Em julho, Las Vegas surpreendeu com um espetáculo extravagante: uma estrutura esférica colossal revestida de LED, com 110 metros de altura e 157 metros de largura. Esse espaço de entretenimento atraiu instantaneamente o olhar do público, tornando-se um marco local e atraindo atenção global por meio de uma extensa cobertura da mídia. Ideias semelhantes de esferas já foram propostas em Londres e em uma escala menor em Los Angeles. Essas estruturas de exibição massivas abrem discussões sobre as fachadas como telas digitais. Que papel a arquitetura pode desempenhar como uma tela urbana, além de ser um outdoor? E como a arquitetura pode envolver o público por meio da arte digital, indo além das enormes esferas de LED?
Historicamente, a arquitetura tem servido como um meio para a expressão artística. Elementos de construção eram adornados e esculpidos em relevo, com inscrições, murais, afrescos, bustos e esculturas figurativas de diferentes estilos. No entanto, a industrialização do século XIX trouxe uma mudança nos ideais, que despojou os componentes arquitetônicos de seus elementos decorativos. Em vez disso, preferiu-se a busca pela beleza a partir da padronização e acessibilidade econômica proporcionadas pelos elementos de construção produzidos em massa.
Mas há espaço para a arte na produção em massa? Os artistas podem estar envolvidos nos processos industriais de fabricação de elementos de construção? E como a nova tecnologia pode facilitar a personalização em massa de componentes de construção com fins artísticos? Essas perguntas nos levam a considerar o potencial de expressão, comunicação e reflexão dos elementos de construção em espaços interiores e exteriores.
Modular Eco-Housing . Image Cortesia de Yvonne Witte
Quando falamos de tecnologia, muitas vezes pensamos em robôs, super computadores, data centers ou smartphones. Mas a tecnologia também se refere à invenção das primeiras ferramentas de pedra lascada, ou ao desenvolvimento da máquina a vapor, responsável pela primeira Revolução Industrial. O termo provém da junção das palavras gregas techne (arte, artesanato) e logos (palavra, discurso) e, nada mais é que a aplicação do conhecimento para atingir objetivos de uma forma específica e reprodutível, para fins práticos. No setor da construção, que movimenta grandes quantidades de recursos e pessoas, mais tecnologia significa incorporar novos métodos, ferramentas, automatização e softwares que possam melhorar a eficiência das construções. Esta, uma indústria historicamente resistente a inovações, representa enorme impacto no meio ambiente, através de emissões de carbono e exploração de matérias-primas. No entanto, à medida que a construção se volta para o mundo digital, os construtores têm encarado a tecnologia como um meio de otimizar práticas e identificar, construir e gerenciar seus projetos.
A Inteligência Artificial assumirá o trabalho dos arquitetos? Segundo Thomas Lane, na edição de maio de 2023 da revista Building, a IA pode automatizar 37% do trabalho de arquitetos e engenheiros. Isto, no entanto, provavelmente significará que poderemos automatizar tarefas mais mundanas e concentrar-nos mais em tarefas estratégicas e criativas.
Tal como o Revit e os softwares 3Ds não ultrapassaram o trabalho dos arquitetos, mas apenas mudaram a forma como se trabalha, o mesmo provavelmente se aplica às ferramentas de IA. Novas tarefas – relacionadas com a gestão da IA, por exemplo – também surgirão.
O que é arquitetura? São projetos grandiosos com estruturas complexas, desafiando as leis da física? São edifícios simples e cotidianos que, quando reunidos, criam o tecido urbano? Em meados do século XVIII, Laugier introduziu o conceito de cabana primitiva, uma estrutura, essencialmente uma casa, projetada e construída para atender às necessidades básicas do ser humano primitivo: abrigá-lo das intempéries da natureza. Qualquer estrutura que atenda a esses requisitos seria considerada uma arquitetura autêntica. Porém, desde então, nossas necessidades evoluíram e estão muito mais elaboradas, principalmente quando se trata de nossas casas. Elas precisam oferecer abrigo, segurança, conforto térmico e espaços amplos. As nossas casas devem ser econômicas, sustentáveis e ter acesso à Internet, entre muitos outros pré-requisitos. Então, como seria a casa ideal do ser humano contemporâneo e, portanto, a "verdadeira" arquitetura?
