Eduardo Souza

Editor Sênior de Brands & Materials no ArchDaily. Arquiteto e Mestre pela Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC).

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Perfis metálicos revestidos com lâminas de madeira: 7 opções para aplicá-los na arquitetura

É difícil encontrar alguém que não se encante com a estética da madeira. Com uma enorme diversidade de espécies e variações de cores, pesos e texturas, é um dos materiais mais apreciados desde sempre. Entretanto, a exploração massiva de florestas para a utilização na construção civil traz enormes impactos ambientais, se precauções como o manejo sustentável, certificações sérias ou ações de reflorestamento não forem tomadas. Mas sendo um material orgânico, ao ser utilizada para a construção civil, a madeira sempre se adapta às condições de umidade, calor e às cargas, e suas fibras acabam por se adaptar e deformar com o tempo. Além disso, trata-se de um material que não responde bem a ambientes em que são encharcadas e secas repetidas vezes, o que pode causar o seu apodrecimento após algum tempo, se não estiverem muito bem impermeabilizadas. Portanto, há algumas situações em que utilizar a madeira pode não ser uma boa ideia. 

Ferramenta gratuita permite criar texturas para imagens arquitetônicas

Com muita frequência, arquitetos e designers passam horas procurando texturas e materiais para representar suas visões. Essa luta assume várias formas: desde ficar rolando o mouse pelo Google, Pinterest e bancos de dados em busca da textura perfeita até a criação manual de um padrão ao longo de várias horas ou até dias. Em qualquer dos casos, o resultado é frequentemente penoso e raramente perfeito. Um banco de dados organizado, confiável, gratuito e fácil de usar nem sempre é algo simples de se encontrar.

Architextures iniciou em 2014 como uma biblioteca de arquivos de imagens de alta qualidade, com texturas enviadas por usuários ou criadas pela própria plataforma. Com o tempo, o criador da plataforma, Ryan Canning, percebeu que, em seu trabalho profissional como arquiteto, a variedade de arquivos de imagem estática disponíveis online não atendia às texturas específicas que ele procurava em seus projeto. Frustrado com o processo infinito de pesquisa, edição e sobreposição de texturas no Photoshop, Ryan reinventou o Architextures em 2019 como uma ferramenta interativa onde profissionais como ele poderiam criar texturas especificadas de alta qualidade em segundos. E o mais importante, sendo de uso gratuito para uso pessoal e educacional, com contas profissionais disponíveis por uma pequena taxa para apoiar o desenvolvimento da ferramenta.

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Repensando recifes artificiais através de impressão 3D de argila

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Corais são fundamentais à vida marinha. Às vezes chamados de florestas tropicais do mar, formam alguns dos ecossistemas mais diversos da Terra. Eles servem como área de refúgio, reprodução e alimentação de dezenas de espécies no mar, e sua ausência afeta a biodiversidade local. Da mesma forma que a humanidade polui e destrói, também pode remediar e incentivar a criação de mais vida. É por isso que, frequentemente, são noticiados naufrágios de embarcações antigas ou o afundamento de estruturas de concreto para a criação de recifes artificiais. Em Hong Kong, pesquisadores vêm  desenvolvendo estruturas impressas em 3D com materiais orgânicos que podem favorecer a criação de novas oportunidades no fundo do mar.   

Permeabilidade e leveza nas fachadas metálicas perfuradas

O escritório nova-iorquino Diller Scofidio + Renfro (DS+R) chamou atenção mundial em 2002 com o Blur Building, para a Expo Suíça daquele ano. O volume era formado através de 35.000 bicos de alta pressão que expeliam a água do lago sobre o qual se localizava, criando uma enorme nuvem artificial. Sua forma, limites, cores e translucidez se alteravam com o sol e a força do vento e produziam uma experiência imersiva aos usuários, adentrando um volume completamente permeável. Dez anos depois, Carla Juaçaba e Bia Lessa projetaram o Humanidade2012 para a exposição Rio +20, em que diversos volumes programáticos foram dispostos em uma enorme estrutura de andaimes. Com mais vazios do que cheios, suas extremidades se desmaterializavam no céu e durante a noite os volumes pareciam flutuar. Segundo as arquitetas, “a própria movimentação das pessoas no edifício transformava os visitantes em objetos de exposição visto de longe.” Os dois projetos temporários, mesmo com diferenças de escala e contexto, se unem no êxito ao trabalhar com as noções de translucidez, leveza, dissolução de limites e o movimento.

