O artigo a seguir foi originalmente publicado na Metropolis Magazine como "Five Architectural Highlights from the Pathé Newsreel Archive" e teve seu texto ligeiramente adaptado para o padrão do ArchDaily Brasil. O vídeo acima, de 1930, mostra o Empire State Building em construção.
Arquivos em formato de documentários são uma mina de ouro para aficionados por design - e quando o arquivo é do British Pathé, aí se vão horas assistindo compulsivamente os vídeos. A famosa companhia produtora de filmes colocou recentemente 85 mil de seus vídeos no Youtube, em alta definição.
Os irmãos Pathé praticamente inventaram este tipo de documentário na virada do século XIX para o XX, e estabeleceram sua sede em Londres em 1902. De 1910 a 1970 produziram milhares de filmes sobre eventos e tendências em todo o mundo, incluindo, claro, temas de importância para a arquitetura e design. Esta é uma oportunidade sem precedentes de assistir alguns grandes clássicos deste contexto.
Alguns vídeos podem não ter resistido ao tempo, mas outros, como um passeio pelo Couvent de la Tourette de Le Corbusier, estão em ótimo estado. O último vídeo parece ainda mais precioso, pois está marcado como "material incomum" - um filme que Pathé gravou mas nunca editou no formato de seus documentários - o que significa que pouquíssimas pessoas tiveram a oportunidade de assisti-lo antes de você.
Mais vídeos do arquivo dos Irmãos Pathé a seguir...
Neste artigo, originalmente publicado no Australian Design Review como "Tolerance and Customisation: a Question of Value", Michael Parsons argumenta que as formas complexas possibilitadas pela fabricação digital em breve poderão ser vítimas de sua própria popularidade, perdendo seu valor intrínseco ao se tornarem mais comuns e de fácil execução.
A ideia de tolerância em arquitetura tornou-se um ponto popular de discussão devido à recente integração da fabricação digital. As melhorias nos métodos de modelagem digital estão permitindo dois avanços importantes: em primeiro lugar, a ideia de reduzir a tolerância necessária na construção a um mínimo (e, finalmente, zero) e, segundo, a customização em massa como uma realidade física. A fabricação digital fez uma abordagem ampla à tolerância de fabricação do obsoleto e agora permite, para elementos únicos, a tolerância específica para cada um. A precisão do modelo digital permite ao designer a possibilidade de criação de formas mais complexas com maior facilidade e controle. Até agora, isso tem tido grandes e distantes implicações no projeto.
Leia mais para descobrir como essa facilidade de criação pode diminuir o sucesso das formas complexas.
Pensamos que normas de arquitetura existem para garantir que edifícios sejam seguros para o público. Mas e se o mal de um edifício não é causado por falhas estruturais inesperadas, mas por funcionar exatamente conforme o previsto? É possível que um edifício projetado para facilitar violações de direitos humanos constitua uma violação em si? E qual é a responsabilidade dos arquitetos envolvidos? Estas são questões centrais do atual debate nos EUA sobre o envolvimento da profissão de arquitetura no projeto de prisões.
Continue lendo para saber mais sobre a ética dos projetos de prisões.
As fases iniciais da cidade murada se caracterizaram por tipologias construtivas previsíveis e os edifícios foram construídos no princípio dos direitos dos ocupantes, com a construção em locais aleatórios de terra disponível por quem chegou lá primeiro. Os corredores e passagens evoluíram - de forma não planejada - até o "mapa" estabelecido da cidade, o qual se manteria até que fosse demolida. Uma fonte elétrica básica existia, cada vez mais sobrecarregada por ligações clandestinas que passavam do limite do sistema, e os poucos fontanários forneciam a única água disponível. O aumento da necessidade de acomodar a crescente população residencial e comercial, forçou, nos anos 60, a tipologia do edifício da cidade murada, inicialmente com um estruturas residenciais de dois a três andares, a dar um salto para seis a sete andares. Isso representou um limiar importante, pois nessas alturas maiores os edifícios, inevitavelmente, se tornam mais complexos e exigem o uso de concreto armado, mais investimento e assim por diante. Eles também exigiam uma maneira diferente de viver. A água era levada manualmente até os pavimentos mais altos, assim como os botijões de gás propano, usados para cozinhar ou aquecer a água.
