Através das Lentes: Por Que Arranha-Céus Precisam de um Herói?

Desde o surgimento do edifício moderno de vários pavimentos, no fim do século 19, roteiristas e diretores de arte incorporam os arranha-céus tanto como pano de fundo quanto como suporte para dramas nos longas-metragens. É fácil entender o fascínio. A precariedade de um arranha-céu - sua altura, sua dependência de sistemas de emergência e de engenharia e sua segurança controlada - proporciona oportunidades abundantes para ação e desastres. E tudo com uma bela vista.

Mesmo Hollywood adorando edifícios altos, não tem os tratado bem. As tramas geralmente têm em um ceticismo geral sobre a engenharia que os tornam possíveis e muitas vezes carregam alguma mensagem moral subjacente sobre os perigos da tecnologia e do avanço.

Towering Inferno © Warner Brothers, Twentieth Century Fox Film Corporation & Irwin Allen Productions

Towering Inferno (Inferno na Torre), de 1974 foi um dos primeiros filmes conhecidos que explorou o medo subjacente de que os novos arranha-céus eram inerentemente inseguros. Com um trabalho elétrico mal realizado, desencadeando uma série de eventos que impedem a fuga segura do prédio, recebemos uma lição de sabedoria sobre confiança na integridade de arquitetos e empreiteiros.

O original Duro de Matar, lançado em 1988, começou uma espécie de tradição em sublinhar os perigos de edifícios inteligentes de alta tecnologia. Terroristas usam as tecnologias do edifício contra ele mesmo, manipulando os controles de segurança e sistemas de transporte vertical - um tema abordado em muitos filmes ao longo dos anos, incluindo dois lançamentos mais recentes, Missão Impossível 4: Protocolo Fantasma (2011) & Roubo nas Alturas (2012), cujos personagens enganam o edifício, evitando deliberadamente sistemas concebidos (ainda que de forma bastante incipiente - a remoção de um painel de cortina de vidro e atravessando o prédio externamente).

No entanto, enquanto a indústria cinematográfica demonstra os riscos inerentes associados aos edifícios em altura, ela também gosta de se manter em dia com as tendências arquitetônicas.

Desde que Ken Yeang concebeu o seu "Arranha-céu Bioclimático" e foi aclamado pelo Menara Mesiniaga na Malásia, o pensamento em torno do projeto de construção em altura evoluiu de ambientes artificiais contidos para edifícios mais interativos, que participam dos arredores da cidade. É comum ver peles permeáveis​​, espaços verdes e plataformas externas em destaque dentre os finalistas do Prêmio Internacional de Arranha-céus.

Surpreendentemente, Hollywood seguiu o exemplo. Ambos os edifícios fictícios inventados nos últimos anos para os filmes O Espetacular Homem-Aranha e Os Vingadores tiveram varandas ao ar livre e telhados acessíveis que permitiram cenas de ação que desafiam a gravidade e épicas tomadas cinematográficas.

Stark Tower, The Avengers. © Marvel Studios, Paramount Pictures

Claro, é mais fácil de alcançar esse tipo de avanço na ficção do que tentar cumprir as normas de construção e cumprir com os regulamentos na vida real (terraço da Torre Stark com precários guarda corpos de um metro de altura são pouco seguros, e muito menos práticos, especialmente se você pretende defender a Terra de uma invasão inter-dimensional pela cobertura do edifício).

Infelizmente, realidades comerciais muitas vezes veem terraços e espaços verdes removidos em estágios iniciais do projeto para tentar mitigar o riscos e custos. Prêmios podem servir mais para parabenizar um escritório de arquitetura por convencer clientes e desenvolvedores a investirem em coisas não-convencionais (e, muitas vezes, mais caras), do que por estarem criando novas paisagens.

Stark Tower, The Avengers. © Marvel Studios, Paramount Pictures

Enquanto Hollywood preferiria ver terraços ao ar livre e bares cintilantes nos telhados dos prédios altos, o telhado de um prédio de médio porte está, geralmente, longe de ser inspirador. Tradicionalmente, é o local para esconder todo tipo de máquinas e equipamentos mecânicos, assim como o terraço dos edifícios de muitas cidades, que seguem normas do plano diretor. O Código de Aterrissagem de Helicópteros de Los Angeles, por exemplo, há muito tempo ditou a forma do horizonte de Los Angeles.

Mas, talvez pela primeira vez, a indústria cinematográfica pode ajudar. Qualquer agente imobiliário irá lhe dizer que a comercialização de um edifício é apenas tão boa quanto as imagens que podem ser capturadas dele e agora temos uma nova geração de cineastas que concordam que o melhor ângulo de um edifício é quando visto do alto. Hollywood sabe como vender e, se a indústria cinematográfica vende estas estratégias sustentáveis "verdes" - terraços na cobertura e balcões ao ar livre - como o melhor trunfo de um arranha-céu, então os investidores poderão começar a seguir o exemplo.

Sobre este autor
Cita: Charlotte Neilson. "Através das Lentes: Por Que Arranha-Céus Precisam de um Herói?" [Through the Lens: Why High-Rises Need A Hero] 07 Jun 2013. ArchDaily Brasil. (Trad. Baratto, Romullo) Acessado . <https://www.archdaily.com.br/br/01-118434/atraves-das-lentes-por-que-arranha-ceus-precisam-de-um-heroi> ISSN 0719-8906

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