À medida que a humanidade toma consciência do seu impacto no meio ambiente, também tem buscado formas para reverter alguns dos malefícios causados à fauna e à flora, sobretudo nas cidades. Nosso padrão de vida, de consumo e de construção tem causado danos severos à natureza. De fato, segundo um estudo no Weizmann Institute of Science, estamos em um ponto de inflexão onde a massa de todos os materiais fabricados pelo homem é igual à biomassa do planeta, e isso deve dobrar até 2040. Mas não necessariamente tudo o que construímos deve ter um impacto negativo. O projeto "The Tidal Dout" é um exemplo, parte de um projeto de revitalização abrangente em Kuk Po Village em Sha Tau Kok em Hong Kong, e que consegue reunir duas ecologias diferentes, o ambiente antropocêntrico e o natural.
Você moraria em uma casa construída em uma fábrica? A evolução tecnológica no projeto e produção arquitetônica está trazendo mudanças inegáveis na maneira como pensamos e construímos a arquitetura. A possibilidade de materializar uma casa através de um sistema de peças fabricadas industrialmente em uma área fora do canteiro final da obra abriu a porta para muitos arquitetos investigarem e experimentarem novos materiais e tecnologias alimentados pela fabricação digital.
Nos últimos anos, a indústria da construção tem enfrentado desafios sem precedentes. A falta de trabalhadores qualificados está aumentando os custos da mão-de-obra, há uma escassez global de moradias e os efeitos das mudanças climáticas em todo o mundo estão mais claras do que nunca. Portanto, questionar os métodos tradicionais de construção e empurrar os limites da inovação tornou-se uma prioridade, forçando o setor a implementar novas tecnologias à medida que eles embarcam na era da transformação digital. Há uma inovação, no entanto, que parece particularmente promissora: impressão em construção em 3D. Embora relativamente recente, a tecnologia já foi testada com sucesso em inúmeras estruturas, casas e prédios de apartamentos, reformulando a construção residencial como a conhecemos. Portanto, a impressão 3D poderia muito bem ser uma alternativa viável para soluções de moradias em massa mais eficientes, sustentáveis e econômicas em um futuro próximo, impactando positivamente a vida das pessoas e contribuindo para cidades mais verdes e saudáveis.
Ao examinarmos a tag 3d printing no ArchDaily é visível como essa tecnologia tem se desenvolvido rapidamente. Se nos primeiros anos observávamos o conceito como um futuro distante ou com exemplos em pequena escala, nestes últimos temos observado construções inteiras impressas e volumes cada vez mais complexos sendo produzidos. Desenvolvido através da leitura de um arquivo de computador, a manufatura aditiva com concreto - ou outro material construtivo - apresenta inúmeras dificuldades para proporcionar um processo eficiente e que possibilite que a técnica construtiva torne-se realmente massificada. O exemplo do pavilhão impresso pelo consórcio De Huizenprinters ilustra bem este processo.
Depois da água, o concreto é o material mais consumido do planeta e sua produção está crescendo substancialmente, devendo passar de 4,4 bilhões de toneladas, atingindo 5,5 bilhões de toneladas até 2050. Infelizmente, isso tem um enorme custo ambiental, contabilizando por quase oito por cento das emissões globais de carbono. Com esta estimativa de crescimento esperada, as partes interessadas da indústria da construção devem trabalhar na integração de materiais de construção sustentáveis e processos inovadores.
O HANNAH Office é um estúdio experimental de pesquisa e design cujo trabalho se foca em avançar a arquitetura e as práticas contemporâneas de construção ao examinar as possibilidades de novas rotinas digitais e tecnologias de fabricação. Selecionado como um dos Melhores novos escritórios de 2021 pelo ArchDaily, o HANNAH Office foi fundado em 2012 por Leslie Lok e Sasa Zivkovic, e constitui uma plataforma para explorar a tecnologia e os métodos materiais em uma diversidade de escalas, do mobiliário ao urbanismo, em busca de novos resultados em design.
