Como marco da arquitetura religiosa contemporânea de Portugal, a Igreja do Sagrado Coração de Jesus opõe-se formalmente aos modelos tradicionais representando uma obra livre de estigmas historicistas. Fruto de um concurso de projeto organizado em 1960, ela se destaca por sua dimensão cívica, pelo papel urbano e pelo seu significado antimonumental e social. Ao integrar-se na malha regular do bairro das Avenidas Novas, este exemplar do Movimento de Renovação da Arte Sacra (MRAR) faz parte de um complexo paroquial maior que passa despercebido ao transeunte. Sua rua exterior cria um espaço público inesperado, convidando à entrada e à integração num adro onde arquitetura e cidade se fundem. Finamente trabalhada em termos de espacialidade, detalhes e luz, a Igreja reserva muitas surpresas a quem nela adentra.
Concreto: O mais recente de arquitetura e notícia
Apoio móvel, fixo e engaste: entenda a diferença entre os tipos de apoio estrutural
Uma das maiores dificuldades quando estamos estudando é entender a aplicação dos conceitos que nos são apresentados. No ensino de estruturas é comum usarmos símbolos e abstrações para compreender as forças envolvidas em cada estrutura e como elas trabalham. Outro grande desafio é traduzir essa informação para algo tangível, isto é, os elementos construtivos.
O engenheiro Matheus Borges tem trabalhado em ilustrações em seu Instagram que nos ajudam a decodificar essas informações. Veja a seguir o que são e como se comportam os tipos de apoios.
É possível cultivar cimento? Prometheus Materials e a transformação do concreto
A inovação prospera quando pausamos para observar, questionar e reimaginar o mundo ao nosso redor, transformando desafios em oportunidades de progresso. A natureza, em particular, serve como uma rica fonte de inspiração. Ao observá-la, estudar seus desafios cotidianos e contemplar os processos existentes, podemos descobrir insights valiosos que inspiram soluções inovadoras.
Um destes desafios atuais no mundo é a produção de concreto, um material antigo e extremamente popular. Ele também é responsável por uma parcela significativa das emissões globais de CO2 devido ao processo intensivo em energia da produção de cimento e as reações químicas envolvidas. Estima-se que a produção de concreto seja responsável por aproximadamente 8% das emissões anuais de CO2 do mundo, bombeando 11 milhões de toneladas de CO2 para a atmosfera todos os dias - causando 8% das emissões anuais de CO2 e consumindo 9% da água industrial anual do mundo. Aliado a isso, temos a projeção de que o estoque de construção do mundo deve dobrar até 2060 - o equivalente a construir uma cidade inteira de Nova York todos os meses pelos próximos 36 anos, o que significa uma demanda incrivelmente crescente por cimento e concreto. Com esse cenário desalentador, temos algo a fazer? Neste artigo, conversamos com Loren Burnett, CEO da Prometheus Materials, que tem desenvolvido um material que imita processos da natureza para recriar o concreto como conhecemos.
Apartamentos brasileiros: interiores que combinam concreto e madeira
Se hoje já compreendemos que construir com concreto é prejudicial ao meio ambiente, uma das possibilidades de adotá-lo sem danos está na reforma de edifícios que podem expor sua estrutura e trazer o material à tona. Se sua aparência pode ser lida como austera ou extremamente fria para abrigar um lar, a madeira surge como alternativa para amenizar essa sensação e transformar uma possível estética industrial num ambiente residencial aconchegante. Desta forma, concreto e madeira conseguem brindar diferentes qualidades para um mesmo espaço a partir do contraste de suas texturas e cores que geram distintas sensações ao corpo. São várias as formas de pensar em como esses materiais podem dialogar e, aqui, apresentamos algumas delas a partir de seis apartamentos brasileiros.
Materiais que definem a estética arquitetônica mexicana contemporânea
Desde o período pré-colombiano das Américas -quando culturas como Olmec, Maia, Purepecha e Mexica (Astecas) prosperaram- até a era moderna, onde a arquitetura foi influenciada por movimentos sociais e até desastres naturais, a arquitetura mexicana mostra uma expressão arquitetônica valiosa, com sua própria voz e características distintas. O prêmio Nobel Octavio Paz argumentou que a arquitetura é uma testemunha incorruptível da história. Da mesma forma, os materiais usados para moldá-la atuaram como protagonistas dessa história, durando em muitos casos ao longo do tempo e evoluindo graças às gerações de arquitetos que contribuíram para ela, de diferentes perspectivas.
