Seja através de pequenas amostras de materiais ou por uma colagem digital, um moodboardé uma ferramenta de projeto valiosa para arquitetos e designers, como um painel de inspiração com cores e elementos que guiarão as escolhas. A ideia é que ele seja utilizado para que os profissionais tenham inspirações para comporem seus projetos, seus panos de fundo, texturas predominantes e detalhes de destaque. Para tal, as superfícies desempenham um papel fundamental na definição de um espaço, dando o tom do espaço, tal qual uma música, onde todos os outros elementos podem combinar ou não na harmonia da paleta escolhida.
A arquitetura, ao longo da história, sempre esteve associada à elite e aos mais ricos, que encomendavam edifícios suntuosos para satisfazer suas necessidades estéticas e funcionais. Essa tendência remonta a civilizações antigas: faraós egípcios construíam pirâmides e templos imponentes, imperadores romanos erguiam anfiteatros e palácios magníficos. A arquitetura era, e muitas vezes ainda é, um símbolo de poder e prestígio. Com o tempo a profissão se expandiu para abranger diversos tipos de edifícios e públicos, desde residências simples até estruturas públicas e comerciais e o avanço da tecnologia e das técnicas de construção tornou-a mais acessível em termos de custos. Mas a desigualdade em relação ao acesso a bons projetos de arquitetura ainda prevalece, especialmente em países subdesenvolvidos ou contextos vulneráveis socialmente. Diversas regiões enfrentam sérios problemas de habitação, infraestrutura e planejamento urbano devido à falta de recursos e investimentos adequados, com condições construtivas precárias, com áreas de favelas, falta de saneamento básico e edifícios inseguros.
Certificações de construção sustentável podem desempenhar um papel crucial na mitigação das mudanças climáticas ao estabelecer critérios sólidos para fomentar práticas ecologicamente responsáveis na indústria da construção. Elas não apenas conferem visibilidade pública e monitoram o desempenho, assegurando a conformidade com regulamentações, mas também estimulam a redução do impacto ambiental, ao mesmo tempo em que recompensam edifícios que cumprem rigorosos padrões de sustentabilidade. Ao estabelecer níveis mais elevados de excelência em projetos e construções, essas certificações exercem influência na evolução dos códigos de construção, na capacitação dos profissionais e nas estratégias corporativas.
Modular Eco-Housing . Image Cortesia de Yvonne Witte
Quando falamos de tecnologia, muitas vezes pensamos em robôs, super computadores, data centers ou smartphones. Mas a tecnologia também se refere à invenção das primeiras ferramentas de pedra lascada, ou ao desenvolvimento da máquina a vapor, responsável pela primeira Revolução Industrial. O termo provém da junção das palavras gregas techne (arte, artesanato) e logos (palavra, discurso) e, nada mais é que a aplicação do conhecimento para atingir objetivos de uma forma específica e reprodutível, para fins práticos. No setor da construção, que movimenta grandes quantidades de recursos e pessoas, mais tecnologia significa incorporar novos métodos, ferramentas, automatização e softwares que possam melhorar a eficiência das construções. Esta, uma indústria historicamente resistente a inovações, representa enorme impacto no meio ambiente, através de emissões de carbono e exploração de matérias-primas. No entanto, à medida que a construção se volta para o mundo digital, os construtores têm encarado a tecnologia como um meio de otimizar práticas e identificar, construir e gerenciar seus projetos.
A inovação prospera quando pausamos para observar, questionar e reimaginar o mundo ao nosso redor, transformando desafios em oportunidades de progresso. A natureza, em particular, serve como uma rica fonte de inspiração. Ao observá-la, estudar seus desafios cotidianos e contemplar os processos existentes, podemos descobrir insights valiosos que inspiram soluções inovadoras.
Um destes desafios atuais no mundo é a produção de concreto, um material antigo e extremamente popular. Ele também é responsável por uma parcela significativa das emissões globais de CO2 devido ao processo intensivo em energia da produção de cimento e as reações químicas envolvidas. Estima-se que a produção de concreto seja responsável por aproximadamente 8% das emissões anuais de CO2 do mundo, bombeando 11 milhões de toneladas de CO2 para a atmosfera todos os dias - causando 8% das emissões anuais de CO2 e consumindo 9% da água industrial anual do mundo. Aliado a isso, temos a projeção de que o estoque de construção do mundo deve dobrar até 2060 - o equivalente a construir uma cidade inteira de Nova York todos os meses pelos próximos 36 anos, o que significa uma demanda incrivelmente crescente por cimento e concreto. Com esse cenário desalentador, temos algo a fazer? Neste artigo, conversamos com Loren Burnett, CEO da Prometheus Materials, que tem desenvolvido um material que imita processos da natureza para recriar o concreto como conhecemos.
