Interiores monocromáticos: a cor como protagonista do espaço

Sabemos que as cores podem influenciar nossas sensações e provocar diferentes percepções do espaço, o que reitera a importância do seu estudo nos projetos arquitetônicos e a relevância da concepção de uma paleta de cores coerente. O impacto que a cor pode provocar no espaço e nas pessoas que o habitam torna-se ainda mais perceptível quando todo o ambiente é envolvido com apenas uma cor. Nesses casos não há limites para a quantidade de elementos arquitetônicos em que a tonalidade escolhida pode ser aplicada. Pisos, forros, paredes, mobiliário e até mesmo as tubulações e eletrocalhas podem ter uma coloração específica atribuída para estar em concordância com o ambiente monocromático.

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Por outro lado, a forte presença de uma única cor em todo o ambiente pode levar à decisão de arquitetos e designers de interiores a restringir a monocromia a apenas determinado espaço de um projeto, como lavabos, cozinhas ou salas, sobretudo quando a cor escolhida tem um caráter mais vívido.

Apresentamos, a partir da categorização de seus tons, uma série de projetos publicados no ArchDaily que chamam a atenção pelos seus ambientes monocromáticos e que mostram como a unicidade da cor em um determinado espaço pode provocar diferentes impactos e sensações nos seus usuários.

Cores vibrantes

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Escritório Vakinha / Butiá Arquitetura. Imagem: © Marcelo Donadussi

Identidade, criatividade e descontração são alguns dos adjetivos comumente relacionados às cores vibrantes. Recentemente, muitas empresas têm buscado fugir dos modelos de ambientes corporativos tradicionais, mais sóbrios, para estimular a criatividade e descontração no ambiente de trabalho através do uso de cores mais vívidas, frequentemente seguindo a identidade visual da empresa. Este é o caso, por exemplo, da nova sede do Vakinha.com, de autoria de Butiá Arquitetura. O piso, cortinas, móveis e até mesmo as eletrocalhas e dutos de ar condicionado na circulação principal - que conecta a área da recepção, armários dos colaboradores e área do lounge - são todos demarcados na cor verde na mesma tonalidade da logomarca da empresa.

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Axur Cyber Inspection / Arquitetura Nacional. Imagem: © Marcelo Donadussi

Seguindo uma lógica semelhante, o projeto do escritório Arquitetura Nacional para a nova sede da Axur Cyber Inspection também aproveitou o uso de cores e texturas confortáveis e divertidas para criar espaços de trabalho não-referenciados em ambientes corporativos tradicionais. Uma zona monocromática com piso, marcenaria e cortinas na cor laranja define a área da copa, onde são realizadas as refeições, happy hours e encontros informais no dia a dia do escritório.

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Canal 7 BBTV / Apostrophy's + Airbase Architects. Imagem: © Ketsiree Wongwan

O novo desenho de interiores para o Canal 7 BBTV (Bangkok TV e Broadcasting Co., Ltda), de autoria de Airbase Architects e Apostrophy's, também adotou o partido monocromático para o ambiente de trabalho a partir da cor azul, utilizada também na iluminação. O novo estúdio de transmissão, instalado em um antigo posto de gasolina, irradia a luz azul para o seu entorno através dos vidros que revestem sua estrutura, criando assim uma atmosfera vívida, sobretudo à noite.

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Escola Americana de Kosovo / Maden Group. Imagem: © Leonit Ibrahimi

Ambientes monocromáticos com cores vibrantes também podem ser facilmente encontrados em escolas e edifícios relacionados à educação, como no novo campus da Escola Americana de Kosovo, de autoria do Maden GROUP. O projeto é dividido em seções com cores próprias que as distinguem e criam identidades diferentes para seus usos. Assim, a variedade de cores resultante enfatiza a complexidade do conjunto a partir da individualidade de cada espaço.

Cores neutras

Ao contrário das cores vibrantes, os tons neutros são discretos e costumam ser utilizados em ambientes mais sóbrios. O branco, cinza e preto podem ser utilizados nos espaços com diferentes intuitos, desde criar ambientes mais aconchegantes a ampliar a noção do espaço. 