A empresa de tecnologia de construção ICON divulgou seu mais novo projeto, a “House Zero”, feita com o uso de impressão 3D. O projeto é de autoria do escritório Lake|Flato Architects, sediado no Texas. Este é o primeiro projeto da série “Exploração” da ICON, que busca evidenciar as possibilidades da construção aditiva e desenvolver novas linguagens plásticas, com o objetivo de “mudar o paradigma da construção de residências”. A chamada "honestidade dos materiais" presentes na casa combina a manifestação dos processos de construção feitos por robôs com as texturas naturais da madeira, criando um design atemporal.
Alunos da Universidade de Tunghai, em Taiwan, projetaram uma espécie de recife de coral artificial. A proposta é que a estrutura seja feita com cerâmica ecológica e impressa em 3D que pode ajudar a revitalizar rios urbanos.
Os corais são essenciais para garantir a saúde e a vida nos oceanos, portanto são insubstituíveis. Entretanto, a estrutura impressa tem como missão cumprir uma função específica: servir de abrigo para organismos aquáticos. Isso por si só já pode contribuir para a manutenção de várias espécies.
Com o objetivo de gerar um impacto significativo no consumo responsável e sustentável de recursos e energia na indústria da construção, a ETH Zürich em colaboração com a FenX AG está usando a impressão 3D de espuma (F3DP) para fabricar formas geometricamente complexas para a construção de elementos em concreto.
TECLA, 3D Printed Habitat by WASP and Mario Cucinella Architects. Image Courtesy of WASP
Jorge Drexler canta, em uma de suas músicas, que “Siempre miramos al río, pensando en la otra rivera”. Fazer uma retrospectiva do ano, mais do que entender o que foi feito, pode servir para tentar ter alguma pista sobre o futuro. Durante o ano de 2021 publicamos mais de 160 artigos na seção Materials & Products cobrindo os mais diversos temas. De conceitos complexos como Impressão 4D ou materiais muito pouco processados como o Hempcrete e o bambu, traçar uma retrospectiva dos assuntos abordados e entender o que mais despertou interesse dos nossos leitores é um exercício interessante para arriscar algumas tendências para o futuro do campo da construção. Observando os artigos mais visualizados, pudemos perceber três grandes grupos de temas. São eles: Impressão 3D, pré-fabricação e renovação de interiores. Abaixo, compilamos sobre cada um destes, trazendo uma reflexão sobre o que podemos nos atrever a afirmar sobre as tendências da indústria da construção em 2022.
A arte de construir um abrigo feito com blocos de gelo é passada de pai para filho entre os inuítes, povos nativos que habitam as regiões mais ao norte do planeta. A planta circular, o túnel de entrada, a saída de ar e os blocos de gelo conformam uma estrutura onde o calor gerado no interior derrete uma camada superficial da neve e veda as frestas, melhorando o isolamento térmico de gelo. Em uma tempestade, um iglu pode ser a diferença entre vida e morte e talvez este seja o exemplo mais icônico e radical do que significa construir com materiais locais, poucas ferramentas e muito conhecimento. Neste caso, o gelo é tudo o que se tem.
Aproveitar os recursos abundantes e a mão de obra local são conceitos chaves para arquiteturas sustentáveis, que muitas vezes são esquecidos em detrimento de soluções replicadas de outros contextos. Com as novas demandas e tecnologias, a globalização dos materiais de construção e das técnicas construtivas, ainda há espaço para os materiais locais? Mais especificamente em relação às construções impressas em 3D, estamos fadados a erigi-las somente em concreto?
A arquitetura é uma profissão de longa data, que produziu diversos marcos icônicos que admiramos e reverenciamos em todo o mundo, além de desempenhar um papel na organização das cidades em que vivemos hoje. Esta descrição, no entanto, contempla a arquitetura no sentido tradicional — e há inúmeros exemplos de indivíduos e empresas que desviaram da prática arquitetônica tradicional, seja por meio do aprofundamento em campos adjacentes ou pela exploração de novas tecnologias.
