Nos últimos dias do ano são recorrentes as famosas retrospectivas do ano que passou, sendo assim, nós do ArchDaily Brasil não podíamos deixar de fazer uma série de reportagens - que publicaremos durante todo o dia de hoje - em que cada editor reunirá os projetos, os artigos e os clássicos da arquitetura mais visitados de nossa página em 2013.
Demolição de Pruit-Igoe. Cortesia do Departamente de Habitação e Urbanismo dos EUA
Este artigo por Chris Knapp, diretor do Built-Environment Practice, foi originalmente publicado como "O Fim da Pré-fabricação". Knapp convoca ao fim da pré-fabricação como uma diretriz de projeto, ressaltando seu fracasso - que dura já um século - em viver sua promessa, bem como a possibilidade oferecida pela mais recente tecnologia de "produzir em massa a singularidade".
Leia mais abaixo.
Este artigo não apresenta uma citação exaustiva de cada lacuna na história da pré-fabricação e nem permite muita referência aos poucos sucessos da pré-fabricação na aceitação cultural - Japão e Escandinávia assumem o comando a este respeito. No entanto, dito isto, deve-se refletir sobre esta série de falhas utópicas na evolução da pré-fabricação e se questionar por que os arquitetos não conseguiram capitalizar eficientemente esta técnica.
Usando a Austrália como foco, Marissa Looby, em um artigo recente para Australian Design Review, defende que o desaparecimento de estilos arquitetônicos, combinados à proliferação de vários guias e códigos de construção, criou uma nova geração de arquitetos: O Novo Pragmatismo Radical. Seu artigo "The New Radical Pragmatist (On Validation)" está reproduzido aqui.
The Architectural Review (Dezembro, 1955) artigo épico de Reyner Banham’s, ‘O Novo Brutalismo’, no qual a crítica apontava o surgimento de um novo estilo arquitetônico. Ele também descreveu uma afluência de "ismos" que se tornava cada vez mais conspícuo à disciplina, decorrente do então contemporâneo modelo de um historiados de arte e sua influência sobre o historiador de arquitetura como um observador da profissão. Banham sugeriu que qualquer proposição do termo "novo" tem uma relação equivocada com o passado, tanto que ao defender um novo "ismo", um teórico deve defender sua ideia com fatos históricos. Ironicamente, Banham reconheceu que até o título "O Novo Brutalismo" derivava da análise de The Architectural Review do International Style no artigo pós guerra ‘O Novo Empirismo’. Ele afirmou: "[a] habilidade de lidar com nuances tão finas de significado histórico é em si uma medida de nossa praticidade com o método histórico hoje, e o uso de frases do tipo "O Novo X-ismo" - onde X é qualquer adjetivo - se tornou lugar comum no início da década de 1950 em estúdios e outros lugares onde arquitetura é discutida, e não praticada."
"A arte pela arte é uma aberração, a arquitetura pela arquitetura é um crime".
A partir de 1950, o controverso artista e arquiteto austríaco Friedensreich Hundertwasser (1928-2000) desenvolveu uma série de ensaios contra a arquitetura racional, a ortogonalidade e os espaços "não humanos" que tiravam o homem de seu meio ambiente natural. O artista rejeitou sempre a linha reta e apostou na mudança pela espiral, as cores fortes e as formas orgânicas. Para Hundertwasser, a miséria humana era resultado de uma arquitetura monótona, estéril e repetitiva, gerada por uma produção industrial mecanizada. Em seus discursos chamava a boicotar este tipo de arquitetura e exigia, em troca, a liberdade criativa da construção e o direito à individualidade.
Apesar de atualmente o discurso "ecológico" ser o pão de cada dia, seus edifícios são manifestos construídos a partir de um pensamento muito mais profundo de como o ser humano se relaciona com o meio através do espaço habitável e como pode determinar sua existência em harmonia com a natureza.
Você acha que precisamos de uma reflexão deste nível na arquitetura de hoje?
O Centro Africano para as Cidades da University of Cape Town recentemente realizou um workshop intitulado “Informal Settlements: Urban Develop Challenges”. Em março deste ano foram produzidos debates acadêmicos, visitas de campo, reuniões com funcionários e caminhadas por assentamentos informais.
Oscar Niemeyer nunca foi um erudito, nunca lhe interessou as teorias, os jargões, os clichês. Seu traço torto sempre foi preciso. Sempre levou consigo o peso de suas ideais. Ou, talvez, era somente uma ideia que tinha, simples e inocente: presentear beleza ao mundo. E assim o fez. Presenteou mais de quinhentas obras aos homens de diversas nações, durante seus cento e quatro anos de vida dedicados à arte da arquitetura.
