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Crítica: O mais recente de arquitetura e notícia

Como a escrita pode mudar a arquitetura?

Dizem que não importa o que acontece, mas como você vê. Também dizem que a literatura não reproduz a realidade, mas sim cria outra. Tudo começa com uma ideia. Só uma ideia. Imagem e imaginação andam juntas, isso significa que elas constituem o mecanismo para percepção, pensamento, linguagem e memória do homem. E em essência, arquitetura nada mais é do que organizar ideias. A pergunta é: como organizar as ideias? Ou ainda, como você vê as coisas? Existe mesmo percepção sem contexto social e cultural? A resposta curta é não. A resposta longa envolve antropologia interpretativa, um pouco de teoria e muita, muita crítica.

Como a escrita pode mudar a arquitetura? - Image 1 of 4Como a escrita pode mudar a arquitetura? - Image 2 of 4Como a escrita pode mudar a arquitetura? - Image 3 of 4Como a escrita pode mudar a arquitetura? - Image 4 of 4Como a escrita pode mudar a arquitetura? - Mais Imagens+ 1

Na arquitetura, todos somos críticos

O que é um crítico de arquitetura? E o que faz um crítico no século XXI? Ao longo da história, poucos críticos foram escolhidos para descrever e avaliar a arquitetura, enquanto aguardávamos seus elogios ou decepções, antes de validarmos nossas próprias opiniões. Seus pensamentos e palavras se tornaram referências da arquitetura, e moldaram brutalmente nossa profissão. Essa mentalidade e cultura contribuíram ainda mais para a ideia de que a arquitetura é uma prática “elitista”, em que alguns estabelecem regras e o resto deve aprendê-las. Embora a arquitetura sempre tenha nomeado os críticos, assim como outras formas de arte e cultura têm os seus, recentemente houve um impulso para que a arquitetura se transformasse em uma profissão que projeta para as massas, e é igualmente criticada pelas massas.

O que é o campo ampliado da arquitetura?

Em 1979, Rosalind Krauss publica o clássico artigo A escultura no campo ampliado na revista October, no qual identifica um certo esgarçamento das fronteiras no campo da escultura, “evidenciando como o significado de um termo cultural pode ser ampliado a ponto de incluir quase tudo” [1]. A crítica, particularmente destinada a uma produção artística produzida entre os anos 1960 e 1970, foi utilizada como base 26 anos depois, em 2005, para a publicação de O campo ampliado da arquitetura, de Anthony Vidler.

O que é o campo ampliado da arquitetura? - Image 1 of 4O que é o campo ampliado da arquitetura? - Image 2 of 4O que é o campo ampliado da arquitetura? - Image 3 of 4O que é o campo ampliado da arquitetura? - Image 4 of 4O que é o campo ampliado da arquitetura? - Mais Imagens+ 1

Sobre o deslocamento do corpo na arquitetura: o Modulor de Le Corbusier

Em 1948 o arquiteto Charles-Édouard Jeanneret-Gris - mais conhecido como Le Corbusier -, lançou uma de suas publicações mais famosas, intitulada O modulor, seguida por O modulor 2 em 1953. Nesses textos, Le Corbusier fez conhecer sua abordagem às investigações que tanto Vitruvio quanto Da Vinci e Leon Battista Alberti haviam começado, em um esforço por encontrar a relação matemática entre as medidas do homem com a natureza.

As pesquisas dos autores previamente mencionados representam também uma busca por explicar os Partenons, templos indígenas e as catedrais construídas a partir de medidas precisas que faziam referência a um código do que se entendia como essencial. Saber de quais instrumentos se dispunha para encontrar a essência dessas construções era o ponto de partida, e parecia se tratar de instrumentos que transcendiam o tempo. Não parece tão estranho dizer que as medidas que se empregaram foram, em essência, partes do corpo, como cotovelo, dedo, polegada, pé, braço, palma, etc. Inclusive, existem instrumentos e medidas que levam nomes que aludem ao corpo humano, o que indica que a arquitetura não está longe de ser reflexo do mesmo.

Legislação: o novo tratado arquitetônico?

Jaime Sanz Haro, do coletivo ARKRIT, nos convida a refletir no artigo originalmente entitulado "Normativa, el nuevo tratado arquitectónico: Vitrubio, Alberti, Paladio, y el Plan General" sobre o papel e as consequências dos marcos regulatórios no urbanismo.