Divisórias e corrediças: mecanismos móveis para aproveitar espaços pequenos

Na Bienal de Veneza de 2014, o célebre curador Rem Koolhaas escolheu um caminho pouco usual. No lugar de explorar as grandes questões que assolam a profissão e a sociedade, o tema do evento, "Fundamentals" e sua exposição principal, "Elements of Architecture", examinou em detalhes todos os fundamentos dos edifícios, usados por qualquer arquiteto, em qualquer lugar, a qualquer hora. Segundo Koolhaas, “Arquitetura é uma profissão treinada para juntar as coisas, não para desmontá-las. Somente olhando os elementos da arquitetura sob um microscópio podemos reconhecer as preferências culturais, avanços tecnológicos, mudanças desencadeadas pela intensificação do intercâmbio global, adaptações climáticas, normas locais e, em algum lugar na mistura, as ideias do arquiteto que constituem a prática da arquitetura hoje.”

Edifícios em avaliação: 12 certificações de construção sustentável para conhecer

O Relatório Brundtland, de 1987 -“Nosso Futuro comum”- trouxe a noção de que o uso sustentável dos recursos naturais deve "suprir as necessidades da geração presente sem afetar a possibilidade das gerações futuras de suprir as suas". Desde então, o termo sustentabilidade tem sido cada vez mais popularizado e, muitas vezes, banalizado nos nossos cotidianos. Na indústria da construção civil isso não é diferente. Por mais que saibamos que para construir, precisamos destruir, de que forma é possível mitigar os impactos na construção, durante a vida útil e na demolição das edificações? Um edifício sustentável, na sua concepção, construção ou operação, deve reduzir ou eliminar os impactos negativos e podendo até criar impactos positivos no clima e meio ambiente, preservando recursos e melhorando a qualidade de vida dos ocupantes. Dizer que um edifício é sustentável é algo fácil e até sedutor. Mas o que torna, exatamente, uma construção sustentável?

Responder isso pode não ser tão simples. É por isso que nos últimos 30 anos foram criadas diversas certificações de sustentabilidade de edificações, que através de avaliações terceirizadas e imparciais de diversas esferas, são verificados os aspectos sustentáveis de uma construção. Cada uma delas concentra-se em aspectos particulares e, muitas vezes, são mais focadas em determinadas regiões do mundo. Enquanto há certificações que atestam se a edificação atende ou não a critérios de eficiência ou impactos, outras criam distintas classificações, segundo a pontuação recebida pela edificação para os diferentes aspectos.  Abaixo, listamos algumas das principais certificações de sustentabilidade existentes no mundo, alfabeticamente, suas principais aplicações e uma breve explicação:

Lajes com bolhas de ar? Como o sistema BubbleDeck funciona

Na cúpula do Panteão em Roma, diversos artifícios foram usados para permitir que uma construção tão ousada se mantivesse de pé. Um deles diz respeito à composição do concreto (nesse caso, um concreto não-armado) com densidades distintas no decorrer da estrutura. Quanto mais próximo do topo, pedras mais leves foram utilizadas na mistura, diminuindo o peso próprio da cúpula, mas mantendo-a sólida na base. Outro artifício foi a inclusão dos “cofres”, que nada mais são que subtrações no concreto, permitindo a construção da abóbada mantendo uma seção transversal suficientemente robusta para suportar o seu próprio peso. Construído há quase 1.900 anos, esse edifício ainda continua surpreendendo-nos pela genialidade das soluções. Utilizar a quantidade dos materiais somente onde cumprem suas função primordial, criando estruturas inteligentes, é apenas uma das lições que esse edifício proporciona.

Incorporando acústica adequada em projetos com estruturas aparentes

Incorporando acústica adequada em projetos com estruturas aparentes - Image 3 of 4
Cortesia de Armstrong

O desafio de desenvolver projetos de conforto, sobretudo acústico, é um tanto quanto ingrato, uma vez que só prestamos atenção nele quando não funcionam adequadamente nos espaços. São muitas as queixas comuns: ouvir mais a conversa da sala ao lado do que a que ocorre no seu espaço, ter que gritar para ser entendido por alguém ao seu lado ou ouvir ecos excessivos nos ambientes que tornam o convívio exaustivo. Justamente esse último problema é bastante comum em espaços com estruturas aparentes, sem materiais de revestimentos. Por geralmente serem materiais pouco absorventes acusticamente, como concreto, vidros ou metais, é bastante comum que espaços com estéticas mais industriais apresentem tempo de reverberação alto. Isso quer dizer que um som emitido demora a desaparecer, pois continua refletindo nas superfícies do espaço e juntando-se aos outros sons produzidos, criando um ruído incômodo e reduzindo a compreensão das falas.

