Camilla Ghisleni

Camilla Ghisleni é Arquiteta e Urbanista, formada pela Universidade Federal de Santa Catarina e Mestre em Urbanismo, Cultura e História da Cidade pela mesma universidade. É sócia-fundadora do escritório Bloco B Arquitetura e colabora com o ArchDaily Brasil desde 2014.

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O que é arquitetura “cradle to cradle”?

O termo “cradle to cradle” foi cunhado pelo arquiteto estadunidense William McDonough e pelo engenheiro químico alemão Michael Braungart em seu livro-manifesto Cradle to Cradle: Remaking the Way We Make Things, lançado em 2002. Trata-se de uma teoria que não é meramente arquitetônica, mas se aplica em qualquer produto, promovendo uma abordagem biológica à fabricação na qual os componentes são considerados nutrientes em um “metabolismo saudável”.

Envelhecendo em casa: preparando a arquitetura para uma população idosa

Envelhecer significa aprender a conviver com a dependência — seja ela física, social ou espacial — e nesse longo processo, que sequer pode ser medido em anos, cada vez mais se entende que o envelhecimento está muito relacionado à genética, ao estilo vida, à localização e ao grupo socioeconômico. Por isso, trata-se de um processo muito diversificado, variando conforme cada indivíduo, com uma gama de interesses diferentes assim como capacidades e preferências no modo de vida.

Poética do espaço e saúde mental: como a arquitetura pode ajudar a evitar suicídios

De acordo com a última pesquisa realizada pela Organização Mundial da Saúde – OMS, em 2019 foram registrados mais de 700 mil suicídios em todo o mundo. No Brasil, os registros se aproximam de 14 mil casos por ano, ou seja, em média 38 pessoas cometem suicídio por dia. Nesse contexto foi criado no Brasil o “Setembro Amarelo”, maior campanha anti-estigma do mundo que incentiva todos à atuarem ativamente na conscientização e na prevenção do suicídio, tema que ainda é visto como tabu.

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A poética da multidisciplinaridade: conhecendo a obra de Isay Weinfeld

O estilista Paul Smith, a banda britânica Radiohead e o diretor de cinema sueco Ingmar Bergman parecem não ter nada em comum, exceto por serem constantemente citados como grandes inspirações para o arquiteto paulistano Isay Weinfeld. Uma gama multidisciplinar de influências que diz muito sobre a sua personalidade e, consequentemente, sobre suas obras.

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Metaverso na prática: como construir no espaço digital

“Todos os espaços físicos que nós (arquitetos) projetamos – edifícios, interiores e cidades já nascem como metaespaços, e nós os chamamos de modelos 3D”. Com essa afirmação Brian Jencek, diretor de planejamento da empresa de arquitetura HOK, de San Franciso, estreita os limites entre o modo de projetar atual e o futuro da arquitetura no metaverso. Segundo ele, não estamos tão longe assim dessa tecnologia, visto que, já usamos as mesmas ferramentas que os designers visuais utilizam, como Unity, Twin motion e Blender, para criar ambientes realistas.

O metaverso será o fim da engenharia?

Imagine o dia a dia de um arquiteto hoje. Surge a demanda de um novo projeto, uma tela em branco repleta de inúmeras possibilidades. O deleite criativo prestes a ser iniciado. Estabelece-se as condicionantes principais: programa de necessidades, análise do terreno e entorno, orientação solar e ventos predominantes. Criam-se os primeiros esboços, sempre aliados com um conhecimento estrutural, mesmo que básico, fundamentalmente determinante para quem vive na aceleração gravitacional de 9,807 m/s².

Mas, e se dessas premissas básicas, restar apenas o programa de necessidades?

