Divisórias e corrediças: mecanismos móveis para aproveitar espaços pequenos

Na Bienal de Veneza de 2014, o célebre curador Rem Koolhaas escolheu um caminho pouco usual. No lugar de explorar as grandes questões que assolam a profissão e a sociedade, o tema do evento, "Fundamentals" e sua exposição principal, "Elements of Architecture", examinou em detalhes todos os fundamentos dos edifícios, usados por qualquer arquiteto, em qualquer lugar, a qualquer hora. Segundo Koolhaas, “Arquitetura é uma profissão treinada para juntar as coisas, não para desmontá-las. Somente olhando os elementos da arquitetura sob um microscópio podemos reconhecer as preferências culturais, avanços tecnológicos, mudanças desencadeadas pela intensificação do intercâmbio global, adaptações climáticas, normas locais e, em algum lugar na mistura, as ideias do arquiteto que constituem a prática da arquitetura hoje.”

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MJE House (Little Big Houses #2) / PKMN architectures. Image © Javier de Paz García
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Kitnet Copan / Garoa. Image © Pedro Napolitano Prata

Quando abordamos arquiteturas em pequena escala, com soluções que precisam ser eficientes para espaços cada vez mais enxutos, há elementos de vital importância para permitir a flexibilidade e o movimento nos espaços e mobiliários, que são as ferragens. Em pequenos apartamentos, principalmente, observa-se o protagonismo das soluções das marcenarias, onde cada superfície pode ser, também, um local de armazenagem ou uma porta. Mas por mais onipresentes que elas sejam em nossos cotidianos, geralmente não damos a importância devida a essas pequenas peças que proporcionam tanta facilidade.

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Apartamento Andradas / OCRE arquitetura. Image © Cristiano Bauce

É provável que você já tenha passado por várias dobradiças e corrediças hoje, sem ter se dado conta. Nos dias atuais, seu preço é tão acessível que dificilmente uma casa não terá uma. Mas nem sempre foi assim. A popularização das dobradiças seguiu a história da evolução da manufatura e popularização das peças metálicas. Não se sabe exatamente quem foi o inventor das dobradiças de portas, mas há menções de peças de ouro nas portas do Templo de Salomão, citadas no Antigo Testamento. Apesar de terem um conceito incrivelmente simples, que é o de permitir que a peça possa rotacionar ou correr em um eixo, tratam-se de peças com grande quantidade de tecnologia embarcada. 

Hoje, com a facilidade da utilização de vários tipos de painéis de madeira para a fabricação de marcenarias, há uma variedade de tipos de ângulos de fechamento, possibilidades de abertura, a presença de travas e mesmo dispositivos de segurança para crianças. Especificamente para espaços pequenos, soluções que permitam que o espaço receba mais de um uso somente são possíveis com dobradiças, corrediças e ferragens adequadas. A cama, por exemplo, é um móvel que pode ser um grande inconveniente quando não está sendo utilizada. Atualmente há empresas que fabricam camas que, facilmente tornam-se painéis ou pequenas mesas de trabalho. O mesmo raciocínio pode ser usado para uma mesa para refeições rápidas ou para esconder uma pia cheia de pratos. No mercado, há uma variedade grande de qualidades, materiais, estéticas e soluções para permitir o movimento das portas e gavetas. Em geral, elas se dividem nos seguintes grupos:

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Reforma residencial em Fukui / Yoshichika Takagi + associates. Image Cortesia de Yoshichika Takagi + Associates

Dobradiças

As dobradiças permitem que as portas pivotem. Para mobiliários, há três mecanismos principais, que variam conforme o recobrimento da borda a que está fixada:

  1. Retas: Cobrem por completo, na maioria dos casos, a borda da lateral do móvel
  2. Curvas: Cobrem parcialmente. Isso permite, por exemplo, que duas portas se encontrem sobre o mesmo montante.
  3. Super curvas: Esse tipo permite que as portas fiquem faceadas com o montante.

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(1) Dobradiça Reta / (2) Dobradiça Curva / (3) Dobradiça Super Curva. Image © Eduardo Souza (ArchDaily)

Corrediças

As mais comuns atualmente são as chamadas corrediças telescópicas, que permitem até cerca de 45 kg de peso. Elas possuem rolamentos com esferas de aço sobre um pequeno trilho, permitindo a abertura total da gaveta, quase sempre com uma trava de segurança para que ela não caia. Podem ser aparentes ou ocultas.

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© Eduardo Souza (ArchDaily)

Portas deslizantes

As portas de correr podem ser um grande trunfo quando o espaço é limitado. Basicamente, há duas partes principais: as ferragens de rolamento e um trilho por onde a porta irá correr. Há diversas opções de acabamentos e design no mercado, com opções aparentes e ocultas. 

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© Eduardo Souza (ArchDaily)

Articuladores e Pistões

Essas ferragens permitem a abertura basculante da porta, o que pode ser interessante em baús ou armários mais altos ou em nichos baixos onde uma gaveta não é desejada. Geralmente funcionam em conjunto com uma dobradiça, como um reforço à mesma. Por isso, é muito importante que eles possuam uma trava para que não sejam um incômodo no momento de acessar o espaço. 

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© Eduardo Souza (ArchDaily)

Aço, alumínio e aço inoxidável são os materiais mais comuns para ferragens. Por mais que a decisão sobre essas pequenas peças nos mobiliários normalmente seja relegada aos fabricantes e fornecedores, é interessante que os arquitetos tenham conhecimento das possibilidades e da importância da escolha adequada dessas peças que, geralmente, só damos importância quando param de funcionar. Por isso, vale a pena buscar adequar o projeto aos catálogos do fabricante elegido e sempre atentar à carga máxima que as peças poderão receber. Também é sempre prudente buscar empresas fornecedoras com experiência e garantia. Fora isso, a criatividade pode “correr solta”.

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Apartamento El Camarin / IR arquitectura. Image © Fernando Schapochnik

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Sobre este autor
Cita: Eduardo Souza. "Divisórias e corrediças: mecanismos móveis para aproveitar espaços pequenos" 08 Set 2020. ArchDaily Brasil. Acessado . <https://www.archdaily.com.br/br/947122/divisorias-e-corredicas-mecanismos-moveis-para-aproveitar-espacos-pequenos> ISSN 0719-8906

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