Arquitetura e crítica: pelas pessoas, para as pessoas?

Este artigo foi originalmente publicado no Common Edge como "Crítica arquitetônica que não é apenas para arquitetos".

Caso você não tenha percebido, o mundo está indo do papel para os pixels. Você está lendo isso, aqui. Tudo está mudando e isso inclui como falamos, pensamos e escrevemos sobre arquitetura.

IABsp promove o debate "Crítica e Curadoria"

O IABsp promoverá dois debates como parte da programação do concurso de curadoria para a XII Bienal Internacional de Arquitetura de São Paulo. Os debates têm como objetivo levantar inquietações e fazer provocações que poderão ser refletidas nas propostas. O segundo - Crítica e Curadoria - será realizado no dia 30/06.

A crítica e a curadoria em arquitetura são meios de interpretar e difundir a disciplina. A partir de posições distintas, permitem uma compreensão da arquitetura e seu valor como expressão cultural. Instrumentos, entretanto, não são isentos: se a partir da curadoria pode-se aproximar a sociedade da produção

A casa como renúncia

A arquiteta Carmen Espegel, do Coletivo ARKRIT, nos traz um artigo que exemplifica como a habitação pode ser um refúgio simples para a essência da vida, a austeridade do sobrevivente, a renúncia voluntária e a rejeição do modelo de vida burguês.

Uma cidade coletiva é uma cidade feminista

A Fundación Arquia, junto à arquiteta Ana Asensio, nos convida a pensar em como foram desenhadas -até agora- as cidades; espaços de fricção que foram concebidos sem igualdade de participação na tomada de decisões e que, portanto, nos levam a falar de feminismo.

Comparando Mies van der Rohe e Rem Koolhaas

Quais relações podemos encontrar quando sobrepomos dois projetos de dois dos mais importantes arquitetos de todos os tempos? Veja a seguir algumas reflexões produzidas pelo Grupo Arkrit através de um ensaio crítico sobre a obra de Mies van der Rohe e Rem Koolhaas.

Contradições no turismo de massa em Lisboa

Contradições no turismo de massa em Lisboa - Imagem de Destaque
Interferência visual na paisagem vista do Miradouro das Portas do Sol. Image © Sérgio Ulisses Jatobá

Que o turismo de massa gera grandes inconvenientes para os moradores locais, beneficia grandes grupos empresariais em detrimento dos pequenos empreendedores e causa estragos que podem descaracterizar justamente o que torna atrativo um lugar, já sabemos. Mas também é forçoso admitir que o turismo traz empregos, aumento de renda, estimula novos negócios e melhora a qualidade urbana em muitos aspectos, via revitalizaçoes urbanas, melhoria da infraestrutura e construção de equipamentos culturais, por exemplo. 

Lisboa vivencia há alguns anos um boom turístico que têm estes dois aspectos. A cidade mudou, sem dúvida. Reabilitações urbanas deram nova vida às áreas deterioradas, com a revitalização de espaços públicos, investimentos na recuperação e retrofitizacao de edifícios que de outro modo, em muitos casos, estariam condenados a ruir,. Novos equipamentos culturais foram construídos, como o Museu de Arquitetura, Artes e Tecnologia - MAAT, projetado pela arquiteta britânica Amanda Levete e o novo Museu dos Coches de Paulo Mendes da Rocha, em associação com os escritório MMBB arquitetos e Bak Gordon Arquitetos.

Arquiteturas e Urbanismos do sul em debate

No início de outubro aconteceu em Foz do Iguaçu, o I Encontro Internacional do MALOCA Grupo de Estudos Multidisciplinares em Urbanismos e Arquiteturas do Sul, com o objetivo de apresentar os resultados do seu primeiro triênio (2014-2016) e debater os rumos das pesquisas do grupo para o triênio 2017-2019. Sediado na Universidade Federal da Integração Latino-Americana - UNILA, em Foz do Iguaçu, o grupo de pesquisa MALOCA tem atuado a partir das necessidades prementes de buscar respostas a questões na área voltadas para o contexto de ensino, hábitos de morar e construir, políticas públicas e direitos humanos, sob uma perspectiva decolonial, com ênfase na América Latina e no Sul global. Com vistas a uma arquitetura da autonomia ou uma arquitetura cidadã no Brasil e na América Latina, o MALOCApossui três linhas de pesquisa: (1) Ensino de Arquitetura e Urbanismo na América Latina; (2) Hábitos de morar e de construir no contexto latino-americano e (3) Políticas públicas, território, direitos humanos e sociais. O grupo de pesquisa forma uma rede internacional de aproximadamente 20 pesquisadores/as de instituições em diversas regiões do Brasil, como as federais do Ceará, Bahia, Ouro Preto, São João del Rei, Tecnológica do Paraná e de São Paulo e ainda pesquisadoras da Bolívia e de Cabo Verde, consolidando o diálogo de saberes a partir do Sul. Originário do quadro docente do curso de arquitetura e urbanismo da UNILA, atualmente está vinculado também com o programa de pós-graduação em Políticas Públicas e Desenvolvimento na mesma instituição.

