Salk Institute, de Louis Khan. Foto de Adam Bignell, via Unsplash
Alguns edifícios resistiram ao teste do tempo e depois de séculos ou mesmo milênios, eles permaneceram estruturalmente sólidos, reverenciados como espaços habitáveis da história e inovação humana. Alguns ainda estão em uso hoje, muitas vidas depois que seus projetistas originais morreram.
Esses edifícios, de propósito ou por acidente, foram projetados para durar. É um conceito cada vez mais relevante. A construção e operação de edifícios é responsável por uma quantidade preocupante de emissões de dióxido de carbono. O carbono incorporado que resulta da produção de materiais de construção e construção soma cerca de 11% de todas as emissões globais de carbono. De acordo com um novo livro sobre edifícios de vida longa, projetar edifícios para permanecer em pé por muito mais tempo – e sobreviver às várias voltas e reviravoltas que acompanham essa vida útil mais longa – é um novo imperativo para os arquitetos.
Para calcular a quantidade de CO2 emitida por cada país do mundo, o método usado considera as emissões de cada setor da economia das diferentes nações, usando uma abordagem “de baixo para cima” em que as informações partem de dados levantados nos diferentes territórios do mundo. Mas, uma nova abordagem para responder esta pergunta usa dados de satélite da NASA.
Se a economia circular está cada vez mais presente nos debates de arquitetura e planejamento urbano, é por uma razão: a população mundial que vive nas cidades crescerá para 68% até 2050. O desafio ambiental será significativo à medida que a demanda por recursos naturais, tais como materiais ou energia, aumentar, e parece que a circularidade oferece algumas oportunidades para reduzir este impacto.
Como podemos avançar em direção a um modelo mais sustentável em nossas cidades? Colocamos esta pergunta a nossos leitores e depois de analisar uma enorme quantidade de comentários e opiniões, tanto de profissionais da construção, estudantes e interessados em arquitetura, foi uma surpresa encontrar coincidências e visões sobre políticas e programas que incentivam o consumo responsável e a colaboração entre diferentes setores.
A seguir, conheça os pontos de vista mais recorrentes.
Você pode imaginar poder prototipar uma peça de mobiliário com o toque de um botão e testá-la em apenas algumas horas? Isso pode se tornar uma prática comum mais cedo do que podemos pensar. Alimentado pela inovação material, automação e tecnologia de ponta, uma nova era está surgindo; onde a impressão 3D abre um mundo de possibilidades criativas que transcendem os limites do design tradicional. Sim, móveis ainda são produzidos em massa usando os métodos convencionais - moldagem, corte, dobras -, mas a impressão 3D continua a romper com os aspectos tradicionais da indústria. À medida que a tecnologia revolucionária evolui e se torna mais acessível, isso desencadeou um nível incomparável de expressão e eficiência criativas. O conceito é simples: um design digital é criado usando o software de modelagem 3D e, em seguida, impresso, camada por camada, na forma de um objeto físico, dando vida a geometrias complexas. É um tipo totalmente novo de artesania digital.
Pré-montados, os painéis são removíveis. Imagem: Sun-Ways
A energia solar é uma das fontes energéticas que mais cresce no mundo. Indo além das instalações em telhados ou grandes usinas, diversas inovações têm surgido para aproveitar o potencial energético da luz solar. Uma iniciativa recente, neste sentido, vem sendo implementada pela startup Sun-Ways, que vai implantar painéis solares removíveis ao longo de trilhos ferroviários na Suíça.
O significado de infraestrutura já é amplamente conhecido pela população em geral, tendo como definição simplificada um conjunto de serviços fundamentais para o desenvolvimento socioeconômico de uma região, tais como saneamento, transporte, energia e telecomunicação. Os exemplos corriqueiramente apresentados sempre dizem respeito a estruturas físicas construídas pelo homem, entretanto, uma nova concepção de infraestrutura vem surgindo nas últimas décadas impulsionada, principalmente, pela urgência da reconciliação entre humano e natureza para a sobrevivência das espécies.
Enquanto os governos do mundo lidam com as crises ambientais, a indústria da construção civil corre para reavaliar o projeto sustentável e desenvolver novas formas de medir sua eficiência. Consequentemente, os sistemas de certificação de edifícios verdes (GBCS) começaram a ganhar força no século XX para avaliar e promover práticas de construção ditas sustentáveis. No entanto, o chamado Sul Global enfrenta desafios distintos na construção de cidades sustentáveis. Suas nações em desenvolvimento exigem abordagens diferentes para projetar arquiteturas apropriadas, econômicas e inspiradoras para um futuro promissor.
