Cores podem definir atmosferas, orientar a percepção do espaço e traduzir modos de ser, memórias e afetos coletivos. Por isso, compreendê-las tornou-se parte essencial dos processos criativos e construtivos contemporâneos. Por trás de cada tom há um campo de pesquisa que articula sociologia, psicologia, estética e tecnologia, conectando a cor a transformações culturais mais amplas e revelando como ela pode se tornar uma ferramenta de leitura e expressão do tempo presente.
Conhecido internacionalmente como um dos maiores referenciais em cores, o programa Pantone Color of the Year tem previsto e direcionado as tendências de cor nos últimos 25 anos, refletindo o ambiente cultural em diversos setores criativos que utilizam a linguagem da cor e a psicologia das cores, como branding, marketing, moda, além de arquitetura e design.
No entanto, as tendências de cor não se limitam apenas ao que está na moda e ao que não está. A cor desempenha um papel importante em estimular os sentidos, evocando memórias ou sentimentos com base em experiências passadas e influências coletivas ao redor do mundo. Na psicologia das cores nos projetos comerciais, por exemplo, descobriu-se que a presença de tons específicos pode alterar o conforto e os níveis de energia dos consumidores, ditando, em última análise, as preferências e o comportamento dos compradores. Em ambientes médicos, a combinação de uma base neutra com cores de destaque que transmitem calma demonstrou reduzir o estresse e a ansiedade.
A Pantone acaba de anunciar "Peach Fuzz" ou PANTONE 13-1023, como a cor do ano de 2024. Conhecida por seus padrões de cores e soluções digitais no âmbito do design, a Pantone anunciou a cor com o objetivo de avançar em direção à empatia e compreensão. Um tom entre o rosa e o laranja, Peach Fuzz é suave e convidativo e oferece "ternura comunicando uma mensagem de cuidado, comunidade e colaboração".
Para um impacto na atmosfera e visual do seu apartamento, pensar como pintá-lo pode ser tão fundamental quanto a escolha das cores a serem utilizadas. Entre tantas possibilidades é difícil tomar uma decisão e sair do conforto das paredes brancas, mas aqui trazemos algumas dicas para quem busca tornar o cotidiano, e o próprio lar, ainda mais colorido.
O ano de 2024 traz uma intrigante variedade de seleções de Cores do Ano selecionadas por famosas marcas de fabricantes de tintas, cada um oferecendo uma perspectiva única sobre as tonalidades que influenciarão nossos espaços de convivência. Na busca por capturar os humores e aspirações do próximo ano, os especialistas em cores optaram por tons suaves e tranquilizadores, na esperança de trazer uma sensação de serenidade para equilibrar as emoções do ano passado. Em contraste com a ousada escolha da Pantone para 2023, a Benjamin Moore adotou uma tonalidade suavemente saturada e matizada, a AkzoNobel enfatiza a calma e a estabilidade, a Sherwin Williams busca inspirar a atenção plena, a Graham & Brown promove o calor e a tranquilidade, e a C2 Paint foca na renovação e sustentabilidade.
As cores têm desempenhado um papel essencial na história da arquitetura moderna — desde a teoria da policromia de Le Corbusier até as concepções estéticas da Bauhaus. No entanto, estamos no início de uma era em que a interpretação e implementação das cores na arquitetura estão passando por uma mudança a partir de seu impacto no ambiente construído.
Ao longo do mês de agosto, realizamos uma chamada aberta para ouvir de nossos leitores suas previsões e opiniões sobre o futuro das cores na arquitetura. Depois de revisar uma grande quantidade de comentários, foi uma surpresa encontrar reincidências em relação à importância de considerar a eficiência energética na escolha. Confira a seguir os principais pontos de vista.