O Espaço Público é o lugar da cidade de propriedade e domínio da administração pública, o qual responsabiliza ao Estado com seu cuidado e garantia do direito universal da cidadania e a seu uso e usufruto.
Para os arquitetos, o Kimbell Museum de Louis Kahn é solo sagrado. Para Renzo Piano, que projetou a primeira grande expansão do museu, isto se provou difícil de superar. Sua adição ao museu não poderia ficar muito próxima ao prédio de Kahn, nem muito longe. Ele teve que resolver um problema de estacionamento, mas respeitar o desgosto de Kahn por carros. Teve que responder à progressão majestosa dos espaços de Kahn — e àquela luz natural alva que faz as pernas dos arquitetos tremerem. E, ainda, não poderia simplesmente emprestar de Kahn sua cartola mágica.
Tiny House é um movimento social que promove a redução do espaço construído onde vivemos. A superfície média de uma casa nos Estados Unidos - segundo o movimento - é de aproximadamente 240 m², enquanto que a ideias destas "casas diminutas" é atingir no máximo 50 m². Propõe-se uma grande flexibilidade no modo de vida, sempre concentrado em espaços menores e, consequentemente, em uma vida mais simples e aberta para o espaço público.
Quanto maior é uma casa, mais cara ela é em termos construtivos, legais, de conforto, manutenção e reparos. Por isso, uma grande quantidade de pessoas se juntaram a esta ideologia, já que, além de gastar muito menos, reduzem sua pegada ecológica e têm mais liberdade para se deslocar e mudar de cidade.
Faz sentido que cada família - segundo o número integrantes e suas necessidades - viva em um espaço de dimensões apropriadas e justas, porém, este ideal arquitetônico parece se aplicar apenas quando se pensa em habitações sociais ou abrigos temporários para emergências.
Seria esta uma alternativa para se viver de de maneira sustentável? Estamos dispostos a mudar nosso estilo de vida (e nossas aspirações...) em favor destes benefícios?
Em Rosarno, uma cidade no sul da Itália, os espaços públicos têm certas características para que sejam considerados locais atraentes para as pessoas. Por esta razão, o escritório espanhol Luzinterruptus decidiu alterar a aparência de um desses espaços que estava vazio entre dois edifícios com a instalação de arte "Peperonata Noturna", que montaram para o festival de regeneração urbana A di Città realizado em setembro.
"I’m a City Changer" é um movimento global promovido pela ONU-Habitat para compartilhar e disseminar iniciativas individuais, públicas e corporativas que buscam melhorar as cidades. Este movimento foi lançado com o objetivo de sensibilizar e coordenar esforços para que os cidadãos ajudem com pequenas ações a tornar suas cidades mais agradáveis para se viver.
Buenos Aires é a cidade central de uma extensa região metropolitana que congrega cerca de 14 milhões de habitantes e que se estende radialmente por mais de 50 km a partir da Praça de Maio, seu núcleo de fundação e sede do governo nacional. Esta cidade, que abriga quase 3 milhões de pessoas que nela moram permanentemente, recebe a cada dia – via transporte público ou particular – mais de 5 milhões de pessoas que moram nos municípios vizinhos e que vem desempenhar suas atividades de trabalho. Todas estas circunstâncias lhe dão uma grande potência em termos de desenvolvimento comercial em suas diferentes áreas.
Por exemplo: A gravidade é um fato. Que a água não possa evitar a gravidade é outro fato.
Da mesma maneira que a força da gravidade faz com que a água sempre encontre a maneira de chegar ao solo, acusando no seu percurso as fissuras da construção, o descompasso dos elementos construtivos, assim também a força da realidade sempre termina acusando o descompasso entre o projeto (o que se imaginou que deveria ocorrer) e a vida (o que de fato ocorre).
Podemos ter esperança somente naquilo que não tem remédio. —Giorgio Agamben.
O Japão é famoso por sua arquitetura residencial radical. Mas, como o arquiteto Alastair Townsend explica, a tendencia pela habitação vanguardista pode ser incentivada tanto pela estranha economia imobiliária do país, como pela criatividade de seus arquitetos.
Muitas vezes aqui ArchDaily, vemos um fluxo constante de casas japonesas radicais. Estas casas, em sua maioria projetados por jovens arquitetos, muitas vezes, provocam perplexidade entre os leitores. Pode parecer que no Japão tudo é permitido: escadas e varandas sem corrimão, dormitórios e espaços de uso comum completamente abertas para o entorno, ou casas sem janela alguma.
