Eduardo Souza

Editor Sênior de Brands & Materials no ArchDaily. Arquiteto e Mestre pela Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC).

NAVEGUE POR TODOS OS PROJETOS DESTE AUTOR

Aberturas circulares: dos barcos à arquitetura contemporânea

Há duas principais razões para que janelas de embarcações sejam redondas. São mais fáceis de selar e, principalmente, mais resistentes à pressão elevada que a água exerce sobre elas. Isso porque os cantos vivos são locais onde, naturalmente, as tensões se concentram, enfraquecendo a estrutura como um todo. Também é por esse motivo que as janelas dos aviões são pequenas e arredondadas; as elevadas pressões são distribuídas nas formas curvas, reduzindo a probabilidade de rachaduras ou quebras. 

Na arquitetura, as aberturas circulares são bastante antigas. Um Oculus, janela circular, é uma característica da arquitetura clássica desde o século XVI. Também conhecidas pela expressão francesa oeil de boeuf, (olho de boi), as aberturas circulares ou semi-circulares são formadas a partir da construção dos arcos de alvenaria, que permitem a criação de aberturas e a conformação de vãos apenas através do travamento das peças. Com o tempo e a incorporação de novas tecnologias e conhecimentos construtivos, criar aberturas retangulares em edificações comuns tornou-se mais simples, racional e barato do que redondas. Mas ainda assim, elas continuam figurando em uma infinidade de projetos. 

Como projetar estruturas para casas ponte?

Metaforicamente, construir pontes equivale a criar novas oportunidades, conexões e caminhos. As primeiras pontes possivelmente tenham surgido de forma natural com a queda de troncos sobre rios ou depressões naturais, e os humanos têm construído estruturas rudimentares para ultrapassar obstáculos desde a pré-história. Os avanços tecnológicos permitiram erigir pontes que são ao mesmo tempo impressionantes e esculturais, desempenhando função chave nas conectividades. Geralmente necessitando vencer grandes vãos, com poucas possibilidades de apoios, estruturá-las não é uma tarefa tão simples. Mas quando, mais que uma ligação entre dois pontos, a ponte é também uma edificação com um programa complexo? Como estas podem ser estruturadas?

Os desafios de construir um edifício flutuante de madeira, autossuficiente e completamente reutilizável

Todos que já construíram alguma coisa; uma maquete, uma casa de passarinho ou um pequeno mobiliário, têm a clara noção da quantidade de coisas que podem sair errado durante o processo. Um parafuso que é impossível de apertar até o fim, uma tábua de madeira empenada, uma desatenção ou um erro de cálculo que podem frustrar os planos de uma hora para outra. Quando transportamos isso para uma escala de uma edificação, com inúmeros processos e diferentes pessoas envolvidas, sabemos o quão complexo uma obra pode se tornar e quantas coisas podem sair do controle, demorando mais tempo e demandando mais recursos para finalizar. E ao falarmos de uma edificação que precisa flutuar, ser completamente autossuficiente e, depois de cumprir sua vida útil, poder ser completamente reutilizada. Você conseguiria imaginar os desafios técnicos de construir algo assim?   

Lucio Costa, entre o tradicional e o moderno

Hoje, dia 27 de fevereiro, celebramos o aniversário de Lucio Costa. Nascido em 1902 e falecido em 1998, esteve à frente de importantes projetos, mais notavelmente o plano piloto de Brasília e o Ministério da Educação e Saúde do Rio de Janeiro, com impactos marcantes na arquitetura e urbanismo do país. Nascido na França, por conta da profissão de seu pai almirante, morar em países como Inglaterra e Suíça durante seus anos de formação deu a ele uma formação pluralista e uma conexão relevante com o velho continente.

Lucio Costa, entre o tradicional e o moderno - Image 1 of 4Lucio Costa, entre o tradicional e o moderno - Image 2 of 4Lucio Costa, entre o tradicional e o moderno - Image 3 of 4Lucio Costa, entre o tradicional e o moderno - Image 4 of 4Lucio Costa, entre o tradicional e o moderno - Mais Imagens+ 3

A incrível arquitetura das colmeias de abelhas

Talvez as abelhas sejam os insetos que mais despertam fascínio e curiosidade. Com exceção da Antártica, elas são encontradas em todos os continentes, em todos os habitats que contêm plantas com flores polinizadas por insetos. Representações de humanos coletando mel de abelhas selvagens datam de 15.000 anos atrás e, inclusive, potes de mel foram encontrados nas tumbas de faraós do Egito como Tutancâmon. Ainda que geralmente tenhamos uma ideia fixa sobre a aparência das abelhas dos desenhos animados, existem milhares de espécies pelo mundo, com diferentes tamanhos, cores e comportamentos. Há, inclusive, diversos exemplos de abelhas solitárias, muitas sem ferrão e até algumas espécies que sobrevivem saqueando outras colônias mais fracas. Mas algo que tem impressionado pesquisadores é a organização de suas colmeias, que são verdadeiras cidades altamente populosas, com uma eficiência a dar inveja a qualquer planejador urbano.

