Em 2021, o motorista médio de Londres passou 148 horas nos engarrafamentos — o dobro da média nacional, de acordo com um novo relatório da Inrix, uma empresa que analisa o tráfego rodoviário. Essas descobertas levaram a uma reportagem da BBC que atribuiu o novo suposto status de cidade mais congestionada do mundo a um aumento nas ciclovias, implementadas em toda Londres para garantir o distanciamento social nas viagens durante a pandemia. Essa análise parece ignorar o fato de que o congestionamento em 2021 foi praticamente o mesmo que em 2019.
Para entender o que está acontecendo, precisamos lembrar que a quantidade de tempo disponível para cada um de nós restringe o quanto podemos viajar. Há muitas coisas que precisamos encaixar em 24 horas e, em média, passamos apenas uma hora nos deslocando. Isso limita o acúmulo de congestionamento nas cidades.
O governo do estado de São Paulo anunciou na última quinta-feira (10) o projeto da primeira ciclovia de longa distância em rodovia no Brasil, a Ciclovia dos Bandeirantes, na Rodovia dos Bandeirantes.
Localizada entre São Paulo e Itupeva, a nova ciclovia ligará a capital paulista ao recém-lançado Distrito Turístico Serra Azul, em Itupeva, com aproximadamente 57 quilômetros de extensão.
A bicicleta não é mais utilizada apenas para esportes ou atividades recreativas. Cada vez mais, as pessoas optam por ela como principal meio de transporte.
A arquitetura cumpre um papel fundamental no incentivo do uso da bicicleta, já que uma cidade equipada com ciclovias seguras, bicicletário e áreas livres para lazer inspira as pessoas a deixarem seus automóveis.
Novo trecho da ciclovia Cosme Velho-Laranjeiras, Rio de Janeiro. Foto: Tânia Rêgo/Agência Brasil
Grandes manchas urbanas, temperaturas elevadas, relevos bastante acidentados, falta de segurança. Quais são os caminhos para promover o uso das bicicletas como alternativa de mobilidade nas cidades brasileiras? Para aprofundar o tema, o Caos Planejado recebe Glaucia Pereira, fundadora da Multiplicidade Mobilidade Urbana e diretora e integrante da Cidadeapé, e Rosa Félix, investigadora em mobilidade urbana em bicicleta do laboratório U-Shift.
Em 2018, a socióloga e cicloativista Marina Harkot defendeu sua tese de mestrado A Bicicleta e as Mulheres na Universidade de São Paulo (SP). Para criar uma metodologia qualitativa dos desafios da mulher ciclista na cidade, ela ouviu diversas mulheres: as que pedalam para trabalhar, as que pedalando conhecem a cidade e as que adoram subir o relevo ondulado da capital.
Foi possível com sua metodologia revelar um traço comum entre as diversas ciclistas: “É a rede em torno dessas mulheres que parece fazer com que elas comecem a pedalar e que permaneçam pedalando — e os exemplos femininos, as mulheres (conhecidas ou não) que pedalam e as inspiraram”, escreveu a pesquisadora.
Ciclistas em rua de metrópole. Foto de Adrian Williams, via Unsplash
O urbanismo do século XXI será marcado pelo aumento da quantidade e escala das megacidades globais - aglomerações urbanas com mais de 10 milhões de habitantes, segundo a ONU - além de um deslocamento geográfico. Até 2100, há previsões de metrópoles africanas com mais de 80 milhões de habitantes, como Lagos (Nigéria) e Kinshasa (República Democrática do Congo). O advento dessas novas e maiores metrópoles, sobretudo na África e na Ásia, somado à necessidade de enfrentamento da grave crise climática em curso, demandam mudanças urgentes no debate da mobilidade urbana.
