Empenhado em criar ambientes para as mais distintas atividades humanas, Armando de Holanda, atuou como arquiteto no Nordeste e, inquieto com as tradições construtivas europeias que se mantinham e se demonstravam inadequadas para a região, criou um conjunto de estratégias que permitem projetar e construir com vista no desempenho da edificação que prioriza o ambiente tropical: a presença da natureza, luz e clima.
https://www.archdaily.com.br/br/967782/roteiro-para-construir-no-nordesteEquipe ArchDaily Brasil
Todas as vezes que publicamos um artigo sobre o Hempcrete, ou Concreto de cânhamo, recebemos muitos comentários nas redes sociais, sempre com algum nível de ironia, de o que ocorreria se tudo pegasse fogo? De fato, essa é uma dúvida legítima, já que ainda há muita confusão sobre as diferenças entre a maconha e o cânhamo, ambas provindas da mesma espécie de planta (Cannabis Sativa). Mas enquanto a maconha apresenta efeitos psicoativos por conta do tetra-hidrocanabinol (THC), presente principalmente nas flores da planta, os materiais de construção à base de cânhamo são produzidos a partir do caule da planta moído, contendo doses ínfimas de THC. Portanto, respondendo rapidamente à pergunta do título: não, o edifício não se tornará um imenso baseado no caso de um incêndio. Inclusive, alguns testes têm mostrado que estes materiais apresentam ótimo desempenho ao fogo, dissipando as chamas, mantendo a integridade estrutural e não emitindo fumaça tóxica.
Nenhum edifício está isolado. Envolvendo redes ambientais e culturais, a arquitetura é uma arte inerentemente fundamentada. Assim, limites e restrições impulsionam o processo de projeto, gerando soluções que celebram o mundo como o encontramos. Incorporando essa dinâmica, os projetos de renovação e reutilização adaptativa abrangem problemas desafiadores e condições existentes. Isso é especialmente verdadeiro quando se trabalha com edifícios industriais, locais onde maquinários, manufatura e energia são combinados.
Apesar da pandemia de Covid-19 ter adiado a COP26 até novembro de 2021, os negociadores da ONU ainda estavam trabalhando duro ainda em 2020. Depois de uma série de eventos virtuais em junho do ano passado, mais de três mil delegados de países concluíram os Diálogos sobre o Clima, um conjunto de 80 encontros virtuais em que os países revelaram, revisaram e discutiram questões pendentes nas negociações internacionais sobre o clima.
Desde o início, os países concordaram que os diálogos não incluiriam as negociações formais que normalmente ocorrem nas COPs e não levariam a quaisquer decisões oficiais. Em vez disso, os diálogos abordaram eventos que os países haviam determinado previamente que ocorressem em 2020 e outras trocas informais. Os diálogos serviram como uma plataforma para os países e atores não estatais fazerem um balanço do progresso geral da ação climática em 2020 e ofereceram um espaço informal para que os negociadores compreendessem melhor questões pendentes em sua preparação para retomar as negociações em 2021.
Jingdezhen Imperial Kiln Museum / Studio Zhu-Pei. Image Courtesy of Studio Zhu-Pei
Ao longo dos últimos anos testemunhamos um interesse crescente por técnicas tradicionais e processos artesanais de construção, assim como no papel cada vez mais significativo dos materiais locais na arquitetura contemporânea. Conscientes do impacto ambiental e também econômico da industria da construção civil no mundo hoje, arquitetos e urbanistas estão mudando o rumo de nossa disciplina ao adotar novas estratégias e abordagens em seus projetos e processos com o principal objetivo de “atender às demandas da nossa sociedade sem, no entanto, comprometer ou esgotar os recursos naturais que atualmente encontram-se à nossa disposição”.
Pesquisadores apontam os Jardins Suspensos da Babilônia como os primeiros exemplos de telhados verdes. Ainda que não exista comprovação de sua localização exata e pouquíssima literatura sobre a estrutura, a teoria mais aceita é que o rei Nabucodonosor II construiu uma série de terraços elevados, ascendentes e com espécies variadas como presente à esposa, que sentia falta das florestas e montanhas da Pérsia, sua terra local. Segundo Wolf Schneider [1] os jardins eram sustentados por abóbadas de tijolos, e sob eles, existiam salões sombreados e refrigerados pela irrigação artificial dos jardins, com uma temperatura muito mais amena que o exterior, na planície da Mesopotâmia (atual Iraque). Desde então, exemplos de coberturas verdes apareceram por todo mundo, de Roma à Escandinávia, nos mais diversos climas e tipos.
