Inteligência artificial na arquitetura: o que a tecnologia já nos permite automatizar em casa?

Não são poucas as histórias de ficção que nos fazem sonhar com a automatização em nossas vidas. Robôs e geringonças cheias de luzes e botões prometem facilitar e transformar nossas rotinas, além de influenciarem a estética com uma linguagem futurista. Na realidade, além de replicar essa estética na arquitetura, hoje em dia nos deparamos com tecnologias de inteligência artificial que avançaram o suficiente para serem incorporadas aos projetos de arquitetura mais simples, como as residências unifamiliares.

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Historicamente, os espaços domésticos, principalmente aqueles dedicados aos serviços, como as cozinhas, lavanderias e até os banheiros, foram sendo transformados a partir de evoluções tecnológicas que combinam a tecnologia e o pensamento industrial, e até militar, com as demandas domésticas. Se, em um primeiro momento, os eletrodomésticos representaram um importante marco na definição da casa moderna ao incorporarem atividades e serviços antes executados por pessoas em cargos serviçais, hoje, a automação surge, também como uma consequência industrial, para otimizar a rotina e transformar novamente nossa forma de habitar.  

A automação residencial consiste na integração de uma rede, com ou sem fio, a equipamentos interligados e capazes de executar ações a partir de comandos programáveis. A ideia é centralizar os comandos em um aparelho integrado à rede, que pode ser um robô, computador, tablet ou celular, o qual se comunica e tem o controle de diversos equipamentos em casa: do alarme de incêndio às cafeteiras. Essa tecnologia surgiu nos anos 1970 quando nos Estados Unidos apareceram os primeiros módulos inteligentes enviados pela rede elétrica. Hoje em dia, com a internet, as conexões sem fio e a inteligência artificial, essa tecnologia avançou e está totalmente integrada e automatizada. 

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© AVE Chile

Podemos organizar o uso da tecnologia automatizada residencial em quatro grupos diferentes: segurança domiciliar, manutenção doméstica, entretenimento familiar e economia de recursos. A lógica de funcionamento de todos eles é a mesma: um equipamento eletrônico se comunica com a rede e recebe as instruções de funcionamento a partir de um programa que é operacionalizado pelos moradores em um aparelho como celular ou tablet, e que pode contar ainda com a tecnologia de inteligência artificial para auxiliar no controle e na automatização da rotina. 

No caso do uso da automação em relação à segurança domiciliar, a tecnologia de mercado hoje permite ter acesso a câmeras instaladas na casa, ou ainda a alarmes como o de incêndio e sistema de sprinklers, por exemplo. Em alguns casos, os equipamentos de inteligência artificial doméstica, como os robôs da Google, Alexa ou Siri, já conseguem, a partir da captura de áudios ao vivo, avaliar situações de risco e se comunicar diretamente com a polícia quando reconhece situações ameaçadoras. 

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© Kowon vn on Unsplash

Uma outra possibilidade é automatizar situações rotineiras de manutenção da casa: limpeza com robôs de faxina, máquina de lavar roupas, máquina de lavar louças, e até cafeteira conseguem ser integradas ao sistema de automação, permitindo que as pessoas acionem esses aparelhos tanto de dentro de casa, quanto do trabalho, supermercado etc. É a realização de todas aquelas tecnologias antes sonhadas dos filmes de ficção científica, que se tornaram realidade e podem otimizar a rotina das pessoas. 

Podemos também automatizar equipamentos de entretenimento, como home theater, sistema de som, iluminação, abrir ou fechar as cortinas, entre outros. A partir da tecnologia existente hoje, é possível criar “cenários” que dão ambiência aos cômodos de uma casa, a partir de parâmetros já previamente definidos. Essa tecnologia dá a possibilidade de transformar a ambiência a partir de inteligência artificial, integrando todos esses equipamentos a um só comando no sistema. 

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© shri on Unsplash

A última forma de uso da automação consiste na economia de recursos e prevê a atuação eficiente energeticamente de equipamentos como ar condicionado e calefação, sistemas de irrigação e outros equipamentos elétricos. Os sistemas hoje conseguem analisar o consumo de cada equipamento e propor um balanceamento de uso, buscando a economia de recursos ou ainda o reaproveitamento em alguns casos. Os sistemas integrados existentes no mercado combinam esses quatro de tipos de uso e se adequam às necessidades dos moradores. 

Se por um lado essa tecnologia pode ser a transformação da forma de morar para muitas famílias, para outras pode significar a autonomia, como no caso de pessoas com deficiência. Muitas das ferramentas disponíveis facilitam atividades cotidianas para pessoas que têm alguma deficiência física ou motora, ou ainda alguma doença que exija acompanhamento. Além disso, e apesar da obtenção de dados de maneira invasiva, que não é pouco importante, a popularização da tecnologia de inteligência artificial doméstica têm sido acompanhada pelo aumento dos casos de flagrante de violência doméstica contra mulheres, crianças e idosos, graças à integração dos sistemas. 

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Seura SMART Mirror. Image Cortesia de Seura

Historicamente, a arquitetura doméstica foi se transformando a partir de mudanças sociais e tecnológicas. Hoje, ela testemunha a apropriação de novas tecnologias no ambiente de habitar e isso implica em transformações sistêmicas, como a previsão dessa tecnologia durante o projeto complementar de redes, por exemplo, e também relativas ao desenho e à forma. Ainda que seja importante a reflexão sobre os limites dessa tecnologia, dos perigos e vantagens da integração universal dos dados, é preciso também refletir, a partir das ferramentas disponíveis, quem tem acesso a elas, qual a possibilidade de popularização de tal tecnologia e quais são as transformações sociais que elas poderão fomentar.

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Sobre este autor
Cita: Giovana Martino. "Inteligência artificial na arquitetura: o que a tecnologia já nos permite automatizar em casa?" 05 Jul 2022. ArchDaily Brasil. Acessado . <https://www.archdaily.com.br/br/983565/inteligencia-artificial-na-arquitetura-o-que-a-tecnologia-ja-nos-permite-automatizar-em-casa> ISSN 0719-8906

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