No contexto contemporâneo, como já foi dito inúmeras vezes, parece que vivemos no que se chama de uma era digital. Uma pandemia global aumentou a popularidade dos meios digitais de comunicação — como o Microsoft Teams e o Zoom, e o aplicativo de mensagens multiplataforma WhatsApp com mais de 2 bilhões de usuários ativos. Do ponto de vista ambiental, vemos a migração dos negócios para a “nuvem” como uma vitória da sustentabilidade. Em termos simplificados e para citar um exemplo específico, as empresas podem abster-se de armazenar dados em discos rígidos externos, e armazenar seus dados em serviços de hospedagem de arquivos online.
Reunindo pesquisas científicas atuais, um novo relatório de ciência climática do Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas (IPCC) da ONU foi aprovado e divulgado depois de intensas negociações entre os principais cientistas do mundo e governos. Com 37 páginas, o Relatório de Síntese da Sexta Avaliação do IPCC (AR6), reúne seis relatórios científicos e políticos aprofundados, e tem como público alvo principal os formuladores de políticas.
O Congresso Mundial de Arquitetos da UIA 2023 é um convite para arquitetos de todo o mundo se reunirem em Copenhague para explorar e comunicar como a arquitetura influencia os 17 Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (SDGs) da ONU. A Seção Científica do Congresso Mundial da UIA foi encarregada de desenvolver a agenda Futuros Sustentáveis - Não Deixe Ninguém Para Trás. Por mais de dois anos, seu Comitê Científico Internacional vem analisando as várias maneiras pelas quais a arquitetura responde aos SDGs. O trabalho resultou na formulação de seis temas: adaptação climática, repensando os recursos, comunidades resilientes, saúde, inclusão e parcerias para a mudança. O ArchDaily está colaborando com a UIA para compartilhar artigos referentes aos seis temas e se preparar para a abertura do Congresso em 2 de julho de 2023.
Quase duas décadas atrás, no corredor do centro de Columbus, Ohio, o centenário edifício Lazarus passou por uma extensa reforma para salvar a loja de departamentos e restaurá-la à sua antiga glória. Sessenta milhões de dólares foram investidos em sua restauração e transformação em um complexo comercial e de escritórios. Durante a construção, os trabalhadores reciclaram quase 2.300 kg de aço, 900 kg de concreto e quantidades significativas de carpetes, forros e vários tipos de madeira, evitando que 10.000 kg de detritos fossem para os aterros sanitários de Ohio. Eles também economizaram mais de US$ 25 milhões implementando esse rigoroso processo de reciclagem.
Conhecida por suas impressionantes construções, Dubai pode adicionar à sua lista de projetos uma ciclovia de 93 quilômetros que envolveria toda a cidade. Projetada pelo estúdio de arquitetura Urb, a mega estrutura seria uma via coberta destinada exclusivamente para ciclistas e pedestres, com o objetivo de incentivar os três milhões de habitantes de Dubai a trocar os carros por meios de transporte mais sustentáveis e saudáveis.
https://www.archdaily.com.br/br/998012/dubai-planeja-ciclovia-climatizada-de-93-quilometros-de-extensaoArchDaily Team
A madeira é um material natural, renovável e pode apresentar baixas emissões de carbono se manejado adequadamente. No entanto, enquanto material de construção, quando submetida a uma força direcional ao longo de sua fibra, a madeira serrada é estruturalmente instável e considerada inadequada para cargas mais elevadas. Em comparação, a madeira laminada cruzada (CLT) — cuja fabricação envolve simplesmente a colagem de várias camadas de madeira com as fibras arranjadas numa trama perpendicular — atinge um nível muito mais alto de rigidez estrutural ao longo de ambos os eixos. Os componentes de CLT devem ter no mínimo três camadas, mas podem ser reforçados com a adição de outras. Simplificando, devido à complexa física envolvida na laminação perpendicular, a resistência da CLT é semelhante à do concreto armado, com desempenho comprovado sob forças sísmicas.
Então, o que há de novo? A madeira já existe há tempo suficiente, e a usamos como material de construção há séculos. Certamente esta não é a primeira vez que alguém percebe que ela fica mais forte quanto mais você a usa. Bem... como era de se esperar, a mudança de popularidade da madeira laminada cruzada na construção coincide com uma maior compreensão e foco nas causas ambientais, mas a relação nem sempre foi positiva.
