A cortiça pode ser uma resposta às nossas necessidades ambientais e de construção?

Desconhecida para muitos, a cortiça configura-se como um modelo da indústria sustentável e um material de construção eficiente. Por sua própria natureza, a cortiça é reciclável e renovável, pois é a única árvore que regenera sua casca, enquanto a colheita da casca faz com que a árvore não seja prejudicada.

A cortiça pode ser encontrada, por exemplo, no revestimento de xadrez do piso da Biblioteca do Congresso. Mesmo a NASA tem aproveitado a leveza e a capacidade de isolamento da cortiça, usando-a como um isolante para seus ônibus espaciais.

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Recentemente, vimos uma curiosidade crescente sobre a cortiça como um material de revestimento externo para edifícios. Apesar do que muitos assumem, a cortiça é extremamente impermeável (por que mais confiaríamos nela como uma rolha para preciosos vinhos?), resistente à abrasão e atua como retardadora de fogo e isolante acústico. Possui também qualidades estéticas desejáveis, dando aos edifícios tons de terra tingidos e padrões naturais.

Portugal é o maior produtor de cortiça no mundo; o material começa sua vida como a casca de corticeiras em grandes florestas agrícolas chamadas montados. O processo pelo qual a cortiça é manuseada não pode ser muito mais sustentável: é colhido pela remoção da camada externa de pele da árvore com um pequeno machado que então recomeça a tempo para a próxima safra. Na fábrica, a cortiça é triturada e comprimida a altas temperaturas, fazendo com que ela se expanda e a seiva derreta para formar uma cola que une tudo. Uma vez resfriada, pode ser cortada para ser utilizada como revestimento. Nenhuma das cascas colhidas vai ser desperdiçada no processo, além do pó produzido ao longo do caminho. E é isso mesmo - sem ingredientes adicionais!

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Em Portugal, os regulamentos para a indústria da cortiça são extremamente apertados, garantindo uma produção sustentável, e os trabalhadores treinados recebem um salário digno. Por lei, as corticeiras não podem ser colhidas até que a árvore tenha pelo menos 25 anos e, mesmo assim, só pode ocorrer a cada 9 anos. As árvores também não requerem pesticidas, irrigação ou podas. As árvores descascadas absorvem grandes quantidades de dióxido de carbono e liberam mais oxigênio, de modo que os montados de Portugal são frequentemente chamados de "pulmões" do meio ambiente. De acordo com o World Wildlife Fund, eles também desempenham um papel importante na proteção da biodiversidade na floresta:

As florestas de corticeiras sustentam um dos mais altos níveis de biodiversidade entre os habitats da floresta, bem como a maior diversidade de plantas encontradas em qualquer lugar do mundo. – World Wildlife Fund

Um aumento da demanda de cortiça beneficiaria o meio ambiente, pois a indústria precisaria plantar mais árvores incentivando esses habitats a crescer e a consumir mais dióxido de carbono.

A adaptabilidade da cortiça como material significa que muitos edifícios estão começando a usá-la para usos externos e internos. Quando usada internamente, no caso da Clínica do Coração por Dost, a cortiça regula a umidade, absorve odores e proporciona reverberação sonora confortável, perfeita para um ambiente clínico que beneficia esteticamente de uma atmosfera orgânica e calorosa. Como revestimento, a cortiça impermeável protege o edifício contra os elementos para um material significativamente negativo em carbono.

Abaixo estão 14 exemplos para oferecer inspiração para como a cortiça pode ser integrada em um edifício:

Cork Study / Surman Weston

© Wai Ming Ng

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Bonjardim House / ATKA arquitectos

Courtesy of ATKA arquitectos

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Redshank / Lisa Shell Architects Ltd + Marcus Taylor

© Hélène Binet

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Villa Extramuros / Vora Arquitectura

© Adrià Goula

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Herzpraxis Zürich-Höngg Clinic / Dost Innenarchitektur

© Andrin Winteler, Burobureau

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HIGO /Na Nakayama Architects

© Ken Goshima

Cork House / Arquitectos Anonimos + Paulo Teodósio

© Ivo Canelas

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Serpentine Gallery Pavilion 2012 / Herzog de Meuron

© Julien Lanoo

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Logowines Winery / PMC Arquitectos

© Joao Morgado

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Ecorck Hotel / José Carlos Cruz

© Fernando Guerra I FG+SG

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Unit 3 Studio / Selencky Parsons

Courtesy of Selencky Parsons

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The Hill Cork House / Contaminar Arquitectos

© FG+SG - Fernando Guerra + Sergio Guerra

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Pavilhão Abobadado de Cortiça / Pedro de Azambuja Varela + Maria João de Oliveira + Emmanuel Novo

© Joao Morgado

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NH House / Marc Rifà-Rovira

© Jaume Prat

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Sobre este autor
Cita: Thorns, Ella. "A cortiça pode ser uma resposta às nossas necessidades ambientais e de construção?" [Could Cork Be Nature’s Answer to Our Environmental and Construction Needs? ] 25 Dez 2017. ArchDaily Brasil. (Trad. Souza, Eduardo) Acessado . <https://www.archdaily.com.br/br/886004/a-cortica-pode-ser-uma-resposta-as-nossas-necessidades-ambientais-e-de-construcao> ISSN 0719-8906

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