Muito além de suas características decorativas, o paisagismo traz consigo questões biológicas e culturais que precisam ser trabalhadas nos projetos. O que se vê em grande parte dos jardins públicos, residenciais, condominiais, comerciais e empresariais, porém, é uma série de abordagens que distanciam o paisagismo de todos seus atributos, reduzindo-o a uma camada decorativa na construção. A seguir, reunimos estratégias para se esquivar dos principais problemas do projeto paisagístico, juntando a estética com suas possibilidades ambientais e culturais.
Urbanismo: O mais recente de arquitetura e notícia
Os principais problemas em projetos paisagísticos — e como evitá-los
A “exótica” cidade flutuante de Manaus
O fim do monopólio da borracha, a crise econômica dos anos 20 do século passado, o crescimento demográfico em razão da corrente migratória de ribeirinhos e nordestinos para Manaus e a escassez de recursos contribuíram para a crise de falta de moradia em Manaus.
Nesse cenário adverso, em 1920, João Aprígio, natural da Paraíba, com mulher e filhos para sustentar, passava por enormes dificuldades. O que ele ganhava mal dava para a alimentação da família. Sem casa própria, Aprígio juntou dois troncos de açacu de um igapó e os rebocou, na popa de sua canoa, até o litoral do Educandos, local que entendeu como o mais apropriado para construir a sua morada. Por vinte dias e vinte noites ele trabalhou, até edificar aquela que seria a primeira casa flutuante de Manaus.
15 Anos depois, o que conseguimos? Muito mais carros e um planeta em chamas
Este artigo foi publicado originalmente no Common Edge.
Em 2007, o prefeito de Nova York, Michael Bloomberg, propôs a tarifação de congestionamento em Manhattan. A Assembleia Legislativa do Estado rejeitou o plano. Quinze anos depois, ainda estamos debatendo a ideia, perdendo tempo enquanto o planeta queima.
O problema mais recente é que um novo estudo ambiental e modelo de tráfego do MTA, a avaliação ambiental do programa de pedágios do distrito empresarial central, diz que o que é bom para os 1,63 milhão de habitantes de Manhattan e também do planeta, em geral, aumentará a poluição no já insalubre ar no Bronx. Sim, é um problema. Transformar o perfeito em inimigo do bom também é um problema. Precisamos de um plano que beneficie a todos.
Caminhando na sombra: como escolher a vegetação da calçada
Da diminuição da temperatura local à melhoria da qualidade do ar, são inúmeros os benefícios da arborização nos centros urbanos. Somando vantagens sociais, ambientais e até econômicas, a arborização urbana, em especial do passeio público, é fundamental para qualidade de vida dos cidadãos, mas precisa ser definida e projetada com cuidado, combinando as demandas urbanas com as necessidades biológicas.
O impacto dos festivais de música: trazendo mais do que som e multidões às cidades
Acampar vários dias em barracas e sufocar sob o sol quente do verão para estar a 100 fileiras de seu artista musical favorito? Provavelmente é a época de festivais de música. À medida que o ano chega ao fim, com os festivais de música voltando a todo vapor após um hiato do COVID-19, é importante entender o impacto socioeconômico que eles têm nas cidades que os hospedam, e que vão muito além do show final. O entretenimento de curto prazo e os benefícios financeiros superam as desigualdades urbanas de longo prazo que eles podem agravar?
Como Copenhague foi projetada para encantar
De acordo com o World Happiness Report, a Dinamarca lidera a pesquisa dos países mais felizes há anos. Copenhague, capital da Dinamarca, é conhecida por seus edifícios coloridos à beira-mar e sua arquitetura contemporânea radical, ambos refletindo o espírito alegre da cidade. A metrópole marítima é o estudo de caso favorito de um designer urbano com infraestrutura neutra em carbono, facilidade para pedestres e bicicletas, além de uma próspera esfera pública. Os designers dinamarqueses decifraram o código para construir cidades mais felizes, deixando muitos modelos a serem aprendidos.
O que é densidade urbana e quais são suas vantagens e desvantagens?
Cada vez mais pessoas vivem em espaços urbanos. O Relatório das Cidades Mundiais 2022, da ONU Habitat, revela que esse índice passou de 25% em 1950 para mais de 50% em 2020 e a estimativa para as próximas cinco décadas é que ele chegue a 58%. O levantamento indica ainda que até 2070 o número de municípios em países de baixa renda aumentará em 76% enquanto que nas nações de renda alta e média-baixa essa elevação ficará em cerca de 20%. O estudo observa também que esse cenário mostra a urgência das localidades serem projetadas e gerenciadas de maneira que o seu crescimento futuro não sobrecarregue a infraestrutura, as áreas abertas e os serviços existentes — levando a uma expansão insustentável.
Por trás das mansões e palacetes: o que podemos aprender com "A Mulher da Casa Abandonada"?
Em 7 de junho de 2022 foi lançado o podcast A Mulher da Casa Abandonada, que narra a história real de uma mulher da aristocracia brasileira que escapou de um julgamento nos Estados Unidos nos anos 2000, causando grande comoção ao longo dos quase 2 meses em que os episódios foram lançados. Dos elementos que compõem a narrativa, a casa e o bairro acabaram por se tornar importantes coadjuvantes da história, e de sua repercussão, ilustrando e escancarando como nossa sociedade, e território, são moldados a partir do racismo estrutural.
