Eduardo Souza

Editor Sênior de Brands & Materials no ArchDaily. Arquiteto e Mestre pela Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC).

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Como a iluminação afeta o humor?

É muito provável que você esteja lendo esse texto em um espaço fechado e com as luzes ligadas. Com o nosso atual estilo de vida, é comum passarmos a maior parte dos dias em salas fechadas realizando nossas tarefas diárias banhados pela soma de luzes artificiais e naturais. Ao mesmo tempo que as luzes artificiais trouxeram infinitas e incalculáveis possibilidades à humanidade, elas também causaram uma certa confusão ao nosso corpo, que se adaptou por milhares de anos a responder aos estímulos da luz do sol e à escuridão da noite. Trata-se do Ritmo ou Ciclo circadiano, que designa o período de aproximadamente 24 horas que se baseia o ciclo biológico de quase todos os seres vivos, influenciado sobretudo pela luz recebida, mas também pela temperatura e outros estímulos.

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Como funciona o aquecimento por piso radiante?

É creditada a Caius Sergius Orata, por Vitruvius, a invenção do Hipocausto. A palavra, do latim hypocaustum, em uma tradução literal, significa acesso por baixo. Trata-se de um sistema de piso elevado sobre pilhas de cerâmica onde, em uma das extremidades, uma fornalha -com lenha sendo queimada ininterruptamente-, fornece calor ao espaço subterrâneo, que sobe através de paredes construídas por tijolos perfurados. Os hipocaustos esquentavam, pelo piso, alguns dos edifícios mais opulentos do Império Romano (incluindo algumas residências) e, sobretudo, os famosos Banhos Públicos.

Com um funcionamento similar, mas no Oriente, existiu o Ondol. Estima-se que ele tenha sido desenvolvido durante os Três Reinos da Coréia (57 aC-668 dC), mas há pesquisadores que apontam que a solução já era utilizada muito antes disso. O sistema também manipulava o fluxo de fumaça provindas dos agungi (rudimentares fogões à lenha), em vez de tentar usar o fogo como fonte de calor direto, como a maioria dos sistemas de aquecimento. Inclusive, chamou a atenção de Frank Lloyd Wright, como apontado neste artigo, que adaptou o sistema para utilizá-lo na calefação de casas nos Estados Unidos e no seu importante Imperial Hotel em Tóquio. Atualmente, como funcionam os sistemas de aquecimento de pisos radiantes?

Como evitar as principais fontes de perda de energia nos edifícios

O conforto térmico fica bastante evidenciado quando não é atendido. Isso porque quando as condições térmicas são adequadas em um local, o corpo encontra-se em equilíbrio com o ambiente e os ocupantes podem simplesmente desenvolver suas atividades normalmente. Pelo contrário, quando um espaço é quente ou frio demais, logo observamos mudanças no nosso humor e corpo. A insatisfação com o ambiente térmico ocorre quando o balanço térmico é instável, ou seja, quando há diferenças entre o calor produzido pelo corpo e o calor do corpo perdido para o ambiente.

Caçando relíquias: elementos arquitetônicos e materiais reutilizados em novas obras

Alguns pesquisadores definem que o início do Antropoceno se deu com a Revolução Industrial, outros com a explosão da bomba nuclear ou até no advento da agricultura. Isso ainda não é um consenso científico. Mas a noção de que as atividades humanas vêm gerando alterações com repercussão planetária, seja na temperatura da Terra, nos biomas e ecossistemas, é algo cada vez mais disseminado. O antropoceno seria uma nova era geológica marcada pelo impacto da ação humana no planeta Terra. Isso é particularmente perturbador se considerarmos que se toda a história da Terra fosse condensada em 24 horas, os humanos só apareceriam nos últimos 20 segundos. Seja na extração massiva de recursos naturais, liberação de carbono dos veículos e indústrias, é sabido que boa parte da culpa é da construção civil, sobretudo na produção de resíduos sólidos, por conta de desperdícios e demolições. No Brasil, por exemplo, os Resíduos da Construção Civil podem representar entre 50% e 70% da massa dos resíduos sólidos urbanos [1]. Muitos acabarão descartados irregularmente ou utilizados como aterros soterrados por tempo indeterminado.

