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Venice Biennale 2014: O mais recente de arquitetura e notícia

Informal – além do hype / ateliermob

Numa das entrevistas que fomos fazendo ao longo dos últimos meses, a primeira pergunta de um jornalista, habituado a entrevistar e escrever sobre o que se entendeu chamar “arquitectura portuguesa”, imediatamente após visitar connosco o Monte Xisto, foi: “o que fazem aqui?”

O direito a ter uma casa - As políticas de habitação em Portugal durante o século XX e o sonho do 25 de Abril / ateliermob

Derrubada a monarquia, uma das primeiras medidas de fundo de reorganização da sociedade, tomada pelo governo republicano, foi dirigida às questões da habitação. Até 1910, as classes trabalhadoras viviam em habitações arrendadas com contratos precários. Os despejos eram fáceis e recorrentes. A Lei do Inquilinato, publicada cinco semanas após a implantação da República, tornou os despejos mais difíceis e regulou o aumento das rendas – até aí um mercado totalmente liberal. Os primeiros governos republicanos – houve 45 governos em 16 anos –, sobretudo os liderados por Sidónio Pais, foram muito activos a planificar uma intervenção no plano da habitação a custos controlados. Mas em 1922, o governo empossado quis romper com as políticas dos seus antecessores e propôs um programa de austeridade em que abdicava do plano de construção de novos bairros operários. Quatro anos depois, dar-se-ia o golpe militar que abriria caminho à ditadura de Salazar.

Publicação: Homeland, News From Portugal, Arquivo 2014

Publicação: Homeland, News From Portugal, Arquivo 2014 - Imagem de Destaque
Cortesia de NOTE

Compilação de todos os textos entrevistas, artigos e estudos que integraram os três números do jornal “Homeland News From Portugal” – participação portuguesa na Bienal de Veneza deste ano – o livro “Homeland, News From Portugal, Arquivo 2014”, publicado pela NOTE, já está disponível na livraria A+A, na Garagem Sul do Centro Cultural de Belém ou pela página da NOTE.

Homeland, News from Portugal tinha com objetivo abordar as questões levantadas pelo arquiteto Rem Koolhaas para a Bienal através de uma reflexão crítica e propositiva sobre habitação - um campo de excelência para experimentações modernas - sempre um elemento essencial dos ambientes urbanos e rurais e uma reflexão social e cultural de seus habitantes.

TCA Think Tank cria um "pavilhão parasita" durante um workshop em Veneza

TCA Think Tank cria um "pavilhão parasita" durante um workshop em Veneza - Imagem de Destaque
© Marco Cappelletti

Projetando sombras complexas e envolvendo os visitantes em espaços que se parecem com labirintos, o Parasite Pavilion foi construído como parte do evento Synergy & Symbiosis que aconteceu na Bienal de Veneza 2014 e reunia o melhor da UABB Shenzhen e da Bienal de Hong Kong de 2005 a 2014. Baseado no pavilhão Bug Dome - um experimento similar realizado em 2009 em Hong Kong, construído por Weak! Architects como um ícone da "arquitetura ilegal" - esse novo pavilhão é o produto de um intenso workshop de cinco dias que contou com a colaboração de arquitetos da Europa, Austrália e China. Saiba mais sobre o pavilhão e o workshop, a seguir.

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Reflexões sobre a Bienal de Veneza 2014

Fundamentals, o título da Bienal de Veneza de 2014, fechou suas portas há algumas semanas. A partir do momento em que Rem Koolhaas revelou o título da Bienal deste ano, em janeiro de 2013, convidando os curadores nacionais a responder diretamente ao tema "Absorbing Modernity 1914-2014", houve um pressentimento de que esta bienal seria, de algum modo, especial. Tendo rejeitado convites para dirigir a Bienal no passado, o fato de Koolhaas ter agido não como curador, mas também como coordenador temático do esforço internacional, foi significativo. Esse comunicado levou Peter Eisenman (um dos primeiros tutores e defensores de Koolhaas) a dizer em uma entrevista que "[Rem está] declarando seu fim: o fim de sua carreira, o fim de sua hegemonia, o fim de sua mitologia, o fim de tudo, o fim da arquitetura."

Exposição “Homeland | News From Portugal” retorna ao país de origem

A Bienal de Veneza terminou em novembro, mas a representação portuguesa não se deteve a isso. No dia 09 de dezembro, Homeland retorna a Portugal com uma exposição no Centro Cultural de Belém - CCB que resume o exercício de reflexão e trabalho prático desenvolvidos ao longo dos seis meses da Bienal. “HOMELAND | News from Portugal” é uma exposição que se encaixa no processo delineado para o jornal: criar algo de concreto, construtivo e crítico em Portugal.

Trazendo a Modernidade Arquitetónica até Casa / Pedro Gadanho

O texto a seguir faz parte do jornal Homeland: News from Portugal, publicação que representa Portugal na 14ª Bienal de Veneza de 2014.