Clássicos da Arquitetura: Casa do Claudio / Claudio Bernardes

Clássicos da Arquitetura: Casa do Claudio / Claudio Bernardes - Costa, FlorestaClássicos da Arquitetura: Casa do Claudio / Claudio Bernardes - Dormitório, CadeiraClássicos da Arquitetura: Casa do Claudio / Claudio Bernardes - Viga, MesaClássicos da Arquitetura: Casa do Claudio / Claudio Bernardes - Viga, Corrimão, BancoClássicos da Arquitetura: Casa do Claudio / Claudio Bernardes - Mais Imagens+ 9

Descrição enviada pela equipe de projeto. Claudio Bernardes projetou e construiu essa casa para sua família. É um projeto concebido em função das condições naturais da ilha que o abrigaria e da paixão de Claudio pelo lugar. É uma casa montada em peças de madeira numeradas que vieram flutuando, puxadas por uma traineira, até a Ilha das Palmeiras, em Angra dos Reis.

Claudio pensou sua casa como um grande espaço aberto, com ventilação e iluminação naturais, onde apenas os quartos se fechassem propondo um estilo despojado e fluido. O embasamento é feito em pedra a partir do qual a casa se desenvolve em dois pisos de madeira. O beiral de três metros permite que a grande cobertura de palha transpasse a casa, alongando o pé-direito e ampliando as dimensões da área interna, protegendo-a das chuvas e dos ventos.

A beleza dos detalhes técnicos de construção: uma conversa com @the_donnies

Fachadas são a primeira barreira no exterior das edificações. Recebem chuva, neve, ventos, sol e mudanças de temperatura. Sua função primordial é manter o interior intacto da água, das pontes térmicos e torná-lo o mais confortável possível. É por isso que o detalhamento delas geralmente é feito por arquitetos experientes ou empresas especializadas, que entendem bem as capacidades dos materiais e os métodos de construção e saberão especificar as melhores soluções para cada caso. Mas às vezes, ao ver um projeto, alguns detalhes de fachada chegam a embrulhar o estômago de tão complexos, com milhares de linhas de chamadas, hachuras e cotas. Tornar esses desenhos didáticos, técnicos e, acima de tudo, bonitos, é uma tarefa para poucos. Conversamos com Troy Donovan, o criador da conta do instagram @the_donnies, com mais de 188 mil seguidores, que faz esse trabalho como poucos. Leia a entrevista a seguir.

Fardos de palha: construindo paredes eficientes com resíduos da agricultura

Apesar de uma péssima reputação em histórias infantis, construções em palha podem, sim, ser sustentáveis, confortáveis e, acima de tudo, resistentes e sólidas. Diversas pesquisas e experimentações têm sido realizadas com esse resíduo da agricultura, qualificando-o como um material interessante para a construção de paredes, com boas características térmicas, acústicas e até mesmo estruturais. Além disso, é um recurso renovável e de construção simples. A seguir, falaremos sobre as características desse material e sobre como seria preciso muito mais que o sopro de um lobo mau para derrubar uma casa feita de paredes de palha. 

Guia básico: Como escolher uma torneira de cozinha ou banheiro?

Uma torneira é uma válvula mecânica que serve para regular (liberar ou bloquear) o fluxo de um fluido (geralmente água) vindo de um encanamento. Ainda que abrir uma torneira seja algo quase banal hoje, geralmente não pensamos em todo o conhecimento e a tecnologia necessária para que possamos ter água, a qualquer momento, com um simples movimento das mãos. Mas entre a captação, tratamento e a distribuição até sua cozinha ou banheiro, a água percorre um caminho complexo. 

Como curvar madeira?

Desde o corte da árvore a tornar-se uma viga ou uma peça de mobiliário, a madeira passa por diversas etapas e processamentos. Recurso renovável e material de construção popular e antigo, a madeira é, também, muitas vezes apontada como uma das promessas da construção no futuro, um material adequado às novas demandas de sustentabilidade. Mas diferentemente do concreto, cujos moldes podem definir até curvas complexas, quando abordamos as estruturas de madeira é muito mais comum a utilização de peças retas, sobretudo para a arquitetura. Nesse artigo abordaremos algumas técnicas que permitem a criação de peças curvas de madeira de diferentes escalas, algumas mais artesanais e outras que prometem tornar o processo mais eficiente e inteligente.

