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Materials: O mais recente de arquitetura e notícia

“Podemos transformar a profissão repensando como servir a sociedade”: uma conversa com Ronald Rael

Compreender uma disciplina a partir de múltiplas perspectivas e interseções é essencial para adquirir uma compreensão profunda dela. Na arquitetura, a diversidade de abordagens para seu estudo enriquece nossa percepção, permitindo-nos apreciar sua complexidade por diferentes ângulos. Para estudantes e profissionais, explorar aspectos como história, fontes de materiais e produtos, processos de construção, implementação de novas tecnologias e desafios sociais contemporâneos é crucial. Esses aspectos se entrelaçam e expandem a noção convencional de "arquitetura", transcendendo a mera criação de edifícios ou a definição de espaços.

Ronald Rael, um arquiteto e titular da Cadeira Memorial Eva Li em Arquitetura na Universidade da Califórnia, Berkeley, exemplifica essa visão por meio de sua prática, que abrange desde pesquisa até a conexão de práticas tradicionais e indígenas de materiais com tecnologias e questões contemporâneas. Como ativista e arquiteto, os interesses de pesquisa de Rael exploram fabricação aditiva, estudos de muros de fronteira e construção com terra. Co-fundador de Rael San Fratello, Emerging Objects e Forust, sua prática mostra uma abordagem à arquitetura altamente relevante nos tempos contemporâneos.

Defendendo uma arquitetura sem plástico: soluções inovadoras para o presente (e o futuro)

Enquanto lê isso, você pode notar que está cercado por vários itens feitos de plástico. Essa onipresença não é coincidência; a versatilidade do plástico o tornou adequado para uma variedade de aplicações e foi descrito por seu inventor - Leo Baekeland - como "o material de mil usos". No entanto, quando se trata de impacto ambiental, o problema está em suas próprias qualidades: é tão durável, adaptável e fácil de produzir (430 milhões de toneladas por ano) que, de acordo com dados da ONU, o equivalente a 2.000 caminhões de lixo cheios de plástico é despejado nos oceanos, rios e lagos todos os dias.

No ambiente construído, o plástico foi incorporado em vários materiais, produtos e sistemas de construção, contribuindo para uma crise ambiental que afeta seriamente o bem-estar de milhões de seres vivos. Diante desse problema, uma direção possível é afastar-se de seu uso. A busca por alternativas livres de plástico está marcando um caminho em direção a um futuro onde a arquitetura está progressivamente se dissociando desses materiais poluentes, promovendo soluções sustentáveis que reduzem nossa dependência dele e contribuem para preservar o meio ambiente.

Como a madeira engenheirada pode descarbonizar a indústria da construção civil

Em um cenário em que a preocupação com a sustentabilidade e o ESG (Governança ambiental, social e corporativa) é latente, se viu a necessidade de olhar para um setor que gera 38% de todas as emissões de CO2 do planeta e consome 30% dos recursos globais: o setor da construção civil. Em 2022, na COP27, as Nações Unidas anunciaram o Clean Construction Accelerator, um programa com ações pensadas para reduzir em até 50% a produção de gases que geram o efeito estufa até 2030. Um relatório da ARUP e do Conselho Empresarial Mundial para o Desenvolvimento Sustentável destacou uma descoberta crucial: metade das emissões provenientes de edifícios não provêm apenas da fase de construção, mas também do carbono incorporado nos materiais utilizados, gerado durante sua fabricação e transporte. E é justamente nesse cenário em que vemos a oportunidade para o setor, qual o único material renovável da construção civil que retém o carbono ao invés de emitir? A madeira.

Mas, ao falarmos em madeira, surge um outro questionamento: como a madeira pode ser sustentável se para isso precisamos derrubar árvores? Ana Belizário, a Diretoria Comercial da Urbem, uma indústria nacional de mass timber em larga escala, nos explica ao longo deste artigo o modo como plantar árvores especificamente para o consumo é uma alternativa não somente sustentável, mas uma ótima prática no combate à crise climática e pode regenerar o setor da construção civil.

Criando formas fluidas de dupla curvatura através da impressão 3D não-planar

Como um método de fabricação aditiva, a impressão 3D tem sido caracterizada pela construção de objetos através da deposição horizontal de material, camada por camada. Isso ainda restringe, no entanto, a fabricação de elementos e limita a forma dos primeiros protótipos dentro da faixa que permite a adição de material em uma única direção, tornando difícil criar formas complexas com curvas suaves.

No entanto, a equipe da disciplina de Tecnologias de Construção Digital na ETH Zurique – integrando design computacional, fabricação digital e novos materiais – tem explorado um método de fabricação aditiva robótica não planar, que facilita a impressão de estruturas finas com dupla curvatura.

O futuro sob nossos pés: tijolos de solo cimento e o caminho para uma construção sustentável

Tijolos fazem parte do imaginário coletivo quando pensamos em construção. Tratam-se de materiais elementares, onipresentes, modulares, leves e confiáveis para erigir edifícios. No entanto, a fabricação tradicional de blocos cerâmicos depende da queima de argila em fornos a altas temperaturas, muitas vezes alimentados por combustíveis fósseis não renováveis, como carvão ou gás natural. Além disso, o processo de transporte aumenta significativamente sua pegada ambiental, por se tratarem de materiais pesados e volumosos. Com um interesse crescente em materiais de construção alternativos, que oferecem menor impacto ambiental e maior sustentabilidade, tijolos de solo cimento são um bom exemplo, apresentando uma pegada ambiental menor por utilizar matérias primas locais e dispensar o processo de queima, mas mantendo muitas das qualidades intrínsecas dos tijolos tradicionais.

