No dia 21 de novembro de 2025, ocorreu o encerramento da 30ª Conferência das Partes (COP), a reunião anual dos Estados-membros das Nações Unidas dedicada à negociação de acordos internacionais sobre o clima e à avaliação do progresso global na redução de emissões. Nesta edição, o evento foi realizado em Belém, no Brasil — uma cidade portuária com menos de 1,5 milhão de habitantes, amplamente reconhecida como porta de entrada para a região do baixo Amazonas. Criadas em 1992, as Conferências do Clima da ONU (ou COPs) são um fórum internacional de tomada de decisão multilateral que envolve 198 “Partes” (197 países, a depender das definições, além da União Europeia). Seu objetivo central é avaliar os esforços globais para cumprir a meta principal do Acordo de Paris: limitar o aquecimento global ao mais próximo possível de 1,5 °C acima dos níveis pré-industriais. O evento reúne líderes e negociadores dos países-membros, representantes do setor privado, jovens, cientistas do clima, povos indígenas e diversos segmentos da sociedade civil em debates essenciais para atingir essa meta. Em 2025, a COP30 foi marcada por fortes críticas às suas relações com a indústria de combustíveis fósseis, por descrições dos acordos como frágeis e insuficientes, e pelo desafio de transformar promessas financeiras em ações concretas — “de compromisso a linha de vida”.
O município de Cunha, localizado no estado de São Paulo, é uma região conhecida por sua paisagem interiorana, terreno montanhoso e, especialmente, uma grande produção de cerâmicas de renome nacional. É nesse contexto que o escritório messina | rivas vem atuando desde 2017, com um conjunto de projetos localizados em uma fazenda. Seu trabalho, que integra design e construção de forma indissociável, resulta em intervenções que revelam uma abordagem sensível às condições preexistentes e ao ambiente ao seu redor.
A relação entre o escritório, liderado pelos arquitetos Francisco Rivas e Rodrigo Messina, e o local começou com uma pequena reforma de uma casa de hóspedes para receber amigos. O projeto resultou na transformação de dois quartos existentes em suítes e na criação de uma cozinha externa. Desde então, as demandas crescentes e a necessidade de adaptar os edifícios existentes impulsionaram o design de outros projetos distribuídos pelo mesmo local.
Biblioteca dos Saberes de Kéré Architecture. Vista norte. Render. Imagem cortesia de Kéré Architecture
Kéré Architecture apresentou sua proposta para a Biblioteca dos Saberes, um complexo cultural de 40.000 metros quadrados no bairro da Cidade Nova, no Rio de Janeiro. Projetado por Francis Kéré, Mariona Maeso Deitg e Juan Carlos Zapata, o conjunto foi encomendado pela Prefeitura do Rio de Janeiro e está previsto para um terreno próximo ao Cais do Valongo e à região da Pequena África. O projeto foi apresentado à comunidade em 20 de novembro, Dia Nacional de Zumbi e da Consciência Negra. Entre seus elementos principais, estão uma fachada perfurada para proteção solar, jardins na cobertura, terraços ajardinados, pátios sombreados, áreas ao ar livre, um anfiteatro coberto e uma passarela para pedestres que conecta o edifício ao monumento a Zumbi dos Palmares.
Em 2025, o Design Awards da Shaw Contract celebra 20 anos reconhecendo a comunidade global de design e o propósito que orienta cada projeto. Nesta edição, mais de 530 inscrições de 38 países evidenciam ideias inovadoras, soluções sustentáveis e o impacto positivo do design no futuro das pessoas e das cidades. Na etapa latino-americana, um júri composto por profissionais do Brasil, Chile, Colômbia, Costa Rica e México selecionou 42 projetos como Best of Region, que avançaram para a fase global, o Best of Globe, cujos vencedores já foram anunciados.
Diante das forças combinadas do crescimento populacional, da prosperidade econômica e da expansão urbana, as cidades vêm registrando um aumento expressivo na circulação de pessoas e mercadorias — reflexo direto da evolução dos sistemas de mobilidade nos ambientes urbanos. Com o avanço das tecnologias e a transformação dos meios de transporte, o reaproveitamento adaptativo de vagões de trem, cabines de avião e outras infraestruturas de serviço revela novas oportunidades para explorar seu potencial criativo. Materiais, tecnologias e ferramentas de projeto convergem em torno de um mesmo propósito: restaurar e ressignificar estruturas desativadas, para dar-lhes nova vida.
