Arquitetura proativa como estratégia para mitigar as mudanças climáticas

Até o recente surto da pandemia de COVID-19, a crise climática talvez fosse o problema fundamental que os projetos da nossa era do Antropoceno enfrentavam. A ameaça das mudanças climáticas nos forçou, como arquitetos, a reavaliar como realizamos projetos em todas as escalas. Acabamentos internos ecologicamente corretos, arranha-céus com energia zero e estratégias para impedir que o aumento do nível do mar empurre os residentes das cidades costeiras para o interior são apenas algumas das soluções inovadoras que surgiram da crescente urgência de mitigar os efeitos do clima sobre o nosso mundo.

Cortesia de rebuildbydesign.org

O problema que enfrentamos é que esses projetos geralmente servem apenas como um meio de colocar um curativo metafórico no dano catastrófico que infligimos ao planeta. Precisamos avançar com uma nova forma de arquitetura, que seja tão dinâmica quanto o meio ambiente, e que possa antecipar e responder às condições futuras para colocar nosso mundo à frente da curva das mudanças climáticas que cresce exponencialmente. Esses projetos devem ter a capacidade de combinar estética com utilidade, incorporar formas de energia renovável, fornecer fortificações costeiras e reduzir as emissões de dióxido de carbono.

Diante da pressão por produzir soluções de design em resposta às mudanças climáticas, os arquitetos geralmente têm a tendência perigosa de visualizar novas cidades utópicas construídas sobre a água ou criar cápsulas para nos transportar a um mundo que existe muito além do planeta Terra. Essas propostas reconhecem as estatísticas projetadas por trás das mudanças climáticas mas, de certa forma, admitem o medo de que a raça humana já esteja atrasada demais e sugerem que a melhor solução é planejar as consequências, em vez de trabalhar para uma recuperação. Os projetos, embora impressionantes e enraizados na ideologia de deus ex machina que poderiam nos salvar de nós mesmos, pouco fazem para inspirar esperança ao futuro. Por outro lado, a atitude e vontade de projetar para o mundo em que vivemos atualmente é muito mais proativa e inspirou muitos dos edifícios de sucesso que vemos hoje em nosso ambiente construído.

© Ole Sangill

Em uma das tendências de projeto mais populares, muitos novos arranha-céus estão começando a explorar maneiras de integrar turbinas eólicas, atuando como uma declaração visual do compromisso dos edifícios com a energia renovável e também como um mecanismo para gerar sua energia. Atualmente, o World Trade Center de Bahrain apresenta três turbinas, cada uma delas localizada em pontes aéreas entre suas duas torres. A apenas 500 km de distância, a tão aguardada "Torre Rotativa" está sendo conceituada em Dubai. Se construída, essa torre será a primeira do gênero, com cada um de seus 80 andares tendo a capacidade de girar independentemente um do outro. À primeira vista, esse projeto parece um desperdício de energia, mas esses espaços entre os andares permitem a implementação de turbinas eólicas e painéis solares. Quando concluída, espera-se que a torre forneça um excedente de energia que possa abastecer cinco edifícios adicionais de tamanho semelhante.

Cortesia de dlandstudio

Outras abordagens para soluções às mudanças climáticas se concentram em melhorar o relacionamento entre a cidade e o meio ambiente - uma dicotomia errônea que geralmente é mal interpretada. No entanto, alguns arquitetos encontraram sucesso em maneiras de incorporar a natureza no denso urbanismo. O estúdio de arquitetura de Copenhague, SLA, projetou o Soul of Nørrebro, que lida com as inundações da cidade por meio do design de ecossistemas biológicos que criam novos espaços sociais. Em Nova York, o dlandstudio desenvolveu um projeto para células de concreto que reterão e filtrarão a água da chuva, e quando cobertas por plantas capazes de diminuir toxinas e metais pesados, ajudam a limpar o canal Gowanus do Brooklyn. O resultado é uma relação altamente simbiótica entre a cidade e o canal, que evoluiu para um parque público popular.

Enquanto a indústria arquitetônica e construtiva enfrenta desafios na adaptação às mudanças climáticas que impactam nosso mundo, é importante reconhecer a engenhosidade das ideias que surgiram em torno do assunto. Em vez de implementar estratégias para apenas manter o ritmo em que estamos, precisamos dar grandes passos adiante e ajudar a reverter os danos causados para obter um progresso verdadeiramente significativo nos próximos anos.

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Sobre este autor
Cita: Overstreet, Kaley. "Arquitetura proativa como estratégia para mitigar as mudanças climáticas" [Proactive Architecture as a Means to Mitigate Climate Change] 06 Mai 2020. ArchDaily Brasil. (Trad. Sbeghen Ghisleni, Camila) Acessado . <https://www.archdaily.com.br/br/938750/arquitetura-proativa-como-estrategia-para-mitigar-as-mudancas-climaticas> ISSN 0719-8906

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