Estas propostas de vida extravagantes, irônicas, e até extremas chama a atenção dos leitores, levando-nos a perguntar: O que acontece no Japão? As fotos viajam a blogsfera e as redes sociais sob suas próprias dinâmicas, ganhando exposição global e validação internacional para arquitetos japoneses, aparentemente tímidos e silenciosos,porém, com bastante conhecimento dos meios de comunicação. Afinal, no Japão - o país com mais arquitetos por habitante - destacar-se na multidão é a chave para jovens profissionais ficarem à frente. Mas o que motiva os seus clientes, a optar por tais expressões excêntricas do estilo de vida?
Da janela de um avião fica muito claro que o apartheid foi severamente escrito na paisagem Sul Áfricana. Até as menores cidades aparecem como duas cidades diferentes. Uma conta com uma ampla rede de ruas arborizadas e casas confortáveis rodeadas de gramados. A outra, é sua gêmea renegada, a alguma distancia mas conectadas através de uma rodovia muito transitada, consiste em um conjunto de quadrículas muito mais restritas de caminhos de terra rodeados de cabanas. Árvores são uma raridade, gramados não existem. Este padrão duplo aparece não importando o tamanho da população: aqui a cidade branca; ali, o bairro negro. -- Lisa Findley, “Red & Gold: A Tale of Two Apartheid Museums.”
Poucos sistemas de governo confiaram tanto nas delimitações de espaço do que o governo do Apartheid na África do Sul )1948-1994). Manejando agressivamente as teorias do Modernismo e da superioridade racial, os planejadores urbanos Sul africanos não apenas reforçaram o Apartheid, como incrustaram-no em todas as cidades - tornando a vida cotidiana em uma experiencia degradante para todos os cidadãos marginalizados na África do Sul.
Quando Nelson Mandela e seu partido, o Congresso Nacional Africano, foram democraticamnete eleitos para tomar o poder em 1994, reconheceram como uma das medidas mais importantes para a dimunuição do legado do Apartheid a espacial: integrar as cidades brancas e os bairros negros e reatar aqueles "gemeos renegados".
Ao lembrarmo-nos de Mandela - sem dúvida o homem mais importante da história Sul Africana - e ponderamos seu legado, devemos também consideram deu legal territorial. Pois nas dimensões físicas, territoriais das cidades da África do Sul que podemos realmente ver a resistencia ao Apartheid, e considerar: até onde as palavras de reconciliação e integração justa de Mandela foram levadas a cabo?
De acordo com alguns, Peter Zumthor, Daniel Libeskind, e Renzo Piano não devem ser chamados de arquitetos (ao menos no Reino Unido), já que não estão registrados no Conselho de Registro dos Arquitetos. Imagem Cortesia de Keystone / Christian Beutler (Zumthor); Flickr CC User Tomasz Kulbowski (Libeskind); Architectural Review (Piano)
Em agosto o AIA postou um tópico em sua discussão sobre pessoas que se passam por arquitetas no LinkedIn. Desde então (e mais uma vez) a questão de proteger o título de "Arquiteto" tem sido um tópico em discussão, como explicado neste artigo no site Fast Company. Isto segue a revelação em BD ano passado de que o Conselho de Registro dos Arquitetos ordenou que a mídia britânica parasse de se referir a Renzo Piano e Daniel Libeskind como arquitetos. Com o tópico aparecendo com tanta frequência, e em diferentes países, o Fast Company evoca imagens de um "furioso debate global". Mas o que, de fato, está acontecendo no mundo da arquitetura para alimentar tal debate? Continue lendo para saber mais.
Há alguns dias tivemos a oportunidade de assistir uma conferência com o ex-prefeito de Medellín e atual governador de Antioquía, Sergio Fajardo, que falou durante o seminário "Cidade e Governo: da Confusão à Solução". Durante sua gestão como prefeito de Medellín a delinquência diminuiu e desde então a cidade se transformou em um polo de inovação e turismo. Para muitos arquitetos, esta cidade é um exemplo de como a redefinição da arquitetura e a recuperação do espaço público podem melhorar significativamente a qualidade de vida de seus habitantes, a ponto de diminuir os índices de criminalidade. Entretanto, foi grande minha surpresa - ou decepção - ao ler as declarações de Fajardo a respeito: "A mudança da cidade foi política, não arquitetônica".
https://www.archdaily.com.br/br/01-158914/boa-arquitetura-e-suficiente-para-construir-cidades-melhores-o-caso-de-medellinPola Mora
Étienne-Louis Boullée, Projeto cenotáfio de Newton, 1784. Image Cortesia de Bibliotèque nationale de France
Aos homens que cultivam as artes
Dominado por um enorme amor pela minha arte, a ela me entreguei completamente. Ao me abandonar a essa paixão imperiosa, me impus a obrigação de trabalhar para merecer a estima pública por meio de esforços úteis à sociedade.
Desdenhei, confesso, limitar-me apenas ao estudo de nossos antigos mestres. Procurei aumentar, pelo estudo da natureza, minhas ideias sobre uma arte que, após profundas meditações, parece-me ainda estar em sua aurora.