Plano de retomada de Barcelona vai alargar calçadas, fechar ruas e criar ciclovias temporárias. Foto: Ayuntamiento de Barcelona
Ciclovias criadas da noite para o dia, vias convertidas em zonas calmas, calçadas estendidas às pressas – tudo para acomodar a necessidade de mobilidade urbana em um cenário de pandemia. A COVID-19 tem gerado grandes intervenções urbanas, muitas vezes sem a possibilidade de grande planejamento ou investimento. Cidades convertem-se em laboratórios de experiências que podem trazer benefícios durante a crise e legar um mundo mais sustentável quando o pior passar.
https://www.archdaily.com.br/br/940531/com-urbanismo-tatico-cidades-enfrentam-covid-19-priorizando-pedestres-e-ciclistasBruno Batista e Fernando Corrêa
Como forma de promover maiores distâncias entre as pessoas e incentivar formas alternativas de transporte tanto para profissionais de atividades essenciais que continuam trabalhando no período da pandemia do novo coronavírus, como para os cidadãos que podem sair para se exercitar, cidades ao redor do mundo estão revisando políticas de transporte e revertendo vias destinadas a veículos motorizados para o uso de ciclistas e pedestres.
Paris quer se tornar a capital do ciclismo urbano até 2020 (Foto: Burno Collinet/Flickr)
Quando se fala em “cidade das bicicletas”, certamente Paris não é a primeira cidade a vir à mente. Apesar dos esforços constantes em se tornar uma cidade mais amigável para as bicicletas, a capital francesa é geralmente lembrada por seu sistema de metrô eficiente e suas ruas caminháveis. Desde 2015, Paris encara seu mais recente desafio: se tornar a “capital do ciclismo urbano” até o ano de 2020.
Conhecida por seu sistema de transporte coletivo, Curitiba dá um interessante passo em direção à mobilidade ativa. Desde semana passada, a capital paranaense colocou em teste um tipo de pavimentação que gera energia elétrica a partir das vibrações geradas na ciclovia.
Implementada sobre a ponte do Rio Belém, próximo ao Palácio 29 de Março, no centro cívico da cidade, o piso capta a vibração transmitida pelas bicicletas e pedestres e a converte em energia suficiente para iluminar a pista com sinais ao longo do trajeto.
A medida parte do princípio que não faz sentido algum continuar aplicando as mesmas condições para dois tipos de veículos tão diferentes.
A prefeita Valérie Plante promete melhorias no ciclismo da cidade. E suas ideias estão de total acordo com a Conselheira Marianne Giguère, que é responsável pelo desenvolvimento sustentável e transporte. Para Marianne, de acordo com as atuais leis, a mensagem aos que pedalam é que eles precisam ser tão cautelosos com a bike quanto os que dirigem o carro “mesmo que você [ciclista] seja muito menos perigoso”.
A primeira fase daquela que se tornará a maior garagem de bicicletas do mundo foi inaugurada ao público em Utretch, Países Baixos. Atualmente com 6.000 vagas, ao final de 2018 terá espaço suficiente para abrigar 12.500 bicicletas - superando a atual estação de metrô de Kasai, em Tóquio, que detém o record de 9.400 vagas. Quando concluída, na garagem e seus arredores poderão estacionar 22 mil bicicletas.
Passei quatro dias gloriosos em Copenhague recentemente e deixei-a com um agudo caso de inveja urbana. (Eu ficava pensando: é como... uma Portland, exceto que é melhor.) Por que não podemos fazer cidades assim no resto do mundo EUA? Essa é a pergunta que um nerd urbano como eu faz ao passear pelas famosas ruas amigáveis para os pedestres, enquanto hordas de ciclistas tremendamente loiros e magros passam.
Copenhague é uma das cidades mais civilizadas do planeta. A "mais habitável" do mundo, muitas vezes batizada, com alguma justificativa. (Embora um parente dinamarquês me tenha cautelado, "Gaste algumas semanas aqui em janeiro antes de fazer essa afirmação".) Mas a civilidade aparentemente sem esforço, o incrível nível de bondade de Copenhague, não é um acidente do lugar ou uma casualidade. É o produto de uma crença compartilhada que transcende o desenho urbano, embora a cidade seja um verdadeiro laboratório para praticamente todas as melhores práticas no campo.