As possibilidades do Concreto Pigmentado: 20 edifícios impregnados de cor

Quando pensamos em concreto, a cor cinza geralmente nos vem à cabeça. O traço tradicional do concreto, que leva cimento, brita, areia e água pode apresentar variações por conta dos seus elementos compositivos, mas sempre varia entre o cinza claro e o escuro. No entanto, um recurso que vem sendo cada vez mais utilizado é o de agregar pigmentos a essa mistura, para se alcançar cores variadas na aparência final da obra, já que tornam todo o concreto, por dentro e por fora, colorido. Essas tonalidades decorrem da adição de óxidos: as cores amarelo, vermelho e suas derivações (marrons) são obtidas com a adição do óxido de ferro, enquanto que o óxido de cromo e de cobalto criam o efeito de cor verde e azul, respectivamente. Para o concreto preto, geralmente inclui-se óxido de ferro preto e óxido de carbono, combinados com cimento pozolânico .

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Como utilizar e reutilizar as chaminés na arquitetura

Francis D. K. Ching [1] caracteriza uma chaminé como “estrutura vertical incombustível, que contém um conduto através do qual a fumaça e os gases de uma fogueira ou fornalha são impelidos para o exterior e por meio do qual é criada uma corrente de ar”. Enquanto seus canos podem ficar ocultos em paredes ou outras estruturas, o topo da chaminé geralmente permanece proeminente, com o intuito de levar os gases de dentro para fora, sem sujar o ambiente ou prejudicar a saúde dos ocupantes. Sendo elementos verticais, há chaminés que se tornam grandes marcos na paisagem urbana, sobretudo em projetos industriais. No momento do desenho, decidir sobre o “peso” que terá a chaminé no projeto é imprescindível. Na Casa Milá, por exemplo, Gaudí coroa o edifício de formas sinuosas e curvilíneas com chaminés esculturais. Há casos em que a sobriedade da construção é espelhada em sua chaminé e outros que o elemento vertical busca ser o mais oculto possível. Recentemente, também, muitas chaminés têm sido reformadas para novos usos ou novas tecnologias mais limpas. Seja no papel de destaque, de integração ou oculto na edificação, veja abaixo algumas dicas de projeto e possibilidades de uso.

A beleza do mármore em interiores e fachadas

Das esculturas de Michelangelo, às estruturas dos templos gregos, interiores de castelos, palácios e chegando ao icônico Pavilhão de Barcelona de Mies van der Rohe, quando abordamos a história da arquitetura e escultura, é inevitável falarmos do mármore. Originado a partir de uma reação química do calcário quando exposto a pressão e temperaturas muito altas durante milhares de anos, este nobre material é uma rocha metamórfica geralmente encontrada em regiões onde houve atividade vulcânica. Sua extração, por si só, já é um espetáculo.

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Tubos de concreto transformados em elementos de arquitetura e espaços de estar

As infraestruturas urbanas permitem proporcionar conforto aos habitantes e mitigam possíveis riscos de desastres, como os alagamentos. As subterrâneas, especificamente, retiram dos nossos olhos os sistemas urbanos e configuram-se como verdadeiros labirintos sob as ruas. Distribuição de água potável, drenagem urbana, esgoto, e até fiação elétrica e fibra óptica em alguns casos, passam sob nossos pés sem que nos damos conta. Para tal, a indústria desenvolveu há cerca de 100 anos peças pré-moldadas de concreto que proporcionam rapidez construtiva, resistência adequada aos esforços e, principalmente, ao tempo. Tubulações de concreto de seção circular, nos mais diversos diâmetros, talvez sejam os condutos mais utilizados e são onipresentes no mundo. Mas há quem também use essas estruturas aparentes, em criativos usos arquitetônicos.

Como a energia solar funciona?

Antes restrita a estações espaciais e satélites, a energia fotovoltaica vem ganhando espaço e tornando-se uma opção cada vez mais viável. Diariamente, o sol libera uma enorme quantidade de energia no planeta Terra, muito mais do que toda a população consome. Deixar de aproveitar essa fonte sustentável, renovável e inesgotável para gerar energia elétrica é quase um contra senso, sobretudo se levarmos em conta todo o impacto ambiental e social das outras formas de geração de energia. Mas a tecnologia para criar energia elétrica a partir do sol não é tão simples e ainda apresenta algumas pequenas limitações, sobretudo de preço. A ideia desse artigo é explicar alguns conceitos básicos sobre o processo e evidenciar o que é importante levar em conta ao projetar um sistema solar.

