Reflexões sobre a Bienal de Veneza 2014

Fundamentals, o título da Bienal de Veneza de 2014, fechou suas portas há algumas semanas. A partir do momento em que Rem Koolhaas revelou o título da Bienal deste ano, em janeiro de 2013, convidando os curadores nacionais a responder diretamente ao tema "Absorbing Modernity 1914-2014", houve um pressentimento de que esta bienal seria, de algum modo, especial. Tendo rejeitado convites para dirigir a Bienal no passado, o fato de Koolhaas ter agido não como curador, mas também como coordenador temático do esforço internacional, foi significativo. Esse comunicado levou Peter Eisenman (um dos primeiros tutores e defensores de Koolhaas) a dizer em uma entrevista que "[Rem está] declarando seu fim: o fim de sua carreira, o fim de sua hegemonia, o fim de sua mitologia, o fim de tudo, o fim da arquitetura."

Koolhaas preparando as exposições. Cortesia de Biennale di Venezia

Qual era o objetivo de Koolhaas? Além de declarar desde o início que Fundamentals "seria uma Bienal sobre arquitetura, não arquitetos", a essência do conceito era destrinchar e revelar elementos individuais da arquitetura vernacular na era da globalização. Em março deste ano, OMA*AMO revelou mais informações e imagens. Foi comunicado que a Bienal seria dividida em três exposições distintas, mas relacionadas: Monditalia no Arsenale,Elements of Architecture no Pavilhão Central do Giardini, e uma rede de pavilhões nacionais e eventos paralelos conectados tematicamente. Uma imagem em particular ilustrou o tema: doze fotografias de tipologias nacionais tiradas em 1914 quando, segundo Koolhaas, "arquiteturas nacionais ainda era reconhecíveis."

Cortesia de Biennale di Venezia. Imagem © Rem Koolhaas
Cortesia de Biennale di Venezia. Imagem © Rem Koolhaas

As críticas começaram assim que a Bienal abriu suas portas. Rowan Moore, por exemplo, detectou um "pessimismo subjacente" na criação de Koolhaas: "As coisas não são o que costumavam ser é uma mensagem, ou Estamos todos condenados." Todavia, as atenções logo mudaram para os pavilhões e exposições que venceram algumas das maiores honrarias do mundo da arquitetura. A exposição coreana, intitulada Crow’s Eye View: The Korean Peninsula, capturou a imaginação do júri. Vencendo o Leão de Ouro pela "extraordinária realização de apresentar um novo e rico panorama da arquitetura e urbanismo em uma situação politicamente muito carregada", a exposição ofereceu uma perspectiva da arquitetura na península coreana.

Crow's Eye View: The Korean Peninsula. Imagem © Nico Saieh

A exposição chilena Monolith Controversies, que venceu o Leão de Prata, focou no elemento essencial da arquitetura moderna - a parede pré-fabricada de concreto. O júri, que sentiu que a exposição "destacava criticamente o papel dos elementos da arquitetura em diferentes contextos ideológicos e políticos", ficou fascinado. Os pavilhões do Canadá, França e Rússia também foram premiados com Menções Especiais e Phyllis Lambert recebeu o Leão de Ouro pelo Conjunto da Obra. Em Monditalia, o Leão de Prata pela melhor pesquisa foi concedido a Andrés Jaque / Office for Political Innovation. Radical Pedagogies: ACTION-REACTION-INTERACTION, Intermundia, e Italian Lines foram todas premiadas com Menções.

A exposição Elements of Architecture foi concebida e teve curadoria conjunta com um grupo de estudantes da Harvard GSD, que passaram um verão em Rotterdã transformando portas, janelas, escadas e banheiros em uma narrativa arquitetônica. O ArchDaily conversou com Koolhaas durante os dias que antecederam a Bienal, e discutiu a importância dos arquivos. Para ele, uma exposição como Fundamentals "depende de arquivos, e percebemos que o mundo como um todo, e particularmente a Europa, está repleto dos mais impressionantes arquivos, as mais impressionantes coleções, e muitas dessas coleções são extremamente aprofundadas porém extremamente focadas. Penso que era exatamente isso que procurávamos: focar em um único elemento mas com uma tremenda profundidade."

Pavilhão Central, Giardini. Imagem © Krystyna / Le De Sociale

Monditalia, a tão aguardada exposição que compilava quarenta e um projetos foi notavelmente bem recebida. Ela mobilizou os outros campos da Bienal (cinema, dança e música) "para capturar um retrato 'polifônico' de um país europeu."

Moditalia. Imagem © Social Skills Archive

Para uma Bienal com tantas muitas "inovações" - do modo como o curador se envolveu à participação da Antártida e a duração das exposições deste ano - Koolhaas alcançou algo extraordinário. Isso marca o fim de sua carreira como sugeriu Eisenman? Embora esteja claro que Koolhaas nunca dará uma resposta direta a isso, é difícil imaginar a influência que ele exerce no mundo da arquitetura diminuindo com o fim dessa Bienal revolucionária.

O arquivo completo do ArchDaily Brasil sobre a Bienal de Veneza de 2014 pode ser visto aqui.

Veja outras opiniões interessantes sobre a Bienal, a seguir:

Rem Koolhaas' "Elements": Uncovering Architecture's Origins, Assuring Its Future

34 Football Fields of Museums: Rem Koolhaas Talks at the Galeries Lafayette

Mies. TV: Alternative Coverage of the 2014 Venice Biennale

100 Architects From 6 Continents Discuss "Time Space Existence" at the 2014 Venice Biennale

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Sobre este autor
Cita: Taylor-Foster, James. "Reflexões sobre a Bienal de Veneza 2014" [Reflections on the 2014 Venice Biennale] 09 Dez 2014. ArchDaily Brasil. (Trad. Baratto, Romullo) Acessado . <https://www.archdaily.com.br/br/758749/reflexoes-sobre-a-bienal-de-veneza-2014> ISSN 0719-8906

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