Cidades contemporâneas e assentamentos urbanos se manifestam como estruturas intricadas que exigem reflexão profunda e uma abordagem cuidadosa. Os modelos sociais e layouts espaciais estão em constante evolução, transformando-se ao longo do tempo. Nesse contexto, surge uma pergunta crucial: qual é o modelo predominante para as cidades hoje? Muitas cidades contemporâneas resultam de um paradigma que atingiu seu apogeu no século XIX, caracterizado pela densificação intensiva e urbanização em resposta a necessidades que nem sempre refletiam seus habitantes.
Em alguns casos, devido às transformações vivenciadas pelas grandes cidades, certos setores urbanos caíram em desuso, tornando-se espaços residuais ou afastando-se de propósitos orientados para o desenvolvimento comunitário. Reconhecendo que as pessoas são a força motriz por trás das dinâmicas das cidades e assentamentos humanos, é imperativo reivindicar esses espaços. Para isso, abordagens teóricas como a proposta por Henri Lefebvre do direito à cidade e a cidade dos 15 minutos são apresentadas como alternativas. Nesses casos, as pessoas retomam o foco, tornando-se elementos-chave no design e permitindo o restabelecimento de um vínculo comunidade-pessoa-espaço.
https://www.archdaily.com.br/br/1012514/reativando-espacos-publicos-residuais-com-projetos-liderados-pela-comunidadeEnrique Tovar
A arquiteta, designer e educadora romena Oana Stănescu foi escolhida como curadora do Beta 2024 - Bienal de Arquitetura de Timișoara, agora em sua quinta edição. Radicada em Nova York e Berlim, Oana Stănescu é reconhecida internacionalmente por seu diversificado portfólio de intervenções ao redor do mundo, ampliando os limites da profissão e abordando questões significativas da sociedade. No ano passado, ela foi selecionada como parte das Novas Práticas de 2023 do ArchDaily. Como curadora do Beta 2024, Oana Stănescu definirá o tema geral da bienal, que acontecerá na cidade romena de Timișoara, estabelecendo o palco para um evento que busca "proporcionar uma nova experiência da prática arquitetônica por meio de uma abordagem interdisciplinar e interseccional".
A organização internacional sem fins lucrativos World Habitat, em parceria com a UN-Habitat, anunciou os Prêmios World Habitat 2024. Eles visam destacar projetos que demonstram abordagens inovadoras e transformadoras para as moradias, incorporando princípios de adaptação às mudanças climáticas e soluções orientadas para a comunidade. Neste ano, foram selecionados oito projetos, dos quais dois foram reconhecidos com o Prêmio Gold World Habitat.
O século XX marcou uma mudança definitiva no campo da arquitetura, à medida que o movimento modernista rompeu com os estilos tradicionais de construção e encorajou a experimentação e inovação. Com a ajuda de novos materiais e tecnologias, essa época representa um momento crucial na história da arquitetura, já que tanto as cidades quanto as técnicas de construção evoluíram em um ritmo sem precedentes. No entanto, muitas estruturas – que até hoje permanecem como testemunho – estão perto de completar cem anos de idade. O design austero dessas estruturas nem sempre são acolhidas pelo público, enquanto os princípios funcionalistas muitas vezes dificultam a adaptabilidade dos seus espaços interiores. Considerando que muitas vezes ocupam posições centrais dentro da cidade, há uma pressão crescente para demolir essas estruturas e reconstruir essas áreas completamente.
Em termos de desenvolvimento urbano, a escolha entre demolição e reutilização adaptativa tem implicações de longo alcance. Dos debates em torno da importância cultural e histórica da estrutura, ao impacto ambiental do processo de demolição e reconstrução em comparação com o custo de preservação e adaptação, a questão das demolições tem levado a comunidade arquitetônica a se unir e pedir por estratégias mais responsáveis na esperança de redescobrir o valor das estruturas existentes. Este artigo reúne algumas histórias de edifícios ameaçados de demolição e os processos que levaram ao seu resgate.
Os antigos laboratórios da Charité em Lichterfelde, Alemanha, também conhecidos como edifício Mäusebunker, foram incluídos na lista de patrimôinio de Berlim, salvando-os da ameaça de demolição, prevista desde 2010. A estrutura brutalista foi projetada pelos arquitetos Gerd e Magdalena Hänska e construída a partir de 1971, e entrou em operação em 1982. Embora sua imagem forte, combinada com sua função de laboratório para testes em animais, tenha resultado no desgosto do público em geral, o edifício brutalista lentamente ganhou aceitação e até mesmo um status de cult entre os fãs do brutalismo.
O escritório Henning Larsen venceu um concurso internacional para o projeto do Kurfürstendamm 231, um novo empreendimento urbano de uso misto em Berlim. Outros finalistas na competição incluíram Cobe, David Chipperfield e Mäckler Architekten. A proposta vencedora centraliza o conjunto em torno de um pátio urbano que atua como um grande ponto de encontro para a comunidade local. Nove edifícios delimitam o pátio, incluindo a Agrippina House, edificação que será reabilitada no projeto.
A Lei da Polaridade também é válida em relação à sociedade e às culturas humanas: na verdade, tudo tem um oposto. As contraculturas explodiram como forma de condenar os "caminhos do mundo". Um movimento de contracultura é capaz de expressar o ethos e as aspirações de uma população durante um tempo específico e, à medida que novos estilos de vida são explorados, a arquitetura evolui para satisfazer os ideais utópicos das novas sociedades. Desta forma, ela acaba por ser um produto da cultura para a qual é projetada.
Quando capitais como Paris e Berlim decidiram apagar a iluminação de edifícios públicos e monumentos para economizar energia no contexto da invasão russa da Ucrânia, em julho de 2022, cidades de toda Europa central passaram a seguir esse modelo. Imagens desses marcos icônicos na escuridão inundaram a mídia e permitiram aos políticos uma atitude ambientalista, mesmo que momentânea. No entanto, projetistas e designers começaram a questionar a sustentabilidade dessa iniciativa. De uma perspectiva mais ampla, parece que essa suposta ação radical fez parte de uma campanha bastante midiática e com pouco efeito nas cidades. Serão necessários mais passos para que isso gere um grande impacto na economia de energia.