Para traçar uma linha do tempo, é possível tomar como uma arquitetura pré-hispânica de ponto de partida, que exibiu uma diversidade de nuances devido à vasta extensão territorial do México. Isso permitiu que diversas culturas encontrassem seu nicho e desenvolvessem seus estilos arquitetônicos característicos. Posteriormente, a era da colonização espanhola, que atraiu a influência da arquitetura islâmica, representou um ponto de virada notável no desenvolvimento arquitetônico. Essa fase perdurou até o advento da independência mexicana no século XIX. Por sua vez, isso marcou o início dos movimentos sociais e culturais, durante e após a revolução mexicana no início do século XX.
Além da armadura: explorando usos criativos de vergalhões de aço
O concreto possui enorme resistência aos esforços de compressão, mas é um material frágil em relação à tração, quando forças são aplicadas em direções opostas em uma estrutura, tentando separar suas partes. É por isso que a incorporação do aço, com sua alta resistência quando esticado, tornou o chamado concreto armado o método construtivo mais utilizado no mundo. Em outras palavras, o concreto armado combina as vantagens intrínsecas de seus dois componentes principais -concreto e armaduras de aço-, para resultar em um material extremamente robusto, versátil e prático. Essas armaduras, além de reforçarem a estrutura, podem ser utilizadas em instalações artísticas, fachadas e mesmo interiores.
O uso do concreto pigmentado na arquitetura residencial latino-americana
O uso do concreto pigmentado na arquitetura latino-americana está crescendo e influenciando a expressão arquitetônica contemporânea. Isso pode ser visto em construções recentes que vão desde o Centro de Inovação INES, projetado por Pezo von Ellrichshausen no Chile, até o Centro Cultural Comunitário Teotitlán del Valle, da PRODUCTORA, no México.
Materiais naturais ou artificialmente pigmentados? Explorando variações de cores e seus efeitos
A materialidade é um fator determinante para moldar o caráter e a experiência de um edifício. Brincando com as qualidades estéticas e táteis dos materiais, o processo de design abrange sua análise, seleção e arranjo para criar espaços com propósito e ricos sensorialmente. Juntamente com texturas e padrões, explorar a materialidade também envolve o estudo das possibilidades de cores. O papel versátil da cor nos materiais arquitetônicos se estende além da mera estética, pois pode ampliar oportunidades de design e influenciar respostas emocionais, funcionalidade, relevância cultural e desempenho ambiental.
Embora cada material tenha sua cor inerente distinta, a adição de pigmentos artificiais ou naturais pode modificá-los em favor da identidade do projeto. Mergulhando no debate sobre a manutenção da estética crua ou a alteração dos tons naturais de um material, mostramos vários projetos para estudar as diferenças entre o uso de pigmentação natural versus artificial de vidro, concreto, tijolo, pedra e madeira.
Pigmentos naturais na arquitetura: fontes, aplicações e por que usar
Frente às urgências climáticas do planeta, campos diversos estão pressionados a reformular seus funcionamentos e atuações, e a arquitetura não está de fora. Afinal, o ambiente construído e a indústria da construção civil são responsáveis por uma porcentagem considerável da emissão de gás carbono na atmosfera. Repensar e reestruturar a cadeia construtiva – do projeto à execução – é a ordem do dia para os profissionais envolvidos com construção.
Coleta e manejo eficiente de água em três residências na Índia
A escassez de água é uma das situações mais degradantes que alguém pode enfrentar. E, no entanto, na Índia, um país que abriga 18% da população mundial, mas possui apenas 4% dos seus recursos hídricos, essa é uma luta recorrente, com um número significativo de famílias indianas tendo que lidar com a escassez de água diariamente.
Lá, o ciclo da água oscila entre extremos. Monções severas e períodos de enchentes se transformam em secas implacáveis, tornando cada vez mais difícil controlar e preservar os recursos hídricos. Embora a maioria das ações em larga escala se concentre nas consequências para os setores agrícola e de produção, o resultado também é percebido no nível individual das residências. Assim, ações cumulativas em pequena escala oferecem um caminho possível para os cidadãos mitigarem o problema.
