Toda primeira segunda-feira de outubro, celebramos o Dia Mundial da Arquitetura e o Dia Mundial do Habitat, datas que servem como um lembrete para a comunidade global de sua responsabilidade coletiva pelo bem-estar do ambiente construído. Esta edição, assim como nos anos anteriores, lança luz sobre o campo da arquitetura e os desafios enfrentados por nossas cidades, introduzindo novos temas, contemplando o estado de nossas áreas urbanas e propondo estratégias construtivas.
Uma vez que as economias urbanas enfrentaram dificuldades significativas este ano, o Dia Mundial do Habitat promovido pela ONU concentra-se em no tema Economias Urbanas Resilientes: cidades como impulsionadoras do crescimento e da recuperação. Lançando o Outubro Urbano, este evento busca reunir diversos atores para deliberar políticas que ajudem as cidades a se recuperarem após os impactos econômicos duplos causados pela pandemia de Covid-19 e conflitos em todo o mundo. Alinhado a esse conceito, o Dia Mundial da Arquitetura, criado pela UIA em 1985, foca em Arquitetura para Comunidades Resilientes, enfatizando o papel e o dever da arquitetura em promover a existência próspera entre comunidades, ao mesmo tempo em que inicia um diálogo global sobre a interconexão das regiões urbanas e rurais dentro de cada país.
O projeto de um espaço que reivindique a ação humana conjunta, que deixe de lado os interesses individuais para poder tratar das questões de interesse comum, evidencia a necessidade de responder às considerações da ação do encontro.
Contar com lugares compartilhados de diversos tipos é fundamental para o desenvolvimento social das comunidades, no entanto, diversas foram as experimentações ao redor do espaço de reunião e dos espaços de serviço que os alimentam. O desenvolvimento desse tipo de encontro é uma tarefa inerente ao arquiteto em seu papel ativo, social e contemporâneo no melhoramento da qualidade de vida.
A seguir, explore uma série de projetos que exemplificam tipos de organização arquitetônica em projetos comunitários.
O projeto de C-re-a.i.d. para um povoado Maasai, no norte da Tanzânia, é uma resposta morfológica à necessidade imposta de assentar-se, utilizando materiais sustentáveis, locais e acessíveis, para redefinir sua cultura de construção.
O projeto é construído através de uma série de sacos de terra e garrafas de vidro que, além de conformar espaços privados e confortáveis, permitem uma construção rápida e fácil.
Cortesía de Iconoclasistas - Manual de Mapeo Colectivo under CC BY-NC-SA 2.5
Iconoclasistas, formado por Julia Risler e Pablo Ares, elabora projetos que combinam arte gráfica, mapas criativos e pesquisa coletiva a partir do desenho de ferramentas que estimulam a reflexão crítica para impulsionar práticas de resistência e transformação.
Apresentamos a seguir o Manual de mapeamento coletivo. Recursos cartográficos críticos para processos territoriais de criação colaborativa, publicado em 2013, onde a equipe sistematiza e compartilha metodologias, recursos e dinâmicas para a auto-organização de mapeamentos.
MUTUO é uma plataforma online que reúne profissionais em arquitetura e pessoas que necessitam construir uma habitação, garantindo, assim, que esses projeto sejam realizados por pessoas capacitadas.
Boa localização, crescimento harmônico no tempo, preocupação pelo desenho urbano e o fato de entregar uma estrutura que permita "semear o DNA de uma habitação de classe média", são os pontos chave do ABC da habitação incremental, desenvolvido pelos arquitetos chilenos do ELEMENTAL. Em suas palavras, trata-se de "assegurar um equilíbrio entre densidade e baixa altura -sem superlotação- com a possibilidade de expansão (da habitação social à casa de classe média)".
Seguindo essa linha de ação, o escritório liberou os desenhos técnicos de 4 dos projetos realizados sob esses princípios, para que sirvam como bons exemplos de projeto, já implementados e testados na realidade. No entanto, apesar de colocá-los à disposição para sua livre consulta e download, os arquitetos enfatizam que esses desenhos devem ser ajustados para cumprir com as normativas e os códigos de obra de cada realidade local, utilizando materiais construtivos pertinentes.
O escritório colombiano Ruta 4 taller de arquitectura, junto ao Club Activo 20-30, La Morena TV, Scouts, Litro de Luz, compartilharam conosco o projeto Casa Ensamble Chacarrá, localizado em Pereira (Colômbia). Com ênfase na construção de comunidade e no uso de materiais locais, o projeto busca ser "um lugar para a cultura e a diversidade" em um bairro em que chegaram centenas de famílias desabrigadas pelo conflito armado interno no país.
Chacarrá é um gesto de reparação, ou melhor, de reivindicação a um território que alguns senhores de escravos modernos esconderam debaixo do tapete", explica-se n o seguinte texto.
Escrito em três tempos, Ruta 4 convida-nos a conhecer as origens deste projeto e seus habitantes, que escaparam dos confrontos para chegar a Pereira. Nestas palavras cruzam-se as ideias, as raízes, a obra e a esperança em uma arquitetura que pode fazer um real aporte onde outros não chegaram.
O Hospital Colônia Adauto Botelho é um hospital da rede pública de saúde cuja missão é prestar assistência de qualidade ao cidadão paranaense com sofrimento ou transtorno mental e/ou outras necessidades decorrentes do uso de álcool ou outras drogas, que se encontra em situação de crise, buscando restabelecer a saúde mental e a reinserção social, utilizando os conhecimentos científicos multidisciplinares para alcançar excelência nos resultados, seguindo os princípios do Sistema Único de Saúde.
