 por Rem Koolhaas, Elia Zenghelis, Madelon Vriesendorp e Zoe Zenghelis, definitivamente faz parte do panteão dos mais famosos. Fato curioso é que, embora receba grandes comissões e já tenha construído obras emblemáticas em diversos países, o escritório é frequentemente associado a uma abordagem menos centrada no projeto arquitetônico, extrapolando os limites rígidos do campo disciplinar e englobando outras áreas de atuação.
No clássico filme de Jacques Tati, Mon Oncle (1958), a casa, como materialização cenográfica da “máquina de morar”, é a protagonista. Seus aparatos tecnológicos, por vezes indomáveis, são os que ditam as regras. A proprietária da casa, Madame Arpel, é uma tecnocentrista típica, maravilhada com toda a tecnologia que a cerca acreditando que ela seja a solução para todos seus problemas diários. No lado oposto de Arpel está seu irmão, Mr. Hulot, que chega para uma visita e se desentende com toda essa inovação. Ao longo da sua estadia, conhecemos uma casa que se mostra muito complexa e ao mesmo tempo não permite o controle do usuário.
Pouco conhecida pela maioria das pessoas, o Cáucaso do Norte é uma região extremamente complexa e remota, composta por uma enorme variedade de diferentes etnias, línguas, religiões e, conseqüentemente, arquiteturas. Em sua herança construída encontramos desde edifícios da era czarista a mesquitas, assim como mosaicos tradicionais da era soviética, monumentos e edifícios de estilo brutalista. Cenário de eventos polêmicos e disputas históricas, o norte do Cáucaso é um território culturalmente heterogêneo e está localizado na fronteira entre a Europa e a Ásia, entre a antiga União Soviética e o Oriente Médio, entre a fé Cristã e o mundo Islâmico. Ilustrado com fotografias de Gianluca Pardelli, Thomas Paul Mayer e Nikolai Vassiliev, este artigo é um convite à descoberta da historia e da arquitetura desta peculiar região do planeta: o Ciscáucaso, ou Cáucaso Norte.
“Desde a Revolução Industrial, linhas de montagem ditaram um mundo feito de partes enquadrando a imaginação de arquitetos e designers que foram treinados a pensar nos seus projetos como resultados de pedaços com funções distintas”, essa foi uma frase proferida pela arquiteta israelense e pesquisadora do MIT Media Lab, Neri Oxman em sua palestra do TED intitulada “Projetando na intersecção entre tecnologia e biologia”.
Neri reforça que a maneira tradicional de se construir é feita do mesmo modo há milênios e precisa ser reinventada. De fato, fomos ensinados a construir edifícios e cidades de forma racionalizada, em partes, sem pensar no todo. Até hoje essa lógica ainda é ensinada nas universidades.
Um número crescente de teóricos e profissionais está discutindo o impacto de gênero e raça na profissão e na teoria da arquitetura. Questões ligadas à relação entre o ambiente construído, orientação sexual e identidade de gênero, no entanto, permanecem particularmente pouco estudadas, talvez por causa de sua relativa invisibilidade e consequências discriminatórias menos claramente identificáveis; elas também são completamente negligenciadas pela teoria do design no mundo francófono. Este artigo corrige parcialmente a situação.
Conhecida antigamente como “ciclópica”, essa técnica se baseia na utilização de grandes blocos de pedra que, sobrepostos e ligados entre si, sem qualquer tipo de argamassa, permitiam materializar várias estruturas. As civilizações às quais se atribui o uso desta técnica são muito diversas e é possível vê-la aplicada a diferentes funções que vão desde a construção de muralhas defensivas até templos e tumbas. Em geral, esse tipo de sistema costuma estar associado a qualquer construção antiga que utilize grandes elementos de pedra, cujo aparelhamento é mais ou menos poligonal.
