Redesenhando o caminho para uma arquitetura neutra em carbono: entrevista com CO Adaptive Architecture

A crise climática reformulou a arquitetura contemporânea. A sustentabilidade se tornou uma força orientadora importante no projeto e, por sua vez, os arquitetos estão repensando como devem construir. Para o escritório CO Adaptive Architecture, abordar a crise climática começa com uma prática orientada a processos. Juntos, Ruth Mandl e Bobby Johnston criaram uma empresa que incorpora como uma abordagem baseada em valores pode abordar as questões mais urgentes de nosso tempo. O resultado é uma arquitetura elegante e impactante trazida à vida com equilíbrio e finesse.

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Cortesia de CO Adaptive Architecture

Ruth e Bobby estão focados em modernizar o estoque de edifícios existentes para criar ambientes energeticamente eficientes, resistentes ao clima e espacialmente belos. Seus projetos são enraizados na funcionalidade, durabilidade e na energia incorporada dos materiais. Juntos, eles estão trabalhando para minimizar as pegadas de carbono, entendendo haver um custo global para cada decisão tomada. A prática foi fundada em 2011 em Nova York e, mais de uma década depois, seu portfólio pioneiro fala por si só. Na entrevista a seguir, Ruth e Bobby compartilham suas primeiras inspirações e projetos recentes, bem como o que significa questionar criticamente o status quo.

Por que vocês escolheram estudar arquitetura?

Ruth: Meu avô era arquiteto e, por isso, fui apresentada à profissão desde cedo. Fiz um curso básico de Arte e Design na Inglaterra antes de me formar em Design de Interiores, tendo encontrado uma paixão pelo projeto. Depois disso, trabalhei em alguns escritórios de arquitetura, o que solidificou meu desejo de fazer meu mestrado em Arquitetura.

Bobby: Eu era um desses garotos estranhos e sabia que queria ser arquiteto desde os 10 anos. Eu desenhava plantas baixas na casa do meu pai, depois aprendi programas básicos de CAD, além de criar invenções e estruturas no meu tempo livre. Comecei a trabalhar em escritórios de arquitetura aos 17 anos.

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Cortesia de CO Adaptive Architecture

Vocês podem nos contar um pouco sobre a CO Adaptive Architecture, e como seu trabalho evoluiu ao longo do tempo?

Quando começamos a trabalhar juntos em competições durante e logo após a graduação, descobrimos que minha paixão pela sustentabilidade e a paixão de Bobby pela otimização eram naturalmente uma boa combinação. Desde então, seguimos continuamente aperfeiçoando nosso pensamento sobre o que sustentabilidade e construção para a longevidade e saúde realmente significam. Esforçamo-nos para ser um escritório horizontal que acolhe e incorpora a contribuição de todos os membros da equipe na direção de nossa prática e, como tal, sua evolução também é impulsionada pela contribuição de nossa incrível equipe, pois nosso objetivo é melhorar continuamente e avançar nosso compromisso com cada projeto que assumimos.

Vocês projetaram uma série de projetos de reutilização adaptativa, de baixo carbono e de eficiência energética. Vocês podem nos contar mais sobre seu compromisso com o projeto sustentável?

Eu e Bobby sempre concordamos que a arquitetura dá demasiada ênfase aos valores estéticos; e dados os problemas que nosso planeta e espécies enfrentam, sentimos a responsabilidade de construir soluções para os problemas globais para os quais esta indústria contribuiu/está contribuindo. Isto não quer dizer que não visamos a beleza — mas em nossa mente isto é sempre secundário, focamos melhorar nossa pegada e pensar na saúde dos habitantes do edifício e de toda a cadeia de materiais — desde a produção, uso e descarte (ou, idealmente, reutilização).

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Cortesia de CO Adaptive Architecture

A arquitetura neutra em carbono está sendo cada vez mais utilizada como um termo para descrever uma abordagem de redução de carbono e energia. O que isso significa para os dois?

Para nós, Net-Zero refere-se ao objetivo de reduzir o consumo de energia operacional de nossos edifícios a Zero — projetando de tal forma que um edifício não utilize mais energia do que pode produzir localmente (idealmente no local). Abordamos isto usando a metodologia das Casas Passivas de isolar fortemente e instalar uma membrana hermética para reduzir as cargas de aquecimento e resfriamento em 80 – 90%, e também pensando no sombreamento externo para reduzir o ganho de calor solar para os verões cada vez mais quentes. Ao diminuir a necessidade de sistemas ativos e contar com um envelope térmico bem projetado, fica mais fácil atender aos requisitos reduzidos de energia com fontes renováveis. Também vale a pena notar que nosso objetivo é eliminar qualquer uso de gás ou combustível fóssil em nossos edifícios, portanto cozinhar com indução elétrica, aquecedores elétricos de água ao lado de um sistema de aquecimento que pode ser alimentado por energias renováveis é importante.

