Eduardo Souza

Editor Sênior de Brands & Materials no ArchDaily. Arquiteto e Mestre pela Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC).

NAVEGUE POR TODOS OS PROJETOS DESTE AUTOR

Inovações de materiais: O que é o bambu engenheirado estrutural?

Por mais pretensioso que isso possa parecer, podemos afirmar sem medo que o bambu é dos materiais mais promissores para a indústria da construção civil. Neil Thomas, engenheiro diretor do atelier one, afirma que, se projetássemos um material de construção ideal, ele se pareceria muito com o bambu. Isso porque ele cresce muito rapidamente em boa parte do mundo, possui uma seção transversal altamente eficiente e apresenta uma resistência à cargas impressionante. Mas, além do uso estrutural em seu formato bruto, o bambu é um material que permite alto nível de processamento, podendo ser laminado para pisos, utensílios e, como veremos neste artigo, para estruturas de Structural Engineered Bamboo (SEB), que se assemelham muito às de Madeira Engenheirada. Conversamos com Luke D. Schuette, fundador e CEO da ReNüTeq Solutions, LLC, empresa de St. Louis, Missouri, que vem trabalhando com este sistema construtivo.

Natureza e tecnologia: paredes que podem cultivar plantas

A relação da arquitetura com a natureza é complexa. Se, por um lado, buscamos paisagens naturais para emoldurar, por outro, tentamos a todo custo evitar patologias causadas pela presença de raízes e folhas em nossas paredes e estruturas. Ao mesmo tempo que lançamos mão de tetos verdes, jardins verticais e floreiras para aproximar as cidades da vegetação e melhorar o conforto das pessoas, nos conformamos em construir edifícios com materiais completamente dissociados da fauna e flora. Ainda que a revolução com os biomateriais e novas tecnologias esteja mudando isso aos poucos, devemos nos perguntar se as estruturas e edifícios precisam necessariamente estar separados da natureza em que se apoiam. Foi essa dúvida que motivou os pesquisadores da Universidade da Virginia (UVA) a desenvolverem estruturas geometricamente complexas impressas em 3D feitas de solo, onde as plantas pudessem crescer livremente.

Sofás modulares para interiores flexíveis: brincando com a geometria

Junto à parede ou num canto da sala, a maioria dos sofás parecem relegados a permanecerem encostados em alguma superfície, de preferência com uma TV à frente. Sendo peças geralmente muito grandes, sua localização pode ser motivo de preocupação, engessando o espaço e conformando fluxos sem a flexibilidade tão valorizada nos tempos atuais. É por isso que alguns apontam o sofá como uma peça âncora em um design de interiores, já que dificilmente mudará e interferirá no restante dos elementos da casa.

Sofás modulares, por outro lado, conferem flexibilidade e versatilidade a estes móveis. Compostos por partes separadas, podem adotar diversas configurações conforme a necessidade, criando distintas ambiências e mudando completamente o layout e a distribuição dos ambientes. Neste artigo abordamos algumas opções de sofás modulares e como as suas geometrias podem dinamizar os interiores rapidamente, trazendo exemplos de produtos presentes no catálogo do Architonic.

Construindo paredes com restos de demolição: a poesia do concreto ciclópico

As antigas paredes ciclópicas eram construídas por pedras brutas sobrepostas, apoiadas uma sobre a outra, sem a utilização de argamassa. Seu nome deriva dos ciclopes, os gigantes da mitologia grega, já que sua construção exigiria um esforço sobre-humano por conta do peso e da dificuldade de erguer e encaixar cada uma das peças. O concreto ciclópico, por sua vez, mescla esta técnica construtiva antiquíssima aos materiais e técnicas contemporâneas. O que o diferencia do concreto tradicional é essencialmente o tamanho do agregado graúdo: tradicionalmente pedras, mas que também podem ser tijolos ou restos de concreto. Em nossa seção de projetos, temos observado alguns exemplos desta técnica construtiva que, diferentemente dos ciclopes, carrega explicitamente as marcas dos trabalhadores que a construíram. Conversamos com Rafic Jorge Farah, do escritório São Paulo Criação, sobre sua experiência com esta técnica em obras recentes.

Materiais de construção para aumentar a resiliência frente aos desastres naturais

As florestas de eucalipto na Austrália são conhecidas por queimarem periodicamente. Essa também é uma forma de propagação das suas árvores, já que os frutos dessas espécies, conhecidos como “Gumnuts”, possuem uma camada isolante que é rompida com o calor do fogo. Ao se abrirem, banham o solo queimado com sementes, iniciando um processo de renovação da floresta. Glenn Murcutt, arquiteto australiano, tem uma obra enraizada na paisagem do país. A inovação de suas casas é que elas não negam a possibilidade dos frequentes queimadas, mas trazem elementos que as permitem controlá-los com o mínimo possível de perda. Em suma, as residências são construídas com envoltórias de materiais muito pouco inflamáveis, sempre contam com enormes reservatórios de água e com um “sistema de inundação” que possibilita que a edificação e seu entorno imediato sejam poupados em um incêndio florestal.

