Superfície como escultura: os relevos de tijolos de Henry Moore em Roterdã

Em 1954 o escultor britânico Hanry Moore foi contratado para projetar e instalar um grande relevo na parede do novo bouwcentrum [Centro de Construção] de Joost Boks em Roterdã, Países Baixos. O projeto, constituído por aproximadamente 16 mil tijolos produzidos à mão, permanece como única obra concluída do autor feita com este humilde material. Em um documentário produzido por ARTtube, o historiador de arquitetura Wouter Vanstiphout narra a fascinante história por trás de Wall Relief No.1.

Superfície como escultura: os relevos de tijolos de Henry Moore em Roterdã - Mais Imagens+ 1

A parede in situ - fevereiro de 2015. Imagem © James Taylor-Foster

Embora projetado por Moore em um nível conceitual, o relevo foi construído por dois mestres oleiros que trabalharam cerca de 1.200 horas ao longo de quatro meses em 1955. Registros fotográficos semanais eram enviados a Moore na Inglaterra, sobre os quais escrevia comentários, ideias e modificações. Como símbolo de sua profunda apreciação pelas habilidades dos construtores, o artista doou posteriormente seu projeto do relevo ao bouwcentrum. Segundo Aukje Vergeest, "Moore descrevia o projeto como 'repouso para os olhos' e 'um capítulo harmonioso para a rítmica história narrada pelas linhas e planos do edifício'."

O projeto é composto por uma série de elementos geométricos definidos por um forte gesto vertical e cortados por cursos horizontais, pontuados por entalhes semi-esféricos. No centro, cinco formas sinuosas e dinâmicas emergem da parede que, segundo Vergeest, "fazem lembrar corpos ou plantas, e pedras gradualmente polidas pela água, areia e vento." Moore escolheu usar tijolos holandeses em vez dos ingleses devido ao seu tamanho reduzido. 

A parede integrada ao bouwcentrum desde a demolição (1970). Imagem © The Henry Moore Foundation

O relevo final compreende um quadro quase ornamental de linhas horizontais e verticais , com uma espécie de friso de figuras decorativas acima e abaixo que lembram tiras de metal e parafusos. Essas cinco formas orgânicas no centro da parede. A influência da arte não-ocidental que Moore tão admirava no British Museum é evidente aqui. Segundo o artista, os antigos Assírios já faziam imagens em tijolos, e tomando estes como exemplo, ele 'compôs com linhas e planos para criar um todo', como pode ser visto no friso com as figuras decorativas e as linhas livres à direita e à esquerda delimitando o relevo.

bouwcentrum, grande parte do qual foi demolido desde então, deixou um espaço vazio ao redor da parede com a intervenção. Isso levantou inicialmente diversas questões sobre se a parede deveria ou não ser vista como uma obra de arte autônoma que poderia ser deslocada para outra parte da cidade. A decisão final diz que a parede deve permanecer em seu local original para ser reintegrada ao novo edifício como parte de um redesenvolvimento mais amplo da área, que está atualmente em curso.

A parede- fevereiro de 2015. Imagem © James Taylor-Foster

Referências: Aukje Vergeest, Crimson Architectural Historians (Het Bouwcentrum en Wall Relief No. 1, 2011)

Sobre este autor
Cita: Taylor-Foster, James. "Superfície como escultura: os relevos de tijolos de Henry Moore em Roterdã" [Surface As Sculpture: Henry Moore's Brick Reliefs In Rotterdam] 09 Fev 2015. ArchDaily Brasil. (Trad. Baratto, Romullo) Acessado . <https://www.archdaily.com.br/br/761677/superficie-como-escultura-os-relevos-em-tijolos-de-henry-moore-em-roterda> ISSN 0719-8906

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