Fachadas Inteligentes: Edifícios adaptando-se ao clima através da pele

Fachadas Inteligentes: Edifícios adaptando-se ao clima através da pele

As fachadas constituem a interface entre interior e exterior de uma edificação. São as partes mais marcantes e visíveis das obras, atuam na proteção contra os agentes externos e são dos maiores responsáveis por criar ambientes confortáveis, uma vez que é ali que ocorrem os ganhos e perdas térmicas. Assim como a nossa pele, um órgão extremamente versátil no corpo, seria natural que fosse a parte da edificação que carregasse tecnologia de forma a tornar-se adaptável às condições ambientais do local onde está inserida. 

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Futurium Berlin / Richter Musikowski. Image © Dacian Groza

É nesse sentido que o termo Fachada Inteligente (Smart Facades) tem aparecido cada vez mais. Uma fachada pode ser considerada inteligente quando se adapta às condições do meio ambiente e se transforma simultaneamente. Isso se dá através de seus componentes (passivos ou ativos), que se ajustam para adaptação a diferentes condições, respondendo às mudanças que ocorrem nas partes de fora e de dentro da edificação. Quando falamos de fachadas, a principal busca trata da equação entre maximizar a luz natural, proteger da radiação solar, ao mesmo tempo controlando a ventilação e a entrada / saída de calor. E essas trocas ocorrem através dos vidros, que podem ser considerados inteligentes quando suas propriedades de transmissão da luz são alteradas à medida que a tensão elétrica, a luz ou o calor são aplicados, fazendo que o vidro mude sua aparência alterando a quantidade de luz e alguns comprimentos de onda da luz.

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© Schnepp + Renou

Já desenvolvemos um artigo sobre fachadas adaptativas para arquiteturas resilientes, que utilizam tecnologias variadas para uma melhor adaptação ao ambiente. Apesar de muitas soluções apresentadas ali parecerem saídas de filmes de ficção científica, já há opções no mercado de fachadas inteligentes, com vidros modernos que controlam a transmissão de luz, a transparência, o fenômeno de descongelamento do gelo, para tornar as construção mais inteligentes e ecológicas. Selecionamos algumas soluções de mercado abaixo:

Vidros que mudam a aparência a partir de algum estímulo

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Cortesia de Saint-Gobain

O SageGlass é um vidro eletrocrômico da empresa Saint-Gobain. Ao modificar a tensão aplicada sobre a chapa de vidro, é possível controlar sua cor e, consequentemente, alterar as intensidades de luz e radiações como ultravioleta e infravermelho transmitidas terão através desses materiais. Ou seja, este vidro dinâmico permite que os usuários do edifício controlem ativamente a luz natural e o ganho de calor solar, melhorando o conforto e reduzindo significativamente o consumo de energia. A coloração dinâmica do vidro é impulsionado por um sistema de controle inteligente que usa sensores para matizar automaticamente em resposta às condições de luz. Mas também é possível controlar a aparência a partir de um telefone celular. É importante mencionar que o principal benefício é a possibilidade de manter o contato com a vista exterior através do vidro.

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Cortesia de Saint-Gobain

O PRIVA-LITE, por sua vez, é uma solução única em gerenciamento de espaço por meio do controle instantâneo da opalescência (transparência e translucidez). Trata-se de um vidro ativo que, sob o efeito de uma corrente elétrica, muda de translúcido para transparente sem alteração da transmissão de luz. Seu principal benefício é justamente esse, de obter privacidade mantendo o acesso à luz natural.Além disso, o vidro apresenta a possibilidade de realizar projeções retro dinâmicas de vídeos e imagens, transformando a fachada em uma grande tela. 

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Cortesia de Saint-Gobain
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Amorepacific Headquarters / David Chipperfield Architects. Image © Noshe

Vidros que fornecem calor ao ambiente

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Cortesia de Saint-Gobain

O EGLAS é uma solução de aquecimento integrada e invisível, permitindo maior conforto interno visual e térmico. Não se trata de uma solução tão nova, foi desenvolvida em 1986 na Finlândia e, naturalmente, destina-se a países mais frios. Foi projetado para fornecer calor a partir do vidro, e baseia-se em dois fatores: uma corrente elétrica e uma camada de óxido metálico, aplicada em uma das superfícies do vidro. Dependendo do tipo de aplicação e da estrutura de vidro, além de auxiliar o aquecimento do ambiente, pode cumprir as funções de evitar a condensação e até de derretimento da neve. 

Vidros auto-limpantes

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80-ONCE Business & Living / Sestral S.A. Image © Jairo Llano

Vidros auto-limpantes já são realidade também. Um revestimento transparente de material mineral hidrofílico e fotocatalítico é aplicado durante o processo de fabricação, fazendo com que o vidro aproveite o poder dos raios UV presentes na luz e da chuva para combater de forma eficiente a sujeira que se acumula no lado de fora das janelas. A exposição aos raios UV desencadeia a decomposição da sujeira orgânica e faz com que a superfície do vidro torne-se repelente à água. A chuva (ou água) forma uma camada através do vidro e enxágua a sujeira orgânica e os materiais minerais. Para a fachada, o principal benefício é a manutenção, pois a ideia é dividir ao menos pela metade a necessidade de limpeza, reduzindo o custo com andaimes, guindastes, ou toda a operação perigosa que envolve a limpeza de fachadas de edifícios altos.

É importante acrescentar que, apesar dos avanços tecnológicos em torno das fachadas, muitos ganhos em termos de sustentabilidade podem ser feitos através de um desenho consciente e a escolha de materiais condizentes com o clima e o entorno. A combinação entre os sistemas e materiais tradicionais e os sistemas e materiais inteligentes podem potencializar o conforto e a eficiência da edificação.

Sobre este autor
Cita: Eduardo Souza. "Fachadas Inteligentes: Edifícios adaptando-se ao clima através da pele" 20 Set 2019. ArchDaily Brasil. Acessado . <https://www.archdaily.com.br/br/921581/fachadas-inteligentes-edificios-adaptando-se-ao-clima-atraves-da-pele> ISSN 0719-8906

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