Laurent Troost é um arquiteto belga com uma rica trajetória em projetos realizados na Holanda, Espanha e Dubai, decidiu mudar-se para o Brasil em 2008, estabelecendo-se na cidade de Manaus. Nessa região repleta de desafios e inspirações, Troost desenvolveu uma prática arquitetônica única ao unir suas experiências na concepção de prédios de luxo no exterior com edificações no coração da Amazônia. Seu trabalho conquistou reconhecimento internacional e foi agraciado com várias premiações. Em 4 de setembro, esteve em Florianópolis para uma palestra no NCD Summit, onde pudemos conversar sobre sua obra e suas opiniões sobre a arquitetura e a sustentabilidade.
A madeira engenheirada tem emergido como uma alternativa sustentável para substituir os componentes de concreto nas construções, uma vez que este contribui, sozinho, para 8% das emissões globais de CO2. Com variados exemplos nas mais distintas escalas e programas, este material tem se mostrado promissor para revolucionar a indústria, agregando eficiência, resistência e conforto. Mesmo quando lidamos com processos altamente padronizados e eficientes na fabricação das peças estruturais, sempre há espaço para aprimoramento e redução de desperdícios. Principalmente porque o processo industrial tradicional de serrar os troncos em partes pode gerar resíduos substanciais.
É nesse contexto que surge o A.I. Timber, um material de construção inovador projetado para minimizar o desperdício, ao preservar os contornos naturais das árvores. No lugar dos métodos convencionais de serrar troncos únicos em placas padronizadas, A.I. Timber utiliza a Inteligência Artificial de forma engenhosa para encaixar esses troncos como peças de um quebra-cabeça perfeitamente montado. Para entender mais sobre a iniciativa e o futuro deste material, conversamos com Carlo Ratti e Mykola Murashko, que coordenaram o projeto.
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Gent Waste Brick. Image Cortesia de Carmody Groarke
Há certos símbolos que transcendem barreiras linguísticas e são prontamente reconhecidos e compreendidos por pessoas de diversas culturas. Exemplos incluem os ícones de banheiro masculino e feminino, a cruz que simboliza saúde e, mais recentemente, o símbolo universal do Wi-Fi. Entre esses ícones universais está o da reciclagem, concebido em 1971 por Gary Anderson, arquiteto e designer que, na época, era um estudante na Universidade do Sul da Califórnia. Como um ciclo contínuo, trata-se de um triângulo com três setas dispostas no sentido horário, cada qual representando a indústria, o consumidor e a reciclagem, respectivamente.
Reintegrar o que normalmente é considerado resíduo no ciclo produtivo é um princípio central da economia circular. Esse conceito é particularmente marcante na indústria da construção, que historicamente dependeu da destruição e extração de recursos para existir. E nada mais simbólico do que os tijolos, que também representam a construção de novas coisas, para aplicar os conceitos da circularidade. Mentes criativas têm abraçado este desafio, concebendo soluções que transformar materiais descartados em recursos de elevado valor, gerando uma ampla gama de produtos, abrangendo matérias-primas residuais que vão desde algas marinhas e plásticos até cabelos humanos. Tais inovações não apenas abordam questões ambientais prementes, mas redefinem essencialmente a maneira pela qual construímos e habitamos nossos espaços. Neste artigo, destacamos 7 iniciativas que têm transformado resíduos em tijolos.
O concreto possui enorme resistência aos esforços de compressão, mas é um material frágil em relação à tração, quando forças são aplicadas em direções opostas em uma estrutura, tentando separar suas partes. É por isso que a incorporação do aço, com sua alta resistência quando esticado, tornou o chamado concreto armado o método construtivo mais utilizado no mundo. Em outras palavras, o concreto armado combina as vantagens intrínsecas de seus dois componentes principais -concreto e armaduras de aço-, para resultar em um material extremamente robusto, versátil e prático. Essas armaduras, além de reforçarem a estrutura, podem ser utilizadas em instalações artísticas, fachadas e mesmo interiores.
