Mais simples de construir, porém menos comuns que os tradicionais telhados de duas águas, as coberturas de apenas uma água - ou meia água, como são conhecidas em alguns lugares no Brasil - são conformadas por um único plano inclinado, responsável pelo escoamento das águas pluviais.
"Estou interessado em criar formas que surpreendam as pessoas, que sejam ousadas", costumava dizer Ruy Ohtake. Com uma carreira de mais de seis décadas e cerca de 420 obras construídas – quase trezentas apenas em São Paulo –, Ohtake deixa um legado prolífico e inspirador à arquitetura brasileira.
Além de São Paulo, seus projetos estão espalhados por locais tão distantes como Brasília, Mato Grosso do Sul e Rio de Janeiro, estados por onde projetou e construiu residências, equipamentos de transporte, sedes de instituições culturais, hotéis, bancos, arenas esportivas e torres corporativas. Em muitos destes é possível reconhecer uma resistência do arquiteto a se inclinar diante da linha reta, aquela que não oferece surpresas, e o desejo de emocionar com suas formas e cores.
Extremamente versáteis, não só por sua variedade de cores e padrões, mas também por suas possibilidades de aplicação, os ladrilhos hidráulicos podem ser encontrados, nos projetos residenciais, em ambientes que vão desde áreas molhadas a salas e quartos. A orientação das peças e a área em que são aplicadas também são fatores que contribuem para a diversidade de conformações possíveis no uso do ladrilho hidráulico: quando são restritos a determinada área de um ambiente, por exemplo, podem funcionar como “tapetes” fixos.
Nos últimos anos, as telhas metálicas têm ganhado cada vez mais espaço em projetos arquitetônicos, da escala industrial à residencial, sobretudo quando existe a necessidade de aliviar as cargas sobre a estrutura ou a presença de grandes vãos. Na arquitetura residencial, a solução pode ser uma alternativa às tradicionais telhas cerâmicas por apresentar baixo custo, rápida instalação e uma considerável variedade de tipos e modelos disponíveis no mercado.
As portas, janelas e painéis móveis operam por meio de diferentes mecanismos, os quais são responsáveis não apenas pelos movimentos de abertura e fechamento, mas também por sua denominação e classificação. Entre uma série de sistemas utilizados nos elementos móveis da arquitetura, que vão desde os mais simples aos mais engenhosos, aquele presente nas janelas e portas “articuladas” ou “camarão” é usualmente adotado com o intuito de unir estética e funcionalidade.
Países com clima predominantemente tropical ou equatorial, como o Brasil, permitem que as casas possuam uma relação mais fluida entre interior e exterior, não havendo necessidade, em grande parte do território nacional, de soluções arquitetônicas que limitem a conexão entre estes espaços para manter o ambiente aquecido. Em locais marcados por temperaturas mais quentes, soluções que buscam a integração entre espaços internos e externos podem ser bem-vindas, pois promovem maior ventilação e iluminação naturais para o ambiente residencial, além do seu característico apelo estético.
Pavilhão de Bruxelas 1958 / Sérgio Bernardes. Imagem via Bernardes Arquitetura
A arquitetura é uma disciplina que articula diferentes campos e práticas e se manifesta na conceituação física e teórica de estratégias de ação sobre o ambiente humano. Essa ação sobre o território envolve a aplicação de conhecimentos artísticos, sociais e tecnológicos que, quando conjugados, são sempre reflexos de uma determinada cultura ou de uma ideologia dominante. Neste sentido, arquitetura é, também, uma imagem que transmite significado.
A relação entre arquitetura e estrutura já foi amplamente discutida e é repetidamente revisitada por arquitetos a cada novo projeto iniciado. Assim como os sistemas hidráulico e elétrico, o sistema estrutural é uma das disciplinas que compõem uma construção. É ele, porém, um dos mais impactantes no resultado arquitetônico, pois tem relação direta com os espaços criados e a materialidade escolhida. Ter o domínio do projeto de estruturas e entender como melhor incorporá-lo ao projeto de arquitetura traz mais autonomia ao arquiteto e maiores possibilidades de soluções de projeto.
A escolha do sistema estrutural, e de que forma ele irá ser incorporado ao projeto de arquitetura é um dos fatores mais impactantes nos projetos. Por um lado, pode-se optar por absorver os elementos estruturais, deixando-os camuflados na arquitetura e tornando-os imperceptíveis no projeto. Por outro, é possível que o sistema estrutural seja posto em evidência, tornando-se um elemento de destaque no projeto, seja por sua lógica estrutural, seja por sua materialidade, ou ainda sendo elevado a um elemento quase que escultórico.
Este artigo tem como objetivo explorar um termo que é amplamente utilizado para descrever a prática de trabalho coletivo auto organizada, mas que, ao mesmo tempo, carrega um significado de luta anti-hegemônica ao ser empregado como sinônimo de projetos autogestionários. Os mutirões remetem à uma reflexão da importância do trabalho coletivo, e da luta popular, e de como a prática arquitetônica, e a construção civil se relaciona com esses temas.