"Nosso planeta está sufocando com plástico", afirma as Nações Unidas. Embora o material feito pelo homem tenha muitos usos valiosos, nosso vício em produtos plásticos de uso único levou a severas questões econômicas, de saúde e ambientais. Aproximadamente um milhão de garrafas plásticas são compradas a cada minuto e cinco trilhões de sacos plásticos são usados todos os anos em todo o mundo - usados apenas uma vez e depois jogados fora. Plásticos e microplásticos chegaram a todos os cantos de nosso ambiente natural, desde os picos das montanhas mais altas até as profundezas dos oceanos. Tanto que eles se tornaram parte do registro fóssil da Terra e criaram um habitat microbiano marinho totalmente novo conhecido como "Plastisfera".
O conceito de economia circular ganhou uma definição mais precisa em 1990 quando surgiu no artigo Economics of Natural Resources and the Environment(Economia dos Recursos Naturais e do Meio Ambiente), dos economistas e ambientalistas britânicos David W. Pearce e R. Kerry Turner. Na época, o principal intuito da pesquisa era demonstrar que a economia tradicional não incorporava a reciclagem. Desse modo, o meio ambiente assumia um papel secundário, tal qual um simples reservatório de resíduos. A economia circular ganharia forças, portanto, como uma oposição à economia linear, ou tradicional, em que a cadeia produtiva é regida sob o lema “extrair, produzir e descartar”. Um modelo profundamente enraizado na nossa economia, mas que tem se tornado insustentável por diversos motivos como o esgotamento dos recursos naturais, a contaminação do meio ambiente decorrente da produção e descarte, entre outros.
Projeto Cuevas Civilizadas do arquiteto mexicano Carlos Lazo na Cidade do México. Imagem cortesia de The Isamu Noguchi Foundation and Garden Museum
A abordagem do espaço na arquitetura contemporânea é bastante linear: diz respeito a um volume específico dentro de alguma forma de construção material. Mas, se dermos uma olhada nas primeiras moradias intencionais da humanidade, fica claro que elas foram muito menos premeditadas.
Em vez de espaços feitos pelo homem para serem mobiliados, nossos primeiros lares eram covis em cavernas naturais que ofereciam aos caçadores-coletores proteção temporária contra as intempéries e predadores em potencial. Apenas com o desenvolvimento da agricultura é que nossos ancestrais começaram a construir residências permanentes. Até hoje, o "trogloditismo" - ou vida em cavernas - continua conectado a ideias de dissociação social e a um desejo hermético de existir fora das normas arquitetônicas ortodoxas. No entanto, do norte da China ao oeste da França, à Turquia central, centenas de milhões de pessoas ainda optam por passar suas vidas, pelo menos parcialmente, no subsolo.
No último novembro, a conferência anual do clima em Sharm el-Sheikh, a COP 27, terminou com um acordo provisório firmado para estabelecer um fundo climático de “perdas e danos” para a África e outros países em desenvolvimento. Para os africanos, isso foi motivo de uma comemoração contida, já que por gerações o continente construiu sua agenda de mudança climática quase exclusivamente em torno da busca pela justiça climática, visando responsabilizar as nações industrializadas pela maior parte das emissões globais de carbono.
Tudo isso se desenrolou ao mesmo tempo em que a maioria dos países africanos lida com os desafios mais básicos: saneamento urbano ineficiente; má gestão de águas pluviais; escassez de água, saneamento e instalações de higiene; desmatamento e degradação ambiental.
https://www.archdaily.com.br/br/996449/e-hora-da-africa-criar-sua-propria-agenda-para-as-mudancas-climaticasMathias Agbo, Jr.
Diante dos desafios para alinhar as demandas de desenvolvimento com as políticas de sustentabilidade, pesquisadores da FGV EAESP (Escola de Administração de Empresas de São Paulo), junto à organização não governamental internacional ICLEI (sigla em inglês para Governos Locais para a Sustentabilidade), e outros parceiros, criaram o Guia de Infraestrutura Verde e Azul. O objetivo é realizar um passo a passo de como tornar cidades sustentáveis, com foco em melhorar a governança local em relação a três fatores-chave: alimentação, água e energia.
https://www.archdaily.com.br/br/996491/guia-de-infraestrutura-verde-e-azul-mostra-como-tornar-as-cidades-sustentaveisArchDaily Team