Quão pouco, convenhamos, consagrou-se até nossos dias à poesia da arquitetura, meio seguro de multiplicar os prazeres dos homens e de dar aos artistas uma justa celebridade!
Acredito sim que nossos edifícios, sobretudo os edifícios públicos, deveriam ser, de algum modo, poemas. As imagens que eles oferecem a nossos sentidos deveriam despertar em nós sentimentos análogos ao uso para o qual esses edifícios são consagrados.
Oficina Manifesto ELEA. Imagem Cortesia de Comissão Organizadora XXIleleaMVD2013
Com a revista digital argentina Taller 9, "uma revista onde os protagonistas são os estudantes. Onde o foco é sempre a partir do nosso ponto de vista", compartilhamos seu artigo sobre o ELEA, este encontro de estudantes que tem sua origem no Uruguai.
Há 23 anos, para celebrar a reabertura da revista Trazo (revista publicada pelo Centro de Estudantes da Faculdade de Arquitetura de UDELAR, Uruguai), foi proposto um encontro de estudantes. O EnconTRAZO. Esta reunião foi se difundindo, e se tornou um evento que chegou a somar mais de 2 000 pessoas de vários lugares da América Latina. Depois de vários EnconTRAZOS, surgiu a necessidade de formar a Coordenadoria Latino Americana de Arquitetura, para poder organizar estes encontros.
A arquitetura biomimética é uma corrente contemporânea que busca soluções sustentáveis na natureza, sem simplesmente replicar suas formas, mas através da compreensão das normas que a regem. Este enfoque multidisciplinar busca seguir uma série de princípios ao invés de se concentrar em códigos estilísticos.
Estes mecanismos naturais parecem funcionar melhor que algumas das tecnologias mais avançadas da atualidade, necessitam de menos energia e não produzem resíduos nem deixam marcas. O desafio está em como os arquitetos estão concretizando estes mecanismos... e se realmente funcionam como os sistemas que os inspiraram.
Runa Islam, Be the first to see what you see as you see it, 2004
1. Não escreva sobre o arquiteto, sobre histórias, sobre datas, sobre contextos, sobre ideias, sobre referências, sobre comparações... Se você conseguir fazer isso você já estará muito próximo do que é escrever em arquitetura.
“A arquitetura é criada, 'inventada de novo', por cada homem que anda nela, que percorre o espaço, subindo as escadas, ou descansando sobre um guarda-corpo, levantando a cabeça para olhar, abrir, fechar uma porta, sentar-se ou levantar-se e ter um contato íntimo e ao mesmo tempo criar 'formas' no espaço; o ritual primitivo do qual surgiu a dança, primeira expressão do que viria a ser a arte dramática. Este contato íntimo, ardente, que era outrora percebido pelo homem, é hoje esquecido. A rotina e os lugares comuns fizeram o homem esquecer a beleza de seu 'mover-se no espaço', de seu movimento consciente, dos mínimos gestos, da menor atitude..."
Com esta frase celebramos o dia que seria o 99º aniversário desta renomada arquiteta moderna ítalo-brasileira. Lina estudou arquitetura na Faculdade de Arquitetura da Universidade de Roma e, logo após graduar-se, mudou-se para Milão, onde chegou a ser editora da Revista Quiaderni di Domus, depois de ter trabalhando para Gio Ponti.
Complicar é fácil, difícil é simplificar. Para simplificar é preciso remover, e para remover deve-se saber o que pode ser excluído. A ideia deste projeto, intitulado ARCHIPIX (Less is Pixel), de Federico Babina Architect, é representar a complexidade das formas e personalidades através da simplicidade do pixel. Mestres da arquitetura moderna, ao lado de seus edifícios significativos, são retratados através de um "pontilhismo" digital em que o mouse substitui o pincel. O pixel ressurge e enfatiza a importância do ponto individual, visto como algo essencial que, quando combinado com outros pontos, forma uma figura mais complexa. Uma metáfora da arquitetura em que cada pequeno detalhe é um elemento fundamental do todo.
Se as discussões recentemente travadas na Batalha de Ideias servem com indicação, parece que nós, arquitetos, estamos vivendo uma certa crise de confiança.
Nenhuma nova visão utópica foi apresentada nos últimos 30 anos, lamentou Theodore Dounas; todas essas inovações surgindo são apenas evidência, disse Pedro Bismarck e Alastair Donald, da temerosa relutância da arquitetura em enfrentar problemas complexos ou agir como um agente legítimo para a mudança em tudo; e depois tem o problema, manifestado por Rory Olcayto, de arquitetos sendo intimidados por seus clientes na execução de agendas questionáveis.