Como (e por que) integrar terra e bambu em um projeto de arquitetura

Ao conhecer e analisar as múltiplas possibilidades construtivas e arquitetônicas do bambu, é natural que surjam as seguintes perguntas: Como aproveitar suas qualidades e potencializar seu uso em climas mais frios, que requerem necessariamente uma espessura que possibilite o isolamento de paredes, pisos e coberturas? O que ocorre se mesclarmos com materiais que complementares?

Conversamos com Penny Livingston-Stark, arquiteta e professora de permacultura que tem trabalhado durante 25 anos no campo dos projetos regenerativos com base em materiais naturais não-tóxicos, para aprofundar as oportunidades na junção entre terra e bambu.

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Terra e bambu são extremamente compatíveis. Oferecem diferentes capacidades. Complementam-se maravilhosamente. Ambas requerem condições similares, como a transpiração. 

Livingston-Stark insiste na compatibilidade destes dois materiais. Suas semelhanças e diferenças contribuem significativamente para sua integração, aumentando suas possibilidades arquitetônicas com base em soluções completamente regenerativas, que permitem satisfazer as necessidades e regenerar os ecossistemas ao mesmo tempo. "Terra e bambu não são compatíveis com barreiras de vapor de plástico ou com tintas sintéticas, por exemplo. Considero-os materiais vivos que precisam respirar", acrescenta.

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Ambos os materiais estão disponíveis em todo o planeta e não são tóxicos, têm um baixo impacto no meio ambiente e podem ajudar a regenerar os ecossistemas através da coleta. Por exemplo, podemos criar lagoas, zonas húmidas ou estruturas de retenção de água no lugar onde coletamos o material. E o bambu captura uma grande quantidade de CO2 atmosférico do ar, absorvendo-o em suas hastes, raízes e folhas.

Bambu como estrutura + Terra como isolamento

De acordo com Livingston, o bambu confere certos valores adicionais à construção tradicional com terra, como a resistência à tração e a capacidade em suportar cargas em longos vãos como telhados, portas largas e janelas. Mas, além disso, expande as capacidades de algumas técnicas estruturais com a terra existente, como, por exemplo, as chamadas "Pajareke", "Light Straw Clay" e "Wood Chip Clay".

O bambu oferece resistência estrutural à tração e compressão e pode ser usado para suportar o peso em comprimentos grandes. As paredes de terra oferecem massa térmica ou isolamento, dependendo da técnica utilizada. A terra se mescla bem com todos os pastos, e praticamente não há desperdício durante o processo de construção.

A incorporação do bambu às técnicas tradicionais foi testada durante o último curso Bamboo U, realizado em novembro de 2017 em Bali, Indonésia.

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Curso BambooU. Image © José Tomás Franco

Para o experimento com "Pajareke", os alunos construíram uma parede misturando solo argiloso e água para criar um barro com uma consistência semelhante à de um mousse de chocolate. Então, fibras longas de palha foram aderidas à mistura, construindo a parede entre pilares verticais de bambu embutidos na base do edifício e amarrados no topo. A pedido do cliente, cilindros de bambu também foram incorporados para criar um fluxo de ar constante através da parede, em um padrão que simulava bolhas em movimento.

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Ao testar a técnica "Light Straw Clay", levantou-se uma parede leve de terra e palha, misturando palha com argila e água até obter uma consistência semelhante à pintura espessa. A mistura foi compactada entre placas e pilaretes de bambu, para depois serem removidas as placas e aplique emplastro de terra ou cal, material que também é muito compatível e funciona bem com ambos.

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A técnica "Wood Chip Clay" é semelhante à anterior, mas a mistura é feita incorporando  barro e serragem de bambu. Neste caso, as tábuas que contêm a mistura são feitas de lâminas que permanecem instaladas e então devem ser rebocadas.

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Como sugestões básicas para integrar esses dois materiais, é importante conhecer a textura do solo e fazer amostras de várias misturas. Além disso, é importante pensar sobre as conexões entre os materiais para que estejam corretamente ligados. Você também deve considerar a proteção contra água e umidade, sem que percam a capacidade de respirar.

Confira mais detalhes do trabalho de Penny Livingston-Stark e do Regenerative Design Institute, aqui.

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Penny Livingston-Stark. Image © José Tomás Franco

Dois de nossos editores, Eduardo Souza e José Tomás Franco, foram convidados por BambooU e pela empresa de projetos em bambu IBUKU para fazer parte desta experiência incrível, organizada pela The Kul Kul Farm na Green School em Bali, na Indonésia. Confira mais informações sobre os próximos cursos aqui ou através do instagram.

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Sobre este autor
Cita: Franco, José Tomás. "Como (e por que) integrar terra e bambu em um projeto de arquitetura" [Cómo (y por qué) integrar tierra y bambú en un proyecto de arquitectura] 30 Nov 2017. ArchDaily Brasil. (Trad. Souza, Eduardo) Acessado . <https://www.archdaily.com.br/br/884660/como-e-por-que-integrar-terra-e-bambu-em-um-projeto-de-arquitetura> ISSN 0719-8906

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