Ninguém duvida que, em grande medida, a modernidade do século XX foi trazida para a sala de estar através dos media. Claro, torradeiras e tapetes produzidos em massa proporcionaram um sentido de modernidade doméstica promovida por tecnologias cada vez mais acessíveis. Mas os jornais, o rádio e os televisores geraram a sensação de estar imerso na grande revolução que acontecia lá fora. Inspirando-se nos media populares, a série de Martha Rosler, "House Beautiful: Bringing the War Home" (1967-1972), deu a esta ideia uma pungente expressão visual. Se os jornais traziam para o lar os muitos e diversos conflitos e tensões da modernidade, as revistas de estilo de vida completavam o quadro com visões sedutoras de como se tornar, a si mesmo, e ao seu ambiente, "moderno.”

Projetar para Crises: Uma tática arquitetônica para a ampliação das possibilidades arquitetônicas / ADOC

O texto a seguir faz parte do jornal Homeland: News from Portugal, publicação que representa Portugal na 14ª Bienal de Veneza de 2014.

O colapso de 2007 do sistema financeiro ocidental, desencadeada pelo colapso das hipotecas subprime nos Estados Unidos e o resultante estouro da bolha imobiliária teve uma profunda influência na paisagem urbana portuguesa. A crise atual, inextricavelmente alimentada pelo aumento especulativo no valor da propriedade, leis brandas de planejamento e o fácil acesso ao crédito de empréstimo para habitação prepara o palco para uma reflexão propositiva em relação ao conceito do Coletivo. A dimensão visível da ruptura financeira, demonstrada pelas inúmeras construções inacabadas e desenvolvimentos imobiliários que simbolizam as feridas abertas na urbanidade, será objeto sob escrutínio. Eles são uma parte de um problema maior e mais invisível, a enorme quantidade de edifícios vagos e propriedades não utilizadas de propriedade de bancos e fundos imobiliários.

Projeto Monte Xisto: Requalificação de um bairro informal em Matosinhos / Paulo Moreira

O texto a seguir faz parte da terceira edição do jornal Homeland: News from Portugal, publicação que representa Portugal na 14ª Bienal de Veneza de 2014.

Este projeto tem como objetivo consolidar a encosta do Monte Xisto. Uma novo muro de gabião é proposto para regenerar a área que foi afetada por deslizamentos de terra em 2005. A proposta decorre do local, por meio de uma intervenção no espaço público para criar novos acessos entre a parte superior e inferior do morro. Propõe-se que algumas casas sejam demolidas, aquelas cuja estrutura não é adequada para a conversão, e as novas casas serão criadas próximas de seu local original para realojar as famílias afetadas. Os escombros das casas demolidas serão utilizados para criar novas estruturas públicas, tanto as funcionais quanto simbólicas.

All quiet on the western front / José António Bandeirinha

O texto é parte da segunda edição do jornal Homeland: News from Portugal, publicação que representa a participação portuguesa na 14a. Bienal de Veneza de 2014.

Um grupo de jovens arquitectos com afinidades ideológicas reuniu-se em Veneza, Colin Ward, com 28 anos, John F Charlewood Turner e Pat Crooke, ambos com 25. Giancarlo De Carlo, com 33 anos, recebeu-os. Estávamos em 1952.

O rural era verde; veio uma cabra e o comeu

O texto a seguir faz parte da segunda edição do jornal Homeland: News from Portugal, publicação que representa Portugal na 14ª Bienal de Veneza de 2014.

Queremos o mesmo tipo de liberdade que tem o homem da cidade; salva-nos da fuligem da velha lareira, sinal da nossa condição primitiva: as nossas faces grelhadas pelo fogo, as costas geladas pela humidade da casa; queremos radiadores e mataremos quem nos vier com aquela conversa do amor ao campo pitoresco e com tagarelices poéticas acerca “das nossas vetustas lareiras e tardes pacatas em frente ao fogo”, sem saber nada sobre isso! Queremos casas sobre pilotis. Sim! Porque já estivemos demasiado tempo com os pés metidos em esterco e lama, demasiado tempo em chão de terra batida que nos aleijou com reumático. Dá-nos janelas, janelas largas, para termos sol na nossa casa. Leva o esterco da frente da nossa mesa. Dá-nos os meios para sermos limpos e saudáveis como as pessoas da cidade…”

Reabilitar a reabilitação e continuar inovando / José Aguiar, Vitor Ribeiro, Miguel Reimão Costa

Reabilitar a reabilitação e continuar inovando

Lições dos anos sessenta: Cabeça Padrão, José-Augusto França e Fernando Távora                                                                                                                        

O texto é parte da segunda edição do jornal Homeland: News from Portugal, publicação que representa a participação portuguesa na 14a. Bienal de Veneza de 2014.

Tanto a Arquitectura como a Reabilitação, enquanto novo paradigma de projecto, defrontam hoje fenómenos de mundialização, de normalização, de amnésia forçada, que se traduz (na opinião de Francoaise Choay) numa perda da nossa competência no edificar (e de reutilizar). Um predomínio do consumismo cultural (arquitectónico e da arquitectura icónica de archistars) que promove uma descomplexificação semântica no ordenamento espacial, a descontextualização e a atomização da produção arquitectónica, ao mesmo tempo que promove a reabilitação do património urbano como parques temáticos de um consumo turístico massificado: o património tornou-se uma apressada alternativa ao cinzentismo de um mundo cada vez mais monossómico (Choay, 2005).