Com o objetivo de manter a passagem de luz nos ambientes, mas na busca por garantir uma maior privacidade aos seus usuários, o uso do vidro canelado permite uma extensão das possibilidades de aplicação do vidro em projetos arquitetônicos.
As ondulações que caracterizam o vidro canelado são obtidas a partir do processo de estiragem do vidro liso, o que permite uma fragmentação da imagem que atravessa a superfície em faixas verticais ou horizontais, a depender da sua orientação.
Arquitetas, arquitetos, urbanistas e estudantes da área têm muito a aprender com os modelos construtivos dos primeiros ocupantes do território brasileiro, que há muito tempo produzem abrigos adaptados ao contexto local. Estabelecer um conjunto de características comuns às soluções arquitetônicas indígenas se mostra uma abordagem muito superficial, já que as conformações e dimensões das ocas ou malocas indígenas variam a depender da tribo e quantidade de pessoas que habitam ali. Porém, ao estudar os diferentes exemplares da arquitetura indígena, é possível rever a noção de “tecnologia avançada” e assimilar soluções sustentáveis e adaptadas às condições ambientais.
O arquiteto italiano Vittorio Gregotti, autor de Território da arquitetura (1966), acreditava que a arquitetura tem origem no gesto de fincar a primeira pedra no chão. O reconhecimento do lugar é, voluntariamente ou não, o primeiro passo em um projeto arquitetônico. A compreensão do contexto em que a obra será inserida é responsável pela fundamentação de uma série de decisões de desenho, configurando-se assim como uma atividade substancial no ofício dos arquitetos e arquitetas.
Como já explicamos em um artigo publicado anteriormente, o conceito da modulação na arquitetura se traduz na adaptação de um projeto a um módulo definido, seja a partir de uma medida específica utilizada como base ou das dimensões de determinado material construtivo.
Atrelada à esse conceito, mas fundamentada ainda em outras definições, as construções modulares partem do estudo prévio e da previsão de módulos pré-fabricados transportáveis para montagem no local da construção, motivo pelo qual costumam ser concluídas de forma mais ágil e eficiente quando comparadas àquelas tradicionais.
O tramado ortogonal é a manifestação de um princípio de ordem, condição reforçada pela repetição de elementos que expressam a racionalidade construtiva incorporada a um sistema estético. Há também a liberdade enaltecida pela desvinculação entre estrutura e paredes que, aliada à eficiência pragmática, faz com que as grelhas estruturais se mantenham presentes nas construções de diferentes escalas no Brasil e no mundo.
Em uma linguagem técnica, as grelhas são compostas por estruturas lineares, no caso vigas, situadas em um mesmo plano por meio do qual formam uma malha capaz de resistir a cargas estruturais. Geralmente, são vistas com espaçamentos regulares cruzados em ângulos retos que variam em dimensões conforme o material utilizado.
Projetar uma casa é um dos exercícios que certamente todos os arquitetos já experienciaram ao longo de sua carreira (ou pelo menos, na jornada acadêmica). No entanto, seja pelo orçamento reduzido ou limitações físicas do terreno, desenvolver um projeto residencial com metros qudrados escassos pode ser um interessante desafio na busca por soluções que maximizem o espaço, cumpra o programa de necessidades requerido e ainda ofereça o máximo conforto aos futuros moradores. Com isso em mente, reunimos de nossa biblioteca de projetos, 21 residências brasileiras com menos de 100 metros quadrados construídos acompanhados de suas plantas. Veja a seguir:
Em projetos de arquitetura, a divisão dos ambientes com funções diferentes pode ser feita de inúmeras formas e ir além do uso das tradicionais barreiras verticais, como as paredes, divisórias, painéis e cobogós. A diferenciação dos espaços por meio da disposição dos pisos em múltiplos níveis, seguindo uma lógica de divisão a partir de planos horizontais elevados ou rebaixados, possui a vantagem de permitir uma maior permeabilidade entre os ambientes.
Museu de Arte Moderna. Projeto do arquiteto carioca Affonso Eduardo Reidy. Imagem cortesia de CAU/BR
O período entre as décadas de 50 e 70 no Brasil se caracterizou, sobretudo, pela produção e difusão da arquitetura brutalista. Apesar da falta de uma definição unânime que caracterize o que pode ser entendido como um desdobramento da arquitetura moderna, o termo “brutalismo” é utilizado de forma geral para denotar edifícios da época que têm um denominador comum: o uso aparente dos materiais construtivos, em especial o concreto.
As escadas de madeira podem apresentar um aspecto próprio em cada projeto, graças não apenas às diferentes disposições que podem ocupar no ambiente, mas também à variação de cores e texturas proporcionadas pelas diferentes espécies e cortes das peças e às diferentes maneiras de arranjo de degraus.