Apresentamos a seguir 10 formas diferentes de se trabalhar com madeira; este que é um dos mais antigos e nobres materiais utilizados na arquitetura. Suas cararcterísticas físicas - resistência, flexibilidade e densidade - a tornam um material muito versátil, podendo ser empregado como revestimento, estrutura ou simplesmente como parte da decoração interna dos ambientes. A seguir, 10 projetos que utilizam a madeira como importante elemento constitutivo.
Com ou sem a crise, a pergunta é inevitável para os arquitetos: "E depois do diploma, o que fazer?". Dominado por esta dúvida existencial, faz dois anos que o recém titulado arquiteto espanhol Pedro Hernández resumiu o futuro de seus colegas em três possibilidades: conseguir uma bolsa, migrar para outras bolhas imobiliárias ou se reinventar. E à milhares de quilômetros no hemisfério sul, a multifacetada arquiteta chilena Valentina Rozas confessava numa entrevista que "existem coisas que me interessam, vou até elas e elas não funcionam. Parte das oportunidades que tenho agora é poder fracassar. Acredito que temos que nos dar este espaço para podermos fracassar ou renunciar".
«De fato ninguém pode imaginar ou projetar algo moderno. Por definição existe uma contradição essencial entre os termos “projeto” e “moderno”. Projetar significa literalmente lançar adiante. Porém, de modo a lançar algo adiante, ambos atirador e projétil devem estar atrás. Todo projeto é um emissário do passado.» —Josep Quetglas
Apresentamos a seguir um estudo interessante sobre os assentamentos temporários realizados a cada doze anos na Índia, com motivo da festa religiosa hindú, "Kumh Mela". Milhões de pessoas realizam uma peregrinação até os lugares santos para se reunir durante cinquenta e cinco dias, colocando à prova a capacidade de organização e de desenho requeridos para gerar o albergue e o dotar dos serviços necessários. Os acadêmicos Raul Mehrotra e Felipe Vera, nos explicam o que ocorre na cidade efêmera de "Kumbh Mela" para dar lugar à maior reunião pública do mundo.
Hoje em dia, a escala e o ritmo da urbanização contemporânea desafiam a noção de permanência como a condição básica das cidades. Paisagens efêmeras em assentamentos emergentes estão constantemente aumentando em escala e confrontam a noção da cidade como uma entidade estável e permanente. Em resposta à esta condição, existe uma discussão crescente acerca de como os diálogos em urbanismo se beneficiariam dissolvendo o par binário estabelecido entre os componentes efêmeros e estáveis das cidades. Na realidade, quando as cidades são analizadas em intervalos de tempos mais extensos, o efêmero surge como uma condição sem escapatória no ciclo de vida de cada componente do entorno construído. Nas de Bishop e Williams: dada a forte evidência de que as cidades são uma complexa superposição de edifícios e atividades que são, de uma forma ou de outra, provisórias, por que os urbanistas têm focado tanto na permanência?
https://www.archdaily.com.br/br/601354/kumbh-mela-aprendendo-com-as-cidades-temporariasPola Mora
Geometria tem uma ambígua reputação, associada tanto a idiotice como a inteligência. No melhor dos casos, existe algo desesperadamente não comunicativo sobre ela, algo mais que ligeiramente removido do resto da experiência para confrontar sua grande pretensão de verdade. Flaubert, em Dicionário de Ideias Feitas, define um geômetra como “viajando em estranhos mares de pensamento – sozinho.” E quando Joseph Conrad desejava caracterizar o fútil esforço de concentração feito pelo sincero porém mentalmente retardado jovem Stevie em O Agente Secreto, ele o descreveria como “sentado muito bem e quieto numa mesa, desenhando círculos, círculos, círculos; inumeráveis círculos, concêntricos, excêntricos, um cintilante redemoinho de círculos que por sua emaranhada multidão de curvas repetidas, uniformidade de forma, e confusão de linhas interseccionadas sugeria uma versão de caos cósmico, o simbolismo de uma arte insana pretendendo o inconcebível.”
