"(Re)membering the See Monster" de Eldry John Infante - Vencedor. Imagem cortesia de WAF
O Festival Mundial de Arquitetura, em colaboração com os co-curadores Make Architects e o Museu Sir John Soane, anunciou Eldry John Infante, arquiteto e ilustrador filipino, como o grande vencedor do Prêmio de Desenho de Arquitetura de 2023. O desenho premiado, intitulado (Re)membering the See Monster, é uma representação cativante em mídia mista de uma plataforma petrolífera desativada. A imagem busca estimular conversas sobre o tema do reaproveitamento, indo além do aspecto físico da estrutura.
Para muitos arquitetos e arquitetas, a forma mais instintiva de passar uma ideia para o papel é através do desenho. Desde rápidos esboços no guardanapo durante a pausa para um café até diagramas mais elaborados que sistematizam uma série de soluções arquitetônicas, os desenhos são ferramentas recorrentes e essenciais no processo de um projeto de arquitetura, mas nem sempre os traços dão conta de transmitir com a clareza desejada determinado conceito.
Sons, cheiros, sentimentos e sensações dificilmente costumam ser traduzidos apenas na forma de desenho. Escalas humanas nem sempre dão conta de passar a dimensão de determinados elementos, exigindo o auxílio de indicações numéricas mais precisas. Legendas costumam ser usadas para definir espaços e especificar elementos arquitetônicos e, quando o celular ou a calculadora não está ao alcance, os desenhos também podem dividir o espaço do papel com cálculos rápidos. Muitas são as situações em que a escrita é combinada ao traço em uma ferramenta de comunicação híbrida, em que a subjetividade ou abstração do desenho é amparada por uma certa assertividade das palavras e números.
Cuadra San Cristóbal, Los Clubes, Atizapán de Zaragoza, Estado do México, 1966-1968. Esboço em perspectiva do pátio principal de Luis Barragán. Imagem via Fundação Barragan
Há dois anos, por iniciativa da Fundação Barragán, foi anunciado o lançamento do novo site da instituição. Isso representou o esforço em compilar toda a informação disponível até agora no Arquivo Barragán que foca no estudo de sua carreira, abrindo o panorama para entender sua trajetória e evolução a partir de uma cronologia clara de experimentos e colaborações, bem como de projetos não construídos ou demolidos. O site compila essas cinco décadas de trajetória e apresenta uma lista de 170 obras dentro e fora do país, que é atualizada à medida que mais materiais são coletados.
Se hoje as tecnologias despontam para diversas formas de representação e interação com o desenho, compreender como os arquitetos se comunicam através dos traços realizados à mão pode ser fundamental para se aprofundar no tema da visualização arquitetônica. Através da simplicidade dos gestos, pequenos textos ou uma colagem de referências, é possível traduzir ideias de forma inovadora, diferentemente dos modos que um render pode apresentar. Por isso, evidenciamos aqui o trabalho de grandes nomes como Lina Bo Bardi, Renzo Piano, Pezo von Ellrichshausen e Mikkel Frost, que a partir de diferentes técnicas revelam distintos modos de representar um projeto.
Durante o ano de 2020, a passagem do sistema presencial ao remoto–tanto em escolas quanto universidades—, permitiu que jovens e adultos pudessem seguir seus planos de estudo durante as fases mais críticas da pandemia. Entretanto, é evidente que esta repentina mudança transformou substancialmente as antigas dinâmicas de ensino e aprendizado. Nas escolas de arquitetura, por exemplo, onde os alunos muitas vezes trabalham em grupos e utilizam objetos físicos como maquetes e modelos tridimensionais para desenvolver seus estudos, eles tiveram que adaptar-se a esta nova realidade muito rapidamente. Em se tratando de disciplinas de caráter projetual e de desenho, onde o engajamento entre os alunos e a colaboração com os professores são fatores fundamentais para o desenvolvimento do trabalho prático, a transição direta e completa para o ambiente virtual—com aulas, apresentações, discussões, revisões e entregas sempre em modo remoto—privou os alunos de explorar qualquer outro método alternativo de expressão que não a representação digital.
