Papel de parede: dos palácios rococós aos lofts industriais

Antes dos carimbos e das impressões digitalizadas, os papéis de parede eram um artefato de alto luxo e ostentação já que todos os desenhos deveriam ser feitos à mão por artesãos. Como símbolo de riqueza, eles surgiram para substituir as tapeçarias e telas na decoração das casas europeias do século XVI. No Brasil, por exemplo, sua aplicação se tornou economicamente viável apenas em 1930 e sua popularização concretizada somente na década de 60.

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Desde então, os papéis de parede rondam os projetos de diferentes tipologias e linguagens, entretanto, nos últimos anos eles parecem ter conquistado um público ainda maior com novos e inusitados padrões que se afastam – e muito – da sua origem barroca. Além dos desenhos geometrizados ou texturizados, a praticidade de instalação também o tornou uma boa escolha, impulsionada pelo cotidiano nômade que a nova geração tem vivido. A rapidez e facilidade de aplicação traz inovação sem demandar muito tempo, dinheiro ou materiais e mão-de-obra específica, resultando em um bom substituto para a pintura comum. E se há receio em usar cores e padrões que podem se tornarem enjoativos com o tempo, mais fácil que a sua aplicação é a remoção, uma mistura de água e sabão é suficiente para ter a parede original de volta.

Seguindo essa velha-nova tendência, selecionamos a seguir alguns projetos contemporâneos que utilizam o papel de parede de uma maneira inusitada e criativa.

Talvez o maior resquício dos primeiros padrões de papel de parede ainda presente hoje em dia sejam as estampas florais. Dos palácios rococós aos lofts, os padrões que rementem à natureza podem ser vistos em diferentes escalas e aplicações. O Coworking Utopicus Clementina é um exemplo interessante dessa aplicação pois utiliza os papéis de parede de uma forma inusitada, recortando as estampas e criando diferentes espacialidades de maneira contínua. A ousadia na mistura de cores, padrões e texturas também merece destaque nesse ambiente descontraído e fonte de inspiração para os seus usuários. De uma maneira mais tradicional, no escritório Sampran Wangprom, Tailândia, um papel de parede personalizado com desenhos de ervas, ingrediente principal dos produtos comercializados ali, foi colocado em todas as partes do espaço, até mesmo na despensa e no banheiro.

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Coworking Utopicus Clementina / Izaskun Chinchilla Architects. © Imagem Subliminal (Miguel de Guzmán + Rocío Romero)
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Coworking Utopicus Clementina / Izaskun Chinchilla Architects. © Imagem Subliminal (Miguel de Guzmán + Rocío Romero)
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Modern Sampran Wangprom Office / Apostrophy's. © Sitthisak Namkham

Além disso, há também aplicações mais pontuais como na sala de estar do Apartamento FW, no bar da Casa FOA ou no quarto infantil do Edifício JA1205, ilustrando as diferentes composições possíveis, seja com uma paleta de materiais mais clara e neutra, destacando a estampa, ou com cores e texturas igualmente vibrantes que mimetizam o papel de parede no ambiente.

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Apartamento FW / Cadi Arquitetura. © Cristiano Bauce
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Edifício JA1205 / Cubero Rubio. © Ramiro Sosa
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Casa FOA. Bar na biblioteca. Imagem Cortesia de Hugo Grisanti e Kana Kusen

Com a evolução da tecnologia aplicada à fabricação do papel de parede, as imitações dos elementos naturais se tornaram cada vez mais precisas, e se engana quem pensa nas paredes de tijolo. No Loft Refúgio, por exemplo, optou-se por usar um papel que imita concreto aparente nas paredes e tetos. Muito mais fácil de ser aplicado do que as tintas que remetem a este mesmo efeito, o papel de parede torna-se uma alternativa interessante quando se deseja tal resultado. Já na Casa da Árvore, um papel de parede com textura similar foi aplicado no quarto, banheiro e sala, criando composições interessantes com os materiais de origem natural do ambiente. A Casa Ichijoji, do outro lado do oceano, no Japão, também é um exemplo da utilização de padrões texturizados, desta vez em um tom expressivo, o azul, e fazendo questão de mostrar o encontro entre uma peça e outra, o que cria um efeito interessante e ousado.

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Loft Refúgio / Consuelo Jorge Arquitetos. © Fran Parente
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Casa da Árvore Casa Cor 2018 / Suite Arquitetos. © Ricardo Bassetti
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Casa Ichijoji / atelier Luke. © atelier Luke

Aos que preferem padrões e tons mais neutros, neste escritório aliou-se móveis coloridos e paredes grafitadas com um papel de parede branco com pequenas formas em preto, o que mantém a composição ousada de texturas mas não ofusca o protagonismo do grafite na parede adjacente. A empresa chinesa WeWork também traz um outro exemplo utilizando padrões mais neutros, como o caso do aplicado na sala de reuniões que faz referência aos jogos chineses comuns, xadrez e tangram, com uma paleta neutra aliada ao revestimento de madeira da parede inferior.

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Escritório de Empresa de Música e Técnologia / Pitá Arquitetura. © Renato Navarro
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WeWork Yangping Lu / Linehouse. © Dirk Weiblen

Agora, aos que preferem ousar, um belo exemplo é o Snow Hotel de Seul que usa os papéis de parede para marcar a personalidade de cada quarto, extrapolando a parede ao envelopar os tetos também. Nesse projeto, é interessante ressaltar que nos pisos é aplicado um revestimento cerâmico do mesmo padrão que o papel de parede, sendo quase impossível distinguir entre um e outro. Na Sede da AdGear Technologies, também se ousou ao envolver os volumes com um papel de parede amarelo texturizado enfatizando os planos e se contrapondo ao restante neutro do ambiente.

A oferta deste material está cada vez maior, o que permite dizer que – hoje em dia – existem padrões para todos os gostos e linguagens, demonstrando que este elemento secular consegue se renovar e inovar de acordo com cada período da história.

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Snow Hotel / 1990 uao + Archigroup MA. © Namgoong Sun
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Snow Hotel / 1990 uao + Archigroup MA. © Namgoong Sun
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Sede da AdGear Technologies / Arquitetura ACDF. © Adrien Williams

Este artigo é parte da série Ideias para Casa, em que exploramos assuntos relacionados à vida doméstica a partir de dicas, soluções e ideias para melhorar sua residência. Como sempre, o ArchDaily está aberto a contribuições de nossos leitores; se você quiser enviar um artigo ou projeto, entre em contato.

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Sobre este autor
Cita: Camilla Ghisleni. "Papel de parede: dos palácios rococós aos lofts industriais " 06 Set 2021. ArchDaily Brasil. Acessado . <https://www.archdaily.com.br/br/967093/papel-de-parede-dos-palacios-rococos-aos-lofts-industriais> ISSN 0719-8906

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