Da descarbonização à expressão ornamental: projetos inovadores impressos em 3D

A impressão 3D apresenta um vasto potencial devido à sua facilidade de fabricação em larga escala, flexibilidade na exploração de materiais e capacidade de materializar diversas geometrias. No decorrer de 2023, arquitetos e designers exploraram essa tecnologia para descarbonizar os materiais de construção, integrar a estética contemporânea com métodos construtivos tradicionais e adicionar uma camada de artesanato e arte tanto aos interiores quanto às fachadas.

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Como trazer conforto e acolhimento ao projeto de ambientes coletivos?

Espaços públicos, sejam eles internos ou externos, públicos ou privados, caracterizam-se como locais dos encontros, das oportunidades, trocas de ideias ou mercadorias, e, em última análise, são o que conferem identidade às cidades. Contudo, com a ascensão da internet e das redes sociais, diversas dessas funções migraram para o ambiente virtual ou perderam parte de sua relevância e tivemos um baque nas relações durante o longo tempo de isolamento com a pandemia. Diante desse desafio, os arquitetos se deparam com a questão fundamental de como revitalizar esses espaços cruciais para a sociedade, sabendo de sua importância vital. Será que o design pode ser a chave para reavivar esses locais? Como tornar locais que são, ao mesmo tempo, de todos e de ninguém, realmente confortáveis para as pessoas permanecerem?

Trinta interiores de casas japonesas que exploram detalhes em metal

Interiores japoneses contemporâneos incorporam elementos tanto da tradição quanto da modernidade para expressar o espírito inovador do país, enquanto respeitam profundamente sua história e herança cultural. Embora materiais tradicionais como madeira, papel e bambu ainda tenham grande importância, os interiores japoneses modernos costumam apresentar uma fusão de vidro, aço, concreto e metais. A justaposição de texturas e acabamentos mais suaves e modernos com outros mais quentes e orgânicos reflete uma síntese dinâmica entre o antigo e o novo, resultando em espaços visualmente impactantes e funcionais que prestam homenagem à essência dos princípios de design do país.

Trinta interiores de casas japonesas que exploram detalhes em metal  - Image 1 of 4Trinta interiores de casas japonesas que exploram detalhes em metal  - Image 2 of 4Trinta interiores de casas japonesas que exploram detalhes em metal  - Image 3 of 4Trinta interiores de casas japonesas que exploram detalhes em metal  - Image 4 of 4Trinta interiores de casas japonesas que exploram detalhes em metal  - Mais Imagens+ 28

A importância da concepção arquitetônica em projetos de madeira engenheirada

É fascinante observar o panorama da madeira engenheirada no mundo. O material, que outrora parecia esquecido pela modernidade, tem ressurgido com força total, enfrentando desafios significativos, mas também revelando oportunidades promissoras.  O apelo estético e arquitetônico da madeira engenheirada, aliado à sua associação intrínseca à sustentabilidade, tem sido um catalisador para seu aumento expressivo em projetos nacionais e internacionais. 

Por conta dos avanços tecnológicos e pesquisas sobre os limites e possibilidades deste material, temos testemunhado um salto significativo no desenvolvimento tecnológico e científico relacionado à madeira na construção civil. Edifícios ao redor do mundo estão sendo erguidos com estruturas de madeira, impulsionados pelo crescente interesse em soluções sustentáveis e baseadas em recursos renováveis, uma demanda tanto do público quanto de arquitetos e seus clientes.

A inteligência artificial correlaciona a materialidade com a arquitetura contemporânea? Um experimento com seis materiais de construção

À medida que a inteligência artificial (IA) se torna mais acessível, testemunhamos exemplos que ilustram suas diversas aplicações. Destacam-se entre eles as ferramentas generativas, que se destacam em sua capacidade de "criar" imagens por meio de estímulos, ou prompts, muitas das quais se distinguem por sua composição e vivacidade. Esses sistemas de IA são redes neurais com bilhões de parâmetros, treinadas para criar imagens a partir de linguagem natural, usando um conjunto de dados de pares texto-imagem. Assim, embora a pergunta inicial feita por Turing na década de 1950, "As máquinas podem pensar?", ainda persista hoje, a geração de imagens e texto está fundamentada em informações existentes, limitando suas capacidades.

O que surpreendeu muitos é a proximidade cada vez mais aparente de superar o teste de Turing e a crescente semelhança, em termos de visualizações, com o que um arquiteto com habilidades nessa área pode alcançar. Enquanto o debate persiste na comunidade arquitetônica sobre se a IA pode processar conceitos arquitetônicos, este artigo explora como ela interpreta materiais para desenvolver essas representações visuais. Com isso em mente, um único estímulo foi desenvolvido para este experimento (com a materialidade como variável) para aprofundar nos resultados obtidos.