Não se pode negar que, à primeira vista, a notícia de um Louvre em Abu Dhabi ou de um Centre Pompidou no Brasil causa certo estranhamento. A imagem desses museus, mundialmente reconhecidos, parece — de algum modo — indissociável de seus contextos originais. E, em parte, realmente o é. O Louvre, enraizado na história da França como antiga fortaleza e posterior residência real, representa um conjunto de valores patrimoniais inestimáveis, realçados ainda mais pela emblemática intervenção piramidal de I. M. Pei, em 1989. O Pompidou, por sua vez, é lembrado como um ponto de inflexão histórico: ao redefinir o conceito de equipamento público por meio de uma arquitetura extremamente disruptiva, fez com que, pela primeira vez, a cultura atraísse multidões.
Cores podem definir atmosferas, orientar a percepção do espaço e traduzir modos de ser, memórias e afetos coletivos. Por isso, compreendê-las tornou-se parte essencial dos processos criativos e construtivos contemporâneos. Por trás de cada tom há um campo de pesquisa que articula sociologia, psicologia, estética e tecnologia, conectando a cor a transformações culturais mais amplas e revelando como ela pode se tornar uma ferramenta de leitura e expressão do tempo presente.
Imagem do filme "MAIO" de Claudio Carbon, premiado na edição de 2025.
O Arquiteturas Film Festival abriu as inscrições para sua 13ª edição, que acontecerá de 1º a 5 de julho de 2026, na cidade do Porto, Portugal. Organizado pelo INSTITUTO e dirigido pelo arquiteto Paulo Moreira, o festival foi criado em 2013 e se consolidou como uma plataforma internacional dedicada ao debate e à difusão da arquitetura em diálogo com o cinema, as artes visuais e espaciais, o pensamento crítico e a colaboração interdisciplinar.
https://www.archdaily.com.br/br/1035514/arquiteturas-film-festival-2026-abre-chamada-para-filmes-sobre-a-era-urbanaArchDaily Team
Trinta trilhões de toneladas. Esta é a massa estimada de toda a matéria criada pelo ser humano na Terra, e também o ponto de partida da 7ª edição da Trienal de Arquitetura de Lisboa. Curada por Ann-Sofi Rönnskog e John Palmesino, fundadores da Territorial Agency, a edição propõe uma pergunta aparentemente simples: Quão pesada é uma cidade? Para respondê-la, não basta reunir dados. É necessário um deslocamento de percepção: passar da escala da cidade para a dimensão planetária da tecnosfera.
A tecnosfera, um termo emprestado das ciências da Terra, define o vasto sistema de infraestruturas, tecnologias e materiais que sustentam a vida humana enquanto transformam o planeta. Sob essa perspectiva, as cidades não são apenas territórios, mas nós densos dentro desse metabolismo planetário. De outubro a dezembro de 2025, Lisboa se torna uma lente para examinar essa magnitude, hospedando três exposições principais (Fluxes, Spectres, Lighter), um livro de ensaios, um programa de palestras e mais de vinte projetos independentes espalhados pela cidade.
Lina Bo Bardi / Preliminary Study – Practicable Sculptures for the Belvedere at Museu Arte Trianon, 1968. Credit line: Doação Instituto Lina Bo e P.M. Bardi, 2006. Cortesia de MASP.
Aldo van Eyck e Lina Bo Bardi foram duas figuras subversivas. Suas visões de coletividade e ludicidade, mesmo aplicadas em estruturas muito distintas, tinham como principal ponto em comum uma ideia de arquitetura que vai além do desenho. Um espaço que se faz vivo pela apropriação, pelo movimento e pela troca. Dos playgrounds holandeses ao museu paulistano, os ideais dos arquitetos se entrelaçam, fortalecendo a ideia de uma arquitetura onde qualquer um se torna criança.
Nas comunidades indígenas da América do Sul, o lugar da criança é onde ela desejar estar. Os bebês engatinham pelo chão de terra, se aproximam das fogueiras, investigam formigueiros, experimentam o mundo com o corpo inteiro. Eles aprendem sentindo: descobrem limites, reconhecem perigos e colhem lições que nenhum manual poderia ensinar. No cenário urbano, por outro lado, as crianças costumam ser contidas em espaços pensados para adultos, repletos de regras que, embora bem-intencionadas, muitas vezes as afastam de experiências vitais. Diante dessas diferenças culturais, não nos caberia julgar qual modelo é melhor, mas sim, perceber que, quando culturas diferentes se observam, sempre há espaço para aprender.
No âmbito arquitetônico, essa infância vivida com rara liberdade de tempo e espaço, convida a repensar a forma como moldamos nosso cotidiano: por que limitar a exploração espontânea das crianças em ambientes controlados? Por que criar barreiras físicas e simbólicas entre elas e o mundo natural? E, sobretudo, como a arquitetura contemporânea poderia romper esse paradigma e, inspirada pela criança indígena, criar espaços que devolvam à infância sua dimensão mais selvagem, curiosa e plena?
