Transparência e translucidez: vidro e seus diferentes níveis de privacidade em projetos de interiores

Há muito tempo os elementos em vidro saíram das suas aplicações mais usuais – janelas, espelhos, box de banheiro – e assumiram outros papéis dentro da composição dos ambientes. Muito presente no formato de divisórias, quando a intenção é ampliar os espaços, o vidro também é utilizado como elemento que representa leveza e sofisticação funcionando como uma barreira física que também permite a entrada de luminosidade natural. 

Dentro das suas possibilidades, diferentes níveis de transparência podem ser aplicados de acordo com a funcionalidade de cada espaço. O vidro transparente no formato duplo, por exemplo, melhora a acústica do ambiente e, por isso, é recorrentemente aplicado em salas comerciais, já que, possibilita a separação física e acústica, mas ainda permite a relação visual entre os diferentes postos de trabalho.

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Quando se fala em espaços comerciais, as aplicações variam conforme o intuito do projeto fazendo com que sua linguagem possa assumir uma versão mais sóbria, como o projeto para o Escritório Incorporadora Pacific onde os vidros são marcados com a moldura escura; o projeto para a Sede da Astor Hellas que traz as divisórias em vidro com diferentes angulações acrescentando a dinamicidade à leveza e permeabilidade visual do material ou nos Escritórios VSCO nos quais algumas salas são demarcadas pela divisão em vidro, acentuadas visualmente pela mudança de piso dentro de cada uma.

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Sede da Astor Hellas / MALVI. © Giorgio Papadopoulos
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VSCO / debartolo architects. © Mariko Reed

Entretanto, o mesmo material pode ser visto em aplicações menos convencionais formando elementos curvilíneos que são, muitas vezes, acompanhados por cores vibrantes como o Instituto Alana que preserva a ampla e luminosa vista integralmente acessível de qualquer parte do escritório por meio das suas divisórias de vidro cristal e junta seca delimitando as várias áreas solicitadas: salas de coordenadores, diretores, as salas de reunião e uso múltiplo (auditório). No Escritório Poblenou, os elementos em vidro também são utilizados em conjunto com cores marcantes e outros materiais de origem reciclável e industrial. Porém, independente da forma de aplicada, a ideia é sempre a mesma: possibilitar a maior permeabilidade visual e entrada de iluminação solar entre os diferentes espaços dos escritórios, mas sempre mantendo a possibilidade de fechamento quando necessário, seja por meio de persianas ou cortinas de tecido.

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Instituto Alana / +K Arquitetos + Carol Tonetti. © Ana Mello
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Escritório Poblenou / estudio COA. © José Hevia

Ainda em relação à aplicação do vidro transparente nos espaços comerciais, é possível associá-lo à técnicas de serigrafia ou adesivamento diminuindo o grau de transparência, como pode ser visto no Escritório Sabrab. Nesse projeto pretendia-se que quase toda sua superfície fosse parte integrante de um único espaço, por isso, a utilização dos painéis de vidro que também possibilitaram a entrada de luz natural em todo o escritório de forma homogénea. Nesse mesmo sentido, a Sede da Maria Farinha também faz uso das divisórias envidraçadas aliadas aos adesivos e às cortinas coloridas que conferem uma sensação de movimento dentro das suas formas curvas.

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Escritório Sabrab / Sabrab. © Fernando Guerra | FG+SG
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Maria Farinha Filmes / +K Arquitetos. © Ana Mello

Sobre a utilização dos elementos em vidro transparente, vale ainda citar a intervenção feita na entrada da Escola de Gramática Poljane, Eslovênia, que incluiu diferentes módulos de vidro com estrutura metálica preta que podem ser deslocados recebendo intervenções artísticas, mas também se tornam pequenos espaços de estudo individuais, verdadeiros aquários para os alunos que se sentirem confortáveis.

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Hall da Escola / SVET VMES. © Matevž Paternoster

Mas não só nos espaços comerciais e de serviços que o vidro transparente é aplicado, ele também pode ser visto em projetos residenciais, seja por meio de divisórias em estrutura metálica que tornam espaços reversíveis na sua integração ou fechamento em relação ao restante do apartamento, como no caso do Apartamento Aláfia ou reforçando a separação física – mas não visual – de um determinado ambiente como no quarto do apartamento Kit Rio ou no banheiro inteiramente transparente do quarto do hotel no ArtPark9.