Rafael Araujo é um arquiteto e ilustrador venezuelano, que com apenas quinze anos começou a observar os padrões inteligentes na natureza. Ele os desenha inteiramente à mão há mais de 40 anos, munindo-se de um lápis, um compasso, uma régua e um transferidor.
Na entrevista a seguir, investigamos suas motivações e reflexões sobre os sistemas de representação geométrica, revisando sua aplicação no mundo do design e da arquitetura.
Categoria Digital - entombment of fear exterior_kyra swee yew yong. Imagem Cortesia de The Architecture Drawing Prize 2020
O Architecture Drawing Prize 2020 anunciou os finalistas nas categorias Digital, Desenho à Mão e Técnica Mista. O concurso deste ano reuniu mais inscrições do que a edição anterior, com 165 participantes de 30 países, 35 dos quais são de estudantes e arquitetos com menos de 30 anos. Além disso, a competição de 2020 introduziu o ‘Prêmio Lockdown’, com foco na pandemia global, concedido a um desenho relacionado às mudanças arquitetônicas trazidas pelo coronavírus.
Isometric study of unitised curtain wall elements from The Shard. Image Cortesia de The Donnies
Fachadas são a primeira barreira no exterior das edificações. Recebem chuva, neve, ventos, sol e mudanças de temperatura. Sua função primordial é manter o interior intacto da água, das pontes térmicos e torná-lo o mais confortável possível. É por isso que o detalhamento delas geralmente é feito por arquitetos experientes ou empresas especializadas, que entendem bem as capacidades dos materiais e os métodos de construção e saberão especificar as melhores soluções para cada caso. Mas às vezes, ao ver um projeto, alguns detalhes de fachada chegam a embrulhar o estômago de tão complexos, com milhares de linhas de chamadas, hachuras e cotas. Tornar esses desenhos didáticos, técnicos e, acima de tudo, bonitos, é uma tarefa para poucos. Conversamos com Troy Donovan, o criador da conta do instagram @the_donnies, com mais de 188 mil seguidores, que faz esse trabalho como poucos. Leia a entrevista a seguir.
Buscando algumas referências rápidas ou maneiras de melhorar seus desenhos? O site archweboferece gratuitamente uma série de blocos, plantas e outros arquivos em DWG, para que você usar em pesquisas ou mesmo como inspiração. De mobiliário a iconografia de desenho técnico, de detalhes de desenho de rodovias a layouts de ambientes, o site possui uma vasta coleção de plantas, cortes e fachadas disponíveis em diversas categorias. Além disso, muitos desenhos vêm com polilinhas fechadas, fáceis de serem editadas e hachuradas.
Confira esses 20 blocos que ajudarão a detalhar seus desenhos:
https://www.archdaily.com.br/br/872666/biblioteca-de-desenhos-arquitetonicos-em-dwg-disponiveis-para-downloadOsman Bari
Para qualquer estudante de arquitetura, o trabalho final de graduação tende a ser o momento perfeito para dar o máximo de si. Seja através de visualizações 3D ou maquetes físicas notáveis, sua apresentação final é a chance de exibir todas as habilidades conceituais e técnicas adquiridas ao longo dos anos.
Para o trabalho final de pós-graduação, o arquiteto Mohammad Pirdavari, do Ati-Naghsh Hamraz Consultants, projetou um estádio representado através de uma série de desenhos à mão. Suas intrincadas ilustrações ajudam a destacar a materialidade do edifício e a relação entre estrutura exposta e revestimentos.
Fiz parte da última geração de estudantes de arquitetura que não usava computadores (estamos falando apenas do início dos anos 90 aqui; havia eletricidade, televisões coloridas, foguetes, só nada de renderizações.) No meu último ano na faculdade, calculei mal quanto demoraria para terminar meu projeto de graduação. À medida que o prazo se aproximava, percebi que era tarde demais para me comparar às apresentações de meus colegas. Na época, Zaha Hadid e suas pinturas desconstrutivistas definiam o estilo da ilustração arquitetônica. Isso significava que muitos projetos de estudantes eram renderizados em tintas a óleo em grandes telas.