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Apartamento Spectral / BETILLON / DORVAL‐BORY. Imagem: Courtesy of BETILLON / DORVAL‐BORY

O apartamento Spectral, projeto de BETILLON / DORVAL‐BORY, por exemplo, toma proveito do ambiente monocromático na cor branca para dar maior amplitude ao pequeno ateliê parisiense caracterizado pela carência de luz natural. O projeto de iluminação artificial, que busca investigar a qualidade do espectro de duas fontes diferentes de luz, ganha maior destaque na expressão simples e neutra do apartamento, “eliminando qualquer expressividade ou narrativa arquitetônica e deixando apenas a lógica da composição gerada pela luz”.

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Interiores Cinza / Alexey Rozenberg. Imagem: © Michail Stepanov

Já no projeto Interiores Cinza, de Alexey Rozenberg, o partido monocromático se deu no intuito de dar destaque à coleção de modelos tridimensionais de personagens de filmes do proprietário. O projeto explora o uso de materiais em tons acinzentados, como gesso texturizado, peças cerâmicas e metal ferroso, para dar maior destaque à coleção brilhante e de coloração variada.

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Objective Subject Offices / GRT Architects. Imagem: © Nicole Franzen

O preto foi a cor escolhida pelo escritório GRT Architects para compor todo o ambiente de uma das salas no seu projeto para o Objective Subject Offices, uma pequena empresa de design user experience. A sala, utilizada principalmente para receber clientes, é banhada pela luz de uma claraboia e o piso é revestido com carpete, criando uma atmosfera absorvente e acolhedora a partir da profundidade, textura, e isolamento acústico.

Tons terrosos

Como o seu próprio nome sugere, os tons terrosos são fortemente vinculados à coloração da terra e, consequentemente, aos diferentes conceitos a que está direta ou indiretamente atrelada. Isso significa que no imaginário das pessoas esses tons podem sugerir uma maior relação à identidade local ou regional, e até mesmo uma maior sensação de acolhimento.

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Veneno Restaurant / Pragma Estudio + Monteón Arquitectos Asociados. Imagem: © César Béjar Studio

A proposta dos escritórios Monteón Arquitectos Asociados e Pragma Estudio para o projeto do Veneno Restaurant parte da inspiração na cozinha e mixologia tradicionais mexicanas e nas tonalidades variadas dos desertos e fazendas do país. Na obra, foram misturados ao reboco de terra diferentes tonalidades do deserto e, segundo os arquitetos, “uma vez alcançado o tom desejado, procurou-se a continuidade da paleta monocromática, replicando-a nas superfícies de madeira com arestas lisas que, ao mesmo tempo que acrescentavam textura em decks e peças de mobiliário, mantinham ainda as linhas e entalhes limpos característicos do artesanato mexicano do noroeste.”

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Jaffa Roofhouse / Gitai Architects. Imagem: © Dan Bronfeld

O projeto do do escritório Gitai Architects para a Jaffa Roofhouse também busca inspiração no seu entorno e nas condições locais: ao longo de todo o desenvolvimento do projeto foi mantido um diálogo profundo entre a arquitetura e a paisagem da cidade de Jaffa, em Israel, onde a casa está inserida. Como um elemento de grande importância para a atmosfera e a expressão da obra, a materialidade é composta majoritariamente por elementos de terra, que compõem os ambientes monocromáticos da casa.

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Escritório de Nutrição PP / LANZA Atelier. Imagem: © Luis Young

Por fim, o Escritório de Nutrição PP, do LANZA Atelier, se destaca por sua cor rosada desde o ambiente externo, servindo como uma espécie de plano de fundo para as plantas do jardim. Nos espaços internos, a cor segue permeando todos os ambientes e criando uma unidade em que a pintura, a madeira e os azulejos compartilham o mesmo tom e criam uma atmosfera envolvente para os usuários.

As citações no texto foram retiradas dos memoriais enviados pelos autores de cada projeto. 

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Sobre este autor
Cita: Susanna Moreira. "Interiores monocromáticos: a cor como protagonista do espaço" 06 Fev 2021. ArchDaily Brasil. Acessado . <https://www.archdaily.com.br/br/956116/apenas-uma-cor-a-monocromia-em-projetos-de-interiores> ISSN 0719-8906

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