O conceito de “olhos da rua” talvez seja o mais famoso dentro da literatura arquitetônica e urbanística quando o assunto é segurança urbana. Jane Jacobs utiliza essa expressão para se referir às pessoas que – de forma consciente ou inconsciente – utilizam os espaços públicos ou os contemplam desde suas casas, gerando uma vigilância natural. Um movimento que, no âmbito da nossa disciplina, é fomentando tanto por meio de espaços públicos de qualidade quanto pela potente relação entre o público e o privado criada através das fachadas das edificações. Defendendo esse controle cotidiano, Jacobs acredita em um modo de fazer arquitetura e cidades que condena a verticalização em excesso, reforçada por edifícios isolados e de uso único os quais negam o contato com rua.
Em 2022 completamos 50 anos da demolição do conjunto habitacional Pruitt-Igoe, e desde então, transformamos muitas das ideias de como habitar em coletivo. Veja a seguir uma seleção de projetos habitacionais com implantações que valorizam o encontro e a vida em comunidade.
Habitação Social é um dos principais temas quando pensamos o direito à cidade, pois fornecer moradia digna a todos em zonas urbanas de boa conexão é fundamental para a construção de territórios mais democráticos.
Infelizmente, em muitos países o termo "Habitação Social" ainda é visto como um empreendimento imobiliário que busca construir o maior número possível de unidades, com os materiais mais baratos e sem preocupação com a qualidade de vida de seus moradores - se fechando em um objeto imobiliário ao invés de servir à urbe e às pessoas. Embora este fato seja recorrente, existem diversos exemplos que retrataram o oposto desta ideia, nos quais arquitetos ao desenhar manifestam seu ponto de vista político através de projetos excepcionais em suas diferentes soluções e que também aprimoram a experiência urbana.
Cortesia de PC3 - Pensamento Crítico e Cidade Contemporânea
O plano original do Conjunto Residencial Várzea do Carmo, elaborado por uma equipe do Instituto de Aposentadoria e Pensões dos Industriários - IAPI coordenada pelo arquiteto e urbanista Attilio Corrêa Lima, é uma das propostas mais vanguardistas do período tratado neste livro. Seu urbanismo, radicalmente moderno e racionalista, vai além dos modelos consagrados de bairros residenciais: propõe a criação de uma centralidade urbana tendo como ponto de partida um conjunto de habitação operária.
https://www.archdaily.com.br/br/949286/habitacao-como-centralidade-urbana-o-conjunto-residencial-da-varzea-do-carmoPC3 - Pensamento Crítico e Cidade Contemporânea
Cortesia de PC3 - Pensamento Crítico e Cidade Contemporânea
O Instituto de Aposentadoria e Pensões dos Industriários - IAPI contratou um importante arquiteto carioca, Paulo Antunes Ribeiro, presidente nacional do Instituto de Arquitetos do Brasil (IAB) nos anos 1950, para elaborar este projeto situado no bairro industrial na Mooca, região já bastante consolidada na década de 1940. Ocupando um grande vazio urbano, o conjunto é formado por dezessete blocos, que foram implantados buscando obedecer a uma organização racional, embora sem o mesmo rigor geométrico que Attilio Corrêa Lima havia adotado na Várzea do Carmo. No fracionado tecido urbano da Mooca, Ribeiro introduz um projeto urbanístico moderno, que elimina o tradicional parcelamento do solo e cria um grande espaço público onde os blocos são implantados junto às áreas verdes.
https://www.archdaily.com.br/br/948596/projetos-de-habitacao-em-zonas-industrializadas-o-caso-do-conjunto-residencial-da-moocaPC3 - Pensamento Crítico e Cidade Contemporânea
Cortesia de PC3 - Pensamento Crítico e Cidade Contemporânea
Localizado no encontro das avenidas Nove de Julho e São Gabriel (Antiga Avenida Flora) e da Rua Groelândia, entre os bairros Jardim América e Itaim-Bibi, este conjunto, com seus três edifícios de doze pavimentos, tornou-se um importante marco de referência num dos mais importantes eixos de ligação entre o centro e a zona sul de São Paulo.
https://www.archdaily.com.br/br/948122/verticalizacao-e-qualidade-espacial-em-habitacao-coletiva-conjunto-residencial-9-de-julhoPC3 - Pensamento Crítico e Cidade Contemporânea
Ao encerramento do Pavilhão de Portugal na Bienal de Arquitetura de Veneza, Álvaro Siza, o arquiteto escolhido para representar Portugal no maior evento da arquitetura mundial, anunciou em um comunicado de imprensa a proposta de conclusão de seu projeto Campo di Marte, de 1985, localizado na ilha de Giudecca, em Veneza.
O conjunto, projetado há 32 anos, foi interrompido e será retomado agora, seguindo o desenho original de Siza. “Não há nenhuma alteração. Não senti essa necessidade porque este é um projeto completo que foi interrompido”, explicou o arquiteto à imprensa.
No cânone dos grandes arquitetos holandeses existem vários profissionais renomados, de Berlage a Van Berkel. Com base apenas na influência, Rem Koolhaas - neto do arquiteto Dirk Roosenburg e filho do autor e pensador Anton Koolhaas - está acima de todos os outros e tem tentado, ao longo de uma carreira de quatro décadas, redefinir o papel do arquiteto de um autarca regional para um globalmente ativo criador de mundos - sejam eles reais ou imaginários. Um novo filme concebido e produzido por Tomas Koolhaas, filho do protagonista homônimo, residente em Los Angeles, tenta representar biograficamente o trabalho do OMA"expondo a experiência humana da [sua] arquitetura através do cinema dinâmico."
Atendendo a um convite feito pela cidade de Bordeaux em dezembro de 2015, Sou Fujimoto Architects e Laisné Roussel divulgaram sua proposta para “Canopia”: um complexo multifuncional que conta com uma torre residencial de madeira de 50 metros de altura e 199 residências, 3.770 m² de espaços para escritórios e 500 m² área comercial. A torre será uma das edificações de madeira mais altas do mundo.