Uma estrutura de bambu ergue-se como espaço de confluência entre técnica, ancestralidade e prática coletiva. OCO é a primeira obra do Cambará Instituto, organização originada do Projeto Arquitetas Negras, concebida durante uma residência artística no Cerbambu, em Ravena (MG), com apoio do re:arc institute. Ao longo de sete dias de imersão, em julho deste ano, dez arquitetas negras trabalharam ao lado do mestre Lúcio Ventania, explorando o potencial construtivo e simbólico do bambu. O processo culminou na apresentação da obra na 14ª Bienal Internacional de Arquitetura de São Paulo.
A experiência propôs um reencontro entre práticas arquitetônicas e ciências enraizadas no corpo e na terra. O processo envolveu todas as etapas de produção, da escolha e corte do bambu à cura e montagem, resultando em uma estrutura de seis metros de altura e cinco de diâmetro. O desenho faz referência às xossas do Benin e conta com palhas da costa do país africano em seu topo. A instalação foi ainda "vestida" com 220 mil contas, conhecidas como "lágrimas de Nossa Senhora", confeccionadas por quarenta mulheres idosas em situação de vulnerabilidade social, que vivem na região onde foi realizada a residência artística, fortalecendo vínculos comunitários e econômicos.
Mutirão de construção do Circo-lô na Associação IDE, em Botucatu | SP. Foto: Tomaz Lotufo
Historicamente, as primeiras universidades do modelo contemporâneo foram implantadas na Europa como instituições voltadas à formação de elites para servir ao Estado e à Igreja, e não para promover a emancipação social. Com o avanço do capitalismo, consolidaram-se como espaços privilegiados de produção e reprodução da cultura ocidental moderna. Contudo, a partir da década de 1960 — especialmente após as revoltas estudantis de maio de 1968 —, a ênfase acadêmica se voltou para valores relacionados ao mercado, substituindo os ideais humanistas e críticos. As ciências humanas perderam espaço, enquanto as áreas técnicas, passaram a ocupar lugar central, muitas vezes afastando-se da reflexão crítica sobre o impacto social de suas práticas.
Há lugares no mundo onde o calor já passa dos cinquenta graus e outros onde a água sobe metros acima do esperado. Enquanto isso, no coração de São Paulo, arquitetos, pesquisadores, artistas e comunidades se reúnem para perguntar: como habitar a Terra em tempos de extremos? É essa a provocação que guia a 14ª Bienal Internacional de Arquitetura de São Paulo, que ocupa a Oca do Ibirapuera e concentra-se no tema Extremos: Arquiteturas para um Mundo Quente. Mais do que uma exposição, trata-se de um chamado a encarar a crise climática, a desigualdade social e a urgência de reinventar formas de vida.
Diferente de edições anteriores, espalhadas por vários lugares da cidade, os curadores Clevio Rabelo, Jera Guarani, Karina de Souza, Marcella Arruda, Marcos Certo e Renato Anelli optaram por concentrar a edição deste ano sob um mesmo teto, permitindo que a narrativa curatorial se apresente de maneira clara e direta. Todo o percurso está ali, organizado em seções que entrelaçam práticas ancestrais e tecnologias emergentes, experimentações materiais e perspectivas críticas, projetos locais e debates de alcance global. A Oca se torna, assim, uma encruzilhada: sobrepõe miradas arquitetônicas diversas, oferecendo uma plataforma de reflexão coletiva sobre a sociedade e o meio ambiente.
O ArchDaily tem o prazer de apresentar os vencedores da 5ª edição do Next Practices, que reconheceu 20 práticas de arquitetura inovadoras de diferentes partes do mundo. Estes profissionais desenvolvem trabalhos marcados pela criatividade, inovação, abordagem interdisciplinar e responsabilidade social — qualidades que estão redefinindo o futuro da arquitetura e ampliando seus horizontes.
Your greenhouse is your living room. Office for Roundtable e JXY Studio. Leyuan Li. Image Cortesia de Bienal Internacional de Arquitetura de São Paulo
Entre 18 de setembro e 19 de outubro de 2025, a 14ª Bienal Internacional de Arquitetura de São Paulo, organizada pelo IABsp, ocupará o Pavilhão da Oca, no Parque Ibirapuera, para discutir como a arquitetura, o urbanismo, o design e o paisagismo podem enfrentar as mudanças climáticas e os eventos extremos.