The Science of a Happy Home Report, relatório realizado por Resi primeiro em 2020 e novamente no pós-pandemia de 2023, procurou descobrir exatamente quais elementos as pessoas acreditavam constituir o definitivo lar feliz. Os resultados foram seis qualidades proeminentes: uma casa que é adaptável para atender às nossas necessidades em constante mudança, uma casa que nos permite conectar e construir relacionamentos, uma casa que reflete a nossa personalidade e valores, uma casa nutritiva que fornece as condições que precisamos para prosperar (ou seja, qualidade do ar), uma casa que nos ajuda a relaxar e uma casa que oferece segurança e nos faz sentir seguros. Essas necessidades, no entanto, não estão sendo atendidas na maioria dos lares do Reino Unido, e é aí que entra a Resi.
Image created using AI under the prompt: A futuristic architectural landscape exemplifying data-driven architecture. Image via DALL.E 2
Arquitetura é uma disciplina multifacetada influenciada por diversas fontes de dados e informações, que desempenham um papel fundamental para moldar a produção arquitetônica. No passado, instrumentos horológicos como o relógio de sol eram usados para obter dados, como o tempo, e obter conhecimento sobre a incidência solar em diferentes épocas do ano e locais geográficos. Isso possibilitou determinar a orientação ideal dos edifícios, resultando em benefícios como melhor aproveitamento da luz solar e maior conforto térmico.
Embora fatores culturais, sociais e até religiosos possam influenciar o projeto arquitetônico, fatores quantitativos são especialmente relevantes ao tomar decisões nas fases iniciais do processo criativo, durante a construção e ao longo do ciclo de vida de um edifício. Portanto, é importante coletar e processar informações relevantes, como localização, incidência solar, capacidade de ocupação, interações dos ocupantes, desempenho energético e emissões de carbono, entre outros aspectos.
https://www.archdaily.com.br/br/1006649/arquitetura-orientada-a-dados-explorando-4-ferramentasEnrique Tovar
Como os municípios brasileiros estão se preparando para enfrentar as mudanças climáticas? Que leis estão sendo criadas? Como os recursos estão sendo investidos? Para aumentar a transparência sobre as políticas públicas voltadas ao clima e ao meio ambiente foi criado o Diário do Clima.
Desde o período pré-colombiano das Américas -quando culturas como Olmec, Maia, Purepecha e Mexica (Astecas) prosperaram- até a era moderna, onde a arquitetura foi influenciada por movimentos sociais e até desastres naturais, a arquitetura mexicana mostra uma expressão arquitetônica valiosa, com sua própria voz e características distintas. O prêmio Nobel Octavio Paz argumentou que a arquitetura é uma testemunha incorruptível da história. Da mesma forma, os materiais usados para moldá-la atuaram como protagonistas dessa história, durando em muitos casos ao longo do tempo e evoluindo graças às gerações de arquitetos que contribuíram para ela, de diferentes perspectivas.
Para traçar uma linha do tempo, é possível tomar como uma arquitetura pré-hispânica de ponto de partida, que exibiu uma diversidade de nuances devido à vasta extensão territorial do México. Isso permitiu que diversas culturas encontrassem seu nicho e desenvolvessem seus estilos arquitetônicos característicos. Posteriormente, a era da colonização espanhola, que atraiu a influência da arquitetura islâmica, representou um ponto de virada notável no desenvolvimento arquitetônico. Essa fase perdurou até o advento da independência mexicana no século XIX. Por sua vez, isso marcou o início dos movimentos sociais e culturais, durante e após a revolução mexicana no início do século XX.