Ainda assim, a solução de inserir plantas na cobertura ainda é vista com desconfiança por muitos, como uma solução custosa e difícil de manter. Outros, no entanto, defendem que os custos elevados de implantação são amortizados rapidamente com economias na climatização e que, principalmente, ocupar a quinta fachada da edificação com vegetação é uma saída, antes de tudo, racional. De toda a forma, fica a dúvida de como os telhados verdes podem realmente ajudar nas mudanças climáticas.
Quem gosta de plantar e cultivar alimentos ou outros tipos de planta, sabe que uma estufa pode ser muito importante em diversas situações. Seja para proteger as plantas do frio, para abrigar espécies específicas que são mais sensíveis ao vento ou ainda para o desenvolvimento de brotos e mudas que depois serão replantados em outros lugares.
Ter a sua própria estufa requer espaço. Existem muitas opções de estufas “prontas” e também é possível contratar profissionais especializados para a construção do seu espaço de cultivo. Mas também é possível usar a criatividade e um pouco de tempo e disposição para construir a sua própria estufa.
Talvez o mais elementar dos materiais de construção, o termo “tijolo” é utilizado muitas vezes como sinônimo do bloco cerâmico, mas ele não se limita apenas a isso. Usar tijolos em sua construção significa optar por projetos que podem ser modulares, otimizados, e principalmente, versáteis. Este artigo explora o que são e quais as finalidades dos diferentes tipos de tijolos mais usuais na construção civil.
Ao longo dos últimos anos, muitos arquitetos e arquitetas têm expressado seu compromisso para com o desenvolvimento de uma arquitetura mais ética e sustentável, apropriando-se amplamente de materiais locais e técnicas tradicionais de construção. Neste âmbito, muitos deles foram buscar inspiração em sistemas construtivos vernáculos e na própria cultura e identidade local, ressignificando antigas soluções em contextos contemporâneos.
Em nossa constante busca por materiais locais e ecológicos, onde quer que estivermos, sempre vamos nos deparar com um dos materiais mais conhecidos, sustentáveis e recorrentemente utilizados por diferentes povos e culturas ao redor do mundo: o ratã. Atualmente estima-se que quase setecentas milhões de pessoas fazem uso constante do ratã em suas atividades diárias, sendo que em muitos países do sudoeste asiático este material é até considerado um importante elemento da própria cultura e identidade local. Neste artigo, procuramos analisar as formas como arquitetos e arquitetas têm explorado este versátil material em seus projetos de arquitetura contemporânea.
Beit Rumman Hotel, Damascus. Image via Tumblr Account syrian-courtyard
Acompanhando diariamente os projetos que são notícia aqui no ArchDaily, é impossível passar despercebido o fato de que as casas com pátio estão em alta na arquitetura contemporânea. Como uma estratégia para dissimular os limites entre os espaços interiores e exteriores—seja incorporando paredes verdes, design biofílico ou pátios internos—as casas com pátios costumam ser muito comuns em países de clima quente e seco. Mas quando se trata de países do mundo árabe, esses espaços internos-externos são muito mais do que uma simples estratégia arquitetônica para promover a ventilação e a iluminação natural dos espaços interiores: o pátio é um elemento cultural e que transcende gerações. Neste artigo, exploraremos como a cultural dos povos árabes veio a influenciar a gênese das casas-pátio mais tradicionais no oriente médio e como suas características arquitetônicas únicas foram apropriadas por outros povos e em outros contextos ao redor do mundo.
Há muitas pessoas que diariamente se perguntam qual é o tamanho ideal de uma televisão para o tamanho de sua sala de estar ou qual é o melhor lugar para colocá-la. A verdade é que há uma série de fatores a serem considerados ao decidir onde colocar o dispositivo que envolvem considerar as dimensões tanto do ambiente quanto da televisão, a resolução da imagem, a altura, o design e assim por diante. Aqui estão algumas recomendações para garantir o conforto e o bem-estar dos usuários, evitando possíveis problemas de fadiga ocular ou posturas corporais inadequadas.