Selvas de concreto: 6 alternativas ao cimento para reduzir seu impacto nas cidades

A expressão "tempestade perfeita" refere-se a um evento, geralmente não favorável, que é agravado em decorrência de uma confluência de fatores negativos ou imprevisíveis. É muito utilizada para retratar fenômenos meteorológicos, mas também abrange outros campos, como a economia, por exemplo. Essa analogia também pode funcionar para a relação entre a crise climática e a dependência do mundo com o concreto. Conforme evidenciado no Relatório da Chatam House, enquanto o cimento (essencial para a fabricação de concreto) é um material extremamente prejudicial ao efeito estufa e à crise climática, representando cerca de 8 % das emissões globais de CO2, prevê-se que sua produção global aumente nos próximos 30 anos para suprir a demanda da rápida urbanização de regiões como o Sudeste Asiático e a África Subsaariana. Ao mesmo tempo, o último relatório da IPCC nos alertou que nos restam apenas 11 anos restantes para reduzir as emissões e evitar danos irreversíveis da mudança climática. Ou seja, o setor de cimento está enfrentando uma expansão significativa no momento em que as emissões precisam cair rapidamente.

Resultado do "Architecture Student Contest" da Saint-Gobain

A 17ª edição do "Architecture Student Contest” chegou ao fim, com a participação de mais de 220 universidades de 32 países. Neste ano, o desafio era transformar um distrito em Varsóvia, Polonia, com o objetivo de revitalizar uma área localizada ao lado da Estação Ferroviária de Warszawa Wschodnia, trabalhando simultaneamente no desempenho, bem como nos aspectos arquitetônicos, ambientais e sociais. Isso envolveu o design de uma nova moradia de estudantes e novas habitações, além de um centro de reuniões e entretenimento em um antigo prédio industrial que foi classificado como patrimônio histórico da cidade. O objetivo do concurso é desenvolver um projeto com impacto positivo para seus usuários e no planeta, com baixas emissões de carbono durante todo o seu ciclo de vida. 

Usando papéis de parede para transformar os interiores

Os papéis de parede estão longe de ser um consenso. Eles podem fazer referência a espaços domésticos antiquados, mas também podem dotar de personalidade um espaço sem graça. E o melhor, isso pode ser feito muito rapidamente e sem grandes custos. Da mesma forma, faz com que não perdurem por tanto tempo e sejam rapidamente descartados e substituídos, tornando-se, portanto, itens transitórios de decoração. Como afirma Joanna Banham, pesquisadora do tema, “O papel de parede é frequentemente considerado a Cinderela das artes decorativas - a mais efêmera e menos preciosa das decorações produzidas para o lar. No entanto, a história do papel de parede é um assunto longo e fascinante que remonta ao século XVI e abrange uma enorme variedade de belos padrões criados por mãos anônimas e por alguns dos designers mais conhecidos dos séculos XIX e XX.” Atualmente, temos visto mais um ressurgimento dos papéis de parede, com inúmeras possibilidades de materiais, padrões e cores e há diversos exemplos de arquitetos que os têm utilizado para criar novas atmosferas aos seus projetos. Neste artigo, delinearemos um pouco sobre a história destes elementos e algumas das opções mais atuais, através de um mergulho no catálogo do Architonic.

Substituindo cimento por resíduos: economia circular através da tecnologia de polímeros

Ao abordarmos sobre reciclagem de materiais de construção há algumas dificuldades a se enfrentar para um resultado realmente abrangente e efetivo. Primeiramente, uma demolição sem cuidado pode tornar o processo muito complexo, misturando produtos com destinações distintas. Além disso, nem todos os materiais contam com processos realmente eficientes para sua reciclagem ou processamento como um outro produto. Muitos ainda são caros ou complexos demais. Mas a indústria da construção, sendo uma enorme contribuidora para a produção de resíduos e a emissão de gases do efeito estufa, também tem desenvolvido múltiplas novas tecnologias para melhorar suas práticas. É o caso do projeto WOOL2LOOP, que busca resolver um dos maiores desafios na utilização de resíduos de construção e demolição com uma abordagem de circularidade.

Intervenção costeira com impressão 3D: bancos e abrigos para a fauna aquática

À medida que a humanidade toma consciência do seu impacto no meio ambiente, também tem buscado formas para reverter alguns dos malefícios causados à fauna e à flora, sobretudo nas cidades. Nosso padrão de vida, de consumo e de construção tem causado danos severos à natureza. De fato, segundo um estudo no Weizmann Institute of Science, estamos em um ponto de inflexão onde a massa de todos os materiais fabricados pelo homem é igual à biomassa do planeta, e isso deve dobrar até 2040. Mas não necessariamente tudo o que construímos deve ter um impacto negativo. O projeto "The Tidal Dout" é um exemplo, parte de um projeto de revitalização abrangente em Kuk Po Village em Sha Tau Kok em Hong Kong, e que consegue reunir duas ecologias diferentes, o ambiente antropocêntrico e o natural.