Hackeando a Bienal: "Project Source Code" usa realidade aumentada para criar uma exposição invisível

Este ano na Bienal de Veneza, nem todas as exposições são visíveis. O escritório Ozel Office, de Los Angeles, "hackeou" a Bienal com a ajuda de outros grandes escritórios: Asymptote Architecture, Greg Lynn Form, Neil M. Denari Architects, Murmur, e Oosterhuis Lenard. Juntas, essas firmas criaram um subversivo anexo digital à Bienal, acessível apenas através de um portal virtual que revela um mundo de modelos flutuantes e objetos em movimento ativados por elementos físicos do pavilhão central, que tem curadoria do próprio Koolhaas.

Saiba mais sobre esse exposição, a seguir.

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Segunda edição de “Homeland, News from Portugal” disponível em .pdf

A segunda edição de “Homeland, News from Portugal” já está disponível, tanto na Bienal de Veneza, como também em .pdf na página oficial do jornal português. A publicação, que representa Portugal na exposição “Absorbing Modernity”, foi o meio escolhido pela curadoria – liderada por Pedro Campos Costa – para substituir os tradicionais pavilhões nacionais.

O diário está publicando o processo da execução de projetos de 6 grupos de arquitetos, trabalhando em 6 cidades portuguesas, em 6 diferentes tipos de habitação (temporária, informal, coletiva, requalificação, isolada, rural), e está sendo distribuído durante os 6 meses da Bienal.

"Mouthful of Meetings": o choque entre o Norte e o Sul na Bienal de Veneza

"Mouthful of Meetings": o choque entre o Norte e o Sul na Bienal de Veneza - Imagem de Destaque
Cortesia de South of North

Mouthful of meetings” é um debate que acontecerá na Bienal de Veneza 2014 com foco em sustentabilidade socioeconômica e projetos atuais em países em desenvolvimento. O evento é organizado por South of North, uma colaboração entre arquitetos escandinavos que trabalham com projetos sem fins lucrativos em países em desenvolvimento. Entre os participantes do debate estarão escritórios da Escandinávia e da África, que analisarão projetos recentes socialmente comprometidos com essas regiões em desenvolvimento. Saiba mais sobre o evento, a seguir.

OMA cria uma sala de cinema de 360° na Bienal de Veneza

O OMA transformou recentemente o palco F do Corderie, na Bienal de Veneza, em uma sala de cinema de 360° com quatro telas. Complementando as exposições, esse espaço receberá a projeção de filmes aos finais de semana até o final da Bienal, em novembro.

Mais sobre a instalação do OMA, a seguir.

"Places of Power": Pavilhão da Áustria na Bienal de Veneza 2014

O século XX foi um período de significante instabilidade política, com duas Guerras Mundiais e a ascensão e queda de uma enorme super-potência, a União Soviética, além de inúmeros outros conflitos. De algum modo, a "modernidade" pode ser caracterizada pela rápida criação e cristalização de um grande número de nações desde o estopim da Primeira Grande Guerra cem anos atrás. 

Reagindo ao tema "Absorbing Modernity", que norteou as participações nacionais na Bienal de Veneza desse ano, os curadores do pavilhão da Áustria escolheram investigar a área onde essa instabilidade política mais se sobrepôs à arquitetura: nos edifícios de Parlamento das nações ao redor do mundo.

Saiba mais  sobre o pavilhão, a seguir.

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Excavating the Sky: A paisagem síria contemporânea na exposição Monditalia

Dos dias 12 a 15 de agosto, arquitetos, cineastas e ativistas da Síria e do mundo árabe se reuniram no Arsenale, na Bienal de Veneza 2014, para o evento “excavating the sky” que foca na Síria e na produção de sua paisagem contemporânea, de antes da Primeira Guerra Mundial até os dias de hoje. O evento acontece no contexto da exposição Monditalia e um dos seus elementos principais é um "pavilhão deslocado" na Síria - um poço recentemente escavado que proporciona água para uma comunidade de 15 mil pessoas.

"Como vocês sabem, a Síria está atualmente passando por uma profunda, e frequentemente violenta, transformação, muito da qual é difícil compreender completamente. Acredito que a arquitetura desempenha sim um papel nesse conflito, e que arquitetos, com suas ferramentas disciplinares, devem agir de modo mais significativo e criativo nessas lutas no/por espaço", disse Khaled Malas, arquiteto sírio e organizador de "excavating the sky". "O 'pavilhão deslocado', em forma de um poço de água, é uma incorporação ativa dessas lutas e nossa participação responsável enquanto uma disciplina entre aqueles que têm sofrido há anos com a negligência e a guerra."

Para representar o "pavilhão deslocado" na Monditalia, um banner com um desenho do poço foi estendido no Arsenale.

Continue lendo para saber mais sobre os outros elementos do evento e o significado por trás de seu título.