O Hospital Colônia Adauto Botelho é um hospital da rede pública de saúde cuja missão é prestar assistência de qualidade ao cidadão paranaense com sofrimento ou transtorno mental e/ou outras necessidades decorrentes do uso de álcool ou outras drogas, que se encontra em situação de crise, buscando restabelecer a saúde mental e a reinserção social, utilizando os conhecimentos científicos multidisciplinares para alcançar excelência nos resultados, seguindo os princípios do Sistema Único de Saúde (PARANÁ; SESA; HCAB; 2014).
Os arquitetos equatorianos José Fernando Gómez e Fausto Quiroz, do escritório Natura Futura Arquitectura, foram convidados a ir a Lima para intervir em um espaço na região de Lomas de Collique, por ocasião do Encuentro Nacional de Estudiantes de Arquitectura del Perú CNEA, realizado entre os dias 15 e 23 de janeiro deste ano.
O exercício foi realizado junto ao professor Lucio Torres e uma equipe de 35 estudantes de arquitetura, e resultou em um módulo mínimo habitável construído a partir de materiais básicos disponíveis na região.
A Casa Coberta é a segunda habitação social desenvolvida com a metodologia do projeto de Arquitetura Social da equipe do Comunidad Vivex, cujo principal objetivo é trazer a arquitetura e processos de planejamento, concepção, desenvolvimento e execução às famílias mexicanas com poucos recursos e de comunidades marginalizadas, além de fornecer infraestruturas básicas para as instituições de apoio.
Saiba mais sobre a metodologia comunitária e participativa a Comunidade Vivex desenvolveu no México, abaixo.
"Dentro de programas humanitários as crianças muitas vezes se tornam invisíveis." (Marc Sommers)
A guerra civil na Síria obrigou milhares de famílias a deixarem suas casas em busca de lugares seguros para continuar suas vidas. Muitas famílias se mudaram para o Líbano, onde a ONU ergueu uma série de assentamentos informais. Embora eficaz no fornecimento de abrigo, eles não fornecem soluções específicas para crianças, muitas dos quais tiveram seus estudos interrompidos e não têm espaços públicos equipados para praticar esportes e interagir com outras crianças.
Em resposta a esta situação, os arquitetos da CatalyticAction projetaram e construíram um parque infantil em uma das escolas desenvolvidas pela Fundação Kayany e pelo Centro de Engajamento Cívico e Serviços Comunitários da Universidade Americana de Beirute, envolvendo crianças ao longo de todo o processo e permitindo que a estrutura seja facilmente desmontada, transportada e remontada ou reaproveitada.
O escritório Ganti + Asociates (GA) Design venceu um concurso internacional de ideias com um projeto de um arranha-céu de containers que serve de habitação temporária na densa favela de Dharavi, em Mumbai. Levando em consideração o fato de que containers podem ser empilhados até 10 vezes sem acréscimo estrutural, o projeto desenvolvido pelo GA propõe um edifício de 100 metros de altura composto por uma série de conjuntos autoportantes de containers apoiados por vigas metálicas distribuídas a cada 8 pavimentos.
Campo de Refugiados de Za'atari, Jordânia. Cortesia de Pilosio Building Peace
Utilizando o solo "sob seus pés" a organização Pilosio Building Peace, juntamente com os arquitetos Pouya Khazaeli e Cameron Sinclair, desenvolveu o projeto RE:BUILD, um sistema construtivo que permite edificar estruturas seguras e confortáveis em campos de refugiados. O sistema permite a construção de edificações temporárias de alta qualidade através do uso de painéis feitos a partir de andaimes e telas metálicas, que são, então, montados e preenchidos com cascalho, areia ou terra, criando ambientes internos bem isolados e de baixo custo.
A estrutura pode ser usada em hospitais, habitações e outros tipos de edificação, porém, apresentamos a seguir duas escolas construídas a partir desse sistema na Jordânia
A cidade de Lima, Peru, com 9 milhões de habitantes, é composta por 70% de construções informais, erguidas através da autoconstrução das comunidades geridas por seus habitantes. Em uma cidade fragmentada - entre invasões e bairros - se faz urgente estabelecer laços entre o estado, o setor privado e a sociedade civil para reconstruir o escasso espaço público existente e levar a arquitetura àquelas regiões que mais necessitam.
Este é o desafio doPrograma Barrio Mío da prefeitura de Lima, que promove o assessoramento técnico a moradores organizados em áreas de encosta, visando criar projetos de recuperação e melhoria de espaços públicos dentro de um sistema urbano integrado.
"Um terremoto não mata pessoas, o colapso de um edifício mata." Na mais recente entrevista de Arbuckle Industries, lançada na sequência da première mundial de Archiculture, o arquiteto Shigeru Ban define claramente os desastres "naturais" como produtos da humanidade, e não da natureza. Ouça as opiniões do vencedor do Pritzker sobre projetar para as minorias e para situações de desastre no vídeo acima.
Há alguns meses nossa série Cinema e Arquitetura mostrou a história de Michael Reynolds; um arquiteto visionário e rebelde que impulsionou uma série de iniciativas experimentais em todo o mundo, desafiando o que é dado como certo e promovendo um novo tipo de arquitetura baseada na reciclagem e na autossuficiência.
O projeto “Tol-Haru, la Nave Tierra del Fin del Mundo" - localizado em Ushuaia, Argentina (em um terreno doado pelo Município) - está sendo completamente construído com materiais reciclados e poderá gerar energia através dos ventos e do sol para seu próprio aquecimento e resfriamento, além de reutilizar a água da chuva e reciclar seus próprios resíduos.
Mais detalhes do novo projeto de Reynolds a seguir.