O conceito curatorial parte do entendimento que vivemos em tempos de extremos, exigindo soluções radicais e inovadoras. Nos quatro pisos da Oca, os curadores propõem reunir ciência e inovação, saberes tradicionais, práticas cotidianas, propostas de mercado e ações do Estado, afirmando que o desafio climático deve ser enfrentado por toda a sociedade.
O setor de Arquitetura, Engenharia, Construção e Operação (AECO) vem atravessando, nas últimas décadas, um processo de transformação digital sem precedentes. Desde os tempos em que os projetos eram representados exclusivamente em papel, uma realidade que perdurou até o início dos anos 1980, a área já passou por marcos importantes com a adoção do CAD (Desenho Assistido por Computador) e, mais recentemente, do BIM (Modelagem da Informação da Construção). Agora, uma nova transição se impõe, e promete ser ainda mais profunda. A Inteligência Artificial (IA), que até pouco tempo parecia restrita a laboratórios ou conceitos futuristas, começa a ocupar um lugar prático e estratégico na forma como projetamos, construímos e gerenciamos nossos edifícios e cidades.
O campo — historicamente subestimado — tem emergido como um território fértil de possibilidades. Mais do que um "espaço marginalizado", o rural latino-americano se afirma hoje como um verdadeiro laboratório de experimentação arquitetônica, social e ecológica. De comunidades agroecológicas a tecnologias de baixo impacto, das relações entre humanos, máquinas e outros seres vivos às soluções locais para desafios globais como a crise climática, a segurança alimentar e a migração — o campo está redesenhando, com autonomia e inventividade, seu próprio futuro.
O meio rural sempre exerceu um papel fundamental no desenvolvimento social e econômico dos países. Até o século XVIII, era o principal espaço de produção e de organização da vida. Com a Revolução Industrial, no entanto, ocorreram profundas transformações estruturais que redefiniram essa dinâmica. A indústria passou a ocupar uma posição central, vinculando-se ao meio urbano e dando origem a uma visão dicotômica e hierarquizada entre rural e urbano, agricultura e indústria. Nesse contexto, duas visões opostas ganharam destaque: uma previa o desaparecimento do rural diante da urbanização e do avanço econômico; a outra apostava na sua permanência e renascimento. Hoje sabemos claramente qual das hipóteses se tornou verdadeira.
University of Aberdeen New Library / schmidt hammer lassen architects. Foto cortesia de Schmidt Hammer Lassen Architects
O contraste pode ser amplamente utilizado na arquitetura como recurso para destacar aquilo que desejamos evidenciar. Queremos destacar uma entrada? Que o projeto se sobressaia em relação ao entorno? Que nossa arquitetura se torne um marco na paisagem urbana — ou rural? Precisamos criar simbolismos? Garantir legibilidade? Como fazer isso? Como "colocar luz" em algo?
Tudo aquilo que queremos destacar se amplifica pela comparação — por meio de um contraste exagerado, antagônico. Propositalmente, podemos intensificar o uso da escuridão para evidenciar uma única fonte de luz, marcando uma escada de maneira dramática e teatral. Ou então inserir paredes robustas e opacas para fazer sobressair uma entrada leve e transparente.
O Mapa de Iniciativas Urbanas, criado pela OSPA Place em parceria com o Instituto Cidades Responsivas, se trata de um mapeamento gratuito e colaborativo, que reúne projetos de transformação urbana por meio da inovação, da tecnologia e da participação cidadã. A iniciativa tem como objetivos principais identificar, valorizar e dar visibilidade a experiências urbanas transformadoras, inspirar outras cidades com modelos de inovação aberta, fortalecer redes de colaboração entre agentes públicos, privados, da academia e da sociedade civil, além de compartilhar soluções com impacto real para a população.
https://www.archdaily.com.br/br/1032513/mapa-de-iniciativas-urbanas-inscricoes-abertasArchDaily Team
Ao final de cada Bienal de Arquitetura, longe dos olhos dos visitantes, toneladas de materiais das exposições são transportadas por Veneza em carrinhos de mão e barcos. Apenas uma fração desses materiais é reutilizada. A principal razão é a escassez de espaços de armazenamento na cidade e os altos custos logísticos — desafios recorrentes da arquitetura circular. Como resultado, a maior parte dos resíduos acaba sendo destinada a aterros sanitários ou centros de reciclagem próximos. Mas essa realidade está prestes a mudar. Diante das crescentes preocupações ambientais, arquitetos têm se empenhado em desenvolver estratégias que viabilizem a reutilização desses materiais. Processos que envolvem não apenas as decisões arquitetônicas e construtivas, mas também abarcam questões de logística e comércio internacional.