Características e diferenças de 12 estilos arquitetônicos

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Panthéon em Paris. Obra neoclássica de Jacques-Germain Soufflot e Jean-Baptiste Rondelet concluída em 1758. Foto de Matthieu Gouiffes via Unsplash

Há muito tempo a história das civilizações vem sendo contada e ensinada de forma linear, com um sentido evolutivo, em prol de uma apreensão facilitada por uma didática mais direta. É fato que, muitas vezes, questionou-se esse método de pensar e organizar a forma como os eventos ou manifestações culturais aconteceram no decorrer do tempo, nas diversas partes do mundo, com suas especificidades que, muitas vezes, são deixadas de lado nas grandes narrativas históricas produzidas, sobretudo, no âmbito ocidental e, mais ainda, europeu.

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Apesar disso, também é fato que, muitas vezes, entender de forma mais simplificada como um evento leva a outro na história pode nos ajudar a ter um panorama, ainda que superficial, mais amplo do que a humanidade produziu e pensou durante os anos. Nesse sentido, no caso da história da arquitetura é interessante compreender quais foram os principais movimentos e estilos consagrados que surgiram ao longo do tempo como reações, isto é, continuidades ou rupturas, em relação ao que se vinha produzindo antes. Assim, apresentamos a seguir alguns dos estilos e movimentos arquitetônicos mais influentes da história, suas caraterísticas e singularidades.

Clássico

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Ruínas do Parthenon da Acrópole de Atenas, Grécia. © Kristoffer Trolle via VisualHunt.com / CC BY

O que se entende como Arquitetura Clássica refere-se à produção de edifícios da Grécia Antiga desenvolvidos no período entre os séculos VII a.C e IV a.C. Seus principais exemplares são templos religiosos de grandes dimensões construídos em pedra, projetados a partir de princípios de ordem, simetria, geometria e criação de perspectiva. Uma característica marcante de sua expressividade são as colunas, que estabeleceram o que ficou conhecido como as "ordens" arquitetônicas dórica, jônica e coríntia. A grande obra de expressão Clássica é o Partenon, construído na Acrópole de Atenas no século V a.C com as características mais marcantes do estilo - um volume construído sobre um embasamento que sustenta a sequência de colunas com capitéis que, por sua vez, apoiam um frontão.

Românico

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Catedral de Santiago de Compostela. © Luis Miguel Bugallo Sánchez, via Wikimedia. Licença CC BY-SA 3.0

Produzido na Europa entre os séculos VI e XI, este estilo arquitetônico tem grande relação com o contexto histórico no qual se insere. Em um momento em que países europeus travavam guerras entre si e protegiam-se de invasões, as construções inspiradas na arquitetura da Roma Antiga Republicana se caracterizavam por ter paredes grossas e resistentes com aberturas mínimas em arcos semi-circulares. Seus principais exemplares foram igrejas construídas no período, tendo como grande representante do estilo a Catedral de Santiago de Compostela, na Espanha, uma obra de planta em cruz, com naves em formato de abóboda construídas em pedra. Este projeto foi construído no contexto da Reconquista Cristã, em meio às Cruzadas, e é o maior exemplar desse estilo, ainda que, mais tarde, tenha sofrido intervenções que conferiram a ele elementos de outras escolas como o gótico e o barroco.

Gótico

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Catedral de Reims. © Johan Bakker, via Wikimedia. Licença CC BY-SA 3.0

O que hoje em dia conhecemos como arquitetura gótica teve como nome original Opus Francigenum, ou "Obra Francesa", uma vez que teve sua origem na alta Idade Média da França, entre os anos 900 e 1300. Foi só durante o período Iluminista que cunhou-se o termo "gótico" para referir-se à arquitetura vertical e majestosa dos exemplares produzidos nesse período. Assim como ocorre com o estilo românico, as principais obras góticas estão relacionadas a construções eclesiásticas, isto é, são igrejas e catedrais que congregam características típicas do estilo, como o arco de ogiva e as abóbodas com nervuras diagonais. A maior parte dos edifícios de referência gótica são considerados Patrimônio Mundial da UNESCO, como é o caso da Catedral de Notre-Dame em Paris e a Catedral de Reims. 