Conceito de design para Eko Atlantic City. Imagem Cortesia de archinect.com
Neste artigo, originalmente publicado em Future Cape Town como "Designing African Cities: Urban Planning Education in Nigeria", os professores Vanessa Watson e Babatunde Agbola discutem uma mudança de paradigma que acontece nas Escolas de Urbanismo da Nigéria: das teorias de planejamento americanas e europeias até então aplicadas na Nigéria às novas teorias mais apropriadas para lidar com os desafios únicos das cidades africanas.
Em junho de 2011, o Governador do Estado de Osun inaugurou um Comitê de dez membros para o Programa de Renovação Urbana do Estado. O Comitê, do qual eu era presidente, deveria preparar um Plano Diretor de Renovação Urbana para cada uma das 9 cidades selecionadas no Estado. Na inauguração, o Governador enfatizou que o tipo de planos que antecipou para cada uma dessas cidades não eram os modelos de Nova York, Washington, Londres ou qualquer outra cidade euro-americana. Os planos deveriam refletir a realidade das cidades africanas e, portanto, ter relevância nas vidas de seus moradores.
Estas observações do Governador apontam para a crença nigeriana generalizada de que há uma disparidade entre o que os planejadores aprendem e sabem e o que colocam em prática para o bem estar geral e a qualidade de vida da população. Reconhecidamente, a teoria alimenta e informa a prática, mas quando teorias de certas regiões são transplantadas para a prática em outras, o resultado só pode ser desastroso. Este é o efeito do conhecimento e da educação de planejamento contemporânea sobre a morfologia das cidades nigerianas.
Continue lendo para saber o que está sendo feito a respeito deste dilema educacional.
Já que estamos na Páscoa queremos apresentar os projetos inspirados nos tradicionais ovos decorados e criados por arquitetos como Zaha Hadid, o escritório Morphosis, o escritório OVO e o desenho de chocolate de Carter Jones para Jack Torres através de ícones da cidade de Nova York, entre outros.
Embora numa conversa de 1995 Miralles manifestasse suas dúvidas sobre a possibilidade de “estabelecer claramente umas regras de operação que sejam válidas em qualquer situação...”, sim falava em modos de operação, embora em um sentido ‘débil’, já que: “Não creio que se possa estar à frente do seu trabalho, levando-o, senão que de alguma maneira o próprio trabalho vai dirigindo as coisas através de pequenos desvios”. E com respeito a seu processo ou linha de trabalho explicava: “..., eu diria que não se trata tanto de uma linha, mas de um feixe. Um projeto consiste em saber atar múltiplas linhas, múltiplas ramificações que se abrem em distintas direções”.[1]
Songdo, na Coréia do Sul, é uma nova cidade fundada com os princípios das cidades inteligentes. Imagem Cortesia de Cisco
Este artigo, escrito por Carlo Ratti, apareceu originalmente no The European intitulado "The Sense-able City". Ratti fala das forças motrizes por trás do movimento Cidades Inteligentes e explica por que pode ser melhor focar na adaptação de cidades já existentes com as novas tecnologias ao invés de construir novas.
Qual era espaço vazio apenas alguns anos atrás agora está se tornando New Songdo na Coréia, Masdar, nos Emirados Árabes Unidos ou PlanIT em Portugal - novas "cidades inteligentes", construídas a partir do zero, estão brotando por todo o planeta e os atores tradicionais, como governos, urbanistas e promotores imobiliários, estão, pela primeira vez, trabalhando ao lado de grandes empresas de Tecnologia e Informação - como a IBM, Cisco e Microsoft.