O fechamento de varandas como artifício de venda
Vemos, nas cidades brasileiras, novas edificações residenciais sendo construídas com varandas em balanço, isso é, além do perímetro da edificação, avançando sobre os recuos mínimos exigidos (no Rio de Janeiro, sobre os afastamentos). Porém, o que temos visto nos últimos anos é um movimento crescente de fechamento dessas varandas com painéis de vidros e, consequentemente, o aumento dos compartimentos contíguos a eles. Mas qual seria o motivo deste fechamento? Se há necessidade de se aumentar os compartimentos, por que já não são projetados assim?
Onde começa e onde termina uma cidade?
A pergunta-título deste artigo parte da dedução de que, se as cidades — nos moldes modernos — são entes espaciais possuidores de um ponto originário e demarcatório de desenvolvimento, logo, as mesmas também detêm um ponto (ou linha) equivalente de finitude. A questão poderia ser sanada de imediato ao se valer da cartografia. Sob a ótica administrativa e organizacional, mapas permitem, de certo modo, definir a extensão de todo e qualquer aglomerado urbano. Contudo, os limites arbitrados por bases de representação escalar não dão conta de derrogar a reflexão, pois o senso de apreensão da cidade é muito mais complexo. Como elabora Ferrão (2003), numa fala que abarca, para além da geografia e arquitetura, a dimensão sociopolítica da matéria: a cidade é um “objeto de contornos cada vez mais invisíveis.”
Placemaking através do lúdico: projetando para o prazer urbano
As cidades humanas giram em torno das relações entre pessoas e lugares. As comunidades prosperam com recursos compartilhados, espaços públicos e uma visão coletiva para sua localidade. Para nutrir cidades felizes e saudáveis, arquitetos e o público em geral aplicam métodos de placemaking ao ambiente urbano. Placemaking - a criação de lugares significativos - depende fortemente da participação comunitária para produzir efetivamente espaços públicos atraentes.
Exigência de vaga de garagem: a pior venda casada da história?
A venda casada é um dos grandes problemas relativos ao direito do consumidor e costuma ser proibida na maioria das economias de mercado. Ela acontece quando o vendedor condiciona a comercialização de um produto ou serviço à compra de outro. No Brasil, o código de Defesa do Consumidor, no artigo, 39, inciso 1.º,condena expressamente tal artifício. Por sua vez, a Lei 12.529/2011, a qual estrutura o sistema brasileiro de defesa da concorrência, em seu art. 36, inciso XVIII, estabelece que a venda casada constitui uma infração da ordem econômica.
Como a inclusão de gênero está influenciando o desenho urbano
Na década de 1970, em Berkeley, Califórnia, um grupo ativista dos direitos das pessoas com deficiência, chamado Rolling Quads, começou a desmontar os meios-fios e instalar rampas improvisadas nas calçadas, exigindo acesso para os cadeirantes. Mas, o que as pessoas não esperavam era que os usuários de cadeiras de rodas não seriam os únicos a se beneficiar da intervenção. Logo, pedestres com carrinhos de bebê, compras pesadas, malas ou simplesmente com mobilidade reduzida passaram a usar regularmente as rampas. Da mesma forma, uma cidade com inclusão de gênero funciona melhor para todos. Uma cidade onde todas as minorias de gênero, com idades e habilidades diferentes, podem se locomover com facilidade e segurança, participar plenamente da força de trabalho e da vida pública, levar uma vida saudável, sociável e ativa é uma cidade que melhora a vida de todos.
Planet City: mundos imaginários como modelos sustentáveis para enfrentar as mudanças climáticas
Liam Young é um arquiteto, designer de produto e diretor que atua na área entre design, ficção e futuro. Young é especialista em projetar ambientes para a indústria cinematográfica e televisiva, com base na crença de que criar mundos imaginários permite nos conectar emocionalmente às ideias e desafios do nosso futuro.
Após os séculos de colonização, globalização e extração econômica e expansionismo sem fim, os humanos reconstruíram o mundo da célula até a placa tectônica. Young sugere em um TED Talk: “E se revertêssemos radicalmente essa expansão planetária? E se nós, como humanos, chegássemos a um consenso global para nos retirarmos de nossa vasta rede de cidades e cadeias de suprimentos emaranhadas para uma metrópole hiperdensa que abriga toda a população da Terra?"
Quanto vale uma estação de metrô? O caso de São Paulo
No debate urbanístico, a defesa do transporte coletivo é quase tão consensual quanto recorrente. Propostas como o desenvolvimento orientado para o transporte (TOD), que defende o adensamento das cidades de forma coordenada com corredores de transporte, têm ganhado força nas últimas décadas: saíram da academia e foram para as recomendações e estudos de caso de instituições como o Banco Mundial, para as propostas de políticos, documentos oficiais e já se encontram em várias intervenções urbanas mundo afora — de Curitiba a Toronto, principalmente na Ásia.