O arquiteto Frank Harmon tem um compromisso diário: ele tenta fazer um desenho à mão livre todos os dias. Ele não gasta muito tempo com cada um. Cerca de cinco minutos. Esses gestos rápidos de representação são como capturar relâmpagos em uma garrafa ou, como Virginia Woolf disse uma vez sobre a importância de escrever todos os dias, “bater a rede para capturar a borboleta do momento”. Para capturar esses momentos, você deve ser rápido. O minuto se move. Os desenhos de Harmon parecem soltos, confusos nas bordas. Você sente sua duração de cinco minutos.
https://www.archdaily.com.br/br/904735/como-um-croqui-diario-melhorara-sua-arquiteturaMichael J. Crosbie
Arquitetura é uma prática profundamente dependente do visual. É concebida, comercializada, criticada e consumida quase que inteiramente através daquilo que é capaz (ou não é capaz) de comunicar visualmente. Selecionamos e produzimos imagens o tempo todo, ângulos impossíveis e perspectivas inexistentes somente para admirar as qualidades arquitetônicas de objetos que nunca verão a luz do dia.
https://www.archdaily.com.br/br/904365/destaques-da-semana-o-que-os-olhos-nao-veemKatherine Allen
American Dream or American Nightmare / Yue Ma. Image Courtesy of World Architecture Festival
O World Architecture Festival, com os co-curadores Make Architects e o Museu Sir John Soane, anunciaram hoje os vencedores do seu anual Architecture Drawing Prize, estabelecido em 2017 para reconhecer a “importância contínua do desenho manual, ao mesmo tempo que abraça o uso criativo das renderizações digitalmente produzidas.”
https://www.archdaily.com.br/br/904308/world-architecture-festival-anuncia-os-vencedores-do-premio-de-desenho-de-2018Katherine Allen
Talvez como uma forma de "urbanismo abstrato", o artista Benjamin Sack usa caneta e papel para construir cidades e mundos que ganham vida com seus traços. Torres e pequenas construções se fundem para compor paisagens urbanas familiares, porém inimaginavelmente complexas, com intrincados arranjos espaciais. Essa atmosfera de "urbanismo abstrato" introduz uma perspectiva provocativa sobre o contexto urbano e sua relação com aqueles que o habitam.
Modmin tem sido uma boa fonte para vídeos de qualidade e tutoriais sobre desenho arquitetônico e croquis. O seu novo vídeo aborda um fundamento do desenho: a capacidade de desenhar uma linha reta. Para muitos arquitetos experientes, esta é uma habilidade que eles dominaram há muito tempo. Mas se você está apenas começando, ou se se escondeu atrás da capacidade do seu computador de desenhar linhas retas consistentemente, esse passo-a-passo é para você.
Referindo-se à primeira dica em 101 Coisas que aprendi na Escola de Arquitetura de Mateus Frederick, compartilhamos um exercício que ele ensinou para conseguir desenhar linhas retas.
https://www.archdaily.com.br/br/885086/dica-de-desenho-como-desenhar-uma-linha-retaAD Editorial Team
Para os arquitetos, diz Narinder Sagoo, diretor de design de comunicação da Foster + Partners, desenhos são responsáveis por contar histórias. Também representam uma maneira altamente eficaz de levantar questões sobre o processo de projeto. Embora a história da arquitetura - certamente desde o Renascimento italiano - tenha sido representada por desenhos convincentes que afirmam a supremacia e refletem a glória de edifícios totalmente resolvidos, há outro modo de representação que permitiu aos arquitetos pensar seus projetos sem preconceitos.
Moleskines, croquis, fotografia de arquitetura, imaginação e Instagram - estas são algumas coisas que despertam o interesse de qualquer entusiasta da arquitetura. Por isso, é difícil acreditar que Pietro Cataudella, autor do projeto CityLiveSketch, não seja um artista ou arquiteto, mas um estudante de geofísica.
No verão de 2014, o italiano iniciou um projeto para "descrever a terra de uma maneira alternativa pelo uso combinado de fotografias e desenhos que representam os marcos de esplêndidas cidades italianas". Ele viajou de Pisa a Paris, Londres e Barcelona, e esboçou edifícios famosos que incluem o Bosco Verticale de Stefano Boeri e a Torre Eiffel.