Formas de sombrear as fachadas e impedir a incidência direta da radiação solar nos interiores de um edifício estão presentes até mesmo em arquiteturas ancestrais. No entanto, foi na arquitetura moderna que se difundiu o uso do brise-soleil, um dos mais difundidos dispositivos para controlar de forma passiva o calor em ambientes, ao sombreá-los e permitir a ventilação cruzada quando necessário.
https://www.archdaily.com.br/br/960891/conforto-termico-residencial-o-uso-do-brise-soleil-em-10-casas-latino-americanasEquipe ArchDaily Brasil
Como um dos elementos arquitetônicos que com frequência promove a relação entre interior e exterior, a varanda também pode ser atribuída como o elemento intermediário entre a rua e os espaços interiores. No entanto, como elemento de destaque nas fachadas de edifícios - residenciais ou comerciais - estas podem promover certo desconforto térmico, dada a incidência direta da luz solar, ou no que se refere a privacidade, considerando sua posição em destaque e certo voyeurismo por aqueles que transitam no ambiente urbano. A partir disso, é no modernismo que arquitetos iniciam o processo de aplicação de brises de concreto e em alguns casos, cobogós, sobre a fachada de seus edifícios. Contudo, hoje em dia, com uma gama de materiais e possibilidades, profisisonais tem cada vez mais se apropriado de novas soluções em brises para proteger estes espaços das intempéries ao passo que garantem privacidade.
A proposta da estrutura materializa-se por meio de um conjunto de cascas de concreto com doze centímetros de espessura. Tal dimensionamento, além de propiciar uma leveza estrutural e visual para o conjunto, explorando os recursos tecnológicos do concreto armado de forma inovadora, objetivava também consumir uma quantidade mínima de material.
O edifício tem dupla fachada: a oculta e a exposta. A fachada oculta é composta de quatro faces de vidro, tipo cortina, com caixilharia em alumínio. O distanciamento entre montantes é de um metro e trinta e dois centímetros. A fachada exposta é de concreto aparente, composta por sete módulos simétricos de dois metros e sessenta e cinco centímetros de largura e igual altura, no sentido horizontal, e doze módulos idênticos no sentido vertical. Cada face tem dezoito metros e setenta e cinco centímetros de largura e trinta e dois metros de altura, a partir do primeiro pavimento. Os módulos de concreto possuem duas barras diagonais, que resultam em um X inscrito em um quadrado, para o travamento estrutural, conformando uma grelha com o total de oitenta e quatro unidades em cada fachada. Trata-se de quatro planos suspensos com treliças tubulares, distantes sessenta centímetros do plano interno de vidro e sem intersecção nas arestas.
O complexo é formado por quatro edifícios: 1) o Palácio da Abolição propriamente dito, a residência do governador, implantado transversalmente à longitude do terreno e em área mais próxima ao mar; 2) o Gabinete de Despacho, perpendicular ao primeiro, e conectado a ele através de uma passarela; 3) a Capela, na esquina nordeste do terreno; e 4) o Monumento e Mausoléu do Presidente Castelo Branco, disposto em balanço sobre uma praça escavada que ocupa quase um quarto do terreno.
Dois edifícios interceptam-se perpendicularmente: uma barra horizontal de cento e cinco metros de comprimento por vinte e seis metros de largura e doze metros de altura, e uma lâmina vertical de setenta e oito metros de altura, setenta e três metros e cinquenta centímetros de comprimento, e vinte um metros de largura. Ambos edifícios apresentam áreas abertas em pilotis que separam as áreas fechadas do pavimento térreo. Configura-se um T formado por volumes fechados nas três pontas e no ponto de cruzamento separados pelas áreas abertas e fluidas dos pilotis.