Embora os hologramas tenham sido uma possibilidade por décadas - o primeiro holograma foi desenvolvido no início dos anos 1960 após o desenvolvimento da tecnologia a laser - muitos ainda podem associá-los mais à ficção científica, o termo evocando imagens de dispositivos de super-heróis de alta tecnologia e naves espaciais no futuro distante. No entanto, à medida que nos aproximamos da realidade de um futuro hiper-tecnológico e uma variedade de indústrias - incluindo arquitetura e construção - começam a abraçar novas formas de tecnologia cada vez mais avançada, a holografia também tem a chance de remodelar completamente a maneira como conceitualizamos e arquitetura de experiência. Embora seja impossível prever exatamente como a tecnologia holográfica será usada no futuro, a seguir listamos vários exemplos de projetos existentes que usam hologramas e outros tipos de holografia para criar ambientes atmosféricos, cenas fantásticas e visualizações práticas. Esses exemplos vão além do uso de hologramas para visualizar estruturas e locais durante a fase de projeto; eles utilizam holografia para moldar o próprio espaço arquitetônico completo, alterando completamente a experiência sensorial e espacial de seu ambiente.
https://www.archdaily.com.br/br/963058/hologramas-como-eles-podem-impactar-o-espaco-arquitetonicoLilly Cao
O movimento maker é uma filosofia que gira em torno da atividade criativa do fazer, intrínseca ao ser humano, e que se dá através da utilização, adaptação e modificação de recursos existentes sem ajuda profissional (HATCH, 2013). Além disso, é baseada na cultura do “faça você mesmo”, sendo sua principal diferença a utilização de ferramentas digitais que facilitam e potencializam a colaboração, a documentação e o compartilhamento entre as pessoas. Desta forma os projetos ficam abertos e adaptáveis, qualquer pessoa pode acessar e modificar.
https://www.archdaily.com.br/br/963788/e-se-os-fab-labs-fossem-o-faca-voce-mesmo-da-arquiteturaRodrigo Gobatto de Moraes
A arquitetura pode ser muitas coisas, inclusive bicha. Este termo junto de tantos outros que são desviantes e transitam distintas possibilidades e significados, disparam novos olhares sociais e colocam em conflito o modo como surge um projeto arquitetônico ou urbanístico, seu programa e ocupação. Se está dito como a arquitetura deve ser feita, se há uma certeza sobre o que ela representa, aqui se expressa o desejo de não saber o que ela é e o direito de duvidar das suas tradições para assim expandir a possibilidade do seu sentido, profissão e representatividade.
Vivendo em grandes centros urbanos, é seguro afirmar que a maior parte dos sons que nos rodeiam são acidentais e, em sua maioria, pouco prazerosos. Segundo Julian Treasure, presidente da Sound Agency, os sons podem nos impactar de diversas formas: fisiologicamente, psicologicamente, cognitivamente e comportamentalmente, chegando a alterar a produtividade em espaços de trabalho e até as vendas de comércios e lojas. Como resposta a isso, o cuidado com o conforto acústico nos ambientes que frequentamos é uma atribuição não somente do engenheiro contratado, mas também do arquiteto responsável pelo projeto.
A mudança climática continua sendo a principal preocupação na política, economia e pesquisa científica globais, particularmente no que diz respeito às indústrias de arquitetura e construção. Essa maior culpabilidade para o campo da arquitetura deriva do fato de que a indústria da construção contribui com 40% das emissões globais, e a demanda no setor de construção está projetada para aumentar apenas 70% até 2050. As energias renováveis fazem parte de um paradigma de sustentabilidade do século 21 que responde às mudanças climáticas e à degradação ambiental, fortalecendo o impulso para a transformação global. Estratégias de produção de energia renovável são necessárias para mitigar futuros problemas de segurança energética à medida que as fontes tradicionais de combustível se tornam cada vez mais escassas e são uma parte indispensável do projeto para a sustentabilidade na arquitetura.
https://www.archdaily.com.br/br/962742/integrando-a-tecnologia-solar-em-fachadas-claraboias-telhados-e-outros-elementos-de-construcaoLilly Cao
Como uma disciplina cada dia mais especializada, a arquitetura está assumindo um caráter cada vez mais colaborativo, marcada por uma transdisciplinaridade que atravessa todas as suas diferentes fases e processos. Neste contexto, as ciências sociais adquiriram um papel mais importante do que nunca. À medida que arquitetos e arquitetas se tornam mais conscientes de seu papel e responsabilidade para com a sociedade de modo geral, decisões que antes provinham de meros desejos, anseios e especulações formais, estão cada vez mais fundamentadas na experiência e expertise profissional dos arquitetos, arquitetas e suas equipes multidisciplinares. A seguir, discutiremos a crescente influencia das ciências sociais na arquitetura, desde a antropologia e a psicologia até a futurologia.