Sobre a (ausência de) crítica na arquitetura: ou, por que temos que ler mais que apenas o título

Sobre os concursos de arquitetura no Brasil e a deprimente ausência de inovação / Héctor Vigliecca

Temos um histórico reconhecido de participações em concursos, mais de 100! Em 40 anos de atuação profissional foram 53 prêmios, que prefiro não recontar, e apenas dois projetos construídos...

Nós nunca comentamos os resultados, nem fazemos críticas sobre os resultados, mas hoje decidi romper este silêncio, possivelmente alentado pelos últimos artigos publicados sobre o assunto.

Nunca comentamos os resultados porque entendemos que os concursos são uma atividade humana de confrontação intelectual, portanto susceptível a erros, incompreensões, disputas e, às vezes, até à ignorância.

Mas é preciso reconhecer que resultados inovadores precisam de participantes inovadores, júris com mentalidade inovadora e, principalmente, precisamos de um âmbito cultural inovador, isso implica universidades, escolas, empreendedores, políticos e políticas inovadoras.

Perspectivas do Chão: Novos olhares para os concursos de projeto de arquitetura no Brasil

No final do ano de 2015, a Prefeitura de Campinas, através de sua Secretaria do Verde, Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável e em parceria com o IAB-SP, lançou um concurso de projetos de arquitetura denominado ‘Casa da Sustentabilidade’. O edital solicitava soluções “criativas e inovadoras” para a construção de um edifício no Parque Portugal - um dos principais parques públicos da cidade - o qual deveria ser, ele mesmo, “uma exposição permanente de soluções sustentáveis”. Além disso, deveria acomodar outras exposições de mesmo caráter e atividades do Conselho Municipal do Meio Ambiente (COMDEMA).

O desfecho do concurso foi divulgado em uma cerimônia realizada em Campinas, em fevereiro de 2016. Durante o evento, o concurso foi comparado com o novo ‘Museu do Amanhã’, em referência ao controverso projeto de Santiago Calatrava, no Rio de Janeiro. A analogia sugere o caráter espetacular que assediava a proposta do concurso, a qual colocava em questão as expectativas e as intenções em relação ao edifício.

A arquitetura oculta à mão livre, por Fernando Neyra

Fernando Neyra nos comenta os motivos pelos quais realizou a seguinte série de ilustrações: é muito evidente, marcado e crescente o contraste sócio-econômico nas cidades latino-americanas contemporâneas, e a qual tendemos naturalizar.

Um exemplo notório encontra-se na habitação, onde todos os elementos que configuram o habitat refletem a divisão materializada nos limites incisivos, somando ao esforço que é realizado em muitos casos para aparentar uma realidade idílica. Esta brecha é materializada e colocada em evidência em cada canto da cidade, que normalmente encontra-se maquiado como uma arquitetura de fachada, ocultando a realidade.

O resultado nos convida a apreciar uma variedade de registros, críticas e liberdades, ao mesmo tempo que nos permite refletir sobre o papel do desenho à mão livre na arquitetura contemporânea.

O complexo arte-arquitetura / Hal Foster

Arte e arquitetura nunca estiveram tão próximas como atualmente. Mas seria a mescla positiva? Em seu livro, Hal Foster critica o mau uso da arte na arquitetura e a obsessão em juntar as duas em projetos arrojados, mas esvaziados de sentido. Já a condição de complexo, cujas significações abrangem desde o léxico psicanalítico até a designação de grandes aparatos sociais – como um “complexo industrial-militar” –, é, segundo o autor, um aspecto definidor da cultura atual e permite compreender fatores sociais e econômicos do mundo contemporâneo.