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Materiais e técnicas de construção dos povos indígenas brasileiros como futuro para a arquitetura

“Devíamos admitir a natureza como uma imensa multidão de formas, incluindo cada pedaço de nós, que somos parte de tudo”, diz Ailton Krenak, renomado líder indígena, no seu livro Ideias para adiar o fim do mundo. A cultura dos povos originários não entende humanidade e meio ambiente como coisas separadas ou superiores uma à outra, mas sim, como partes de um todo. Por meio desse entendimento particular do universo, esse povos são conduzidos à uma apropriação sensível do território, com crenças estruturantes que se refletem também na sua arquitetura, elevando o próprio conceito de sustentabilidade a outro patamar, já que, a natureza não é vista como um recurso a ser utilizado, ela é pensada como parte da comunidade.

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O que são biomateriais na arquitetura?

Como parte do esforço para tornar o setor da construção civil mais sustentável no enfrentamento da crise climática, a bioeconomia tem ganhado destaque. Embora o caminho para uma arquitetura neutra em carbono ainda seja muito complexo, é evidente a mudança emergente na cultura e no pensamento geral, e a inovação parece estar impulsionando tal transformação.

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Arquitetura no campo ampliado: conhecendo a obra de gru.a arquitetos

Em meio à diversidade programática e à experimentação, o escritório carioca gru.a é um alento aos que desejam se aventurar pelo campo ampliado da arquitetura. Formado pelos sócios Caio Calafate e Pedro Varella em 2013, gru.a demostra o potencial da profissão quando dialoga com outras disciplinas.

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O que é o Estatuto da Cidade?

Até meados da década de 1950, o Brasil era um país de população predominantemente rural, com menos de 30% dos habitantes vivendo em áreas urbanas. Entretanto, com o acelerado processo de industrialização, o país vivenciou um grande êxodo rural na transição de um modelo agrário-exportador para um modelo urbano-industrial, modificando drasticamente a paisagem de suas cidades em menos de 50 anos. Como consequência dessa rápida transformação produziu-se um modelo de urbanização predatório e desigual e é nesse contexto que surge o Estatuto da Cidade.

Mulheres por trás das lentes: 15 fotógrafas brasileiras

A fotografia de arquitetura tem sido historicamente um gênero dominado por homens, assim como a própria arquitetura e a indústria da construção em geral. Mas esse cenário está mudando rapidamente. Alguns dos maiores nomes da fotografia de arquitetura muntial agora são mulheres e no campo nacional, não é diferente. Ao enfrentar barreiras de gênero, sendo uma das principais dificuldades a exposição ao espaço público em horas não usuais, carregando equipamentos valiosos — como a fotógrafa Ana Mello já afirmou em entrevista — essas profissionais estão rompendo paradigmas e eternizando as obras com seus olhares aguçados e sensíveis.

Como a inclusão de gênero está influenciando o desenho urbano

Na década de 1970, em Berkeley, Califórnia, um grupo ativista dos direitos das pessoas com deficiência, chamado Rolling Quads, começou a desmontar os meios-fios e instalar rampas improvisadas nas calçadas, exigindo acesso para os cadeirantes. Mas, o que as pessoas não esperavam era que os usuários de cadeiras de rodas não seriam os únicos a se beneficiar da intervenção. Logo, pedestres com carrinhos de bebê, compras pesadas, malas ou simplesmente com mobilidade reduzida passaram a usar regularmente as rampas. Da mesma forma, uma cidade com inclusão de gênero funciona melhor para todos. Uma cidade onde todas as minorias de gênero, com idades e habilidades diferentes, podem se locomover com facilidade e segurança, participar plenamente da força de trabalho e da vida pública, levar uma vida saudável, sociável e ativa é uma cidade que melhora a vida de todos.

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Libertário e antifuncionalista: o que foi o movimento de design Memphis

Bem longe do estado norte-americano do Tennessee, o movimento Memphis surgiu em Milão na década de 1980 e revolucionou o design. Suas cores espalhafatosas, padrões exagerados e estampas conflitantes tinham o intuito de derrubar o status quo do minimalismo da época, contrariando também, com suas formas puramente estéticas e ornamentais, o design funcionalista postulado pela Bauhaus.