https://www.archdaily.com.br/br/1005773/materiais-que-definem-a-estetica-arquitetonica-mexicana-contemporaneaEnrique Tovar
Sérgio Ferro é um arquiteto, artista, historiador e crítico de arquitetura brasileiro que, devido à sua atuação política durante a ditadura militar, foi preso e exilado na França na década de 1970. Ao longo de sua carreira, observou e interviu nos espaços de produção da construção civil, desenvolvendo uma crítica à produção das artes plásticas e da arquitetura baseada no processo de construção e seus agentes: o canteiro de obras, as tecnologias, os materiais e o construtor.
Em um contexto histórico dominado por referências eurocêntricas e masculinas, Ferro, junto aos arquitetos Rodrigo Lefèvre e Flávio Império, formou o Arquitetura Nova, um grupo que propunha debates pautando a produção da arquitetura, o papel social do arquiteto e as relações de produção no canteiro de obras, contrapondo os pensamentos e produções hegemônicos, seja na prática projetual ou na academia. Após exílio, impossibilitado de atuar como arquiteto, dedicou-se à docência na École Nationale Supérieure d'Architecture de Grenoble.
As calhas, como o próprio nome diz, são elementos de canalização instalados ao longo dos beirais de telhados e varandas e possuem a função de coletar a água da chuva que escorre na superfície da cobertura e direcioná-la aos devidos condutores. Independentemente do seu material, que pode ser alumínio, PVC, concreto, aço galvanizado, entre outros, seu dimensionamento é fundamental pois, dependendo do clima onde o projeto está inserido, os prejuízos causados por sua aplicação incorreta podem ser consideráveis.
A arquitetura tem probabilidade de existir em qualquer lugar ou espaço físico habitado por seres humanos. Além disso, nossa curiosidade inerente e espírito exploratório constituem um aspecto integral da humanidade. Impulsionados por nossa capacidade inventiva, nos aventuramos em cenários futuros que podemos explorar como indivíduos e sociedade. Consequentemente, a possibilidade de um futuro no espaço tem despertado a imaginação de cientistas e designers, resultando em projetos conceituais e de ficção científica onde os seres humanos habitam o espaço.
A capacidade inventiva e imaginativa humana pode ser rastreada através do trabalho de artistas como Jean-Marc Côté, que, no início do século XX, imaginou uma série de ilustrações retrofuturistas retratando como seria a vida no ano 2000. Há também referências literárias notáveis, como as obras de Ursula K. Le Guin, renomada por sua ficção especulativa que explora a jornada da humanidade como uma espécie que viaja pelo espaço. Sem dúvida, o futuro e o espaço são dois tópicos cativantes que inspiraram o desenvolvimento de uma visão de longo prazo para a sociedade no espaço.
https://www.archdaily.com.br/br/1004364/arquitetura-para-habitar-o-espaco-estruturas-reconfiguraveis-para-ambientes-adaptativosEnrique Tovar
O tópico da Inteligência Artificial (IA) tornou-se onipresente em diversos noticiários, abrangendo tanto o entretenimento como o trabalho. Esse fenômeno também se estende ao campo da arquitetura e do urbanismo. O surgimento do Chat GPT evidenciou o potencial transformador dessa tecnologia, sobretudo sobre a linguagem, gerando preocupações sobre o possível impacto na forma como trabalhamos atualmente.
Este artigo é o quinto de uma série focada na Arquitetura do Metaverso. O ArchDaily colabora com John Marx, arquiteto, fundador e diretor artístico-chefe da Form4 Architecture, para trazer artigos mensais que buscam explorar o Metaverso, transmitir o potencial desse novo domínio e entender suas limitações.
