Com grandes populações vêm desafios formidáveis, especialmente no campo da saúde e saneamento. No último século, manter condições sanitárias em áreas urbanas tem sido um desafio persistente, especialmente em uma nação que abriga mais de 1,4 bilhão de pessoas. A Índia enfrenta uma infinidade de problemas — infraestrutura inadequada para saneamento, falta de banheiros públicos e práticas deficientes de gestão de resíduos. Nas cidades mais densas, a luta se intensifica à medida que o gerenciamento do saneamento e limpeza urbana se mostra deficiente. A rápida urbanização da Índia superou o desenvolvimento da infraestrutura de saneamento, e problemas sanitários se enraizaram profundamente no ambiente construído do país.
Este artigo foi publicado originalmente na Common Edge.
Desde que a pandemia atingiu às cidades, é possível perceber uma alta no número de reportagens urbanas pessimistas. E não é difícil entender o porquê. Em 2020, as cidades centrais dos Estados Unidos passaram das histórias de sucesso de "volta por cima" para lugares fantasmas; o transporte perdeu quase todos os passageiros; dezenas de milhares de lojas e restaurantes fecharam; e boa parte da população com maior poder aquisitivo se mudou para os subúrbios e ou cidades distantes.
Moradias podem ser entendidas como a forma mais significativa e primária de arquitetura, já que a casa está intimamente relacionada à ideia de abrigo, uma das necessidades básicas da humanidade. Nas palavras do arquiteto Mario Botta, “Enquanto houver um homem que precisa de uma casa, a arquitetura ainda existirá.” No entanto, apesar de sua ubiquidade, ou talvez por causa dela, é difícil encontrar uma definição exata de uma casa. Ao longo da história, diferentes funções e espaços foram adicionados e subtraídos desta unidade, refletindo diretamente o caráter da sociedade que a produziu.
A lista de expectativas que uma casa deve cumprir é longa e está sempre em evolução: fornecer espaços íntimos e seguros onde se possa recarregar energia, mas, ao mesmo tempo, permitir interação, acolhendo amigos e familiares; é o local de lazer e relaxamento, mas também o local da maioria dos trabalhos de cuidado, além de fornecer um pequeno escritório para o início de empreendimentos. Essa tendência de exigir que uma unidade residencial cumpra múltiplos papéis foi aumentada a níveis sem precedentes durante a pandemia. Preocupações com a saúde levaram ao fechamento da maioria dos espaços de trabalho, o segundo lugar onde as pessoas passam a maior parte do tempo, e de cafés, restaurantes, cinemas e shopping centers, os “terceiros lugares”. De repente, a casa teve que se tornar um espaço multiuso.
Quando as ruas estão vazias, as calçadas intocadas e as cortinas fechadas, a cidade parece sem vida. Quando as empresas fecham, os escritórios se tornam remotos e a atividade econômica diminui, os mecanismos que operam uma cidade ficam ociosos. Espaços e terrenos vagos são muitas vezes percebidos como “fracassados”, refletindo o declínio urbano e a deterioração econômica. O vazio, no entanto, mantém a esperança de possibilidades e mudanças. Quando os vazios urbanos estão à beira da transformação, o que acontece nesse meio tempo?
A primeira segunda-feira de outubro de cada ano marca o Dia Mundial da Arquitetura e o Dia Mundial do Habitat. Celebrados simultaneamente, buscam lançar luz sobre o ambiente construído e seus desafios, assumindo um tema diferente a cada nova edição. Este ano, através do Dia Mundial da Arquitetura, a UIA aposta na “Arquitetura para o bem-estar”, alinhada com a designação de 2022 como o Ano UIA do Design para a Saúde em edifícios e cidades. Paralelamente, o Dia Mundial do Habitat da ONU está centrado em “não deixar ninguém para trás”, e visa abordar para o problema da desigualdade e desafios nas cidades e assentamentos humanos em decorrência da pandemia de Covid-19, das mudanças climáticas e de conflitos de todo tipo.
Apresentando o Outubro Urbano, 31 dias para promover um futuro urbano melhor, o Dia Mundial da Arquitetura e o Dia Mundial do Habitat impulsionam os debates sobre sustentabilidade urbana. Posicionando-se no debate, o ArchDaily participa promovendo conteúdos que abordam os principais tópicos dessas datas, conscientizando, apresentando soluções, engajando a comunidade internacional e empoderando aqueles que fazem arquitetura para melhorar a qualidade de vida das pessoas.
Seja uma pequena varanda, um acesso a uma área verde ou um jardim privado, o espaço exterior tornou-se um privilégio para muitos, especialmente com o início da pandemia de Covid-19 e os vários períodos de lock down subsequentes. O espaço verde na cidade está constantemente sob ameaça do mercado ou de governos que buscam aumentar a densidade habitacional para alimentar uma demanda crescente por desenvolvimento suburbano. Como resultado, os jardins e o acesso a espaços verdes/exteriores têm diminuído nos últimos anos em algumas grandes cidades do mundo, uma vez que a prioridade é abrigar o maior número de pessoas possível em empreendimentos residenciais, muitas vezes desconsiderando características benéficas como o acesso a áreas externas.