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Casas brasileiras: concreto aparente em diferentes texturas

O concreto lidera a construção civil no Brasil estando presente em quase 90% das obras. Essa predominância se deve às suas características específicas como o baixo custo, se comparado com outros materiais, durabilidade, alta resistência às intempéries e versatilidade que facilita a sua produção e manejo por ser uma substância plástica que permite ser moldada.

A fim de tirar vantagem dessa última característica, surgem nos projetos diferentes texturas feitas a partir do concreto, seja por sua maneira de aplicação ou tipo de fôrma utilizada. Quando se trata das fôrmas, é importante perceber que, apesar de serem um elemento provisório na obra, podem custar cerca de 10% do total da construção, sendo feitas em diversos materiais como madeira, metal, plástico ou até mesmo papelão.

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Arquitetura acessível: democratizando o projeto e a informação

No início desse ano presenciei uma situação instigante. Acompanhei, via um amigo arquiteto, a negociação para a contratação de um projeto arquitetônico de uma residência unifamiliar. A proprietária do terreno, uma professora da rede pública, buscou auxílio profissional para construir sua tão sonhada casa, estimada em mais ou menos 60 metros quadrados. Tratava-se de um terreno desafiador, com recortes específicos e uma topografia muito acentuada que era compensada pela vista da cidade. O orçamento limitado e o histórico da proprietária indicavam que essa seria a versão litorânea da famosa Casa Vila Matilde do Terra e Tuma.

Arquitetura como identidade: conhecendo a obra de Gustavo Penna Arquiteto e Associados

“No local escolhido para a construção estava plantada uma das casas antigas de BH, que seria grato preservar do esquecimento. Engenhosos, Penna e sua equipe inseriram no conjunto o arco de entrada da velha construção. Criaram assim um elo visível entre o passado e o tempo presente. [...] O excelente trabalho dá à gente a alegria de sentir que nem tudo está perdido em Belo Horizonte. Os moços apontam o caminho”. Em 1982, quase no fim da sua vida, Carlos Drummond de Andrade escreve essa crônica para o Jornal do Brasil, o projeto em questão diz respeito à Sede da Casa do Jornalista de Belo Horizonte, escolhido por meio de concurso que teve como Gustavo Penna o grande vencedor.

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Como a bicicleta empoderou as mulheres na ocupação dos espaços públicos

Como a bicicleta empoderou as mulheres na ocupação dos espaços públicos - Imagem de Destaque
Foto por Janwillemsen, via Flickr. Licença CC BY-NC-SA 2.0

“Deixe-me dizer o que penso da bicicleta. Ela tem feito mais para emancipar as mulheres do que qualquer outra coisa no mundo. Ela dá às mulheres um sentimento de liberdade e autoconfiança. Eu aprecio toda vez que vejo uma mulher pedalando... uma imagem de liberdade”. Susan Anthony, uma das mais importantes lideres sufragistas norte-americanas, disse isso no início do século XX, enaltecendo o poder libertário representado pela mulher e sua bicicleta na época.

Jantar Mantar: o observatório astronômico guiado pela arquitetura

Jantar Mantar: o observatório astronômico guiado pela arquitetura - Image 3 of 4
Jantar Mantar, Nova Delhi. Photo by Matthias Alberti (distributed via imaggeo.egu.eu)

Enormes estruturas curvas descem em forma de rampa até tocar o solo, vazios amorfos marcam os grandes muros retorcidos acessados por dezenas degraus. O vermelho marca as estruturas e as difere de todo o resto, o centro da cidade de Nova Dehli.

Essa poderia ser a descrição de um parque infantil ou até mesmo de uma pista skate, mas trata-se de um dos cinco observatórios astronômicos construídos na Índia entre 1724 e 1738. Esses volumes labirínticos, que mais se parecem uma materialização dos desenhos de Escher, foram idealizados pelo príncipe indiano Jai Singh como parte de um projeto ambicioso que procurava colocar a arquitetura a serviço da ciência. Suas formas possibilitam análises astronômicas complexas, como prever eclipses, rastrear a localização de estrelas e determinar a órbita exata da Terra em torno do Sol.