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As cores e suas percepções são responsáveis por uma série de estímulos conscientes e inconscientes em nossa relação psíquico-espacial. Apesar de sua presença e variações presentes em todos os lugares, você já se questionou qual o papel delas na arquitetura?
Assim como os próprios elementos construtivos que compõe o objeto arquitetônico, a aplicação das cores nas superfícies também influencia a experiência do usuário no espaço. Segundo Israel Pedrosa, “A sensação colorida é produzida pelos matizes da luz refratada ou refletida pela substância. Comumente, emprega-se a palavra cor para designar esses matizes que funcionam como estímulos na sensação cromática. [...].” [1]
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Descrever a relação das cores sob os diferentes aspectos que as regem ou mesmo a sucessão de estudos existentes é tão complexo quanto extenso. A cor pode ser associada à Psicologia, Simbolismo ou Misticismo; obtém diferentes significados de acordo com o período artístico, histórico ou mesmo cultura; dispõe de mudanças físicas a partir da relação junto à luz; entre outros. Este artigo não pretende aplicar conceitos técnicos acerca das cores ou dos conceitos estudados por críticos, mas, busca realizar reflexões da relação entre cor e arquitetura.
Tomemos como exemplo alguns consagrados nomes da historia da arquitetura. Enquanto na obra de Luis Barragán a cor evidencia a pureza espacial como elemento emergente à emoção, Siza Vieira adere ao acromatismo das superfícies. Se Lina Bo Bardi emprega o vívido vermelho a alguns elementos arquitetônicos, Legorreta adota cores exuberantes provenientes da cultura mexicana.
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A cor pode evidenciar um determinado volume ou detalhe construtivo ou mimetizar visualmente determinados aspectos do espaço. Pode também propiciar um conjunto de emoções ou efeitos visuais.
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Se estabelecermos um determinado ambiente com paredes, piso e forro neutros, ao aplicamos determinada cor nas diferentes superfícies de variadas combinações, diferentes efeitos visuais serão provocados. Por exemplo, se aplicarmos uma tonalidade mais escura no forro, cria-se a sensação de pé-direito mais baixo; caso aplicarmos a cor na parede central do espaço, cria-se visualmente a ideia de encurtamento espacial; enquanto isso, se aplicada por todas as paredes, há a percepção de alongamento espacial.
Se pintadas apenas as paredes laterais do ambiente, denota-se a ideia de estreitamento; de modo contrário, ao pintar a parede central e teto na mesma tonalidade, cria-se a noção de alargamento. Caso deseje a sensação de encurtamento da altura espacial ou ponto de interesse na altura do olhar do observador, basta pintar todas as superfícies a meia altura, sendo os tons mais escuros nas superfícies superiores.
Mas as cores inexistem sem a presença da luz. Como afirma Israel Pedrosa em seu livro Da Cor à Cor Inexistente, “a cor não tem existência material: é apenas sensação produzida por certas organizações nervosas sob a ação da luz – mais precisamente, é a ação provocada pela ação da luz sobre o órgão da visão”. [2] A cor está intimamente ligada a estímulos psicológicos e pode ser trabalhada em conjunto aos volumes, aberturas e recuos.
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Acerca da psicologia das principais cores, organiza-se a seguinte ideia:
Azul: Transmite a sensação de positividade, confiança e segurança. É frequentemente utilizada em espaços comerciais e/ou de negócios, como agências bancárias, escritórios e empresas.
Amarelo: Conduz à ideia de otimismo, curiosidade, jovialidade e ambiente-luz. Utilizado frequentemente em espaços comerciais ou restaurantes sob a finalidade de aguçar a atenção do pedestre.
Vermelho: A cor evidencia energia, excitação, impulso. Por isso, é regularmente empregada em espaços comerciais, como lojas ou fast foods, por exemplo, buscando a ideia de compulsividade e desejo ao consumo.
Verde: Evoca calmaria, tranquilidade, serenidade e bem-estar. É utilizado com regularidade aos espaços ligados à saúde e tratamento, como hospitais, clínicas, spas, etc.
Laranja: Como resultado da combinação do amarelo e vermelho, dispõe a ideia de intensidade, criatividade, euforia e entusiamo. Frequentemente empregado aos ambientes criativos, como escritórios, estúdios e escolas. Se utilizado junto ao azul, transmite a ideia de impulsividade junto a confiança, sendo adotado por agências bancárias ou sedes de empresas, por exemplo.
Violeta: Transmite bem-estar, calmaria e suavidade.
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Em projetos infantis, cores são utilizadas com a finalidade de aguçamento psíquico sensorial da criança. Entre inúmeros exemplos, destaca-se a Escola em Alto de Pinheiros com projeto do Base Urbana + Pessoa Arquitetos; Prestwood Infant School Dining Hall de De Rosee As; e 'Els Colors' Kindergarten com autoria do RCR Arquitectes.
Em projetos hospitalares ou dedicados a área da saúde, são empregadas como elemento complementar da reabilitação de pacientes, como na Fundação Esther Koplowitz para Pacientes com Paralisia Cerebral com projeto de Hans Abaton e do Hospital Infantil Nemours, projetado por Stanley Beaman & Sears.
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Em projetos urbanos são por vezes utilizadas a fim de trazer certa vivacidade e renovação local, como é o exemplo da intervenção na vila de Kampung Pelangi, na Indonésia e do parque Superkilen com projeto do escritório dinamarquês BIG, com significativo uso de cores como identidade espacial.
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A cor é elemento integrante da arquitetura, não apenas estética, mas com importância psíquico-sensorial. Use-as com sabedoria em seus projetos!
Notas:
[1] (PEDROSA, p.98, 2009)
[2] (PEDROSA, p.20, 2009)
Referências Bibliográficas
PEDROSA, Israel. Da Cor à Cor Inexistente. São Paulo: Senac, 2009.