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Piso de madeira: infinitas possibilidades de paginações e cores

Piso de madeira: infinitas possibilidades de paginações e cores - Imagem de Destaque
© Eduardo Souza (ArchDaily)

Pisos de madeira trazem aconchego, personalidade e estilo para quaisquer interiores, sejam eles antigos ou novos. Com um aspecto ao mesmo tempo rústico e elegante, a madeira entrega boas características térmicas, com uma temperatura agradável ao toque, além de melhorar a acústica do ambiente, por absorver parte das ondas sonoras. Também são altamente duráveis e resistentes ao desgaste diário e, não por acaso, um dos materiais preferidos e mais cobiçados para interiores residenciais. Sua aparência também agrada a muitos: mesmo de uma mesma espécie e fabricante, há variações entre as peças, conforme o local de onde saiu do tronco. Entre diferentes espécies de árvores, tonalidades e desenhos também variam muito, de amarelos claros a marrom escuro, com infinitas possibilidades. Além disso, é possível paginar os pisos de madeira das formas mais diversas, conforme as dimensões das peças e o efeito desejado para o espaço. Veja, abaixo, uma série de possibilidades de pisos de madeira no Architonic.

Madeira feita de kombucha?

Madeira feita de kombucha? - Image 1 of 4
Cortesia de Symmetry Wood

Florestas cobrem cerca de um terço do Planeta e desempenham papel fundamental para a vida. Segundo Peter Wohlleben, autor do livro “A vida secreta das árvores”, por meio de tramas de fungos, as espécimes de uma floresta podem se comunicar umas com as outras, inclusive trocando nutrientes, ajudando as mais fracas, e organizando estratégias de sobrevivência, o que é imprescindível para o crescimento saudável dos indivíduos. A preservação das florestas existentes e a criação de novas são imprescindíveis para a biodiversidade, recuperação natural e sequestro de carbono, mas também para atender à demanda pelo uso de madeira. Um relatório da WWF (World Wide Fund for Nature) estima que a quantidade de madeira retirada no mundo deverá triplicar até o ano de 2050, com o aumento da população e da renda nos países em desenvolvimento, além de ser estimado um maior uso da madeira para fabricar biocombustíveis, produtos farmacêuticos, plásticos, cosméticos, eletrônicos de consumo e têxteis. Buscar substitutos ao material pode ser um caminho inteligente para um futuro sustentável, sobretudo se estes utilizam-se dos resíduos gerados por alguma outra indústria. Pyrus, por exemplo, é um material de madeira sem petróleo produzido de forma sustentável com resíduos de celulose bacterianos reaproveitados da indústria de kombucha.

Lajes impermeabilizadas com água? Entenda a solução desenvolvida por Brasil Arquitetura

Durante o período moderno observou-se a mudança do protagonismo dos edifícios que utilizavam os tradicionais telhados inclinados com telhas, escoando as águas o mais rápido possível, para dar lugar às conhecidas ‘lajes planas impermeabilizadas’. Ao mesmo tempo que essa solução proporciona uma estética limpa e austera ao projeto, proporcionando a utilização da última laje como um espaço de estar e contemplação, ela pode ser uma tremenda dor de cabeça aos futuros ocupantes da edificação, quando a execução e o detalhamento não forem cuidadosos. Não é por acaso que histórias de infiltrações em famosos edifícios modernos são conhecidas, como na Ville Savoye e na Casa Farnsworth, de grandes mestres da arquitetura. Atualmente, a indústria da construção civil já desenvolveu produtos e técnicas mais sofisticadas que reduzem drasticamente as possibilidades de infiltrações posteriores. Mas pode-se dizer que lajes planas impermeablizadas continuam sendo pontos frágeis nas edificações. O escritório Brasil Arquitetura aprimorou uma solução inventiva e muito simples para evitar infiltrações em lajes planas, muito usada na década de 70 por arquitetos como Paulo Mendes da Rocha, Vilanova Artigas e Ruy Ohtake, preenchendo-as com vegetação. Conversamos com eles para entender melhor o sistema.

Liberdade formal e customização em massa: desafios técnicos da impressão 3d

Ao examinarmos a tag 3d printing no ArchDaily é visível como essa tecnologia tem se desenvolvido rapidamente. Se nos primeiros anos observávamos o conceito como um futuro distante ou com exemplos em pequena escala, nestes últimos temos observado construções inteiras impressas e volumes cada vez mais complexos sendo produzidos. Desenvolvido através da leitura de um arquivo de computador, a manufatura aditiva com concreto - ou outro material construtivo - apresenta inúmeras dificuldades para proporcionar um processo eficiente e que possibilite que a técnica construtiva torne-se realmente massificada. O exemplo do pavilhão impresso pelo consórcio De Huizenprinters ilustra bem este processo.