As culturas das sociedades africanas estão intrinsecamente ligadas à cor. Em tecidos, roupas, produtos, esculturas e na arquitetura, diversas sociedades exploram cores ricas e vibrantes, expressivas e alegres. Com diferentes tons, matizes, contrastes, motivos e ornamentos, as cores são abraçadas como uma linguagem não falada, uma paleta para contar histórias e um senso de identidade cultural. Embora o uso da cor nas sociedades africanas possa parecer decorativo ao olhar ocidental, ele é extremamente simbólico, e traz profundo sentido de história. Comunidades usam as cores por meio de ornamentos e motivos, expressando-se com padrões religiosos e culturais nas fachadas para contar histórias familiares e coletivas.
Nosso dia a dia envolve comunicação constante com a cidade. À medida que percorremos diferentes espaços, fazemos perguntas como “Onde estou agora?”, “Para onde vou?”, “O que procuro?”, “Para que serve este edifício?”. Embora os encontros nestes espaços possam parecer intuitivos, o design gráfico ambiental (EGD) fornece as respostas para estas perguntas, servindo como uma interface importante entre nós e o ambiente construído. Envolve o design de elementos gráficos que se fundem com projetos arquitetônicos, paisagísticos, urbanos e de interiores para tornar os espaços mais informativos, fáceis de navegar e memoráveis. O EDG consiste em três elementos principais: texto, forma e cor. Texto e formas normalmente transmitem as informações gráficas, mas as cores as projetam, amplificam e ajudam a comunicá-las na cidade. Nas experiências espaciais, percebemos primeiro as cores, uma vez que nossos sentidos registram principalmente sensações visuais. Portanto, o uso estratégico da cor é fundamental para que os gráficos ambientais proporcionem uma experiência completa de imagens de identidade, senso de lugar e conexão emocional.
Arquitetos e designers muitas vezes procuram maneiras de fazer com que as fachadas e superfícies internas dos edifícios se destaquem em meio a outros edifícios. Mas, às vezes, uma singela mudança pode ter um grande impacto quando você dá um passo para trás e compreende o todo. Ao empregar um padrão ilusório, como pixels pontilhados, pontos de meio-tom ou alterações sutis, mas intencionais, na posição ou orientação dos materiais, as superfícies planas podem ser transformadas em formas curvas e mutáveis.
Os padrões de meio-tom, por exemplo, funcionam reduzindo uma superfície sólida colorida em pontos de tamanho decrescente. Esses pontos são diminuídos até desaparecerem e o resultado é uma superfície plana com um gradiente que imita as sombras ou realces de uma curva tridimensional. Enquanto isso, o pontilhado é o processo de suavizar vários tons da mesma cor misturando-os. O efeito permite que os arquitetos, em uma escala grande o suficiente, criem imagens curvas e com profundidade, usando apenas uma única cor ou ainda possibilita a criação de uma cor intermediária ilusória.
Da teoria das cores de Le Corbusier às propostas estéticas da Bauhaus, as cores desempenharam um papel essencial ao longo da história arquitetônica. No entanto, estamos no limiar de uma nova era de inovação, na qual o significado, a aplicação e o impacto das cores na arquitetura também estão em transformação. Com isso, novas questões surgem: novos materiais e acabamentos poderiam revolucionar a paleta de cores? Quais as possibilidades de coloração em espaços virtuais? Quais serão as próximas tendências de cor no mundo do design de interiores?
Ainda que os experimentos e observações de Isaac Newton tenham levado ao desenvolvimento da roda de cores durante o século 17, sua revolução na compreensão e aplicação das cores continua a influenciar a criação de projetos de arquitetura e design até hoje. Arranjando-as em um formato circular, Newton mapeou o espectro de cores, que é uma representação visual de como cada uma se relaciona com as outras. A roda de cores tornou-se uma ferramenta fundamental para artistas, arquitetos e designers entenderem as relações e, portanto, criarem paletas atraentes para os projetos. Além de apenas "observar" as combinações de cores, aplicar a teoria da cor com base nas relações geométricas na roda de cores ajuda os designers a determinar quais cores são adequadas juntas. Cores têm a capacidade de brincar com a percepção espacial, criar um senso de atmosfera e evocar respostas emocionais, tornando-se essencial para o design.
