O legado arquitetônico dos 70 anos de reinado da rainha Elizabeth

Em 2022, Sua Majestade, a Rainha Elizabeth II, tornou-se a primeira monarca britânica a celebrar o Jubileu de Platina, marcando 70 anos desde sua ascensão ao trono. Durante sua coroação, a primeira cerimônia desse tipo a ser televisionada, jornais e emissoras de TV falaram sobre uma “Nova Era Elizabetana” que ressuscitaria a Grã-Bretanha da escuridão do pós-guerra. Agora, sete décadas depois, as comemorações deste aniversário sem precedentes são uma oportunidade para as pessoas se reunirem para homenagear a rainha e refletir sobre seu legado em termos de cultura, tecnologia e arquitetura.

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Na década de 1950, no início do reinado da rainha, a paisagem britânica ainda era dominada por igrejas, castelos e palácios como as formas arquitetônicas mais representativas. The Guardian observa que em 1952, quando ela subiu ao trono, o edifício mais alto da Grã-Bretanha era a Catedral St. Paul. Agora, o horizonte de Londres é marcado por torres de escritórios de vidro e aço, muitas com mais de 150 metros de altura. O fim dos edifícios baixos é uma das características marcantes da era atual. No entanto, apesar das mudanças dramáticas, o termo “Novo estilo elizabetano” não costuma ser mencionado ao descrever os desenvolvimentos arquitetônicos do Reino Unido.

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Cortesia de Luke O’Donovan e London Festival of Architecture

Enquanto muitos edifícios históricos foram produzidos sob o reinado de Elizabeth II, a variedade estética atesta que muitos termos e conceitos diferentes são necessários para descrever o ambiente construído de maneira precisa. “Não consigo imaginar um termo ou argumento que una tudo isso”, observa Stanford Anderson, professor emérito de história e arquitetura do Instituto de Tecnologia de Massachusetts, citado pelo The Economist. “A ‘nova arquitetura elizabetana' simplesmente foge da questão.” É um afastamento das classificações estilísticas da arquitetura histórica britânica, que estavam coerentemente ligadas à dinastia de um monarca. Um dos melhores exemplos disso é a rainha Elizabeth I. Ela emprestou seu nome a um estilo que representou um período notável de avanço para os ingleses e espelhou o Renascimento na Europa continental.

Em contraste, a Segunda Era Elizabetana só pode ser descrita como pluralista. O modernismo marcou o período pós-guerra na Inglaterra, com sua variação, o brutalismo, sendo o estilo arquitetônico predominante para novos conjuntos habitacionais na Grã-Bretanha durante a década de 1970. Grandes complexos residenciais como o Barbican, concluído em 1982, ou o Park Hill Estate, concluído em 1961, foram inicialmente recebidos com relutância, mas agora estão um pouco restabelecidos aos olhos do público. No entanto, na década de 1980, o investimento da Grã-Bretanha em edifícios públicos e sociais diminuiu e, assim, a influência do Estado na agenda arquitetônica também diminuiu.

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Highwalk and podium at Lauderdale Tower. Imagem © Joas Souza

A arquitetura declarativa do capital privado passou a influenciar a imagem do desenvolvimento do Reino Unido. As torres de vidro e aço agora definem a aparência das grandes cidades do Reino Unido. Novos monumentos como The Gherkin, de Norman Foster, ou The Shard, de Renzo Piano, têm pouca ou nenhuma conexão com as tradições arquitetônicas da Inglaterra, mas visam criar uma imagem reconhecível globalmente e estimular o crescimento econômico local. Não há desenvolvimento estilístico linear, mas edifícios específicos foram inspirados no movimento High-Tech na década de 1990, como no exemplo do edificio Lloyd's em Londres, Pós-modernismo, no caso da Ala Sainsbury na National Gallery, projetada por Robert Venturi e Denise Scott Brown, ou Desconstrutivismo, como no Imperial War Museum North de Daniel Libeskind.

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Prefeitura de Londres, projetada por Norman Foster, com o Shard ao fundo. Imagem cortesia de Flickr CC User alh1

Dado o desenvolvimento acelerado da paisagem arquitetônica da Grã-Bretanha, pode ser um desafio definir o impacto e o legado da rainha Elizabeth II. Por um lado, seria justo apontar a erosão da formal tradição pivotante da realeza. Enquanto os antepassados da rainha selaram seus legados comissionando cidades, palácios e catedrais, a rainha foi discreta em expressar interesse em influenciar diretamente o ambiente construído. Seu filho e herdeiro, o Príncipe Charles, já provou ser mais expressivo. No entanto, suas intervenções e preferência por reproduções de outras épocas têm provocado debates nas comunidades arquitetônicas. Por outro lado, o reinado de um monarca geralmente é lembrado pelo estado da sociedade que eles supervisionam. Pode ser um pouco cedo para avaliar. Ainda assim, talvez no futuro possamos apreciar a era de Elizabeth II como uma época de progresso, inovação e melhoria constante dos confortos cotidianos.

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Ala Sainsbury na National Gallery / Venturi, Raunch and Scott Brown. Imagem © Valentino Danilo Matteus

Editors' Note: This article was first published on and updated on September 09, 2022.

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Sobre este autor
Cita: Florian, Maria-Cristina. "O legado arquitetônico dos 70 anos de reinado da rainha Elizabeth" [The Architectural Legacy of Queen Elizabeth’s 70 Year Reign] 09 Jul 2022. ArchDaily Brasil. (Trad. Simões, Diogo) Acessado . <https://www.archdaily.com.br/br/983914/o-legado-arquitetonico-dos-70-anos-de-reinado-da-rainha-elisabeth> ISSN 0719-8906

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