As cidades resultantes são baseadas na idéia de se tornar "laboratórios vivos" para novas tecnologias em escala urbana, diluir a fronteira entre bits e átomos, habitação e telemetria. Se o arquiteto francês do século 20 Le Corbusier avançou no conceito da casa como uma "máquina de morar", estas cidades poderiam ser imaginadas como microchips habitáveis, ou "computadores ao ar livre".
Leia para saber mais sobre a ascensão das Cidades Inteligentes.
Recentemente, Patrik Schumacher, o braço direito de Zaha Hadid, tentou impor os limites da arquitetura em um post no Facebook digno de um Millenial. O tom era prescritivo e caracterizado por uma aplicação liberal do caps lock . Em um mundo ideal, poderia ter sido ignorado coletivamente, mas a discussão se estendeu por vários segmentos do Facebook e inspirou uma resposta da mídia. Aqui está um resumo: a contribuição da arquitetura para a sociedade é a forma, não o politicamente correto e não a arte, que não tem uma função para além de si. Com mais que apenas uma pitada de indignação, ele denuncia especificamente os vencedores da Bienal de Veneza 2012. Ele não estava na lista. Egos feridos à parte, o comentário abriu espaço para uma questão profunda e onipresente dentro da nossa disciplina: O que os arquitetos oferecem que ninguém mais pode oferecer?
https://www.archdaily.com.br/br/01-188729/ban-vs-schumacher-os-arquitetos-deveriam-assumir-responsabilidades-sociaisRennie Jones
A utilização da luz pode levar a diversos sentimentos: um raio de sol chama a atenção; o brilho sobrepõe; o céu noturno fascina, enquanto que uma densa floresta escura desperta medo. As religiões têm feito uso destas experiências para transmitir os aspectos místicos de suas respectivas divindades - assim, também o fazem os seus edifícios construídos.
A seguir, uma exploração das diferentes abordagens de uso da luz como veículo de significado simbólico e experiência espiritual em espaços religiosos.
Qatar diz que os projetos para a Copa do Mundo estão "no caminho", mas a International Trade Union Confederation (ITUC), que tem investigado a morte de trabalhadores nos Emirados nos últimos dois anos, veementemente discorda. Até o momento houve 1200 mortes de trabalhadores associadas aos projetos da Copa do Mundo em curso. Um relatório contundente, emitido pela ITUC em 16 de março, afirma que ao menos que sejam realizadas melhorias significativas nas condições de trabalho nos canteiros relacionados à Copa, pelo menos mais 4000 trabalhadores podem perder suas vidas. Isso significaria que essas construções estão "no caminho" de matar 600 trabalhadores por ano, ou pelo menos 12 por semana até que as faixas de inauguração sejam cortadas e os fogos de artifício disparados.
Em uma reunião do comitê executivo da FIFA realizada em Zurique no dia 20 de março, o presidente Sepp Blatter afirmou, "Temos alguma responsabilidade mas não podemos interferir nos direitos dos trabalhadores". Do mesmo modo, o comitê local da FIFA no Qatar diz que trabalhadores não são sua responsabilidade. Zaha Hadid disse o mesmo.
Entretanto, dado o coro crescente de manchetes como "The Qatar World Cup Is a Total Disaster" (A Copa do Mundo no Qatar é um desastre total), é possível que eles precisem dizer algo mais forte sobre a questão em algum momento - ou ter a imagem de sua arquitetura manchada. É claro que sabemos que o que querem dizer é que não é sua responsabilidade legalmente. Mas isso significa que deveriam estar acomodados, nem ao menos tentando influenciar uma mudança?
Saiba mais sobre a situação dos trabalhadores de Qatar a seguir.