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Como as arquiteturas flutuantes não afundam?

O ambiente aquático sempre fascinou sonhadores e pesquisadores. Por volta de 1960, em meio à acirrada corrida espacial da Guerra Fria, o explorador francês Jacques Cousteau desenvolveu equipamentos para desvendar as profundezas do mar - como o Aqualung - que permaneciam tão ou mais inexploradas que o próprio espaço sideral. Ele chegou a afirmar que em 10 anos poderíamos ocupar o fundo do mar como “aquanautas” ou 'oceanautas”, onde seria possível passar períodos longos, extraindo recursos minerais e até cultivando alimentos. Sessenta anos depois o fundo do mar ainda é reservado a poucos, e a humanidade tem se preocupado mais com as enormes quantidades de plástico nos oceanos e o aumento do nível dos mares por conta do aquecimento global. Mas estar próximo de um corpo d’água continua fascinando grande parte das pessoas. Seja por interesse ou pela necessidade de ganhar espaço em cidades com riscos de inundação ou populosas demais, propostas utópicas e exemplos interessantes de arquiteturas flutuantes têm figurado no arquivo de projetos do ArchDaily. Mas quais as diferenças fundamentais entre construir casas em terra e casas na água e de que forma esses edifícios permanecem na superfície e não afundam?

A evolução no entendimento das escalas humanas na arquitetura

“A mão inteira será a décima parte do homem; Da parte inferior do queixo ao topo da cabeça é um oitavo de sua altura; Dos mamilos ao topo da cabeça será a quarta parte da altura.” Se você continua aqui sem ter ido buscar uma trena, essas frases foram escritas por Marcos Vitrúvio Polião, arquiteto romano que viveu no século I a.C., cujo maior legado foi o tratado escrito em latim “De Architectura Libri Decem” (em português, traduzido para Tratado de Arquitetura). Os dados apresentados por Vitruvius foram compilados e desenhados cerca de mil e quinhentos anos depois por Leonardo Da Vinci, em seu célebre trabalho “L’Uomo di Vitruvio”, intensamente reproduzido em diversos contextos, de capas de livros a aventais de cozinha.

Por que a madeira é um material interessante para a construção de escolas

Grande parte de nossas memórias da infância são da escola. Sejam elas boas ou nem tanto, a maioria das crianças e jovens passa boa parte dos dias em salas de aula ou instalações educacionais. De acordo com IQAir, “todos os anos, as crianças permanecem uma média de 1.300 horas em edifícios escolares”. Mas mesmo com todas as mudanças do mundo nas últimas décadas, principalmente quanto à disseminação do conhecimento através da internet, é notável que os projetos das escolas, mantêm-se muito similares a modelos, de alguma forma, ultrapassados. Como observado neste artigo, idealmente a tipologia dos espaços educacionais e a configuração das salas de aula deveriam se adequar a formas mais contemporâneas de ensinar e aprender, não necessariamente na usual organização de carteiras enfileiradas com um professor à frente. Mas é importante que as análises não parem por aí. Todas as superfícies e materiais exercem uma influência importante tanto para o bem-estar como para o aprendizado dos usuários do espaço.

Andaimes: de equipamento auxiliar a protagonista na arquitetura

Fala-se pouco sobre a contribuição dos andaimes na história da construção. Estas estruturas geralmente foram tratadas como meros equipamentos e, por isso, seus registros são bastante escassos. Sem elas, no entanto, seria quase inviável construir a maioria dos edifícios que conhecemos. Os andaimes permitem atingir e deslocar materiais a pontos difíceis em uma construção, proporcionando segurança e algum conforto aos trabalhadores. Mas além do seu papel de estrutura de apoio para as construções, temos visto que os andaimes também podem servir para estruturas móveis, temporárias e mesmo permanentes. Conheça um pouco da história e das suas possibilidades a seguir.

Feito para durar: as contribuições do aço inoxidável à arquitetura

Pouco antes da Primeira Guerra Mundial, Harry Brearley (1871-1948), que já trabalhava como operário em uma metalúrgica desde os 12 anos de idade, desenvolveu o primeiro aço inoxidável. Buscando resolver um problema de desgaste das paredes internas das armas do exército britânico, ele acabou obtendo uma liga metálica resistente à corrosão, agregando cromo ao ferro fundido. A invenção encontrou aplicações em quase todos os setores da indústria, desde a produção de talheres, equipamentos de saúde, cozinha, indústria automotiva, entre muitas outros, substituindo materiais tradicionais como o aço carbono, cobre e até alumínio. Na construção civil isso não foi diferente e o aço inoxidável logo foi incorporado às edificações.