Antes y después de la Gran Vía de Madrid. Image Cortesía de Ayuntamiento de Madrid
A Prefeitura de Madri anunciou a reconversão de uma das principais artérias da capital espanhola em um espaço viário mais adequado aos pedestres, com uma ciclovia de duas mãos, vegetação e calçadas mais amplas. O projeto ainda está sendo redigido e buscará potencializar as relações entre as pessoas, facilitando os deslocamentos em bicicleta e contribuindo, assim, para melhorar as condições de vida da cidade.
Projetos pequenos, mas com grande alcance. Está e uma das vertentes exploradas pela Prefeitura de Madri e que toma forma em iniciativas como esta: a Gran Vía será uma via mais humana, restringindo o acesso de veículos motorizados e facilitando os deslocamentos de bicicleta. Com esta medida, a Prefeitura aprofunda sua intenção de humanizar Madri, uma cidade claramente dominada pelo automóvel.
Não é segredo que Copenhague continua investindo maciçamente em infraestruturas para o ciclismo como nenhuma outra cidade do planeta. A rede já é abrangente e eficaz, mas a cidade continua acrescentado ligações importantes, especialmente sobre o porto e os canais. Uma das adições mais recentes é a Ponte Inderhavnsbroen, que abarca o Porto de Copenhague em um ponto chave, estratégico e icônico. Ela conecta o centro da cidade com o bairro Christianshavn e os bairros do sul. Ela é uma da série de 17 novas pontes ou passagens subterrâneas para o tráfego em bicicleta que foram adicionadas à rede de transporte da cidade nos últimos anos.
A Ponte Inderhavnsbroen teve problemas em sua construção e estava extremamente atrasada, tendo sido inaugurada apenas em julho de 2016. Deixe-me ser claro: estou muito feliz que temos uma nova e moderna conexão sobre o porto para acomodar especialmente o tráfego de bicicletas e pedestres. Eu estou impressionado com o fato de que o número de ciclistas que a cruzam diariamente excede toda a quantidade projetada. A cidade estimou que entre 3.000-7.000 ciclistas usariam a ponte mas os números mais recentes são de 16.000. É um enorme sucesso. Mas às vezes você está tão apegado aos detalhes que não vê o todo. Desculpe, mas Inderhavnsbro é uma estúpida, estúpida ponte.
A capital portuguesa lançou mais uma iniciativa em favor dos que defendem uma muito necessária mudança do paradigma da mobilidade em Lisboa, assunto que tem ocupado o topo da agenda da mídia e da política na cidade. A Câmara Municipal de Lisboa (CML) prepara-se para anunciar, em breve, o avanço para a criação de uma rede cicloviária com cerca de 90 quilômetros de extensão, a qual deverá ser concretizada ao longo de 2016 e 2017. A intervenção não implica, porém, a construção das tradicionais ciclovias.
Maior evento sobre mobilidade em bicicletas do mundo, a conferência Velo City Globalacontecerá no Rio de Janeiro em 2018. Esta será a primeira vez que o evento será realizado na América do Sul.
Organizado pela Federação Européia de Ciclismo (ECF – European Cycling Federation) o congresso tornou-se global a partir de 2010 e acontece a cada dois anos em cidades que promovem o uso da bicicleta. São cerca de 4 dias em que técnicos e políticos da administração, empresários e membros da sociedade civil vindos do mundo todo reunem-se para discutir soluções para promover a cultura ciclística e as pedaladas como meio de transporte.
O Louisiana Channel visitou recentemente uma das cidades mais abertas ao ciclismo urbano para conhecer o novo "marco arquitetônico de Copenhague", o projeto "The Bicycle Snake", do escritório Dissing+Weitling Architecture. "Surpreendentemente delgada" e ostentando uma única pista de cor alaranjada, a Bicycle Snake é uma ponte de 230 metros de comprimento dedicada exclusivamente aos ciclistas. A passarela busca "não ser mais do que realmente é" - diferentemente de muitos outros ícones arquitetônicos -, conectando os ciclistas a duas importantes regiões da cidade por um caminho que se eleva sete metros acima do solo.