Os escritores de ficção científica nos inspiram com visões audaciosas e provocativas do futuro. Huxley, Orwell, Assimov e Bradbury são nomes que facilmente vêm à mente. Eles imaginaram grandes avanços tecnológicos e muitas vezes previram mudanças na estrutura social que foram resultado da necessidade humana de abrir a Caixa de Pandora. Grande parte do charme e fascínio da ficção científica está na audácia de algumas dessas previsões. Elas parecem desafiar as leis da natureza e da ciência. Então, mais rápido do que se poderia imaginar, o espectro da inventividade humana faz com que se tornem realidade.
A 7ª edição da Trienal de Lisboa arranca em Veneza com um debate em torno da pergunta ‘How Heavy is a City?’ para uma reflexão aberta e participada que reúne especialistas de diversos campos disciplinares – da arte à arquitectura, ciência, tecnologia e humanidades.
O kick-off da Trienal 2025 conta com o contributo de Andreia Garcia, Lela Rekhviashvili, Mónica Bello, Raoul Bunschoten e Shaul Bassi.
Este momento público acontece no Pavilhão da Georgia na Bienal de Arquitectura de Veneza no âmbito do programa europeu New Temporality, e é o primeiro de várias sessões preparatórias que vão alimentar a discussão, instigar conexões e
Lo-tech Augmented Reality. Image Courtesy of James Corbett
Os softwares de realidade aumentada (RA) têm marcado presença entre as ferramentas profissionais de projeto há algum tempo. Mas o recente lançamento dos óculos Vision Pro da Apple mostra que o setor de dispositivos vestíveis de realidade mista está ganhando espaço também nos mercados de consumo, à medida que uma das maiores marcas mundiais de design e tecnologia entra nesse ramo.
Uma das principais razões para a imensa expectativa em torno da incursão da Apple no hardware de RA/RV é a decisão de posicioná-lo como "computação espacial". Ao utilizar a complexidade da realidade aumentada para aprimorar um setor familiar ao consumidor - a computação pessoal - a marca sediada em Cupertino simplificou toda a experiência, ampliando sua compreensão e apelo.
Na arquitetura, o desenho é uma expressão técnica e artística que envolve a criação de representações visuais usando vários instrumentos analógicos. Embora o desenho permaneça relevante e atual na prática arquitetônica, esforços têm sido feitos para realizar tarefas e estudos arquitetônicos de maneira mais eficiente. A prancheta foi um desenvolvimento significativo nesse sentido, possibilitando traços precisos usando menos instrumentos. No entanto, o surgimento de ferramentas computacionais, como o desenho assistido por computador (CAD), revolucionou o fluxo de trabalho, aproveitando as vantagens oferecidas pelos computadores. Os arquitetos agora podem desempenhar um papel mais direto e criativo no processo de design, reduzindo sua dependência de desenhos demorados e tarefas repetitivas. Além disso, as melhorias no fluxo de trabalho têm incentivado uma colaboração mais efetiva entre os diferentes envolvidos no processo arquitetônico.
https://www.archdaily.com.br/br/1003161/design-generativo-de-espacos-explorando-8-ferramentas-transformadoras-em-arquiteturaEnrique Tovar
Segundo pesquisas recentes, o mercado da moda movimenta anualmente cerca de 2,4 trilhões de dólares no mundo. Um número exorbitante que, infelizmente, compara-se aos dados do seu desperdício. Estima-se que, a cada segundo, o equivalente a um caminhão de lixo cheio de sobras de tecidos é queimado ou descartado em aterros sanitários. Levando em conta que tecidos como o poliéster, amplamente utilizado na confecção, demora em média 200 anos para se decompor, é fácil prever o futuro catastrófico dessa operação. Nesse sentido, notícias alarmantes constantemente vêm à tona como as imagens do imenso cemitério de roupas usadas no deserto do Atacama divulgadas alguns anos atrás ou o relato de que a famosa marca de luxo britânica Burberry incinerou roupas, acessórios e perfumes não vendidos no valor de 28,6 milhões de libras no ano passado para preservar a marca, alegando que a o gás carbônico emitido com a ação foi compensado, tornando a atitude “ambientalmente sustentável”.