Como a luz pode transformar o espaço? Conheça a obra do artista Dan Flavin

Daniel Flavin foi um dos representantes da chamada arte minimalista das décadas de 1960 e 1970 nos Estados Unidos. A classificação foi usada pela primeira vez pelo filósofo Richard Wollheim no ensaio “Minimal Art” em 1965 para agrupar obras que, como os ready-mades de Duchamp, não pretendiam representar uma realidade externa: o objeto exposto deveria ser entendido como obra por si e a experiência do espectador não deveria depender de associações a outros fatores.

Contemporâneo de Donald Judd e Robert Morris, Flavin começou sua trajetória com o desenho e pintura no contexto do Expressionismo Abstrato. No início dos anos 60 fez experimentos combinando formas simples e luz, passando em seguida a trabalhar exclusivamente com lâmpadas fluorescentes. Em 1963 Flavin produziu a instalação “Diagonal” na qual um tubo amarelo fluorescente é posicionado em um ângulo de 45° em relação ao chão.

Reconstrução da Diagonal de 1963 com luz branca. Foto de Peter Guthrie/Creative Commons
Obras de Dan Flavin no Dia: Beacon (Nova York). Foto de Augie Ray/Creative Commons

A partir do entendimento de que a luz pode mudar a percepção do espaço, Flavin começa a propor diferentes composições de tubos limitados a dimensões e cores padrão, de acordo com o que estava disponível comercialmente. No entanto, ainda que fosse utilizado um único tubo, Flavin era capaz de mudar a apreensão sensorial do ambiente apenas com o posicionamento da luz: quando posicionada verticalmente em uma quina de parede, por exemplo, a lâmpada pode criar uma aparente inversão de ângulo por meio da criação de sombra dupla; quando posicionada horizontalmente, por outro lado, cria a ilusão de “rasgo” a partir da formação de diferentes planos de luz, como é o caso da obra “Untitled (to Janie Lee)” de 1971.

Untitled. Foto de Ignacio Abé/Creative Commons
Dan Flavin, Untitled (to you, Heiner, with admiration and affection). Foto de Allie Caulfield/Creative Commons

Em um dos seus últimos trabalhos, em 1996, Flavin cria uma instalação para a igreja Santa Maria Annunciata, em Milão, passando do desafio de expor no espaço de uma galeria para um espaço religioso. Nessa outra fase da sua trajetória artística, Daniel Flavin sugere por meio do percurso da nave central em conjunto com as cores das luzes, a passagem da noite para o dia.

Na obra de Dan Flavin, arte e arquitetura são duas dimensões indissociáveis, o que o diferencia de muitos artistas da sua geração. A sensibilidade com o ambiente na criação das formas e composições luminosas aproxima a obra ao espectador e torna o espaço componente intrínseco para o objeto artístico, subvertendo uma ordem herdada das primeiras galerias de arte do século XVIII. Flavin faleceu em 1996 mas sua obra continua a influenciar instalações artísticas e arquitetônicas ao redor do mundo, além de atrair visitantes às galerias, museus e outros edifícios em que estão expostas.

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Sobre este autor
Cita: Susanna Moreira. "Como a luz pode transformar o espaço? Conheça a obra do artista Dan Flavin" 03 Set 2019. ArchDaily Brasil. Acessado . <https://www.archdaily.com.br/br/924214/como-a-luz-pode-transformar-o-espaco-conheca-a-obra-do-artista-dan-flavin> ISSN 0719-8906

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