Ao explorar as múltiplas possibilidades da roda de cores, criamos um guia para melhorar o design arquitetônico por meio de três combinações de cores: monocromáticos, análogos e complementares.
Com uma alta proporção de branco misturado a uma pequena quantidade de pigmentos coloridos, as cores pastéis fornecem uma variedade de tons pálidos e moderados. Relacionados a ambientes suaves e calmantes, essas cores têm uma qualidade atemporal e podem ser vistas em diferentes estilos arquitetônicos, como o Rococó, o Art Déco ou mid-century. Aplicado em exteriores, interiores ou ambos, os tons pastel fazem com que os cômodos pareçam mais leves, arejados e espaçosos.
Desde detalhes sutis até se destacar na estratégia geral de um projeto, tons pastéis são alternativas versáteis que podem ser usadas de várias maneiras. Seguindo as propostas de cores de Ricardo Bofill, interiores de Paulo Mendes da Rocha e os edifícios de Michael Graves, a arquitetura contemporânea brinca com cores suaves para fins estéticos e funcionais, além de proporcionar uma experiência sensorial. Analisando diferentes exemplos de sua aplicação em arquitetura e design, mostramos como quatro cores predominantes - verde-menta, rosa claro, amarelo limão e azul bebê - estão atualmente ganhando protagonismo.
Além de alterar a percepção que temos dos espaços interiores, as cores configuram um importante artifício na mão dos arquitetos. Com elas é possível destacar alguns elementos ou espaços, criar ritmo no ambiente e dar possíveis dicas de como o olhar pode percorrê-lo. Uma das alternativas para alcançar esses objetivos está em pintar as estruturas, que podem trazer uma forte identidade ao projeto, uma vez que seus componentes se destacam e tornam a noção espacial ainda mais lúdica.
A Pantone revelou sua Cor do Ano para 2023, 18-1750 Viva Magenta, uma cor "corajosa e destemida, cuja exuberância promove uma celebração alegre e otimista". A tonalidade se enquadra na família dos vermelhos e é inspirada no tom do extrato de cochonilha, um dos corantes mais preciosos usados historicamente para colorir tecidos, cosméticos e alimentos.
Celebrando seus 35 anos, esta edição da CasaCor reúne projetos de 68 renomados profissionais distribuídos em mais de 10mil m² dentro do ícone do modernismo paulistano, o Conjunto Nacional. Sob o tema “Infinito Particular”, a mostra desse ano se concentra no acúmulo temporal, na história contada e que contamos sobre nós mesmos. Nesse universo de formas de habitar o mundo, e dos rastros que deixamos ao nosso redor, desde a gordura dos dedos nas paredes até a poeira que trazemos na sola de nossos sapatos, estamos sempre buscando algo que é só nosso, inesgotavelmente próprio.
Las Palmas, Ilhas Canárias. Drone photo by @sebastien.nagy
Fascinantes e fotogênicas, cidades coloridas costumam não apenas atrair os olhares dos milhares de turistas que as visitam anualmente, mas também de muitas arquitetas e arquitetos em todo o mundo. Sob o ponto de vista aéreo — que aliás, é o mesmo através do qual muitos visitantes têm o primeiro contato com essas cidades, a partir das janelas dos aviões —, são sobretudo as diferentes tonalidades dos telhados e das coberturas as responsáveis pelo visual multicolorido.
Os motivos por trás da multiplicidade das cores observadas do alto podem ser bastante variados. Enquanto a arquitetura de algumas cidades faz uso das cores nas coberturas como estratégia climática, outras seguem a colorir as casas com base em uma tradição da qual muitas vezes não se sabe ao certo a origem. De toda maneira, a presença da variedade de cores em uma cidade sem dúvidas chama a atenção pelo seu apelo visual.