A construção é uma ciência; é também uma arte, ou seja, é necessário ao construtor o saber, a experiência e um sentimento natural. Nasce-se construtor; a ciência que se adquire não pode mais que desenvolver as sementes depositadas no cérebro dos homens destinados a dar um emprego útil, uma forma durável à matéria bruta. Assim ocorre com os povos como com os indivíduos: alguns são construtores desde o berço, outros não se tornarão jamais; o progresso da civilização acrescenta pouco a essa faculdade natural. A arquitetura e a construção devem ser ensinadas ou praticadas simultaneamente: a construção é o meio; a arquitetura, o resultado; e no entanto, há obras de arquitetura que não podem ser consideradas como construções, e há certas construções que não se saberia como incluir entre as obras de arquitetura. Alguns animais constroem, uns células, outros ninhos, montículos, galerias, tipos de cabanas, redes de fio: essas são de fato construções, isso não é arquitetura.
O cobiçado título "vencedor do Prêmio Pritzker" é hoje mais ou menos sinônimo de "star-architect", um termo que eu detesto e que a maioria daqueles descritos como tal provavelmente consideram irritante e constrangedor. E com razão. Estrelato no sentido de celebridade não ajuda a causa da arquitetura. A esposa de Wang Shu, Lu Wenyu, disse o mesmo quando pediu para não ser nomeada "co-laureada" com seu marido. Em uma entrevista para El Pais, observou "Estou feliz de poder fazer a arquitetura que acredito que ajude a melhorar nossas cidades. Estou convencida de que falar sobre isto desperta o interesse nos outros - e não ser famoso."
É claro que o Prêmio Pritzker não pretende criar uma escola de arquitetos famosos por serem famosos, mas reconhecer, celebrar e apoiar o talento, persistência e talvez uma contribuição única à causa da arquitetura. Cada um dos vencedores do prêmio merece este reconhecimento quer concordemos ou não com a escolha de um destinatário individual.
A cultura da fama é gerada não tanto por instituições culturais altruístas, mas em grande parte por uma mídia deslumbrada que busca criar um elenco de personagens famosos para escrever sobre. Há, é claro, pressão dos editores para fazê-lo, temendo talvez que com qualquer outro assunto possam perder leitores famintos pela cultura de celebridades. Os críticos, é claro, recebem também um status de celebridade secundária através da associação a esta cultura do estrelato.
Zappos é uma das maiores companhias cujo funcionamento se baseia em princípios da ‘holocracy’ (sem uma hierarquia de equipe fixa). Sua sede em Las Vegas utiliza mobiliário coletivo para potencializar a colaboração da equipe (de acordo com a Business Insider, ‘mesas são ligadas mas podem ser facilmente desconectadas ou movidas, as paredes são móveis também. Então se uma equipe precisa trabalhar de forma diferente, ou uma nova equipe é formada, o espaço pode ser alterado, e modificado novamente até que funcione’). Imagem Cortesia de Zappos, via OfficeSnapshots.com
O que a arquitetura pode aprender com Zappos? Sim, todos nós já ouvimos falar sobre cafés veganos, salas de yoga, jogar jogos de guerra e usar Crocs dentro do escritório, mas - mais importante - Zappos está transformando a cultura de escritório de forma vasta e significativa: põe um fim na hierarquia da equipe.
De acordo com o The Washington Post, Zappos é a maior companhia a ter adotado o princípio da Holocracy, a ideologia do empresário de software que se tornou guru de gerenciamente, Brian Roberston. Guru seria a palavra certa pois, à primeira vista, e talvez à segunda ou terceira, a Holocracy surge de algo parecido como um culto, embora um culto de gestão de negócios. Isso me assusta um pouco, mas tendo olhado através da página deles, eu me sinto um pouco melhor agora.