Fundada no ano de 2017 e nomeada uma das “Empresas Mais Inovadoras do Mundo” em 2020, a ICON está revolucionando a industria da construção civil de cima a baixo, desafiando os limites impostos pelas tecnologias atualmente disponíveis no mercado. Relativamente jovem, a start-up com sede no Texas começou desenvolvendo e construindo projetos de casas impressas em 3D nos Estados Unidos e no México como uma estratégia para enfrentar os desafios impostos pela atual crise habitacional. Simultaneamente, esta frente de ação está sendo explorada como um campo de testes para o desenvolvimento de novos sistemas construtivos que poderiam ser futuramente utilizados em viagens exploratórias fora do planeta Terra. Nesta empreitada, a ICON tem buscado se aproximar de importantes parceiros como o BIG e também a NASA.
Figurando na lista dos 100 líderes emergentes que estão moldando o futuro da humanidade, a Times’ Next 100, Jason Ballard, CEO e cofundador da ICON conversou diretamente com nossos editores do ArchDaily, contando um pouco mais sobre o início da empresa, os desafios impostos pela crise habitacional no planeta e como a ICON tem investido em novas tecnologia de impressão 3D como uma ferramenta para transformar a industria da construção civil no mundo hoje, além é claro, da recente parceira firmada com o escritório de arquitetura de Bjarke Ingels.
Até agora, está claro que a tecnologia assumiu quase todos os aspectos de nossas vidas. Mudou a maneira como nos comunicamos, como nos conectamos, como trabalhamos e estudamos, e até modificou nossos hábitos de compra e alimentação. A arquitetura e a construção não foram exceções e a tecnologia também está presente na forma como são hoje pensadas, projetadas e construídas.
Spot on a Foster+Partners construction site. Image Courtesy of Foster+Partners
Há anos, o setor da construção civil vem enfrentando uma escassez de mão de obra especializada, algo que tem impulsionado o desenvolvimento de novas tecnologias e sistemas automatizados de construção. A recente crise sanitária apenas exacerbou essa tendência, fazendo com que muitas empresas de automação—que antes se dedicavam principalmente à fabricação de automóveis—voltassem sua atenção à indústria da construção civil. Neste contexto, espera-se que a automatização dos meios de produção na engenharia e na arquitetura cresça até um 30% ao longo dos próximos anos. No artigo a seguir procuramos explorar as atuais capacidades desta tecnologia e as futuras possibilidades que ela ainda poderá trazer para os processos de construção, além de como tem sido integrada na atual prática e as possíveis mudanças que ela poderá nos trazer no futuro.
Se há apenas alguns anos a impressão 3D era vista com uma certa desconfiança, várias notícias recentes têm mostrado que essa é uma tecnologia possível, viável e que veio para ficar. No dia 30 de abril de 2021 os inquilinos da primeira casa de concreto impressa na Holanda receberam suas chaves. A casa em Eindhoven - a primeira de cinco dentro do ‘Projeto Milestone’ - cumpre totalmente com todos os rigorosos requisitos de construção do país.
A Icon, startup estadunidense de robótica para construção residencial, nasceu com a promessa de construir casas emergenciais usando impressoras 3D. Uma casa modelo foi erguida em Austin, capital do Texas, em 2018. Na mesma cidade, dois anos depois, a empresa começou a entregar uma série de residências para desabrigados.
Dependente químico em heroína, hoje recuperado, Tim Shea era morador de rua e seu último lar foi uma van. O estadunidense de 70 anos foi o primeiro a receber as chaves da casinha impressa em setembro de 2020.
O telhado da Euston Station em Londres é o cenário arquitetônico em grande escala para a aplicação virtual do sistema integral Metaplas, criado por alunos da Bartlett School of Architecture - UCL. Parte de uma investigação realizada no Research Cluster 8 (RC8) do programa de Mestrado em Design de Arquitetura, os alunos desenvolveram um sistema multimaterial impresso em 3D a partir de termoplásticos biodegradáveis e recicláveis. Assim, uma série de painéis planos tornam-se tridimensionais, criando um sistema estrutural com dobras geométricas que permite o controle passivo da temperatura de iluminação dos espaços interiores.