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Apartamento Aláfia / Semerene Arquitetura Interior. © Joana França
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Um quarteto espacial sobre Moradias Futuras / ARCHSTUDIO + DESIGN APARTMENT + SODA Architects + B.L.U.E. Architecture Studio. Borderless Space. Imagem © Weiqi Jin

Falar em elementos de vidro nos projetos de interiores hoje e não citar o vidro canelado é impossível. Muito utilizado algumas décadas atrás, esse vidro tem estado cada vez mais presente nos projetos de hoje. Conforme esse artigo anteriormente publicado, o vidro canelado mantém a passagem de luz nos ambientes, mas busca garantir uma maior privacidade aos seus usuários ao desfocar a imagem.

No apartamento Tucumã, por exemplo, o fechamento foi executado não apenas com o vidro canelado e transparente, mas com outros 3 tipos de vidro: pontilhado, aramado e martelado, que são os responsáveis pelas variações de tonalidade, luminosidade e profundidade que quebram a monotonia do ambiente minimalista proposto. Além dos espaços residenciais, o vidro canelado pode ser visto em ambientes comerciais como no Porto Educação ou no Escritório FS Arquitetura ambos buscando a entrada de luz natural mas mantendo o nível de privacidade.

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Apartamento Tucumã / Alan Chu. © Djan Chu
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Porto Educação / numa arquitetos. GIF 02

Na mesma linha do vidro canelado, existem ainda diferentes técnicas que permitem a aplicação do vidro com determinado nível de privacidade, como o caso dos vidros translúcidos com acabamento fosco. O Apartamento Harmonia é um bom exemplo, já que, utiliza a translucidez do vidro para possibilitar a entrada de luz natural no escritório, assim como o Apartamento UN 1004 e sua divisória com estrutura metálica preta.

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Apartamento Harmonia / a GR a u. Gif 01
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Apartamento UN 1004 / Studio Gabriel Bordin. © Fabio Júnior Severo

Nos espaços comerciais também é possível perceber a aplicação do vidro translúcido como na Clínica Swiss Concept com seus painéis de vidro ótico retro-iluminado trazendo a sensação de leveza e bem-estar, ou no Escritório Porto Alegrense Seguros com o vidro translúcido como material de divisão que assegura a coexistência entre o inevitável corredor e a generosa iluminação de uma sala de esquina.

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Clínica Swiss Concept / Francesc Rifé Studio. © David Zarzoso
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Escritório Porto Alegrense Seguros / 0E1 Arquitetos. © Sabrina Gabana

Por fim, o vidro também pode ser aplicado de uma maneira lúdica como no Escritório Esquire. Sob o conceito de "loucura sofisticada", as cores primárias foram escolhidas e aplicadas em diferentes materiais, incluindo o vidro das divisórias perfuradas, compostas por finas placas de metal curvadas que formam geometrias coloridas. Além dele, a Agência de Publicidade E:MG também utiliza o vidro colorido na mistura entre uma composição mais tradicional para trazer dinamicidade e ludicidade ao espaço por meio das cores vibrantes dos vidros e sua consequente reflexão nas superfícies do entorno.

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Escritório Esquire / Studio Bipolar. © Suryan//Dang
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E:MG Advertising Agency / VOX Architects. © Alexey Knyazev

No percurso por esses projetos percebe-se que não há limites para o uso do vidro nos projetos de interiores. Com sua flexibilidade aliada à tecnologia de ponta – que hoje, inclusive, permite a aplicação de vidros que auxiliam no controle solar e térmico – esse material surge como um importante elemento na composição dos ambientes possibilitando a variação no nível de privacidade sem abrir mão da interação entre eles. 

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Sobre este autor
Cita: Camilla Ghisleni. "Transparência e translucidez: vidro e seus diferentes níveis de privacidade em projetos de interiores" 14 Jul 2021. ArchDaily Brasil. Acessado . <https://www.archdaily.com.br/br/963883/transparencia-e-translucidez-vidro-e-seus-diferentes-niveis-de-privacidade-em-projetos-de-interiores> ISSN 0719-8906

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