Quais materiais são mais fáceis de reciclar em uma construção?

A indústria da construção civil é responsável pelo consumo de cerca de 75% dos recursos naturais do planeta. Pedras, areia, ferro e outros tantos recursos finitos são retirados em enormes quantidades para suprir os mercados. Além da exploração, a grande quantidade de resíduos gerados nos canteiros de obra é algo preocupante, seja durante as obras ou em demolições e remodelações. No Brasil, por exemplo, os Resíduos da Construção Civil podem representar entre 50% e 70% da massa dos resíduos sólidos urbanos [1]. O destino dado a esses entulhos é outro fator chave, uma vez que muitas vezes são postos em caçambas que acabam indo para aterros e lixões sem um destino correto e adequado, sobrecarregando os sistemas de limpeza pública municipais e criando locais de deposição informais. 

As megacidades do futuro também podem se tornar inteligentes?

Cidades estão tão profundamente enraizadas na história da humanidade que dificilmente nos perguntamos por que vivemos nelas ou qual a razão de nos agruparmos em assentamentos urbanos. Ciro Pirondi, arquiteto brasileiro, aponta que vivemos em cidades porque gostamos de ter alguém para conversar, enquanto Paulo Mendes da Rocha classifica a cidade como “a suprema obra da arquitetura”. A cidade é o mundo que o homem constrói para si próprio. Tratam-se de imensas construções coletivas, palimpsestos, colagens de camadas de histórias, realizações, conquistas e perdas.  

Já somos majoritariamente urbanos desde 2007. E a porcentagem deve chegar a 70% de pessoas vivendo em cidades em 2050. Nos próximos anos, megacidades com mais de 10 milhões de habitantes deverão se multiplicar, principalmente na Ásia e na África, muitas delas em países em desenvolvimento. Tal projeção levanta o alerta em relação à sustentabilidade e às mudanças climáticas que as cidades catalisam. E, claro, sobre como possibilitar a qualidade de vida a seus habitantes e de que forma eles poderão prosperar e se desenvolver em contextos que, muitas vezes, não são os ideais. Como esses assentamentos urbanos receberão este aporte da população? Enquanto seus centros antigos demandarão transformações e atualizações, suas periferias exigirão o projeto de novas residências e equipamentos públicos, além de infraestruturas adequadas. Como esse processo pode ajudar os centros urbanos a se tornarem inteligentes, utilizando de forma criativa e eficiente a tecnologia já disponível a favor de seus habitantes? 

Um guia para arquiteturas "off-grid"

Quem mora em uma grande cidade dificilmente nunca sonhou em viver isolado, em uma casa entre as árvores ou numa praia deserta. Durante a pandemia e os intermináveis meses de quarentena, muitos tiveram essa mesma ideia. Por mais romântica e sedutora que ela possa parecer, isso vem acompanhado de alguns desafios práticos importantes. Raramente abriríamos mão de pequenos confortos que estamos tão acostumados, como abrir uma torneira ou carregar o celular. Se o local é, de fato, remoto, possivelmente não contará com abastecimento de energia elétrica, água potável, gás, rede de esgoto e coleta de resíduos sólidos. Mas há diversas possibilidades de uma vida com conforto e sem vizinhos. Quais são as principais soluções para permitir isso e como um projeto de arquitetura pode proporcionar uma vida off-the-grid?

Por que nós, arquitetos, devemos entender e nos preocupar com o carbono?

Sim, eu sei. Temos falado muito sobre carbono. E não só aqui, mas por todo lado lemos sobre efeito estufa, dióxido de carbono, combustíveis fósseis, sequestro de carbono e diversos outros termos que têm entrado, cada vez mais, nos nossos cotidianos. Mas por que o carbono é tão importante e o que nós, arquitetos, estudantes de arquitetura ou entusiastas do tema, temos a ver com algo que parece tão intangível?

Como o Design Generativo deve impactar a arquitetura?