O período geológico em que atualmente habitamos é conhecido como o Antropoceno, definido pelo impacto substancial humano nos ecossistemas e geologia da Terra. Em contraste, o Simbioceno, um termo cunhado pelo filósofo e ambientalista australiano Glenn Albrecht, apresenta uma visão do futuro caracterizada por uma relação positiva e simbiótica entre os seres humanos e o mundo natural. Na era do Simbioceno, os seres humanos colaboram ativamente com a natureza, reconhecendo sua interdependência com os ecossistemas da Terra e se esforçando para regenerar e restaurar o ambiente natural, criando assim um mundo mais harmonioso e sustentável.
A obra do arquiteto franco-suíço Charles-Édouard Jeanneret, é, entre muitos outro adjetivos, abrangente. Le Corbusier aventurou-se em escalas desde o desenho de mobiliários a planos urbanos para cidades inteiras, passando pela pintura, projetos diversos e a escrita de livros. Algo que não é tão falado, no entanto, foi a teoria de cores que ele desenvolveu e aplicou a vários de seus projetos arquitetônicos e esforços artísticos. Profundamente enraizada em sua crença de que a cor desempenha papel significativo para evocar emoções e criar ilusões espaciais, a teoria das cores de Le Corbusier foi descrita em seu livro "PolyChromie Architecturtale" (arquitetura policromia), publicado em 1931. Ali, ele introduziu seu conceito e uma gama cuidadosamente curada de cores que pretendiam ser usadas em contextos arquitetônicos específicos.
Quando se trata de fachadas, há muitas opções a serem consideradas para definir a aparência e a mensagem que um edifício busca transmitir. Enquanto superfícies envidraçadas trazem sofisticação e remetem ao mundo corporativo, o concreto aparente sobriedade e a madeira aconchego, poucos materiais são tão versáteis quanto o HPL (laminado de alta pressão) para fachadas. Com uma ampla variedade de dimensões, cores e texturas, esses painéis se adaptam facilmente a diferentes estilos arquitetônicos, proporcionando uma infinidade de possibilidades criativas.
À medida que cresce a conscientização sobre escassez, estresse hídrico e a sustentabilidade ambiental no mundo, o conceito de pegada de água se torna cada vez mais relevante. Diferentemente do seu primo mais popular “pegada de carbono”, que se concentra nas emissões de gases de efeito estufa, a pegada hídrica fornece uma visão holística da água usada durante todo o ciclo de vida de um produto, processo ou atividade. Mensura a quantidade de água consumida (direta e indiretamente) e poluída, levando em consideração diferentes tipos de recursos hídricos, além de servir como uma ferramenta valiosa para empresas, formuladores de políticas e indivíduos para entender e abordar seus impactos relacionados à água. Inclusive, há calculadoras online que mensuram as nossas pegadas individuais através de perguntas simples sobre nossas casas, eletrodomésticos e mesmo hábitos alimentares.
Seja em um estúdio compacto em Hong Kong ou em um restaurante estrelado, o projeto de uma cozinha deve receber atenção especial para que torne o ato de preparar alimentos agradável, com espaço adequado para todas as funções e sem movimentações inúteis. A teoria do “triângulo de ouro” ou “triângulo de trabalho da cozinha” já completou 100 anos desde sua criação, mas continua válida e auxilia na definição de layouts e na organização das funções. Basicamente, localiza-se em cada extremidade do triângulo os três elementos principais da cozinha: a pia, a geladeira e o fogão, com suas respectivas funções, de limpeza, armazenamento e cocção de alimentos. Ainda de acordo com seus princípios, cada perna do triângulo formado deve estar entre 1,20 e 2,70 metros, e o perímetro do mesmo não deve ser inferior a 3,96 metros ou mais de 8 metros.
Evidentemente, nem sempre é possível dispor das dimensões e proporções ideias para implementá-la, principalmente ao observarmos as dimensões cada vez mais enxutas dos ambientes contemporâneos. Mesmo em cozinhas apertadas há diversas possibilidades de tornar as operações cotidianas mais eficientes. Separamos, abaixo, alguns itens e produtos presentes no site Architonic que podem aumentar o espaço e a eficiência das cozinhas, ainda que sem adicionar um metro quadrado a mais a elas.
