Fuga ou ganho de capital humano? Como a arquitetura se tornou uma ferramenta para a migração

A migração entre cidades, estados, países e continentes faz parte da vida cotidiana. À medida que buscamos novas oportunidades em nossas vidas pessoais e profissionais, nossas escolhas individuais têm, na verdade, impactos maiores nos grandes sistemas socioeconômicos, altamente interconectados em todo o mundo. Mudar de uma pequena cidade rural para uma grande metrópole, ou de um continente para outro, traz mais implicações do que você possa imaginar — e a arquitetura, combinada com o conceito de "fuga de capital humano", pode estar auxiliando o processo nos bastidores, influenciando você a ir de um lugar para o outro.

A fuga de capital humano (também referida como fuga de cérebros, ou pelo seu termo em inglês, brain drain) é um fenômeno que ocorre quando trabalhadores qualificados deixam um local para se mudar para outro, de modo a se beneficiarem com melhores salários, condições de trabalho, estilo de vida e, ocasionalmente, equilíbrio entre a vida pessoal e profissional. Este fato tradicionalmente ocorre com um custo econômico significativo para os lugares de onde as pessoas estão se mudando. Por exemplo, muitos estudantes optam por estudar arquitetura em outro país, o que beneficia enormemente os lugares que frequentam, porém, quando optam por permanecer neste local para trabalhar, sua cidade natal perde este talento, enquanto a nova cidade ganha. A fuga de capital humano é mais perceptível quando adultos com alto nível educacional tendem a se mudar das áreas rurais para locais com centros urbanos mais densamente concentrados. A escala em que isso acontece e as regiões específicas mudam com o tempo, mas muitas cidades menores ao redor do mundo estão começando a tomar medidas para reter seus habitantes. A arquitetura e reinvenções do ambiente construído são algumas das estratégias utilizadas como um motivo para as pessoas ficarem.

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© Comitê Econômico Conjunto do Congresso dos Estados Unidos

Se você é de uma cidade pequena ou já visitou uma, pode ter se perguntado: "O que as pessoas daqui fazem para se divertir?" Essa pergunta, como muitas outras, é parte do grande motivo pelo qual as pequenas cidades parecem estar perdendo para as grandes. Na cidade portuária britânica de Folkestone, a fuga de cérebros se tornou um grande problema, pois muitos de seus habitantes mais jovens se mudaram para as cidades para obterem diplomas avançados. Desta forma, urbanistas e arquitetos estão trabalhando para resolver esse problema, regenerando a orla marítima da cidade para sediar festivais e desenvolver novos projetos, que se concentrarão em aumentar o envolvimento com a geração mais jovem. Uma ideia para este novo local inclui o primeiro skatepark com vários pavimentos do mundo, completado com diferentes níveis dedicados aos esportes urbanos, uma parede de escalada de 11 metros de altura e áreas de estar com opções de comida e bebida.

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Centro Esportivo Urbano em Folkestone, Inglaterra. Imagem via Guy Hollaway Architecture

A ideia é que, se este skatepark e outros lugares em Folkestone possam se tornar parte da infância mais significativa e cheia de memórias impactantes, então seus residentes estarão mais propensos a investir em sua cidade, em seu futuro, e talvez até mesmo criar suas próprias famílias lá. Nos Estados Unidos, a migração das áreas rurais aumentou nas últimas décadas, e até mesmo grandes cidades estão começando a sentir que não podem competir quando se trata de atrair e reter indivíduos altamente qualificados. Chicago está resolvendo sua crise de fuga de capital humano investindo em uma rede de pesquisa em todo o estado, que criará empregos e várias novas instalações de última geração. Imagens virtuais destas instalações já foram divulgadas publicamente, numa estratégia para convenver a ficar aqueles recém-graduados que estão pensando em partir

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Centro Esportivo Urbano em Folkestone, Inglaterra. Imagem via Guy Hollaway Architecture

Esses espaços, concebidos como ímãs para reter talentos e mitigar o efeito de fuga de capital humano, tiram lições de edifícios e masterplans de diferentes partes do mundo, concebidos com o intuito de atrair esses mesmos talentos. Por exemplo, o novo campus da Google, localizado em Mountain View, Califórnia, projetado para ser não apenas um local de trabalho, mas um destino com instalações de ponta para seus funcionários. O efeito da fuga de cérebros beneficiará a Google tanto quanto causará uma desvantagem para cidades menores como Folkestone, e talvez até mesmo Chicago. Embora os impactos dessa fuga não possam ser facilmente quantificados, o ambiente construído pode, e ele é um importante elemento para cidades pequenas e grandes atrairem talentos das gerações mais jovens.

Este artigo é parte do Tópico do ArchDaily: Migrações. Mensalmente, exploramos um tema específico através de artigos, entrevistas, notícias e projetos. Saiba mais sobre os tópicos mensais. Como sempre, o ArchDaily está aberto a contribuições de nossos leitores; se você quiser enviar um artigo ou projeto, entre em contato.

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Sobre este autor
Cita: Overstreet, Kaley. "Fuga ou ganho de capital humano? Como a arquitetura se tornou uma ferramenta para a migração" [Brain Drain or Brain Gain? How Architecture Has Become a Tool for Migration] 08 Ago 2021. ArchDaily Brasil. (Trad. Bisineli, Rafaella) Acessado . <https://www.archdaily.com.br/br/965367/fuga-ou-ganho-de-capital-humano-como-a-arquitetura-se-tornou-uma-ferramenta-para-a-migracao> ISSN 0719-8906

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