Tentativa e erro. Em um um guardanapo, papel manteiga, ou em um fundo preto do CAD, grande parte do trabalho de um arquiteto é fazer e refazer testes, linhas, formas, cópias. Descartar e recomeçar. De uma ideia inicial a um projeto final há um caminho extenuante e longo. Isso porque projetar é tomar infinitas decisões, sendo que uma alteração influencia em outros tantos elementos sendo, enfim, um exercício de escolhas e concessões. Seja conseguir construir o máximo da legislação no terreno sem impactar o entorno e deixando todas as unidades com boa exposição solar, ou encaixar o máximo de mesas de trabalho em um escritório sem perder uma boa circulação e fluidez no espaço, são muitos estudos até chegar na opção mais adequada. Ou, por exemplo, a posição de uma janela, ainda que fique muito bem na composição da fachada, pode inviabilizar a localização da cama em um dormitório ou aumentar muito o consumo energético da edificação.

Evidentemente, em todo o projeto há sempre prazos e orçamentos apertados, um cliente geralmente com pressa e uma quantidade de tempo limitada para se pensar em todas as combinações possíveis e se as decisões projetuais tomadas são, de fato, as mais adequadas. É aí que, cada vez mais, o conceito de Design Generativo (Generative Design) vem aparecendo na arquitetura.

Um museu sobre o plástico, de plástico, e que será completamente reciclado

O plástico é um material incrível. O grande problema é a forma como estamos usando-o e descartando-o na natureza. Foi com essa ideia em mente que o Museu do Plástico foi criado, para mostrar o papel vital que o plástico desempenha nas nossas vidas, bem como as possibilidades que o seu reaproveitamento e reciclagem oferecem. Inaugurado em Madri no dia 8 de maio, não conterá apenas plástico, mas será construído inteiramente a partir desse material. Através das peças que se encontram no interior, como objetos essenciais para os cuidados de saúde, comunicação, construção, alimentação e mobilidade sustentável, o visitante poderá conhecer tudo o que o plástico nos proporciona quando é feito o seu uso correto.

Como projetar uma piscina de borda infinita?

Há poucas coisas que nos fascinam mais que o mar. Sua contemplação suscita um sentimento de paz e suas cores, texturas, movimentos e amplitude proporcionam um efeito cientificamente comprovado de relaxamento no nosso sistema nervoso. Acima de tudo, nos faz perceber o quão pequenos somos ante o universo. Não é por acaso que uma casa de frente para o mar seja um sonho de consumo para muitos. E com uma piscina logo à frente, nem se fala. As piscinas de borda infinita brincam com esse sentimento de infinitude do mar com o céu. Através de um jogo inteligente de planos e níveis, criam uma ilusão de ótica que deixa qualquer um boquiaberto, fazendo com que a água da piscina pareça se fundir com o horizonte, transbordando em uma ou mais bordas. Mas antes de planejar sua foto no Instagram com uma taça de espumante na mão, é interessante entender como elas são construídas.

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Acústica mal projetada em salas de aula prejudica o desempenho e o bem estar dos alunos e professores

Poucas coisas irritam mais que a exposição a ruídos excessivos, por longos períodos de tempo ou a incapacidade de entender o que precisamos ouvir. Seja uma obra próxima, o tráfego de uma rodovia, o ar condicionado ou o vizinho aprendendo saxofone, pesquisas mostram que ruídos podem contribuir para doenças cardiovasculares, aumento de pressão, dores de cabeça, alterações hormonais, distúrbios no sono, redução no desempenho físico e mental e a redução do bem-estar. Por outro lado, em um ambiente acusticamente "confortável", além de ouvirmos o que desejamos, nos concentramos melhor e nos sentimos mais calmos.

A preocupação com a criação de ambientes acusticamente confortáveis é geralmente relegada a cinemas, salas de concertos e estúdios de gravação. Mas é particularmente importante em ambientes de aprendizado, como salas de aulas, já que influencia diretamente na relação ensino-aprendizagem. O desconforto acústico pode prejudicar o processo de aquisição de conhecimento, interferindo na atenção e piorando a comunicação entre aluno e professor.