O propósito da inovação é promover mudanças positivas e progresso em vários aspectos da vida. Isso envolve criar, desenvolver e implementar novas ideias, métodos, produtos ou processos que melhorem os existentes ou introduzam conceitos totalmente novos. A renomada empresa de arquitetura e design Henning Larsen, fundada em 1959 na Dinamarca, tem um sólido compromisso em abraçar a inovação como um elemento fundamental de sua obra. Com ênfase na excelência do design, sustentabilidade, colaboração e abordagens centradas no usuário, a inovação desempenha um papel fundamental em sua busca por criar marcos arquitetônicos icônicos e sustentáveis. Através de pesquisas e desenvolvimento dedicados, eles estão constantemente explorando novas ideias, materiais e tecnologias para melhorar a funcionalidade e elevar a experiência do usuário de seus edifícios. Para saber mais sobre essa abordagem visionária e seu impacto na eficiência arquitetônica, conversamos com Jakob Strømann-Andersen, que lidera um departamento especializado que combina inovação e sustentabilidade, destacando o compromisso da empresa em ultrapassar os limites da arquitetura sustentável.
Encontrar soluções eficazes e valiosas para o gerenciamento de resíduos agrícolas tem sido um desafio inspirador para pesquisadores. Subprodutos provenientes de monoculturas, como os resíduos da produção de soja, sabugos de milho, palha, sementes de girassol e celulose, são frequentemente destinados à compostagem de solo, utilizados como ração animal ou mesmo convertidos em energia, com o intuito de reduzir o desperdício e mitigar os impactos ambientais associados às atividades agrícolas. A produção de cana-de-açúcar, por exemplo, gera uma quantidade significativa de resíduos, totalizando cerca de 600 milhões de toneladas de resíduos de fibra de bagaço a partir de uma produção anual de dois bilhões de toneladas de cana-de-açúcar. Esses resíduos apresentam um potencial promissor para substituir sistemas de construção com alto consumo de energia, como o concreto e o tijolo, ao proporcionar materiais de construção que combinam sustentabilidade e eficiência estrutural.
Com essa perspectiva em mente, a Universidade de East London (UEL), em parceria com os arquitetos da Grimshaw e a fabricante de açúcar Tate & Lyle Sugar, desenvolveu um material inovador de construção denominado Sugarcrete™. O objetivo principal desse projeto é explorar soluções sustentáveis de construção por meio da reciclagem de resíduos biológicos provenientes da cana-de-açúcar, com o intuito de reduzir as emissões de carbono na indústria da construção, ao mesmo tempo em que se prioriza a sustentabilidade social e ambiental durante a produção e implementação desses materiais de construção.
Torres, passarelas, decks, cabines e casas de árvores. Desde o ano de 2010, o Festival Hello Wood tem erigido dezenas de construções temporárias, com um denominador comum: a madeira. Trata-se de uma iniciativa que busca democratizar o conhecimento em torno deste material, que apresenta um grande potencial para o futuro, mas que ainda sofre com inúmeros preconceitos na indústria da construção. Através da conexão entre designers e artistas de diferentes origens culturais, acadêmicas e profissionais, o evento utiliza a construção como plataforma para inovação, discussão e conhecimento. Oferece aos participantes a oportunidade única de experimentar métodos de design e construção sustentáveis, incentivando a aprendizagem através da experiência, realizado em uma área florestal próxima a Budapeste, Hungria.
O escritório Olson Kundig, sediado em Seattle, é um exemplo de como o contexto e a cultura podem influenciar a abordagem projetual de uma empresa. Fundado em 1966 por Jim Olson e agora composto por centenas de colaboradores e treze diretores/proprietários, incluindo Tom Kundig, o escritório conta com um portfólio extenso e diversificado que abrange diferentes escalas e orçamentos. Em palestras e entrevistas, Kundig em particular, frequentemente aborda sobre como ter crescido em uma região de forte tradição mineradora e madeireira influenciou a estética industrial e racional de seus projetos, o uso de materiais duráveis e de baixa manutenção, bem como uma atenção especial à artesania na arquitetura. Em muitos dos projetos do escritório, no entanto, chama a atenção a engenhosidade e o destaque dado às partes móveis, embaçando os limites entre dentro e fora. Isso é geralmente alcançado através da incorporação de dispositivos manuais que permitem que os usuários ativem diretamente o edifício, conectando-os ao mesmo tempo ao contexto, mas também com a própria edificação e os mecanismos dinâmicos ali presentes.