Barroco

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Igreja de Jesus em Roma. © Alessio Damato, via Wikimedia. Licença CC BY-SA 3.0

Com início no século XVI, sob regime Monarquista na Europa, a arquitetura Barroca também se expressa com grande força em edifícios sacros, dado que grande parte de sua produção refere-se aos esforços do movimento de Contrarreforma, que negava o norte racional de simetria proposto pelo Renascimento e buscava sua plasticidade de forma mais intensa, emotiva e imponente através de um desenho sinuoso. Com ornamentos e elementos que buscavam estabelecer um sentido de dramaticidade nas obras, pelo contraste, sobretudo de claro e escuro, a arquitetura barroca recorria aos elementos estruturais como verdadeiras plataformas para os elementos decorativos. Um exemplo precursor desse estilo de arquitetura é a Igreja de Jesus em Roma, que ostenta a primeira fachada verdadeiramente barroca.

Neoclássico

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Altes Museum, Berlim. © Avda, via Wikimedia. Licença CC BY-SA 3.0

A partir do século XVIII a arquitetura do período neoclássico iniciou seus esforços para retomar a linguagem do que se produziu na antiguidade clássica grega e romana. Sua expressão se relaciona fortemente ao contexto social e econômico no qual se insere, a Revolução Industrial na Europa e um momento em que estudantes de classe média-alta inauguram a tradição do Grand Tour, isto é, grandes viagens pelo continente, quando entravam em contato com a produção existente em outros países e, assim, coletavam referências que, nesse caso, foram retomadas de forma bastante direta na produção do período. O retorno às raízes da produção cultural europeia desse momento faz ressurgir uma arquitetura de orientação racional e simétrica que se origina como uma resposta anti-barroca. Esse movimento estendeu-se por um longo período, até o século XIX, e manifestou-se em vários países, o que estabeleceu diversos momentos e traços diversos no conjunto de sua produção.

Beaux Arts

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Grand Central Terminal, Nova Iorque. © Eric Baetscher, via Wikimedia. Licença CC BY-SA 3.0

O estilo acadêmico com origem na Escola de Belas Artes de Paris, surgiu em meados dos anos 1830 e, por um lado estabeleceu uma linguagem que fazia referência a outros períodos, como o neoclassicismo francês, o gótico e o renascentista mas, por outro, empregou materiais modernos em suas obras, como o vidro e o ferro. Apesar de ter surgido na França, esse estilo estabeleceu relações com a arquitetura norte-americana ao servir como referência para arquitetos como Louis Sullivan, conhecido como "o pai do arranha-céu" nos Estados Unidos e mentor de nomes importantes da arquitetura moderna como Frank Lloyd Wright. Em termos formais, edifícios desse movimento apresentam ornamentação escultórica mesclada a linhas modernas. Na Europa, um importante exemplar do estilo é o Grand Palais de Paris e, nos Estados Unidos, a Estação Central de Nova Iorque.

Art Nouveau

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Entrada da estação de metro Porte Dauphine em Paris. © Moonik, via Wikimedia. Licença CC BY-SA 3.0

Estilo internacional da arquitetura e das artes decorativas, recebeu diversas nomenclaturas, como Jugendstil, ou "arte da juventude" em alemão. Seus princípios serviram para orientar a produção de diversas áreas, desde a arquitetura à pintura, ao desenho de mobiliário, a tipografia, entre outros. Como uma reação aos estilos ecléticos que predominavam na Europa no século XIV, o Art Nouveau se manifestou na arquitetura a partir dos elementos decorativos: os edifícios, repletos de linhas curvas e sinuosas, recebiam ornamentos inspirados em formas orgânicas da natureza como plantas, flores e animais, tanto em termos de desenho quanto no emprego de cor em alguns projetos. Suas primeiras manifestações na construção devem-se ao arquiteto belga Victor Horta, mas seus exemplares mais emblemáticos, as entradas de estações de metrô em Paris, são de autoria do francês Hector Guimard.

Art Déco

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Théâtre des Champs-Élysées, Paris. © Coldcreation, via Wikimedia. Licença CC BY-SA 3.0

Logo antes da eclosão da Primeira Guerra Mundial, surgiu na França o estilo Art Déco que, assim como o Art Nouveau, influenciou diversas áreas do desenho e projeto. Combinando um desenho moderno com elementos artesanais e materiais de luxo, o movimento representou em seu auge um momento de grande crença no progresso social e tecnológico no continente. Auguste Perret, arquiteto francês pioneiro no uso de concreto armado na Europa, foi o responsável por projetar um dos primeiros exemplares de arquitetura Art Déco, o Teatro de Champs-Élysées, uma construção de 1913 que combinava as características do movimento e marcava um afastamento da linguagem proposta anteriormente pelo Art Nouveau.