Em termos de condições de vida, a falta de acesso a esses espaços apresenta desigualdades evidentes, reveladas em períodos de confinamento e restrições durante a pandemia. As pessoas foram confinadas em suas casas e espaços ao ar livre locais, onde poderiam se exercitar. Quem teve acesso a estes espaços públicos e teve os seus próprios jardins/espaço exterior teve muita sorte no sentido de poder usufruir de um elemento do exterior. Enquanto os menos afortunados em apartamentos e áreas pobres enfrentavam condições claustrofóbicas e desmoralizantes, contidas dentro da concha de suas casas.
A pandemia de Covid-19 escancarou as mazelas da sociedade brasileira, deixou ainda mais clara a desigualdade social e isso reverberou de forma muito acentuada na educação. As aulas foram suspensas e o ensino remoto virou uma realidade vivida de diferentes formas pelos estudantes ao redor do país, com a falta de acesso e oportunidades ainda mais gritantes. No episódio 46 do Betoneira Podcast, a convidada é a arquiteta e professora Ana Goes Monteiro, presidente da Associação Brasileira de Ensino de Arquitetura e Urbanismo (ABEA), para falar sobre a importância do ensino presencial nas faculdades de arquitetura e urbanismo.
Sundance Square, um novo local central para a cidade de Fort Worth, TX, EUA. Imagem cortesia de PPS
Espaços públicos desempenham um papel significativo na organização de cada comunidade, mas definir o que os diferencia de outros espaços da cidade não é uma tarefa fácil. Uma vez que esses espaços começam a se instalar na memória coletiva das comunidades locais, tornam-se elementos-chave que concentram a imagem mental de uma cidade. Enquanto esse processo geralmente acontece com espaços urbanos, monumentos e elementos arquitetônicos isolados também podem se tornar marcos para a vida urbana de uma determinada região. Então, o que acontece quando eventos catastróficos como incêndios, guerras ou mesmo a pandemia alteram essa imagem?
Overall Winner- Shadow Housing- Jeffrey Liu and Haylie Chan. Image Courtesy of Arch Out Loud
Uma casa, ou lar, é talvez a tipologia arquitetônica mais importante de nossas vidas. Como um lugar de intimidade e segurança, nossa casa é um mundo à parte e um espaço de pausa, descanso e relaxamento. Historicamente, nossos lares também são geridos por uma rotina, seja pela horários que desempenhamos nossas tarefas corriqueiras ou ainda na maneira como utilizamos os cômodos da casa para realizar estas atividades. É um hábito dormir sempre no mesmo quarto e passar a maior parte do tempo na sala de estar assim como o lugar de preparar a comida é a cozinha e de comer a sala de jantar.
Entrega de cestas básicas. Colagem realizada a partir de imagens disponibilizadas por Facebook da MTST-Leste 1. Autoria própria
Com a pandemia do coronavírus, a questão da moradia ganhou ainda mais importância. O que já era um tópico de grande relevância nos territórios populares – através da aquisição da casa própria o trabalhador passa a ser reconhecido efetivamente como parte integrante da cidade – ganha magnitude, uma vez que a não obtenção de condições mínimas podem ser fatores de mortalidade; se tornando essencial a necessidade de ter acesso à habitação adequada, com direito a infraestrutura e bem localizada.
O ranking das melhores cidades do mundo para se viver em 2022 produzido pela Global Finance acaba de ser divulgado. Realizado a partir de oito parâmetros diferentes que calculam e comparam a qualidade de vida das pessoas que vivem em áreas urbanas, como economia, cultura, população, meio ambiente etc., a edição deste ano também levou em consideração o número de mortes por Covid-19 para cada mil habitantes nos diferentes países. Com dados do Global City Power index, Johns Hopkins University, Statista e Macrotrends, a lista busca oferecer uma visão completa, unindo métricas tradicionais a novos fatores.
O primeiro lugar ficou com Londres, no Reino Unido, uma cidade que, embora não tenha obtido classificações altas em suas métricas de Covid-19, ainda lidera a lista devido às pontuações em cultura, acessibilidade e crescimento populacional. Tóquio ficou com a segunda posição, mostrando pontuação baixa no parâmetro população, decaindo em número de habitantes na última década. Xangai vem em seguida, na terceira posição, devido aos números relativamente baixos de mortes por Covid-19 e ao forte crescimento populacional. Singapura e Melbourne ficaram em 4º e 5º lugares.
Enquanto a emergência climática se apresenta como uma ameaça existencial grave, é crucial que o caminho para zerar as emissões de carbono seja retomado em larga escala, tanto no sentido arquitetônico, quanto no comercial. Ao redor do mundo, iniciativas foram renovadas em uma tentativa de combater o que é quase inconcebível. De acordo com o relatório de status global de 2019 para edifícios e construções, o setor de construção representou 36% do uso final de energia e das emissões de carbono relacionadas ao processo em 2018. Embora as emissões de carbono tenham sido temporariamente reduzidas durante o pico da pandemia, elas devem retornar rapidamente aos números anteriores.