Concreto de cannabis: das pontes romanas a um possível material do futuro

Muito preconceito e contradições envolvem a história da Cannabis sativa pelo mundo. Estima-se que o cânhamo tenha sido uma das primeiras plantas a serem cultivadas pela humanidade. Arqueólogos encontraram remanescentes de tecidos de cânhamo na antiga Mesopotâmia (atualmente Irã e Iraque), que remontam ao ano 8.000 aC [1]. Há registros na China, entre 6 e 4 mil aC, quanto ao consumo das sementes e óleos. Com a chegada à Europa, seu principal uso era para a fabricação de cordas para navio e tecidos. Inclusive as velas e cordas dos navios de Cristóvão Colombo eram desse material, os primeiros livros após a revolução de Gutemberg [2] e muitas das pinturas de Rembrandt e Van Gogh foram feitas de cânhamo

Para a construção civil, seu uso também não é novo. Uma argamassa feita de cânhamo foi descoberta em pilares de pontes construídas pelos merovíngios no século VI, onde hoje é a França. Sabe-se que os romanos adicionavam as fibras do cânhamo para reforçar as argamassas de suas construções. Hoje em dia, ainda que existam entraves legais em muitos países, a utilização do cânhamo como um material da construção civil tem tido resultados animadores, com pesquisas evidenciando suas boas características termoacústicas e sustentáveis. O cânhamo pode ser moldado como painéis fibrosos, revestimentos, chapas e até como tijolos.

O que levar em conta ao especificar uma esquadria?

“Da janela vê-se o Corcovado, o redentor, que lindo”. A letra de Tom Jobim, eternizada pela voz e pelo violão suave de João Gilberto, foi uma das músicas que apresentou ao mundo a ideia de um Rio de Janeiro paradisíaco e um Brasil promissor, cada vez mais urbano e com uma capital moderna sendo construída do zero. Quase 60 anos depois, Paulo Mendes da Rocha cita casualmente essa canção em uma entrevista e aponta que para ele, nessa cena, o elemento mais importante é a janela, e não o Corcovado ou o Cristo Redentor. Isso porque é ela que enquadra a vista e direciona o nosso olhar ao que importa. É uma frase que passa quase despercebida, mas que carrega enorme significado poético e artístico sobre o ofício da arquitetura.

Como projetar banheiros acessíveis segundo a NBR 9050

Sobretudo quando falamos de edificações públicas, é imprescindível que os espaços sejam pensados de forma que permitam o acesso de todos os indivíduos com autonomia, independente de suas dificuldades motoras. Entretanto, na hora de projetar, sabemos que “adequar” o projeto às normas pode se tornar uma enorme dor de cabeça, ainda mais quando cada centímetro importa para darmos conta do programa de necessidades pretendido.

Para normatizar essa questão, a NBR 9050, de 2015, estabelece critérios e parâmetros técnicos a serem observados em projeto, construção, instalação e adaptação de edificações, mobiliário, espaços e equipamentos urbanos às condições de acessibilidade.

Tiny Houses como transição para moradores em situação de rua

A questão do déficit habitacional assola praticamente todos os países. Segundo um estudo da McKinsey Global Institute, 330 milhões de famílias urbanas em todo o mundo carecem de uma moradia decente ou os custos da moradia são tão pesados que elas precisam renunciar a outras necessidades básicas, incluindo alimentação, assistência médica e educação para os filhos. Segundo a WRI (World Resources Institute), estima-se que 1,6 bilhão de pessoas carecerão de habitação adequada até o ano de 2025.

Resolver esse problema é, compreensivelmente, complexo. Ter uma boa moradia significa muito mais do que simplesmente ter um teto sobre a cabeça. Uma boa moradia é essencial para a segurança física e financeira, a produtividade econômica e o bem-estar humano. Além do conforto adequado, é essencial que essas casas sejam integradas à cidade, empregos, infraestrutura e serviços urbanos. Para as pessoas que vivem na rua, essa questão é ainda mais delicada. Entre muitas outras necessidades, ter um lugar para estruturar uma vida é essencial para avançar e prosperar. Um projeto que enfrenta esse problema é o Emerald Village Eugene (EVE), uma comunidade de micro-habitações acessível com um modelo único de moradia estruturado para permitir que os moradores façam a transição das ruas.