Estruturas que se decompõem com larvas: pavilhão de EPS na Coréia do Sul

O poliestireno expandido foi descoberto em 1839 em Berlim e tornou-se um material muito utilizado nos aviões da 2ª guerra mundial, por conta de sua densidade extremamente baixa. É isso que o torna um material adequado para isolamento térmico e acústico, frequentemente especificado em construções, mas também amplamente usado em embalagens. Trata-se de um plástico celular rígido, resultado da polimerização do estireno em água, cujo produto final são pérolas de até 3 milímetros de diâmetro, que se expandem. Um ponto negativo é que este material leva mais de 500 anos para se decompor e, neste processo, lixivia produtos químicos nocivos ao meio ambiente. Sua reciclagem é possível, mas é complexa e custosa. Isso quer dizer que a maior parte do isopor produzido até hoje permanece no mundo, ocupando valiosos espaços em aterros sanitários ou, pior ainda, quebrado em minúsculas partes e interferindo na vida dos oceanos. “Decomposition Farm: Stairway” é uma instalação temporária que sugere uma possível solução das questões ambientais relacionadas ao desperdício de construção no campo arquitetônico. 

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Ainda que o EPS seja um enorme problema ambiental e a humanidade seja altamente dependente, parece haver uma luz no fim do túnel. Pesquisadores descobriram que o Tenebrio molitor, uma espécie de besouro escuro, é capaz de metabolizar o poliestireno expandido (EPS), um plástico durável de uso único, quando em seu estágio larval. O material é decomposto através de sua enzima estomacal e os insetos os excretam como uma substância segura o suficiente para cultivar plantas.

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Este pavilhão na Coréia do Sul, desenvolvido por Yong Ju Lee Architecture, é composto por uma estrutura espiralada com uma alma metálica e preenchido com o EPS moldado através de um robô industrial de 6 eixos (IRB-4600 pela ABB). Neste implementou-se um cortador de arame quente de 1,5 metro de largura preso no final do braço robótico, que pode esculpir um pedaço de espuma. Para desenvolver a volumetria do projeto, todas as formas são feitas através de superfícies regradas (obtidas pela união de retas).

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Segundo os arquitetos, “na geometria, uma superfície é regrada se, em todos os pontos de S, exista uma linha reta que está na superfície. Sem qualquer software de modelagem no final do século XIX, Antoni Gaudi aplicou as formas de superfícies regradas para simplificar a modelagem, pois são construídas a partir de linhas retas. Agora, milhares de superfícies geradas por computador são editadas elaboradamente da massa volumétrica através do requintado controle de robôs. ”

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Uma enorme quantidade de orifícios são esculpidas no poliestireno para fornecer o habitat das larvas. Após o processo de digestão, isso nutre o musgo, que também é anexado à espuma: eventualmente definindo um novo ecossistema no ambiente artificial. Ou seja, uma estrutura desenvovida pelo homem que é completamente decomposta pela natureza. “Os elementos com padrão linear são agregados em uma grande escada em espiral, que envolve o ser humano nesse ciclo sistemático. Este experimento radical pode sugerir uma nova abordagem sustentável no campo arquitetônico, mais do que construção de carbono-zero, um ciclo de vida negativo em carbono.”

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Sobre este autor
Cita: Eduardo Souza. "Estruturas que se decompõem com larvas: pavilhão de EPS na Coréia do Sul" 11 Dez 2022. ArchDaily Brasil. Acessado . <https://www.archdaily.com.br/br/992278/uma-construcao-que-se-decompoe-atraves-de-larvas-pavilhao-de-eps-na-coreia-do-sul> ISSN 0719-8906

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