Enquanto a cidade continua a evoluir e se transformar, cantos mortos na paisagem urbana começam a emergir, reduzindo, em consequência, os níveis de atividades no nosso ambiente construído. Essas "zonas mortas" se referem a áreas onde falta engajamento ativo, elas permanecem vazias e privadas de pessoas, já que não se mostram mais úteis ou atraentes. Enquanto a pandemia de Covid-19 se aproxima do fim, a primeira questão que podemos enfrentar após a pandemia é a retomada do nosso ambiente urbano. Um sopro de vida em uma paisagem urbana cansada e desatualizada...
O elemento focal na criação de um ambiente urbano ativo e saudável é o aumentar a vitalidade através da ocupação e criação de espaços. Criar lugares diversos e interessantes para morar, florescer, e trabalhar. Aqui estão cinco estratégias regenerativas que animam a paisagem urbana e produzem ambientes resilientes, atraentes e flexíveis.
Os cosmopolitas se orgulham de seus locais culturais célebres, seus cronistas de perspicácia intelectual e suas façanhas arquitetônicas. Enquanto esses ícones se divertiam com os projetos ornamentados, a grandiosidade imersiva e a acústica marcante, a pandemia introduziu vários desafios às regras de aglomeração.
Reconhecendo as mudanças nos rituais de assistir a um espetáculo – do cortejo de entrada ao encontro e à aglomeração – arquitetos e líderes culturais estão projetando a próxima geração de teatros enquanto fazem a pergunta: como a arquitetura resolve questões pelo propósito inerente de um edifício? É possível manter a essência de um local por meio de mudanças suaves, mas eficazes, nos hábitos das pessoas? As respostas parecem depender da atualização da cultura do auditório (que remonta ao Coliseu) com soluções de projeto contemporâneas e enraizadas em novas tecnologias.
https://www.archdaily.com.br/br/976861/como-serao-os-espacos-para-eventos-pos-pandemiaOsman Can Yerebakan
Surtos de doenças contagiosas podem exercer uma influência de longo prazo no desenho urbano – muitos moldaram de forma inegável a maneira como as cidades modernas são e operam. Parques, ruas largas e até mesmo os banheiros de nossas casas são um legado importante de surtos de cólera no passado. Hoje estão tão incorporados em nosso dia a dia que são considerados elementos básicos das cidades modernas. Ao longo de gerações, as cidades se recuperaram do choque inicial do contágio e reconstruíram a confiança das pessoas depois de períodos de incerteza.
https://www.archdaily.com.br/br/972093/as-cidades-podem-prosperar-em-tempos-de-crise-3-perguntas-para-as-cidades-em-2022Anne Maassen e Rogier van den Berg
A Comissão de Ensino e Formação (CEF) do CAU/RJ está realizando a pesquisa Impactos do Ensino Remoto na Formação de Arquitetas e Arquitetos Urbanistas. O objetivo é analisar o impacto da pandemia da Covid-19 na graduação e na formação profissional durante o período pandêmico e seus desdobramentos futuros, considerando a implementação de aulas remotas e restrições de atividades curriculares e extracurriculares nas escolas de arquitetura e urbanismo do estado do Rio de Janeiro.
https://www.archdaily.com.br/br/972772/cau-rj-realiza-pesquisa-sobre-os-impactos-da-pandemia-no-ensino-de-arquitetura-e-urbanismoEquipe ArchDaily Brasil
Jacob K. Javits Convention Center em New York City, Abril, 2020. New York National Guard. (U.S. Air National Guard foto por Major Patrick Cordova)
A cidade sempre foi um palco de transformações. Mudam-se os direcionamentos, os fluxos, as formas como as pessoas se apropriam dos espaços, alteram-se os desejos, surgem novas demandas, novos lugares. Tal abundância, ao mesmo tempo em que permite um caráter inovador e mutável à cidade, tende também a exigir da arquitetura uma flexibilidade programática e estrutural. No último ano, especialmente, pudemos acompanhar – em vertiginosa velocidade – grandes mudanças nas cidades e nos seus espaços. A pandemia trouxe consigo novos paradigmas, desestruturando repentinamente ordens há muito estabelecidas. As casas viraram escritórios, os escritórios viraram desertos, hotéis deram lugares a leitos médicos e estádios se transformaram em hospitais. A arquitetura, em meio a tudo isso, teve de mostrar sua flexibilidade abrigando usos que antes eram inimagináveis. Uma adaptabilidade que parece ser cada vez mais a chave para a criação de espaços coerentes com o modo (e a velocidade) como vivemos.
Neste ano, as duas organizações definiram temas relacionados à melhoria da qualidade de vida e redução dos efeitos da crise climática por meio de ações no ambiente construído. Enquanto o tema do Dia Mundial da Arquitetura 2021 da União Internacional de Arquitetos é "Meio ambiente limpo para um mundo saudável", o Dia Mundial do Habitat da UN-Habitat anunciou "Acelerando a ação urbana para um mundo livre de carbono" como tema.