
- Ano: 2017

A arquitetura enquanto construção dispõe de muitos meios para se expressar. É possível transmitir ideias através da organização do programa e dos materiais empregados; podemos comunicar pelo ritmo das fachadas e aberturas; conseguimos passar uma mensagem pela transparência ou opacidade dos volumes e superfícies que desenhamos. Podemos ainda nos expressar pela estrutura e seu arranjo - e esta talvez seja a faceta da arquitetura que mais ansiosamente buscamos explorar.

Em todo o processo da construção civil, que compreende da concepção do projeto arquitetônico à sua materialização no mundo, o canteiro de obras talvez seja o lugar onde mais surgem problemas. Das mais variadas naturezas, os contratempos nas obras são menos recorrentes quanto mais tempo se dedica às etapas de desenho e planejamento, isto é, quanto mais tempo se investe fora do canteiro, menores as probabilidades de surgirem grandes transtornos na construção.

O cobogó é um elemento bastante difundido na cultura arquitetônica brasileira. Sua origem e nome remontam aos criadores dessa peça que contribui tanto para filtrar a luz natural e a ventilação, quanto para proporcionar ritmo e leveza nas fachadas e repartições internas. Amadeu Oliveira Coimbra, Ernest August Boeckmann e Antônio de Góis são os engenheiros que, no começo do século XX, trabalhando em Recife, idealizaram esse tipo de elemento vazado.

Ocupar a cobertura das edificações é um feito milenar, no entanto, apenas com o movimento moderno e os cinco pontos da arquitetura de Le Corbusier é que a "quinta fachada" começou a ser explorada em todo o seu potencial. Pilotis, planta livre, janela em fita e fachada livre elementos estruturais se uniam ao uso da cobertura como jardim para constituir as diretrizes para a nova arquitetura. O modernismo enquanto linguagem universal ruiu, mas permanecem na arquitetura contemporânea vários de seus preceitos.

Muitas das soluções de projeto mais interessantes resultam das condições do local onde são construídas, seja pelo clima, pela disponibilidade de materiais e mão de obra, pelas técnicas construtivas e, sobretudo, pela forma com que esses critérios são pensados no contexto muito específico do lote em que se encontram. O terreno é, por excelência, o espaço para colocar em prática essas estratégias, e com cidades que apresentam cada vez mais parcelas de dimensões reduzidas, lidar com espaços estreitos para construir passa a ser uma realidade recorrente.

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O futuro da arquitetura é urbano, já não há o que questionar a respeito disso. Projeções apontam que em 2050, isto é, em pouco mais de 30 anos, 75% da população mundial viverá em cidades, ao passo que no Brasil a cifra ultrapassará os 90%. No entanto, nossa disciplina deve se preocupar com a qualidade e vida de todos, assim, projetos em contextos rurais continuarão a fazer parte da agenda de arquitetas e arquitetos do mundo todo.
Apresentamos, a seguir, uma seleção de projetos residenciais construídos no campo. Casas brasileiras inseridas na paisagem rural ou campestre, projetadas para o cotidiano de seus moradores ou como refúgio temporário de descompressão da vida urbana. De uma forma ou de outra, todas compartilham de um objetivo: abrir-se para o entorno bucólico.