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O futuro é agora: casas impressas em 3D começam a ser habitadas na Holanda

Se há apenas alguns anos a impressão 3D era vista com uma certa desconfiança, várias notícias recentes têm mostrado que essa é uma tecnologia possível, viável e que veio para ficar. No dia 30 de abril de 2021 os inquilinos da primeira casa de concreto impressa na Holanda receberam suas chaves. A casa em Eindhoven - a primeira de cinco dentro do ‘Projeto Milestone’ - cumpre totalmente com todos os rigorosos requisitos de construção do país.

Como as cores alteram a percepção dos espaços interiores

A humanidade passa cada vez mais tempo em espaços fechados, seja no trabalho ou em casa. Estudos mostraram que passamos 87% de nossas vidas em ambientes internos. Enquanto interiores agradáveis podem influenciar positivamente no humor e no bem-estar de seus ocupantes, locais mal iluminados, desconfortáveis podem tornar as vidas miseráveis. Por isso, o ofício de projetar interiores é tão importante, mesmo que muitas vezes seja considerado menor por alguns profissionais. Ao desenhar um projeto de interiores, o arquiteto tem o poder de influenciar a maior parte das variáveis. Seja a iluminação artificial, a luz natural, as proporções, os materiais, todos os elementos influenciam nas sensações que a arquitetura passará aos seus ocupantes.

O que levar em conta para melhorar o conforto acústico?

Mesmo sem querer, às vezes você acaba conhecendo a vida do seu vizinho ao lado, por ouvir todas as suas conversas através das paredes. Ou perde o sono quando o cachorro que vive no apartamento acima resolve fazer um passeio no meio da madrugada. Possivelmente você mora em um local com um isolamento acústico inadequado das paredes e/ou lajes. Com cidades cada vez mais densas e construtores buscando maiores margens de lucro, não é raro que o conforto acústico seja deixado de lado em diversos projetos de arquitetura. Quando o som é excessivo ou indesejado, ele passa a ser denominado ruído e impacta o corpo, a mente e as atividades humanas. Ainda que nem todos os espaços precisem selar quaisquer tipos de sons, como câmaras herméticas, criar espaços com um grau adequado de isolamento acústico melhora a qualidade de vida de todos usuários.

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A madeira na obra de Alvar Aalto: de banquetas a forros e estruturas

Muitos enquadram o trabalho de Alvar Aalto no conceito de Gesamtkunstwerk (uma obra de arte total), onde arquitetura, design e arte se fundem em um só. A obra do arquiteto finlandês é pioneira na chamada vertente orgânica da arquitetura moderna do início do século XX, influenciando fortemente o que conhecemos hoje como arquitetura escandinava. Segundo sua descrição no site do MoMA: “seu trabalho refletiu um desejo profundo de humanizar a arquitetura por meio de um manuseio não ortodoxo de formas e materiais que fosse racional e intuitivo”. Suas soluções para trazer luz natural aos edifícios são exaltadas e estudadas repetidamente até hoje. Mas em toda a sua carreira, um material que sempre esteve presente e de diversas formas foi a madeira. De estruturas, forros a banquetas, Alvar Aalto trouxe protagonismo a este material natural.

O que são decibéis? (Ou como os ruídos afetam nossa saúde)

Ambientes ruidosos trazem efeitos extremamente negativos ao nosso organismo e são um grande vilão para a concentração, aprendizado e produtividade em salas de aula e escritórios. Dores de cabeça são sintomas momentâneos. Mas permanecermos expostos a locais muito ruidosos pode trazer problemas como a perda auditiva, afetar a concentração, a pressão arterial e até a digestão. Também pode desencadear altos níveis de estresse, distúrbios do sono, alterações do humor, aumento da frequência cardíaca e zumbidos no ouvido. Esse trata-se de um inimigo invisível e, muitas vezes, negligenciado nas grandes cidades com os ruídos de tráfego intenso, demolições e equipamentos barulhentos, como geradores e condicionadores de ar. Embora a história se repita em ambientes fechados, medidas eficazes podem ser tomadas para evitar ruídos desnecessários.