Ao passar mais tempo em casa, muitas pessoas perceberam que pensar os espaços interiores está além de um mero "gosto" pessoal, mas que suas ambiências influenciam diretamente no nosso conforto, humor e qualidade de vida. Esse ponto de vista afetou o modo como enxergamos o próprio banheiro, buscando por soluções que animem esse ambiente e tirem ele da monotonia padrão na qual normalmente é realizado. Por isso, buscamos em nosso arquivo diversos exemplos que quebram essa regra e apresentam espaços que adicionam mais personalidade para a casa e bem-estar para seus usuários.
https://www.archdaily.com.br/br/967486/banheiros-tendencias-e-inspiracoes-para-seu-projetoEquipe ArchDaily Brasil
Um edifício desponta no calçadão à beira-mar da cidade de Palma. Este edifício, construído por José Ferragut Pou em 1960, foi um projeto de vanguarda influenciado pela arquitetura moderna americana da época. Hoje, ele conta uma história de vazio e solidão, como muitos outros.
Lluís Bort é um arquiteto e fotógrafo espanhol que apresenta "Arquiteturas Vazias", um registro fotográfico de alguns dos edifícios e construções abandonadas em toda a Ilha de Maiorca, Espanha.
Muitas vezes, os edifícios acabam como lixo no final de seu ciclo de vida. Como o ambiente construído pode se mover em direção a uma economia circular e, por sua vez, re-imaginar como os materiais valiosos são rastreados e reciclados? Procurando resolver este problema, os "passaportes de materiais" são uma ideia que envolve repensar como os materiais são recuperados, durante a reforma e demolição, para reutilização. O resultado é que, quando um prédio está pronto para ser demolido, ele se torna um banco de armazenamento de materiais úteis.
Cortesia de Trent Basin, Nottingham, UK. Blueprint Regeneration, Martine Hamilton Knight
Em seu mais recente relatório, o Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas (IPCC) afirma que o aumento da temperatura média global em 1,5ºC será essencialmente inevitável ao longo das próximas décadas. Embora tenhamos que aceitar e conviver com esta realidade, a questão agora é se seremos capazes de inverter esta tendência para evitar um acréscimo ainda maior—que é para onde estamos apontando hoje segundo o IPCC. O relatório informa ainda que, para limitarmos o aumento da temperatura global em apenas 1,5ºC, não poderemos superar em hipótese alguma, a quota das 420 gigatoneladas em emissões de gases do efeito estufa. Acontece que, de acordo com os cálculos do IPCC, se mantivermos o nosso atual passo em matéria de emissões, atingiremos esta meta com facilidade até o ano de 2030. Isso significa que precisamos eliminar com urgência o uso de combustíveis fósseis e investir amplamente na construção de usinas de energia de fontes renováveis para abastecer nossos veículos, casas e cidades.
As intenções da Cidade de 15 Minutos são louváveis. Há muito tempo acredito que caminhar é o melhor de todos os modos de transporte. Também creio que as cidades devem ser livres das regulamentações comerciais que dificultam o surgimento de pequenas lojas e cafés aconchegantes em bairros residenciais. Um bairro de uso misto vivo e dinâmico pode ser um dos melhores presentes do empreendedorismo urbano.
Nos Estados Unidos, regulamos o empreendedorismo dos pobres muito mais do que o dos ricos. Os ricos inovam no ciberespaço, uma zona, em grande parte, livre de regulamentação. Do outro lado, os pobres inovam na prática, em coisas reais, sob as regras do governo local, que microgerenciam o físico.
A prática da arquitetura cada vez mais se voltará para a reutilização de espaços pré-existentes, confiando ao projeto a chance de remodelar seus ambientes, trazer novos usos ao espaço e, assim, diminuir o dano ao meio ambiente. Neste panorama, reciclar galpões não é uma novidade. Por se tratar de espaços que cobrem grandes vãos e possibilitam infinitas possibilidades de ocupação em seu interior, a prática tem se tornado cada vez mais comum.
https://www.archdaily.com.br/br/967409/renovando-galpoes-projetos-brasileiros-que-se-apropriam-dessas-estruturas-industriaisEquipe ArchDaily Brasil
As técnicas vernaculares e os materiais locais têm ganhado protagonismo no debate da arquitetura, mas, é possível trazer esses conceitos para os grandes centros urbanos?
O arquiteto amazonense Severiano Porto já apontava em 1984 a necessidade de se pensar em uma arquitetura mais conectada com o lugar onde está implantada. A lógica do uso de materiais e técnicas locais cada dia mais se mostra necessária quando pensamos no impacto que a cadeia produtiva da construção civil têm no planeta. Não à toa, cada dia está mais comum o número de projetos que partem do princípio das técnicas vernaculares e do uso de materiais locais, assim como a produção de Severiano já anunciava desde a década de 1980.