Os arquitetos devem retomar o projeto de espaços recreativos para crianças

O que constitui um espaço ideal para o lazer e brincadeira das crianças? Em 1931, o arquiteto paisagista dinamarquês Carl Theodor Sorensen deu início a uma tendência no projeto de áreas recreativas infantis após observar como elas se divertiam em antigos canteiros de obra e ferro-velhos. Sua ideia era que as estruturas de lazer não apresentassem um uso determinado, mas que permanecessem abertas à criatividade das crianças, de modo que os equipamentos dos parques infantis apresentassem uma variedade de possibilidades de ação.

Piedmont Park em Atlanta, EUA, de Isamu Noguchi. Imagem via Flickr

Esta tendência de projeto europeu do século XX não chegou com muita força na América, e com o advento de estruturas pré-fabricadas para uso infantil (chamados muitas vezes de playgrounds), os parques começaram a seguir um plano de trabalho previsível: estruturas coloridas de plástico, quase indistinguíveis entre si, instaladas em diversos pontos da cidade, considerando, assim, satisfeita a demanda por espaços de recreação infantil. 

Vale a pena retomar esta prática do passado, em que os arquitetos desempenhavam um papel ativo no projeto de todas as áreas do espaço público.

Em 2016, o Museu Tamayo apresentou uma retrospectiva da obra de Isamu Noguchi, artista e paisagista estadunidense que ao longo de sua carreira aplicou sua sensibilidade plástica no projeto de áreas de recreação infantil que poderiam ser apropriadas de diversas maneiras.

Cortesía de Arquitecto Fabián Medina

Em Guadalajara, México, o arquiteto Javier Fabián Medina Ramos projetou uma área de lazer infantil no Parque Morelos. O conjunto escultórico do parque completa 50 anos este mês, e em 1967 recebeu um prêmio da Bienal Nacional de Escultura do Instituto Nacional de Bellas Artes. O projeto está atualmente em risco de ser demolido pela Prefeitura de Guadalajara.

Cortesía de Arquitecto Fabián Medina

Conservar a ambiguidade das brincadeiras infantis nos espaços públicos de nossas cidades é importante não apenas do ponto de vista estético. Os espaços públicos recreativos para crianças devem cumprir um propósito que vá além do ócio; devem ser espaços para explorar e subverter, exigindo a criatividade de seus usuários e funcionando como espaços de aprendizado.

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Sobre este autor
Cita: Zatarain, Karina. "Os arquitetos devem retomar o projeto de espaços recreativos para crianças" [Los arquitectos debemos retomar el diseño de espacios de juego infantil] 23 Abr 2017. ArchDaily Brasil. (Trad. Baratto, Romullo) Acessado . <https://www.archdaily.com.br/br/869535/os-arquitetos-devem-retomar-o-projeto-de-espacos-recreativos-para-criancas> ISSN 0719-8906

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