Bauhaus

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Bauhaus Dessau. © Thomas Lewandovski

Nascida no âmbito da primeira escola de design do mundo, a arquitetura moderna proposta pela Bauhaus encontrava-se inserida em um discurso sobre projeto que ia desde o desenho de mobiliário, às artes plásticas e à postura de vanguarda na Alemanha no final da primeira década do século XX. A relação com a produção industrial e o desenho de produto era absolutamente presente nas propostas arquitetônicas da escola, que adotava uma postura muito racionalizada na concepção de projetos que não se referiam a heranças passadas. Um de seus fundadores e principais nomes, Walter Gropius, apostou em métodos de ensino revolucionários e aplicava esses princípios em suas obras, modernas e funcionalistas.

Moderno

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Casa Weissenhof-Siedlung em Stuttgart, projetada por Le Corbusier. © Andreas Praefcke, via Wikimedia. Licença CC BY 3.0

De forma ampla, o conjunto dos movimentos culturais da primeira metade do século XX ficou conhecido como Modernismo. Trata-se de um momento de produção que teve diversos representantes em vários países: pode-se falar em uma origem moderna alemã com a Bauhaus, ou francesa com Le Corbusier, ainda norte-americana com Frank Lloyd Wright, ou, ainda, de inspiração construtivista russa. Em termos de formulação, a arquitetura moderna reunia todas essas vertentes no CIAM (Congresso Internacional de Arquitetura Moderna), momento em que se refletia em conjunto sobre as pautas do moderno e como elas deveriam ser traduzidas em termos materiais.
Para além disso, é muito notória a importância que Le Corbusier assumiu na compreensão da arquitetura moderna, sobretudo pela sua capacidade de síntese em projeto e discurso dos preceitos que adotava em sua produção. Exemplo disso é sua formulação, em 1926, dos "Cinco pontos da Nova Arquitetura", também conhecidos como cinco pontos da arquitetura moderna: planta livre, fachada livre, pilotis, terraço jardim e janela em fita.

Pós-moderno

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Portland Building, projetado por Michael Graves. © Steve Morgan, via Wikimedia. Licença CC BY-SA 3.0

A partir de 1929, com o início da Grande Depressão, inaugura-se uma corrente de crítica à arquitetura moderna que se estabelece até o final da década de 1970. A arquitetura pós-moderna tem representantes na América e Europa e coloca em cheque alguns princípios centrais do modernismo a partir de uma nova perspectiva histórica e compositiva, tanto em discurso, quanto manifestos e projetos construídos. Adotou-se, para tanto, diversas estratégias de embate e questionamento, ora por uma vertente de ironia, ora por um intenso interesse e investigação da cultura popular. No contexto norte-americano, o livro Aprendendo com Las Vegas é uma das obras seminais da reflexão pós-moderna.

Desconstrutivismo

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Parc de la Villette, projetado por Bernad Tschumi. © victortsu on Visual Hunt / CC BY-NC

A arquitetura desconstrutivista é, dentro do que se compreende de forma mais ampla como pós-moderno, uma corrente inaugurada nos anos 1980 que coloca em questão os preceitos de projeto e os processos de formulação de desenho, a partir da incorporação de dinâmicas não lineares para o raciocínio do campo. Com uma continuidade que perdura até a produção contemporânea, essa tendência relaciona-se a duas principais linhas de inspiração: a desconstrução, corrente de análise literária e filosófica dos anos 1960 que repensa e desmonta os modos tradicionais de pensamento; e o construtivismo, movimento artístico e arquitetônico russo do início do século XX. Um marco para o desconstrutivismo é a exposição organizada em 1988 no MoMA, quando o então curador, Phillip Johnson, reuniu a produção de Peter Eisenman, Frank Gehry, Zaha Hadid, Rem Koolhaas, Daniel Libeskind, Bernard Tschumi e Wolf Prix, como uma declaração do que era relevante na arquitetura contemporânea.

Publicado originalmente em 3 de dezembro de 2018. Atualizado em 27 de maio de 2022. 

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Sobre este autor
Cita: Julia Daudén. "Características e diferenças de 12 estilos arquitetônicos" 30 Mai 2022. ArchDaily Brasil. Acessado . <https://www.archdaily.com.br/br/898742/caracteristicas-e-diferencas-de-12-estilos-arquitetonicos> ISSN 0719-8906

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