Dito isto, pensamos que um edifício verdadeiramente Net Zero deve considerar a energia incorporada que vai para os materiais e para ele, e por isso temos uma paixão particular pela reutilização adaptativa e pela modernização do estoque de edifícios mais antigos e existentes. Também procuramos utilizar madeira e materiais de construção naturais pelo mesmo motivo. Fiquei realmente fascinado por um artigo que encontrei escrito por John Ochsendorf, que afirma que a energia necessária para construir uma casa é igual à quantidade utilizada para operá-la durante 20 anos (assumindo uma eficiência operacional normal). Esses dados apenas ilustram que nosso foco deve ser igual à eficiência operacional e o carbono incorporado para fazer uma diferença significativa. Conclui-se que todos os materiais atualmente usados em nossos edifícios e cidades são ricos em carbono incorporado que não deve ser desperdiçado — e é isso que despertou nosso interesse recente pela desconstrução.

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Cortesia de CO Adaptive Architecture

Quais projetos vocês têm trabalhado recentemente?

Estamos super empolgados com uma reforma cirúrgica e cuidadosa de uma pequena casa que acaba de iniciar as obras no Queens. A reforma irá atualizar a casa para torná-la uma Casa Passiva Certificada e, essencialmente, torná-la Net Zero, enquanto nos certificamos de que estamos desperdiçando o mínimo possível em relação aos materiais já existentes. Nosso foco para esta casa é a desconstrução e não a demolição.

Estamos, por exemplo, apenas removendo o perímetro do piso de madeira existente, para que nossas vigas de madeira sejam coladas e seladas e em seguida seja instalada a membrana hermética. Para coroar esta mudança, estamos instalando o piso de madeira novo em ângulo na junção com o existente, utilizando um carvalho-vermelho local recuperado. Tudo o que estamos removendo da casa está sendo diligentemente separado — madeira, gesso e metais, etc. E encontramos um destino para todos eles, desviando-os do aterro e reciclando-os para uso na fabricação de novos materiais.

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Cortesia de CO Adaptive Architecture

Também estamos planejando uma mudança de escritório no final deste mês. Para a nova construção, poderemos fazer um protótipo e testar uma ideia que temos desenvolvido para um sistema de parede desmontável e destruível que leva nossas ideias em torno da desconstrução um passo adiante.

Com as mudanças no clima, tecnologia e construção, como vocês acham que arquitetos e urbanistas irão adaptar as formas de projetar para mudar a profissão?

Em um mundo onde os materiais são valiosos e valorizados, e onde começamos a avançar para uma economia circular e uma abordagem ponderada da energia incorporada e do desperdício, pensamos que o futuro da nossa profissão deve estar em pensar na adaptabilidade dos projetos à medida que concebemos deles.

Também pensamos que um bom projeto deve estar disponível de forma equitativa, e como tal, a solução para a eficiência tem que se tornar mais padronizada / mais produtiva — nem tudo poderá ser totalmente personalizado ou sob medida se quisermos implementar amplas soluções para nosso ambiente construído.

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Cortesia de CO Adaptive Architecture

Vocês fundaram a CO Adaptive Architecture em 2011. Que conselhos vocês têm para outros arquitetos que procuram iniciar sua própria prática?

Diga sim, a todos os projetos inicialmente porque você aprende muito com cada um deles. Compartilhe recursos e pense em nossa profissão como um esforço colaborativo. Finalmente, não tenha medo de questionar as coisas como são.

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Cortesia de CO Adaptive Architecture

Ao olhar para o futuro, há alguma ideia que vocês acham que deveria estar na mente e no centro das atenções dos arquitetos e designers?

Como podemos manter materiais preciosos em um sistema circular e planejar a reutilização contínua à medida que as necessidades mudam e a adaptação é necessária? Como podemos planejar a mudança necessária para adequar nossos edifícios existentes à eficiência e à resiliência que lhes é exigida, sem desperdiçar recursos e aumentar as pilhas de aterros ao fazê-lo?

Este artigo é parte dos Tópicos do ArchDaily: O futuro da visualização arquitetônica.
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Sobre este autor
Cita: Baldwin, Eric. "Redesenhando o caminho para uma arquitetura neutra em carbono: entrevista com CO Adaptive Architecture" [Redesigning the Road to Net Zero: How CO Adaptive Architecture is Breaking New Ground] 07 Mai 2022. ArchDaily Brasil. (Trad. Bisineli, Rafaella) Acessado . <https://www.archdaily.com.br/br/980280/redesenhando-o-caminho-para-uma-arquitetura-neutra-em-carbono-entrevista-com-co-adaptive-architecture> ISSN 0719-8906

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