Em 1854, o escritor estadunidense Henry David Thoreau escreveu a obra clássica “Walden”, relatando sua experiência de vida nos bosques e enaltecendo as vantagens da vida simples e autossuficiente. Logo no início do livro, o autor comenta que, caso alguém queira fazer uma viagem de 48 km para visitar o campo, seria mais rápido andar a pé do que optar por uma locomotiva.
Cidade: O mais recente de arquitetura e notícia
Por que andar a pé pode ser mais rápido do que de carro?
Bruxelas vai pagar até 900 euros para quem abandonar o carro
Os cidadãos que vivem na região de Bruxelas, capital da Bélgica, vão receber até € 900 (euros) para cancelarem o registro de seus automóveis. A medida faz parte do “Bruxell’Air”, um programa de apoio financeiro para quem deseja adotar outros modos de transporte.
Edifícios em condomínio, barreira do redesenvolvimento urbano
No filme Aquarius, do diretor Kleber Mendonça Filho, a personagem Clara, interpretada por Sônia Braga, recusa-se a vender para uma incorporadora o seu apartamento, localizado em um condomínio. Seus vizinhos do edifício, por outro lado, topam o negócio. Em artigo para o Estadão, o economista Pedro Fernando Nery retrata o caso através de uma lente oposta à narrativa cinematográfica: Clara, ao invés de heroína, que resiste ao capital imobiliário sem escrúpulos ou respeito pela paisagem litorânea de Recife, é, na verdade, a vilã.
O uso da inteligência artificial como estratégia para analizar a informalidade urbana
Dentro da região da América Latina e Caribe, foi registrado que pelo menos 25% da população vive em assentamentos informais. Dado que a expansão de tal realidade é um dos maiores problemas que afligem estas cidades, apresentou-se um projeto, apoiado pelo BID, que propõe como as novas tecnologias podem contribuir para a identificação e detecção destas áreas a fim de intervir e ajudar a reduzir a informalidade urbana.
Restrições de zoneamento empurram população para áreas periféricas
Um dos temas econômicos mais importantes em pauta em diversos países até o início da pandemia de coronavírus, no começo de 2020, as legislações que impõem restrições à oferta de novos imóveis nos municípios trazem impactos negativos tanto para o crescimento das localidades como para a população, que tem suas opções de habitação, de acesso a empregos e de locomoção afetadas. Adotadas pela maioria das cidades brasileiras, as normas de zoneamento — que determinam critérios para a ocupação dos terrenos, o tamanho dos empreendimentos que podem ser construídos em pontos específicos e as áreas de preservação ambiental — também refletem no aumento dos preços das propriedades, uma vez que a disponibilidade de unidades não consegue acompanhar a demanda existente por elas.
Tainá de Paula fala sobre corpo, territorialidades e a não cidade
O curso de pós-graduação Cidades em Disputa – pesquisa, história e processos sociais, da Escola da Cidade, recebeu Tainá de Paula, que ministrou a aula aberta “Corpo e territorialidades: o debate necessário da não cidade”. Criada em uma das favelas da Praça Seca, zona oeste do Rio de Janeiro, a arquiteta e urbanista se define como mulher preta, mãe e ativista das lutas urbanas, principalmente nas periferias e favelas. Na exposição, Tainá, que desde 2020 também atua como vereadora, discutiu os territórios subalternizados e a “não cidade”, que exclui e segrega, além de apresentar a necessidade urgente da elaboração de uma agenda de rompimento dessas condições, com a emancipação de raça, classe e gênero.
Por que fechar ruas para automóveis não aumenta o trânsito
Fugindo da lógica que orientou o desenho da maioria dos municípios no século 20, tirar a prioridade dos carros no desenvolvimento das localidades e diminuir a área destinada a eles nas ruas não piora os congestionamentos. Pelo contrário, ao reorganizar o espaço das ruas deixando menos faixas para os automóveis, ocorre uma mudança na forma como as pessoas se deslocam, com a migração para outros meios de locomoção mais sustentáveis, como caminhar, pedalar ou utilizar o transporte público, reduzindo a circulação de veículos privados significativamente.
Por que cobrar pelo uso dos carros é uma solução justa e inteligente para a mobilidade sustentável
Por décadas, carros têm sido associados a uma promessa de praticidade, autonomia e conforto. Do ponto de vista individual, pode até ser verdade. Mas a priorização do automóvel no desenho das cidades torna a mobilidade urbana ineficiente e fomenta a desigualdade ao privar grande parte da população do acesso a oportunidades. Usar o carro é uma escolha individual que gera muitos prejuízos coletivos. Cobrar pelos custos sociais dessa escolha é uma forma promissora de desestimulá-la e, ao mesmo tempo, gerar recursos para a mobilidade sustentável.
Uma breve história da Instant City de Ibiza
André Ricard e Daniel Giralt-Miracle, membro responsável pelo o ADI/FAD, propõem a ilha de Ibiza como sede do congresso bienal do ICSID em 1971. Assim começa a história. A essa altura, o chamado “Urquinaona Design Open Group” já existia em Barcelona. O grupo, com Carlos Ferrater à frente, ofereceu ajuda à organização do congresso. Eles negaram pois tudo parecia já organizado. Junto com Fernando Bendito, Ferrater pergunta sobre a hospedagem dos alunos. Eles ainda não tinham nada. Surge a oportunidade que estavam esperando. Milhares de convites são enviados para estudantes de todo o mundo. O número de respostas é maior que o número de inscritos.
Pavilhão da Colômbia na Expo Dubai 2020: uma fusão entre geografia, cidade e cultura
O Pavilhão da Colômbia na Expo Dubai 2020 foi concebido como um artefato com a capacidade de relatar histórias passadas, presentes e futuras da cultura do país através de sua música. Contando com o apoio de sua geografia e suas cidades, o pavilhão projetado pelo escritório Pacheco Estudio de Arquitectura intercala uma densa vegetação com água, representando a grande biodiversidade de seu mundo vegetal e animal, e é composto a partir de uma estrutura reticular em três dimensões simbolizando os centros urbanos que estão em constante crescimento.
Ao propor uma percurso pelo solo vegetal e aquático para o céu aberto, o artefato é rapidamente identificável à distância e pretende permanecer na memória de quem o visita como um espaço fresco e aberto que se revela a todos e está em pleno desenvolvimento.
A mobilidade sob a ótica de gênero para a construção de um território mais igualitário
O presente artigo parte da premissa de que cidades não são espaços neutros. Os territórios, assim como a arquitetura, o urbanismo, a literatura, a cultura e a política, são elementos condicionados por valores de uma determinada sociedade em um dado período de tempo. Assim sendo, a configuração desses espaços é concebida a partir de valores de uma sociedade; sociedade esta patriarcal, racista e capitalista. Por conseguinte, a ausência de neutralidade para a produção do espaço urbano implica em diferentes usos por parte dos usuários das cidades. Essas singularidades de vivências permeiam, ao seu turno, questões relacionadas à classe social, raça e gênero.