Em uma Holocracy, autoridade e responsabilidade são distribuídos através de uma organização de uma forma mais focada ao objetivo. Como dizem, "Todos se tornam um líder de suas funções e um seguidor de outras." Ainda não faz sentido? Hierarquias antigas que dependem dos "líderes" no topo, "seguidores" na base, e "gerentes" no meio são eliminadas completamente. Logo, não há mais "chefes". Não há mais "funcionários". Não existem mais "projetista júnior" ou "projetista sênior".
Na literatura técnica da construção encontram-se centenas de obras, de caráter teórico, sobre o cálculo de suas estruturas; muito poucas sobre as condições gerais de seus diferentes tipos, sobre as razões fundamentais que os determinaram, sobre as bases que devem orientar o problema de sua escolha e as ideias condutoras que guiam o projetista em seu trabalho inicial, seguindo princípios que, pouco a pouco, sua mente foi assimilando, mas sobre os que raramente se para a refletir.
Não se trata, em realidade, de dizer, nesta obra, nada novo sobre o tema. Pretende-se somente acompanhar o técnico e projetista da construção –seja arquiteto, engenheiro ou simplesmente aficionado– em um tranquilo devaneio pelo labirinto, cada vez mais confuso, dessa técnica, para recolher, ordenar e ressaltar ideias e conceitos fora de todo o quantitativo e numérico.
Shigeru Ban expandiu o campo da arquitetura de forma atípica. Por uma parte conseguiu demonstrar que o artista iluminado e o projetista talentoso não está inevitavelmente condenado a trabalhar para a elite, mas que a inovação pode ocorrer enquanto trabalha-se para a maioria, especialmente para aquela historicamente desatendida e esquecida. Para isso, Ban redefiniu a maneira de se aproximar dos desafios urgentes, difíceis e relevantes, trocando a caridade pela qualidade profissional. Shigeru Ban nos ensinou que independente da dureza das circunstâncias ou a escassez de meios, o bom desenho, longe de ser um custo adicional, é um valor agregado que contribui aos problemas mais complexos com eficiência, poder de síntese e inclusive certo otimismo.
" Shigeru Ban é um arquiteto cujo trabalho incansável inspira otimismo. Onde outros podem ver desafios insuperáveis, Ban vê um convite à ação. Onde outros podem tomar um caminho seguro, ele vê a oportunidade de inovar. Além disso, ele é um professor comprometido que não é apenas um modelo para a geração mais jovem, mas também uma fonte de inspiração " - . Júri do Pritzker 2014
O seguinte texto corresponde ao capítulo 15 do Livro "NEUROEDUCAÇÃO: só é possível aprender aquilo que se ama" (Alianza Editorial, 2010), dedicado a analisar como interage o cérebro com o meio que o rodeia no momento da aprendizagem, a partir dos dados que traz a ciência.
Por Francisco Mora*
Por que ensinar os estudantes em salas de aula amplas, com grandes janelas e luz natural é melhor e produz mais rendimento que o ensino transmitido em salas apertadas e pobremente iluminadas? Em que medida os colégios, os institutos de ensino médio ou as universidades, que já foram ou estão sendo construídos nas grandes cidades modelam a forma de ser e pensar daqueles que estão se formando? É possível que a arquitetura dos colégios não responda hoje ao que realmente requer o processo cognitivo e emocional para aprender e memorizar, de acordo com os códigos do cérebro humano e a verdadeira natureza humana e sejam, além disso potenciadores de agressão, insatisfação e depressão? Até que ponto viver limitado ao espaço de uma sala de aula, longe das grandes extensões de terra com horizontes abertos ou montanhas, árvores, de solos cobertos de verde tem alterado os códigos básicos da aprendizagem e memória? Todas essas são perguntas atuais, persistentes, que incidem na concepção de uma nova neuroeducação.
https://www.archdaily.com.br/br/01-184224/neuroarquitetura-e-educacao-aprendendo-com-muita-luzPola Mora