Restauro dos silos projetados por Alvar Aalto é aprovado pela prefeitura de Oulu, na Finlândia
A prefeitura de Oulu, na Finlândia, aprovou o projeto de restauração AALTOSIILO proposto pelo escritório Skene Catling de la Peña. A estrutura de concreto será restaurada e transformada em um espaço de performance multimídia, exposição e bar. O silo de 525 m² era usado para armazenar cavaco de madeira e agora se tornará um elemento de conexão com o contexto onde se insere. Perto de seu centésimo aniversário, o icônico projeto ampliará, assim, sua vida útil, inserindo-se novamente nas dinâmicas da cidade.
Henning Larsen divulga projeto para terminal de balsas nas Ilhas Faroe
O escritório Henning Larsen acaba de divulgar o projeto da nova sede e terminal de balsas da Smyril Line em Torshavn, a capital das Ilhas Faroe. O edifício rende homenagem aos tradicionais barcos de pesca locais e ao histórico porto oriental, ao mesmo tempo em que envolve o pitoresco cenário natural. A nova sede terá três funções principais, sendo ao mesmo tempo um terminal de balsas, um edifício de escritórios e um centro logístico.
Selva de pedra: casas que exploram o contraste do concreto na vegetação
Há algo muito atraente na combinação entre vegetação exuberante e a aspereza do concreto aparente. É isso que se propõe a investigar o livro Concrete Jungle: Tropical architecture and its surprising origins, publicado pela editora alemã gestalten. A publicação traz uma leitura sobre "arquiteturas tropicais" modernas, apresentando casas situadas entre os trópicos de Câncer e Capricórnio e suas relações com seus meios culturais, construtivos e ambientais de origem. Mobiliza diversos projetos e arquitetos, num longo período de tempo que vai desde os anos de 1950 até os dias de hoje, traçando um panorama multifacetado que abrange construções residenciais localizadas em regiões tão distintas quando o Brasil, México, Índia e Quênia.
O que é concreto com escória de aço?
A indústria da construção é uma das maiores do mundo, e o cimento e o concreto são literalmente os blocos de construção de seu sucesso. Evoluindo de cavernas pré-históricas para os arranha-céus de hoje, as estruturas de concreto têm e continuarão sendo componentes vitais da civilização moderna, fornecendo apoio confiável e duradouro a edifícios, estradas, pontes, túneis e barragens. É tanto que o concreto é o material mais consumido da Terra, perdendo apenas para a água, enquanto o aço usado para reforçar é de longe o metal mais usado. Mas isso não ocorre sem altos custos ambientais: o concreto é responsável por 8% das emissões globais de CO2, muitas das quais vêm da extração e transporte de materiais agregados, como areia, cascalho e pedra triturada.
Conheça o cimento comestível: material inovador que utiliza resíduos alimentares na construção civil
Adicione folhas de repolho, cascas de laranja, cebola, banana e alguns pedaços de abóbora para obter... cimento. Isso mesmo, pesquisadores da Universidade de Tóquio, no Japão, desenvolveram uma técnica por meio da qual é possível produzir cimento a partir de resíduos alimentares. A iniciativa inovadora, além de ser utilizada na construção, é literalmente comestível. Ajustando sabores e utilizando alguns temperos, o cimento quebrado em pedaços e fervido pode se tornar uma bela refeição.
Esculpindo a terra: land art e o envolvimento com o solo
Os artistas são frequentemente inspirados pela terra — sejam as interpretações de paisagens americanas do pintor Robert S. Duncanson ou as subversões de William Kentridge das pinturas britânicas da era colonial retratando paisagens africanas. No entanto, alguns artistas preferiram trabalhar diretamente com a terra, criando estruturas que se assentam em paisagens ou esculpindo o próprio solo. Esse estilo de arte — formalmente denominado land art — ganhou destaque nos Estados Unidos nas décadas de 1960 e 1970 com a ascensão do movimento ambientalista em meio aos protestos pelos direitos civis e contra a guerra, quando os artistas buscavam se separar do mercado de arte.
Escadas helicoidais na arquitetura contemporânea do México
Um dos elementos mais importantes da arquitetura são as circulações verticais, isto é, elevadores ou escadas, Embora alguns escritórios optem por abordá-las de forma discreta, outros decidem dedicar a elas atenção específica, transformando-as em esculturas. As escadas helicoidais são as preferidas quando se quer chamar a atenção e, na nossa consciência coletiva, guardamos alguns exemplos icônicos, como o caso da escada na Casa O'Gorman, onde este elemento dá o carácter da obra, sendo quase impossível imaginá-la sem a escada.